Treze Vidas: O Resgate

Crítica – Treze Vidas: O Resgate

Sinopse (imdb): Uma missão de resgate é organizada na Tailândia, onde um grupo de crianças e seu treinador de futebol ficam presos em um sistema de cavernas subterrâneas que estão inundando.

Algumas histórias reais são tão boas que é só roteirizar e filmar. É o caso aqui em Treze Vidas: O Resgate (Thirteen Lives no original). Em 2018, um time de escolinha de futebol ficou preso em uma caverna na Tailândia. O caso foi explorado extensivamente pela mídia, foi um resgate complicado, demorou vários dias e envolveu pessoas de vários países.

A direção coube a Ron Howard, que já tinha feito um trabalho parecido com Apollo 13 – outra história real que era só filmar. Naquela época, Howard recebeu críticas de que estaria dramatizando demais as famílias, acho que aqui em Treze Vidas ele acertou o ponto.

(Lembrei de outro filme baseado em uma história real dirigido por Ron Howard, Rush No Limite da Emoção. Assim como não me lembrava de detalhes sobre o resgate dos meninos na Tailândia, heu não me lembrava que tinha ganhado o campeonato de F1 de 1976, e pra mim isso foi bom, porque a parte final do filme é eletrizante, e não sei se teria a mesma graça se heu já soubesse o fim da história.)

Preciso admitir que não vi o documentário The Rescue, lançado ano passado, que conta exatamente essa história. Tudo o que sabia era o que me lembrava das notícias da época. Não me lembro de nada diferente do que é mostrado na tela. Li uma crítica dizendo que o filme ignorou certos conflitos políticos que aconteceram, mas achei uma opção acertada – são quase duas horas e meia, não precisava de mais para contar essa emocionante história.

Aliás, os mergulhadores principais, Rick Stanton e John Volanthen, atuaram como colaboradores na produção. Stanton declarou que as filmagens foram precisas, o que estava “errado” é que tinha muito mais lama na água e que eles não enxergavam praticamente nada. Mas Stanton reconheceu que se fosse pra filmar na água barrenta, ninguém ia ver nada.

E falando nisso, imagino como deve ter sido difícil de filmar isso! Construíram um set num prédio do tamanho de um hangar, com tanques do tamanho de piscinas olímpicas, com túneis construídos dentro. O elenco praticava várias horas por dia em cada sessão, para depois filmar, e começar a praticar na sessão seguinte. Cada sessão era mais difícil que a anterior, para que o elenco pegasse cada vez mais experiência. Ao final, todos os atores confessaram que sentiram momentos de pânico durante as filmagens!

Hora de falar do elenco, Não me lembro de Viggo Mortensen e Colin Farrell terem sotaques tão fortes, acredito que isso seja dos personagens e não dos atores. Gostei disso. Ambos estão muito bem como os mergulhadores principais. Também no elenco, Joel Edgerton, Tom Bateman e Paul Gleeson. E já que falei dos sotaques: uma coisa que achei bem legal foi mostrar tailandeses falando em tailandês. Se esse filme fosse feito décadas atrás, certamente todos os personagens falariam em inglês.

Não vou falar do fim do filme porque acredito que boa parte dos espectadores deve se lembrar de como a história terminou. Mas mesmo sabendo, Howard consegue entregar um resultado tenso e emocionante. Treze Vidas está em cartaz no Amazon Prime.

Han Solo: Uma História Star Wars

Han Solo Uma História Star WarsCrítica – Han Solo: Uma História Star Wars

Sinopse (imdb): Durante uma aventura no submundo do crime, Han Solo conhece seu futuro copiloto Chewbacca e encontra Lando Calrissian anos antes de se juntar à Rebelião.

Sabe aquele papo “não vi e não gostei”? Muito se falou desse filme do Han Solo antes da estreia. E então pergunto: será que é ruim como os haters achavam que seria?

Claro que não!

