Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes

Crítica – Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes

Sinopse (imdb): Kora e os guerreiros sobreviventes se preparam para defender Veldt, seu novo lar, ao lado de seu povo contra o Realm. Os guerreiros enfrentam seus passados, revelando suas motivações antes que as forças do Realm ataquem.

Em 1991, Pauline Kael, crítica do The New York Times, ao se aposentar, declarou que estava aliviada de não precisar ver mais nenhum filme do Oliver Stone. Quando vi que a Netflix tinha lançado a segunda parte de Rebel Moon, lembrei da Pauline Kael. Porque se não fosse o heuvi, heu não veria o novo Zack Snyder.

Como falei no meu texto anterior Rebel Moon Parte 1 não é exatamente ruim, mas é fraco, parece um fan film escrito por um adolescente que acabou de ver, pela primeira vez, Guerra nas Estrelas e Mercenários das Galáxias. Pelo menos é um filme bonito, mas só isso. Um fan filme vazio e bonito.

Mas, chega, né? Pra que fazer um segundo filme se você não tem história que justifique isso?

Parece que Zack Snyder não conhece esse conceito, e assim temos mais um Rebel Moon. E pior, ele quer mais, no fim do texto volto a esse assunto.

Rebel Moon Parte 2 se resume a duas partes. Primeiro “o vilãozão vai atacar, precisamos nos preparar”, depois tem o “ataque do vilãozão contra os fazendeiros ajudados pelos mercenários recrutados no primeiro filme”. Só. Não tem nada que mereça um destaque. Não tem uma trama cativante, nenhum personagem interessante ou carismático, nenhuma cena memorável, nada. Apenas um filme genérico. Tecnicamente bem feito, mas genérico.

E com MUITA câmera lenta, como era de se esperar. Tem tanta câmera lenta que banalizou o efeito. Se ele queria que a câmera lenta simbolizasse algo, esse símbolo se diluiu, porque todo o filme e em câmera lenta. Mas, vou repetir uma coisa que falei no outro texto: “Reclamar de câmera lenta em filme do Zack Snyder é a mesma coisa que reclamar de lens flare em filme do JJ Abrams, ou de closes nos pés das atrizes em filme do Tarantino, ou de tudo estar simétrico em filme do Wes Anderson. Faz parte do pacote.”

Agora, preciso criticar algumas coisas. Tem uma cena em particular que achei tão ruim que posso criticá-la em três camadas. É quando o Djimon Hounsou fala sobre seu passado e pede pra cada um fazer o mesmo. Em primeiro lugar, é uma cena ruim porque deveria estar no primeiro filme, que era o recrutamento da galera. Este segundo filme já era pra ser a ação, não precisa voltar para motivações. Mas, ok, seguimos, até o segundo problema: um personagem fala “o vilãozão malvadão matou minha família e meus amigos e destruiu o meu mundo”, aí depois outro personagem fala “o vilãozão malvadão matou minha família e meus amigos e destruiu o meu mundo”, aí um terceiro fala “o vilãozão malvadão…” CHEGA! Se as histórias são iguais, pra que repetir? Ou seja, é uma cena sem propósito e desnecessária. Mas, tem uma terceira camada: a cena podia ser sem propósito e desnecessária se fosse boa. Mas a cena é chaaaata. Nessa cena, juro, quase avancei o filme.

Heu ainda queria reclamar de duas coisas. Uma delas é que tem uma das cenas mais sem sentido que vi nos últimos tempos: a heroína organiza o plano, diz pra todos os fazendeiros enfrentarem o vilãozão, mas na hora de executar o plano ela desiste. Oi?!?!?!?

A outra é sobre o duelo de sabres de luz. Sim, tem sabres de luz aqui, falei que é um Star Wars genérico. Sr. Snyder, mocinhos não usam sabres vermelhos! Você errou na cor dos sabres!

Agora, se Rebel Moon Parte 2 fosse apenas uma cópia genérica e despretensiosa de Star Wars, heu até aceitava. Mas não, tem algo bem pior: é um projeto pretensioso. Primeiro, Zack Snyder disse que quer fazer mais vários filmes neste universo – tem um gancho pra Parte 3, apesar de NINGUÉM querer mais um filme. E ainda tem outro problema, tão grave quanto o anterior: Snyder disse que essas versões não são boas, porque ele vai lançar versões estendidas. Cara, na boa, ninguém quer ver um terceiro filme, e ninguém quer ver uma versão estendida!

Espero, sinceramente, que não tenha um terceiro filme. Pelo menos enquanto heu ainda escrever aqui no heuvi.

Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo

Crítica – Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo

Sinopse (imdb): Uma jovem sai em busca de guerreiros de outros planetas para enfrentar um exército de invasores que aterrorizam a pacífica colônia onde vive.

Estou atrasado. Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo (Rebel Moon – Part One: A Child of Fire, no original) foi lançado no fim de dezembro, na época que heu estava montando minhas listas. Mas, depois de ver o filme, fiquei pensando se a estratégia foi exatamente essa, acho que lançaram numa época onde boa parte dos críticos estaria fazendo listas…

Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo é uma tentativa do Zack Snyder de fazer um filme de Star Wars. Segundo o imdb, Snyder teria apresentado o roteiro pra Lucasfilm em 2012, mas o projeto acabou cancelado. Anos depois, Snyder levou pra Netflix e conseguiu sinal verde.

Mas, diferente da maioria, não vou falar muito mal de Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo. Não, não é um bom filme, mas também não é esse lixo todo que estão falando. Como comentei aqui semana passada, as expectativas podem influenciar positiva ou negativamente, e as minhas expectativas para esse filme eram zero, heu já sabia que ia ver um filme genérico. E Rebel Moon é exatamente isso, um Star Wars genérico – e cheio de câmera lenta.

Na verdade, o roteiro de Rebel Moon parece um fan film escrito por um adolescente que acabou de ver, pela primeira vez, Guerra nas Estrelas e Mercenários das Galáxias. Porque tudo no filme lembra Guerra nas Estrelas (tem até uma espada luminosa pra ser o sabre de luz!), e o desenrolar da história é o mesmo de Mercenários das Galáxias (que é a mesma história de Os Sete Samurais – uma vila pobre é atormentada por cruéis vilões, e uma pessoa da vila sai atrás de ajuda de samurais de outros lugares).

Em defesa de Rebel Moon, o visual do filme é muito bonito. A protagonista mora numa lua de um planeta com anéis, é muito legal em vez de ter uma lua no céu, ter um planeta enorme. É um filme vazio, mas pelo menos é bonito. Snyder deveria desistir de roteiro e focar só na direção de fotografia. Fica a dica!

Ah, sim, tem câmera lenta. Muitas vezes. Exageradamente. Mas, é uma das características do diretor. Reclamar de câmera lenta em filme do Zack Snyder é a mesma coisa que reclamar de lens flare em filme do JJ Abrams, ou de closes nos pés das atrizes em filme do Tarantino, ou de tudo estar simétrico em filme do Wes Anderson. Faz parte do pacote.

O elenco é ok. Sofia Boutella faz a protagonista, gosto dela, torço pra que ela consiga filmes melhores. Anthony Hopkins faz a voz do robô que aparece no início. Jena Malone faz a aranha gigante, está difícil de reconhecer. Uma curiosidade: é a primeira que Ed Skrein e Michiel Huisman trabalham juntos, desde que o segundo substituiu o primeiro como o Daario Naharis em Game Of Thrones. Também no elenco, Djimon Hounsou, Doona Bae, Ray Fisher, Charlie Hunnam, Cary Elwes e Cleopatra Coleman.

Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo tem um problema bem comum hoje em dia, que é ter uma história sem fim. Parece que o filme inteiro é sobre o recrutamento dos “sete samurais”, e a história em si só deve começar no próximo filme. Acho ruim, mas é uma tendência cada vez mais recorrente. E o pior é que rolam boatos de que serão vários filmes e seriados nesse unviverso.

Agora, um problema que não é recorrente é essa mania de se fazer “versão do diretor”. Snyder já anunciou que em breve lançará outra versão. Caramba, se ele tinha luz verde da Netflix, por que não fazer uma única e definitiva versão???

Army of the Dead: Invasão em Las Vegas

Crítica – Army of the Dead: Invasão em Las Vegas

Sinopse (imdb): Após um surto de zumbis em Las Vegas, um grupo de mercenários faz a aposta final, aventurando-se na zona de quarentena para realizar o maior assalto já tentado.

Army of the Dead: Invasão em Las Vegas é apenas mais um filme meia boca de zumbis. Mas, muita gente está falando dele. São dois os motivos. Um deles é que é um filme da Netflix, que virou “a nova Globo”, tudo o que vem de lá vira hype. O outro é que é o novo filme do Zack Snyder, que movimentou a nerdaiada poucos meses atrás com sua versão do Liga da Justiça, o tal Snydervese.

Snyder fazer filmes de zumbi não é novidade. Ele começou fazendo videoclipes, mas seu primeiro longa metragem foi a refilmagem de Madrugada dos Mortos, de 2004 (olha que irônico, um cara que hoje é famoso por fazer câmera lenta foi um dos primeiros a usar zumbis rápidos…). Há anos que não revejo Madrugada dos Mortos, mas lembro que gostei na época. Agora, naquela época, um lançamento de um novo filme dele não tinha o hype que tem hoje, depois de Watchman, Homem de Aço, Batman v Superman e Liga da Justiça. Zack Snyder hoje é um nome do primeiro time, não tem mais como fazer um filme meia boca de zumbis, o público vai querer algo a mais.

Pra piorar, hoje, em 2021, é difícil se pensar em alguma novidade quando o tema é zumbi. Parece que tudo já foi feito. Tirando o primeiro Invasão Zumbi, coreano, dispenso todos os filmes de zumbi lançados nos últimos anos.

(E, olha outra ironia: a sinopse de Army of the Dead é igual à sinopse de Invasão Zumbi 2, quando pessoas entram numa área limitada, dominada por zumbis, para roubar o que ficou por lá.)

Army of the Dead até começa bem. Depois de uma breve introdução mostrando qualé a do perigo a ser enfrentado no filme, temos créditos iniciais sensacionais. Ao som de uma versão de Viva Las Vegas cantada pelo Richard Cheese, temos takes em câmera lenta (claro) mostrando os personagens e como eles agem, e mostrando também os famosos cenários de Las Vegas devastados no apocalipse zumbi. Digo mais: os créditos iniciais têm o momento mais dramático de todo o filme!

Mas aí depois é tudo clichê. A gente tem o time de pessoas com personalidades diferentes, onde a gente precisa ter uma boa quantidade de gente pra morrer um de cada vez. A gente tem os zumbis que não têm nenhuma lógica – como assim, um zumbi “dormindo” em pé com os braços levantados??? A gente tem atitudes burras dos personagens. E, claro, no fim a gente tem um gancho pra continuação.

E, pra piorar, são clichês empilhados num filme que dura duas horas e meia…

Existem elementos escondidos, que se aparecessem mais talvez tornassem Army of the Dead mais interessante. Logo nos primeiros segundos de filme dá pra ver dois OVNIs; e Snyder admitiu que tem zumbis que são robôs. Me parece que quiseram guardar isso pra uma continuação. Na minha humilde opinião, se explorassem mais esses elementos, Army of the Dead podia ser bem melhor. Sem isso, virou mais um igual a tantos por aí. Algumas cenas legais, algumas cenas ruins, o previsível pra um filme meia boca de zumbis.