Mas, voltemos um pouco no tempo pra tentar entender o que levou os haters a isso. Han Solo: Uma História Star Wars seria dirigido pela dupla Christopher Miller e Phil Lord, os mesmos de Uma Aventura Lego e Anjos da Lei 2. Mas houve algum desentendimento com a Disney e eles foram substituídos – pelo que dizem,  depois de terem filmado cerca de 80% do filme. Pra mim, deve ter rolado uma diferença criativa, porque a dupla tem uma forte pegada de comédia, e provavelmente a Lucasfilm / Disney queria outro estilo.

A boa notícia é que a Lucasfilm / Disney sabe o que quer. Ron Howard (que, além de ter dirigido filmes como Willow, Apolo XIII e Rush: No Limite da Emoção, estava no elenco de American Grafitti, segundo filme de um tal de George Lucas) foi chamado, refilmou o que precisava ser refilmado, e, se Han Solo teve problemas nos bastidores, estes não aparecem na tela.

Han Solo: Uma História Star Wars não é solene como os filmes da saga. Também não é um drama de guerra como Rogue One. Trata-se de uma aventura espacial, leve e divertida. Temos cenas emocionantes, temos cenas engraçadas. E, claro, temos muito fan service – o fã antigo não foi desrespeitado.

Outro receio que rolava antes do filme pronto era com o protagonista. Alden Ehrenreich. Não só ele não se parece fisicamente com o Harrison Ford, como falaram que ele precisava de um “coach”. Calma, gente, o coach era justamente para ele ficar o mais parecido possível com o Han Solo que todos conhecemos. Sim, ele continua sem se parecer com o Harrison Ford, mas, várias vezes aí longo do filme, ele está “igual” ao Han Solo. E o mesmo podemos dizer do Donald Glover com o seu Lando Calrissian. Alguns diálogos você realmente consegue “ver” o Harrison Ford conversando com o Billy Dee Williams.

Woody Harrelson faz basicamente o mesmo papel sempre, mas ele faz este papel muito bem. E, depois do Visão, Paul Bettany também está ótimo como Dryden Voss. Quem destoa é Emilia Clarke, provavelmente convidada por causa do sucesso de sua Daenerys em Game of Thrones, mas que é bem fraquinha – sorte que ela não chega a estragar o filme. Também no elenco, Thandie Newton, Joonas Suotamo e John Favreau. Por fim, pra manter a nova tradição, somos apresentados a mais um bom robô – depois do BB8 e do K2, somos apresentados a L3-37 (Phoebe Waller-Bridge), um robô feminino que luta pelos direitos de classes!

E como será o ranking de um fã com este décimo longa metragem de Star Wars? Olha, dificilmente um fã vai escolher como o melhor de todos. Mas acredito que poucos fãs odeiem o resultado final.

E que venham mais spin-offs!

p.s.: Os filmes de Star Wars não costumam ter cenas pós créditos. Mas tem uma rápida cena, com um personagem muito improvável, que funcionaria melhor como um pós créditos, como gancho para uma possível continuação.

Inferno

InfernoCrítica – Inferno

Com amnésia, Robert Langdon acorda em um hospital na Itália. Com a ajuda de uma médica, ele tem que correr pela Europa contra o relógio para frustrar uma mortal conspiração mundial.

Terceiro filme do personagem Robert Langdon, originário dos livros de Dan Brown. Em 2006 tivemos O Código Da Vinci; em 09 foi a vez de Anjos e Demônios. Agora chegou a vez de Inferno, mais uma vez dirigido por Ron Howard e estrelado por Tom Hanks.

Inferno (idem no original) é um competente blockbuster. Grande elenco, locações na Europa, uma trama movimentada e com reviravoltas no roteiro. Dificilmente alguém vai sair da sala do cinema falando mal.

Mas isso não significa que é um grande filme. É apenas um filme correto. Sabe aquele bolo de pacote? Ele pode ficar bom, é só seguir os ingredientes. Mas não será algo imperdível…

Inferno tem um problema, nada grave, mas que me incomodou um pouco. Como a trama é complexa, tudo é muito explicado, mais de uma vez. Coisa boa pra quem não presta muita atenção. Mas não precisa, né?