O nome mais conhecido no elenco é Dave Bautista, o Drax de Guardiões da Galáxia. Não é um grande protagonista, mas serve pro que precisa. Também no elenco, Ella Purnell, Omari Hardwick, Ana de la Reguera, Theo Rossi, Matthias Schweighöfer, Nora Arnezeder, Hiroyuki Sanada, Garret Dillahunt e Raúl Castillo.

Ainda sobre o elenco, uma coisa impressionante. O piloto de helicóptero seria Chris D’Elia, ele filmou todas as cenas com o resto do elenco. Mas o nome dele apareceu em escândalos sexuais, aí tiraram-no do filme e apagaram digitalmente, e refilmaram todas as cenas com a Tig Notaro em fundo verde. Vou te falar que vi o filme sem saber disso. Ficou muito bem feito!

No geral, é isso. Apenas um filme meia boca de zumbis. Vai agradar quem curte o gênero, mas quem quiser filme bom, tem coisa melhor.

E aguardem continuações. Parece que já tem confirmada uma série animada.

Liga da Justiça de Zack Snyder

Crítica – Liga da Justiça de Zack Snyder

Heu não ia postar este texto. Pra fazer um bom texto sobre esta nova versão de Liga Da Justiça, o tal “Snydercut”, heu precisaria rever o original, e não estava nem com tempo nem com saco para tal. Mas, me pediram, e, parafraseando o meu lado músico, “o artista tem que ir aonde o povo está”.

Então vamulá. Mas vou falar mais do conceito do que da nova versão do filme.

Primeiro, queria falar do conceito de “versão do diretor”. Não faz muito tempo, gravei um Podcrastinadores sobre versões do diretor. Existem casos e casos, mas o mais comum é quando o estúdio pede uma alteração e o diretor faz a contragosto (existe uma área cinzenta sobre quem é o “dono” do filme, normalmente o diretor é o dono da visão artística, mas o real dono do filme é o produtor, tanto que é este que ganha o Oscar de melhor filme). Um exemplo famoso é a narração em Blade Runner. Diziam na época que o estúdio pediu uma narração em off, aí o Ridley Scott teria pedido ao Harrison Ford pra falar de má vontade pra convencer os produtores a tirar a narração, mas os produtores teriam achado genial, porque o filme ficou com cara de filme noir.

O fato é: normalmente uma versão do diretor é uma coisa pros fãs. Tenho aqui o DVD de Quase Famosos, um dos meus filmes favoritos. É um DVD duplo, um dos DVDs é a versão que passou nos cinemas, com 1 hora e 58 minutos; o outro é a versão do diretor, com 2 horas e quarenta minutos. Quem quer ver um bom filme, veja a versão pro cinema; quem quer ver um bom filme com mais algumas cenas legais, veja a versão estendida.

Ah, também queria falar de outro caso, A Pequena Loja dos Horrores, outro dos meus filmes favoritos. Na época, 1986, filmaram dois finais – um era o final do teatro, um final pessimista, onde o herói morre e a planta vence (spoiler!); o outro era um final feliz, onde o herói consegue derrotar a planta. Na época, acharam melhor deixar o final feliz, e nem divulgaram o outro final – era 1986, nem existia internet! Até que, uns 20 anos depois, anunciaram na Amazon um blu ray com um “final alternativo”. Comprei, comecei a ver, e eram mais de 20 minutos de cenas novas! Que heu nem sabia que existiam!

Bem, chega de falar de outras versões estendidas. Mas, antes de entrar no Snydercut, vamos nos situar historicamente.

O ano era 2017, mais pro fim do ano. A Marvel estava a toda, lançando filmes do MCU desde 2008 – nessa época estávamos com Thor Ragnarok, o décimo sétimo filme do MCU. Enquanto isso, a DC continuava lançando um filme aqui, outro ali, alguns bons, outros não, o último tinha sido o fraco Batman vs Superman. Ao ficar pra trás, no desespero, a DC fez um “all in” de poker, e lançou um filme com todos os super heróis – mas se esquecendo que antes de lançar o primeiro Vingadores, a Marvel tinha cinco filmes “solo” com Homem de Ferro, Capitão América, Hulk e Thor. E o filme da Liga ainda teve outro problema, que vou falar daqui a pouco. Ou seja, o resultado de Liga da Justiça foi cambaleante, e, na época, perdia na comparação com a rival. O terceiro filme de um herói de segunda linha, Thor, foi melhor que o filme que reunia Superman, Batman e Mulher Maravilha.

(Se heu fosse executivo da DC, propunha outro caminho. Esqueçam a Marvel, esqueçam o MCU, vamos focar em filmes solo, com temas mais adultos. Vamos seguir a linha de Coringa, que chegou a ser indicado a 11 Oscars, dos quais ganhou dois.)

O outro problema de Liga da Justiça não tem nada a ver com falta de planejamento, foi uma coisa muito triste. A filha do diretor Zack Snyder cometeu suicídio, e ele se afastou do projeto, que foi assumido pelo Joss Whedon. E foi por causa dessa troca que o Snyder, de um tempo para cá, começou a anunciar que queria apresentar a versão dele do filme, e seus fãs começaram a encher o saco de todos.

Até aí, ok. Faça que nem A Pequena Loja dos Horrores e lance uma nova versão para os fãs em home vídeo.

Mas, não. Novas filmagens foram feitas – ué, se refilmou, ainda conta como “novo corte”? – e os fãs malas estavam cada dia mais chatos sobre esse assunto. Não me lembro de nenhuma outra versão de diretor que gerou tanto assunto!

Bem, finalmente, vamos falar do filme.

Já falei que não revi o primeiro Liga da Justiça, então não vou fazer muitas comparações. Mas tem duas coisas que a gente precisa falar logo de cara. A primeira é essa imagem 4×3. Snyder queria lançar em Imax. Lembro que vi Dunkirk com imagem assim, 4×3, ocupando toda a tela do Imax. Aquilo ficou muito legal, realmente, a imagem quadrada numa tela daquelas faz diferença. Mas… o Snydercut está sendo lançado em streaming! Os cinemas estão fechados há um ano! Qual é o sentido de ter uma imagem quadrada pra se ver na TV de casa?

A segunda é a duração. 4 horas de filme??? Tirando O Senhor dos Anéis, que era um livro enorme adaptado, não lembro de outro caso na história do cinema onde uma versão de 4 horas se justificaria.

Resultado: o filme é chato. É um filme longo demais, com sérios problemas de ritmo, difícil de se ver de uma vez – quase todos que conheço que viram, o fizeram em partes.

A história em si não tem muita coisa diferente. Fiquei até curioso pra saber como o cara conseguiu esticar tanto, com duas horas e meia de filme não tinha quase nada de inédito, e o filme anterior só tinha duas horas! Mas não, não faço questão de saber o que foi acrescentado, deixa pra lá. A vida é curta demais pra ficar comparando versões de Liga da Justiça!

Agora, admito que tem coisa que ficou melhor. O Ciborgue tem uma história bem mais complexa (já que não teve filme de origem). O vilão, Steppenwolf, também tem uma história maior por trás (mas a minha implicância com ele é o nome – não dá pra não pensar na banda). Ah, na outra versão tinha uma história paralela, bem chatinha, com uma família russa, e isso sumiu.

Tem uma outra mudança que é bem visível: o filme é mais escuro e tem menos piadas. Os fãs acham que isso é uma coisa que melhorou, mas não acho isso nem melhor nem pior, é apenas uma característica: um filme mais escuro e mais sério. Heu, particularmente, gosto das piadas, então, na minha humilde opinião, um filme ter menos piadas não é uma boa mudança… (Aliás, o Flash tem menos piadas, mas continua como alívio cômico. Se era pra ser um filme sério, por que manter um alívio cômico?)

Outra coisa: o Snydercut tem muita câmera lenta. MUITA câmera lenta. Mas isso é característica do diretor. Reclamar disso não rola, é que nem reclamar de lens flare nos filmes do JJ Abrams.

Seguindo a mesma linha, li críticas falando que Snydercut parece uma colagem de comerciais, usando heróis posando e falando frases de efeito. Mais uma vez, isso é a cara do diretor, e se a gente pensar que isso é um produto direcionado ao fã, deixa quieto, porque os fãs devem ter gostado.

Tem gancho pra continuação, aparece um vilãozão, o Darkseid, ele aparece que nem o Thanos nas primeiras vezes que apareceu no MCU. Dá pra sacar que é um personagem importante, mas ele só vai ser usado em outros filmes.

Tem uma cena extra num epílogo que parece uma tentativa de continuação – “ei, fãs, olha só o novo filme que posso fazer, comecem a encher o saco!”. A cena não é ruim, mas também não é boa, é apenas uma cena solta, sem nenhuma conexão a nada no filme, jogada lá só pros fãs darem gritinhos.

(Falando nisso, lembro da sessão pra imprensa do Liga da Justiça em 2017, tinha fãs dando gritinhos em algumas cenas, tipo quando aparece um Lanterna Verde. Isso foi uma vantagem de ver o novo filme em casa, beatlemania é uma coisa ultrapassada.)

No fim, fica a sensação que Liga da Justiça de Zack Snyder é um produto só pros fãs. Os fãs devem ter adorado. Heu ia gostar de uma versão exagerada de um filme que sou fã. Mas, pra quem não é fã, talvez seja melhor ficar com a versão de 2017. Não que aquele seja um filme bom, mas pelo menos não é chato. Um filme de super herói pode ser ruim, pode ser tosco, mas não pode ser chato. E Liga da Justiça de Zack Snyder é chato.

Liga da Justiça

Liga da justiçaCrítica – Liga da Justiça

Sinopse (imdb): Alimentado por sua fé restaurada na humanidade e inspirado pelo ato altruísta de Superman, Bruce Wayne convoca a ajuda de sua nova aliada, Diana Prince, para enfrentar um inimigo ainda maior.

Depois de um Batman Vs Superman cheio de problemas e um Esquadrão Suicida que desagradou a todos, a DC acertou com Mulher-Maravilha. A boa notícia é que Liga da Justiça (Justice League, no original), apesar de ter suas falhas, também é um bom filme.

A DC sempre teve os super heróis mais famosos do universo pop. Mas a Marvel soube trabalhar melhor o seu universo cinematográfico, e hoje heu arriscaria dizer que existe um empate técnico entre a popularidade de Batman e Superman contra Homem de Ferro e Capitão América (principalmente para as novas gerações).

Digo isso porque se este Liga da Justiça viesse alguns anos atrás, provavelmente a DC continuaria na frente. Porque o grande problema do filme, na minha humilde opinião, é que hoje estamos acostumados com um nível mais alto. Liga da Justiça não é ruim, mas existe coisa melhor por aí.

Para não ficar para trás, a Warner, estúdio que lança os filmes da DC, parece que cedeu e resolveu usar algumas coisas da “fórmula Marvel”. Claro que isso é uma boa notícia: temos um filme mais colorido e com mais piadas – e com cenas pós créditos! Viva a “marvelização da DC”!