“E precisa (re)ver os outros filmes antes?” Não, não precisa. Assim como um James Bond ou um Indiana Jones, os filmes do Robert Langdon são independentes. Pra ser sincero, não me lembro se vi o segundo filme…

No elenco, além de Tom Hanks, Inferno conta com Felicity Jones, Omar Sy, Ben Foster, Irrfan Khan e Ana Ularu.

O bolo até ficou gostoso. Mas é de pacote.

Rush – No Limite da Emoção

Crítica – Rush – No Limite da Emoção

Cinebiografia que mostra a história (real) da rivalidade, nos anos 70, entre dois grandes corredores de estilos completamente diferentes: Niki Lauda e James Hunt – desde as corridas  de menor expressão, até a Fórmula 1, onde ambos tiveram carreiras vitoriosas.

Nasci em 71, só acompanhei a Fórmula 1 dos anos 80, me lembro de Lauda como rival de Nelson Piquet. Não me lembrava de detalhes sobre o campeonato de 1976. Mas vou falar que, se tudo aconteceu como no filme, 76 foi um ano eletrizante na F1.

O tempo de tela é bem dividido entre os dois protagonistas. De um lado, Lauda, metódico e cerebral; do outro, Hunt, mulherengo e fanfarrão. Literalmente, razão vs emoção.

Dois personagens principais, dois atores principais. Chris Hemsworth teve menos trabalho, seu James Hunt é parecido com os personagens que costuma fazer, a gente vê o Thor pilotando. Já Daniel Brühl (Bastardos Inglórios) ganhou um papel mais complexo – seu Niki Lauda, genial e antipático, está impressionante – e ele ainda usa uma prótese nos dentes para ficar mais parecido com o piloto austríaco. Ah, as melhores tiradas do filme vêm de Lauda, como, por exemplo, a sua reação ao dirigir uma Ferrari pela primeira vez.

O diretor é Ron Howard, dono de um excelente e vasto currículo como diretor, produtor e ator, que inclusive conta com dois Oscars, por Uma Mente Brilhante (melhor diretor e melhor filme). Rush – No Limite da Emoção traz algumas semelhanças com outra boa cinebiografia dirigida por Howard: Apollo XIII. Ambos os filmes foram baseados em histórias reais que são excepcionais

Aqui, Howard pega a história original, que já era muito boa, e a conta de maneira ainda mais interessante. Não me lembro de ter visto corridas de Fórmula 1 tão bem filmadas como aqui. E Rush – No Limite da Emoção ainda tem alguns trunfos, como uma excelente reconstituição de época e a boa trilha sonora de Hans Zimmer.

Além de Hemsworth e Brühl, o elenco ainda conta com Olivia Wilde, que, na minha humilde opinião, não ficou bem loura. Ainda no elenco, Alexandra Maria Lara, Natalie Dormer e Pierfrancesco Favino.

Confesso que, como brasileiro, senti uma certa frustração por não ter visto o Emerson Fittipaldi. Ele é citado, Hunt pegou a sua vaga na McLaren quando o piloto brasileiro, então bicampeão mundial, resolveu criar a Copersucar. Mas ele não aparece…

(Fatos históricos pra quem não acompanhou: Fittipaldi foi campeão em 1974 pela McLaren, mas largou a escuderia no ano seguinte para investir no projeto Copersucar, um carro de corrida brasileiro. Pena que o carro não era competitivo, Fittipaldi nunca mais ganhou uma prova de F1…)

Outro fato histórico: qualquer um que já se interessou por F1 sabe que Niki Lauda se envolveu em um grave acidente – Lauda não se aposentou depois do acidente, e continuou correndo mesmo com o rosto deformado pelas queimaduras. Curiosamente, o acidente em si acontece de maneira rápida na tela. Achei que veríamos com mais detalhes. A recuperação de Lauda e todo o pós acidente têm maior foco no roteiro.

Heu não me lembrava do campeonato de 76, o que foi bom, porque a parte final do filme é eletrizante, e não sei se teria a mesma graça se heu já soubesse o fim da história. Para quem não acompanhou, recomendo não ler sobre quem ganhou!