Talvez tenha rolado alguma influência de Joss Whedon (diretor dos dois primeiros Vingadores). A direção estava nas mãos de Zack Snyder, mas ele teve um problema pessoal (sua filha se suicidou) e se afastou do projeto. Sabemos que Whedon terminou as filmagens, mas não sabemos o quanto do filme é de cada um.

O filme tem alguns momentos excelentes, os personagens funcionam bem juntos. A boa trilha sonora de Danny Elfman discretamente cita os temas do Superman (John Williams), da Mulher Maravilha (Hans Zimmer) e do Batman (do próprio Elfman). Outra coisa boa é que os fan services são bem inseridos (diferente, por exemplo, da cena dos parademônios em BvS). Tem uma cena onde o Lanterna Verde é citado, mas não atrapalha quem não conhece o personagem.

O cgi às vezes parece videogame, mas isso infelizmente é algo comum em filmes de ação contemporâneos. Mas acho que o pior problema aqui é o vilão – o Steppenwolf, além de ser feito por um cgi fraco, é um vilão que não ameaça ninguém. Além disso, o roteiro tem algumas escorregadas, como por exemplo o tempo enorme que o filme dedica àquela família russa.

Pequeno spoiler a frente:

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Pra mim, é spoiler avisar que o Superman está no filme – ele “morreu” no filme anterior. Mas ele está até em alguns pôsters de divulgação, então nem sei se isso é spoiler.

Enfim, o fim de BvS me incomodou profundamente, com a terrinha flutuando em cima do caixão do Superman, indicando que ele não estava exatamente morto. Mas do jeito que fizeram aqui, seu “ressuscitamento” foi convincente. Não precisava da terrinha flutuando!

FIM DOS SPOILERS!

O elenco é muito bom. Ben Affleck, Henry Cavill e Gal Gadot voltam aos papéis principais. Ezra Miller está ótimo como o Flash, um garoto engraçado e deslumbrado com o que está acontecendo (sem querer comparar, me lembrou o Peter Parker do último Homem Aranha); Jason Momoa e Ray Fisher completam o time principal. Alguns coadjuvantes de BvS e Mulher-Maravilha voltam, como Amy Adams, Diane Lane, Jeremy Irons e Connie Nielsen. J.K. Simmons voltará no filme solo do Batman; Amber Heard, no do Aquaman. Por fim, Ciarán Hinds é um bom ator, mas o seu Steppenwolf é fraco.

É, parece que a DC encontrou um caminho. Torçamos para que continuem.

p.s.1: Os filmes anteriores da Warner / DC não tinham cenas pós créditos. Mas aqui são duas – como é comum nos filmes da Marvel.

p.s.2: Um dos cartazes nacionais resolveu adaptar o cartaz gringo que usa os símbolos de cada herói. O problema é que não tem onde colocar o W da Mulher Maravilha. Ficou muito estranho ver “Você Não Pode Salvar o Wundo Sozinho”. Toda vez que via esse cartaz, em vez de trocar o W por M, trocava o U por A: “Você Não Pode Salvar o Wando Sozinho”… 😛

Liga da justiça - Wundo

Batman vs Superman: A Origem da Justiça

BvS-1Crítica – Batman vs Superman: A Origem da Justiça

(Posso repetir piada?)

Depois do “filme mais assustador de todos os tempos da última semana”, temos o “filme de super heróis mais esperado de todos os tempos da última semana”!

Depois da destruição de Metropolis em Homem de Aço, algumas pessoas passam a achar que ter o Superman por perto pode não ser uma boa ideia. Batman, que estava presente na cidade, resolve se preparar para desafiar o Superman. Enquanto isso, um jovem Lex Luthor surge como uma nova ameaça.

Batman vs Superman: A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice, no original) é a carta mais forte da DC para tentar recuperar o prejuízo causado pela Marvel nos últimos anos. E a notícia é boa: Batman vs Superman é um bom filme.

Enquanto a DC ainda pensava em “filmes solo”, a Marvel vinha formando um sólido universo cinematográfico (MCU – Marvel Cinematic Universe), construído por vários filmes, lançados ao longo de vários anos. Mas a DC ainda tinha uma forte carta na manga: simplesmente os dois super heróis mais icônicos da cultura pop. Batman e Superman sempre foram grandes nomes independente do cinema.

Então veio a cartada arriscada. Como numa mesa de pôquer onde o jogador está perdendo mas ainda tem boas cartas na mão, a DC apostou um “all in” e lançou logo um filme com os dois heróis, com a Mulher Maravilha de coadjuvante, e ainda abriu espaço para uma vindoura Liga da Justiça.

Cartada arriscada, mas funcionou. Boa notícia para os fãs de filmes de super heróis! Batman vs Superman: A Origem da Justiça pode não ser o melhor filme de super heróis do ano (vai ser difícil barrar Deadpool…), mas é um bom divertimento que vai agradar a maior parte dos fãs.

Como de costume nos filmes dirigidos por Zack Snyder, o visual do filme chama a atenção. Fotografia bem cuidada, figurinos excelentes e algumas boas sequências em câmera lenta. Os efeitos especiais são bem feitos, mas com algumas ressalvas (não gostei muito dos efeitos na cena da perseguição do Batmóvel) – acho que iremos rever este filme daqui a alguns anos e veremos que “perdeu a validade”, como aconteceu com Sucker Punch, do mesmo diretor.

A trama tenta trazer um equilíbrio entre os dois heróis, mas senti que este é um filme mais do Batman que do Superman. Aliás, o motivo da briga entre os dois me pareceu forçado. O trailer de Guerra Civil mostra um motivo mais forte para a briga do Capitão América com o Homem de Ferro do que todo o longa Batman vs Superman.

O elenco está bem. Muita gente torceu o nariz quando anunciaram Ben Affleck como Batman, mas acho que ele vai calar a boca dos críticos. Gal Gadot surpreende positivamente, ela parecia magra demais para interpretar uma guerreira amazona, mas funciona bem na hora do “vamos ver”. Já Jesse Eisenberg não ficou legal, seu Lex Luthor está parecido demais com o Coringa. Henry Cavill, Amy Adams, Diane Lane e Laurence Fishburne voltam aos seus papeis, e o filme ainda conta com Jeremy Irons, Holly Hunter e pontas de Kevin Costner, Lauren Cohan, Jeffrey Dean Morgan e Jason Momoa.

Pena que o filme ficou longo demais, não precisava ser um filme de duas horas e meia, chega a ser cansativo. Algumas cenas são desnecessárias. Vou dizer que até gostei da cena com um plano sequência do Batman lutando contra vários soldados, mas reconheço que é desnecessária – tire essa cena e o filme não perde nada. E a cena do sonho com o Flash saindo da tela não é apenas desnecessária – é ruim.

Não gostei do fim, mas não posso me aprofundar por causa de spoilers. Só digo que, se você tem coragem para sair do óbvio, que mantenha essa coragem até o fim.

No fim, apesar dos problemas, o saldo é positivo. Todos ganham com isso, porque o filme abre espaço para continuações dentro de um “DC Cinematic Universe”. Que venham cada vez melhores!

p.s.: Antes do filme, Zack Snyder aparece na tela para pedir que ninguém espalhe spoilers. Mais do que o seu trailer já espalhou, sr. Snyder? 😉

300: A Ascensão do Império

300ascencaodeumimperioCrítica – 300: A Ascensão do Império

A continuação de 300!

O general ateniense Themistokles lidera as cidades-estado gregas na defesa contra o rei-deus Xerxes e Artemisia, a vingadora comandante da frota persa.

O primeiro 300 foi um marco na história do “cinema-testosterona”. Com uma câmera lenta diferente do usual, vimos lutas bem coreografadas, com uma violência estilizada mostrada de um modo nunca antes visto. Como diria o poeta Woerdenbag, “sangue e porrada na madrugada”.

Agora veio a continuação. Que na verdade, não é exatamente uma continuação, é uma história paralela, que acontece antes, durante e depois do outro filme. Acompanhamos a resistência grega, liderada pelo general Themistokles, de Atenas – todos ameaçados pelo mesmo Xerxes do primeiro filme, agora acompanhado da sexy Artemisia.

Mas o pior inimigo de Themistokles não é Artemisia. É o Leônidas do primeiro filme, que aqui só aparece em imagens “de arquivo”. Themistokles não é um personagem ruim, mas perde de longe na inevitável comparação. Leônidas aumentava o nível de testosterona de tal maneira que você saía do cinema com vontade de arranjar uma briga no bar e/ou fazer sexo logo após a sessão. Já Themistokles, bem, quem quer uma casquinha de sorvete? De creme?

(Diz a lenda que teve mulher fazendo a barba depois de assistir o primeiro filme!)

A direção coube ao desconhecido Noam Murro, que até agora só tinha feito uma comédia que ninguém viu, seis anos atrás. Zack Snyder, diretor do primeiro filme, agora está envolvido em filmes do Superman, mas estava na produção e foi co-roteirista deste novo filme, mais uma vez baseado numa graphic novel de Frank Miller, “Xerxes” (segundo o imdb, o roteiro foi desenvolvido paralelamente à hq, então não contam exatamente a mesma história).

As batalhas aqui são no mar, provavelmente para evitar paralelos com os guerreiros de Esparta. E o visual estilizado é propositalmente exagerado – certa cena tem uma lua que ocupa um terço do céu. Isso deve ser pra gente aceitar certos excessos, como a cena que tem no trailer, com um guerreiro grego pulando de uma altura de algumas dezenas de metros e caindo direto na batalha sem ao menos dobrar os joelhos.

A parte técnica é bem feita. Temos várias lutas que usam a mesma câmera lenta que ficou famosa com o primeiro filme. Só achei que o sangue em cgi podia ser mais bem cuidado, alguns golpes esguicham sangue mas deixam as espadas limpas… Pelo menos tem uma sequência que merece destaque. Prestem atenção no plano-sequência quando Themistokles vê Artemisia e pega o cavalo. Sei que não foi um plano-sequência tradicional, daqueles que a câmera filma tudo num único take sem cortes – hoje tem um monte de cgi pra emendar os takes. Mas a concepção da cena num único take já vale.

Por outro lado, a edição dá umas escorregadas básicas. Precisava mostrar duas vezes a cena onde Themistokles atira em Darius? Será que a plateia esqueceu uma cena marcante que aconteceu menos de uma hora antes?

O elenco tem um grande nome: Eva Green. Ela não só é linda linda linda, como uma excelente atriz, e faz uma vilã que transmite medo e tesão ao mesmo tempo. Aliás, tem gente por aí que fala que o primeiro filme é um filme gay, porque tem vários homens sarados e semi-nus – e com os torsos depilados. Acho besteira, pela quantidade de sangue e vísceras na tela. Anyway, o segundo filme tem os seios da Eva Green. Nem reparei se tinha homem sarado.

300: BATTLE OF ARTEMESIUM

Ah, claro, não podemos esquecer que o “nosso” Rodrigo Santoro é um dos atores do primeiro filme que está de volta. Seu papel, o vilãozão Xerxes, tem maior participação aqui. Mas ele virou coadjuvante da Eva Green. Bem, heu também viraria… Também voltam aos seus papeis Lena Headey como a rainha Gorgo, e David Wenham como Dilios, o único sobrevivente dos 300 iniciais. Ah, e Sullivan Stapleton (quem?) faz o protagonista Themistokles.

Enfim, como quase sempre, é uma continuação inferior ao original. Mas quem gosta do estilo visual do primeiro filme pode se divertir aqui.

p.s.: Esta é uma história paralela ao primeiro filme. Porque, se fosse uma continuação, deveria ter outro nome. Se no primeiro filme, eram 300 e morreram 299, o nome do segundo filme não deveria ser “1”?
😛

O Homem de Aço

Crítica – O Homem de Aço

Filme novo do Superman. E aí, será tão fraco quanto o Superman – O Retorno, lançado em 2006; ou manterá o nível da trilogia Batman, o atual top da DC?

A notícia é boa: Homem de Aço é muito bom!

Um menino descobre que tem poderes extraordinários e que não é deste planeta. Mais velho, ele viaja para tentar descobrir de onde veio e por que foi mandado para cá. Mas o heroi deve surgir para salvar o mundo e virar o símbolo de esperança para a humanidade.

A citação ao Batman de Christopher Nolan não é gratuita. Não só por serem os dois principais personagens da DC, mas também pelo fato de Nolan ter atuado aqui como produtor e autor do argumento. E o roteirista é o mesmo David S Goyer, que trabalhou nos três filmes do homem-morcego. Isso tudo é importante, porque a DC quer reunir os herois em um filme da Liga da Justiça tão bem sucedido quanto o ótimo Os Vingadores da Marvel.

E a influência do Batman de Nolan fez de Homem de Aço um filme mais sério do que a maior parte dos filmes de super-herois. O Kal-El / Clark daqui não usa cueca sobre a calça e é cheio de problemas existenciais. Rola até uma sutil comparação com Jesus Cristo – não acredito que tenha sido coincidência Clark estar com 33 anos. Acho que este será o grande diferencial entre DC e Marvel: enquanto uma foca na seriedade, a outra pensa no lema “o cinema é a maior diversão” (ambos os caminhos são válidos, na minha humilde opinião).

A direção coube a Zack Snyder, que já tinha provado seu talento em imagens bem cuidadas em filmes como 300, Watchmen e Sucker Punch. Em Homem de Aço, Snyder teve uma direção mais discreta, acho que não rola nenhuma das suas famosas câmeras super lentas. Mas, mesmo sem a sua “assinatura”, Snyder mostra boa mão na condução das várias cenas de ação.

Não sei o quanto o diretor teve parte nisso, mas os efeitos especiais são absurdamente bem feitos. Os computadores em Krypton tem uma textura diferente de tudo o que estamos acostumados a ver, e a destruição de Metropolis está entre as melhores destruições de cidades já mostradas no cinema. Snyder não usa câmera lenta, mas sua câmera não treme como os “MichaelBays” da vida – conseguimos ver tudo.

Os fãs querem esquecer o filme de 2006, mas a comparação com o clássico de 1978, dirigido por Richard Donner, é inevitável. E a boa notícia: se Homem de Aço não é melhor que o filme de 78, também não é pior. Ambos podem figurar entre as melhores adaptações cinematográficas de quadrinhos de super-herois.

É inevitável pensar no Superman e não lembrar de Christopher Reeve, que imortalizou a personificação do heroi. Henry Cavill faz um bom trabalho, não sentimos falta de Reeve. Mas acho que a tarefa mais difícil era a trilha sonora. A trilha de John Williams para o filme clássico é fantástica, o tema pan-pa-rá pa-ra-ra-ra-rá é um dos temas mais conhecidos da história do cinema (talvez um dos 4 mais conhecidos, ao lado de Tubarão, Guerra nas Estrelas e Caçadores da Arca Perdida – todos de John Williams). Hans Zimmer fez bem em ter ignorado a melodia original, e fez uma trilha competentíssima, que pode não ser tão assoviável quanto a de Williams, mas faz um belíssimo trabalho aqui.

Apesar de O Homem de Aço não ser um filme que exige muito dos atores, Michael Shannon faz um excelente trabalho com o seu general Zod – este sim superior ao anterior de Terence Stamp (que por sua vez também tinha feito um bom trabalho em Superman 2). O resto do elenco, repleto de nomes conhecidos, também está bem: Amy Adams, Diane Lane, Russell Crowe, Kevin Costner e Laurence Fishburn.

Infelizmente, O Homem de Aço não é perfeito. Como pontos negativos, podemos citar a longa duração, que chega a cansar (Os Vingadores também é longo, mas não é tão cansativo); e alguns pontos do roteiro que ficaram muito mal explicados – como assim, o planeta vai explodir, e os condenados por traição são mandados para fora do planeta???

Não vi em 3D. Atualmente evito pagar mais caro por um efeito que mais atrapalha do que ajuda. E pelo que li por aí, fiz boa escolha.

Resumindo: apesar dos poucos pontos contra, temos um forte candidato ao Top 10 2013!

p.s.: Só heu achei que o nome “Homem de Aço” parece uma tentativa barata de ganhar visibilidade com “Homem de Ferro”? Sei que o Superman sempre foi “Super Homem, o homem de aço”, mas o título assim, solto, me pareceu querer ganhar a rebarba do Tony Stark. Não precisava, DC, seu filme é bom, não é nenhum Asylum (que lançou “Transmorfers” na época do “Transformers”…

Sucker Punch – Mundo Surreal

Crítica – Sucker Punch – Mundo Surreal

Oba! Filme novo do Zack Snyder (300, Watchmen) em cartaz nos cinemas!

Uma jovem garota, logo após perder a mãe, é internada em um hospício pelo padrasto. Lá, ela imagina uma realidade alternativa e usa isso como refúgio.

Filme do Zack Snyder, com várias meninas frágeis e bonitinhas, vestidas com muitos decotes, e empunhando espadas de samurai e armas de grosso calibre, em cenários viajantes e maneiríssimos, num roteiro que parece montado como fases de videogame? É, esse é um daqueles filmes que se tornam obrigatórios!

A história? Ué, precisa? Releia o parágrafo acima… 😉

O que chama a atenção em Sucker Punch – Mundo Surreal é o visual. Zack Snyder é um artesão de imagens, cada cena, cada ângulo, cada fotograma tem o visual bem cuidado. Uma exposição fotográfica com stills do filme já seria interessante de se ver.

Isso inclui todos os detalhes do filme. Cenários, figurinos, até as cores vistas na tela são pensadas para contribuir com o efeito – as cenas no “mundo real” têm cores diferentes daquelas nos “mundos imaginários”.

A história não é lá grandes coisas, inclusive, não gostei do fim do filme (apesar de achar interessante a mudança de foco). O objetivo do roteiro parece ser conseguir encaixar todas as cenas de sonho, que passeiam por diversos estilos, como filme de kung fu, guerra, fantasia e ficção científica. Assim, o filme consegue ter espaço para brigas de espadas, castelos com orcs e dragões e exércitos de zumbis nazistas.

(E, já que falei de vários estilos diferentes, durante os créditos rola um número musical, cantado pelos atores Oscar Isaac e Carla Gugino…)

Outra coisa que precisa ser citada é o bom uso da trilha sonora. As músicas em si não são nada demais, são músicas pop comuns. Mas existe uma perfeita sintonia entre som e imagem, como pouco visto no cinema hoje em dia. Melhor que muito videoclipe!

No elenco, nenhum nome do primeiro escalão. Ninguém faz feio, mas também ninguém será lembrado por grandes atuações neste filme. Das cinco meninas principais, talvez a mais famosa seja Vanessa Hudgens, estrela dos três High School Musical. Além dela, Emily Browning (O Mistério das Duas Irmãs), Abbie Cornish (Sem Limites), Jena Malone (Na Natureza Selvagem) e Jamie Chung (Gente Grande). Além deles, Jon Hamm e os já citados Oscar Isaac e Carla Gugino. E um papel menor e bem legal de Scott Glenn como o “homem sábio”.

Com mais forma do que conteúdo, Sucker Punch – Mundo Surreal não vai agradar a todos. Mas é imperdível para quem curte um bom visual!

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Se você gostou de Sucker Punch – Mundo Surreal, o Blog do Heu recomenda:
Watchmen
Scott Pilgrim Contra o Mundo
Alice no País das Maravilhas

A Lenda dos Guardiões

A Lenda dos Guardiões

Soren, uma jovem coruja fascinada por histórias épicas contadas por seu pai sobre os guerreiros Guardiões de Ga’Holle, acaba sequestrada por um grupo de corujas malvadas que querem dominar o Reino do Oeste e a Grande Árvore. Soren precisa fugir e encontrar os guerreiros para salvar o futuro das corujas.

Dirigido por Zack Snyder (300, Watchmen), A Lenda dos Guardiões tem um visual deslumbrante, mas tem uma falha grave: não se define muito sobre o seu público alvo. Uma animação com corujas remete a filmes infantis (ainda mais quando a divulgação fala em “do estúdio de animação de Happy Feet – O Pinguim“). Mas o filme não tem o humor característico das produções infantis recentes, além de ser demasiado violento – não mostra sangue, mas as batalhas são bem “duras”.

Tirando este “pequeno” detalhe de lado, o filme é bem legal. E a animação, absurdamente bem feita – principalmente se visto em 3D.

As animações hoje em dia alcançaram uma qualidade muito boa. E é sempre um prazer quando vemos um filme que ainda surpreende em termos técnicos. A Lenda dos Guardiões é assim: as corujas e os cenários são extremamente “reais”, vemos cada detalhe, cada pena, cada gota de chuva. Tudo muito bem feito, nos mínimos detalhes!

O filme foi baseado no livro da escritora Kathryn Lasky. Não conheço o livro, não sei se é violento. Mas, nas mãos de Snyder, não tinha como ficar com cara de Disney, né? Aliás, aqui tem outro detalhe interessante da animação: diferente do que acontece na maior parte das vezes, aqui os animais não são “humanizados”, as asas das corujas não são usadas como mãos, os animais não têm cara de gente. Isso inclusive deixou o filme com ainda mais cara de “real”.

A Lenda dos Guardiões está passando em cópias dubladas e legendadas. Quem optar pela legendada, vai ouvir as vozes de Helen Mirren, Sam Neil, Geoffrey Rush, Hugo Weaving e mais um monte de vozes com sotaque australiano, afinal, o filme foi feito lá. Outra curiosidade: Snyder não pisou nos sets de filmagem, ele estava no Canadá, envolvido na produção de Sucker Punch, e coordenou tudo à distância, através de vídeo conferência!

Snyder declarou que finalmente seus filhos poderiam ver um filme seu – é a primeira vez que ele faz um filme que não é “R”, mas acho que ele não está muito antenado com o que a criançada vê hoje em dia – talvez este tenha sido o problema que citei lá no segundo parágrafo. Mas, se por um lado limitou o público, por outro, algumas cenas são belíssimas! Ninguém faz cenas em câmera lenta tão belas quanto as de Snyder. Assim como em 300 e Watchmen, rolam várias cenas onde a ação é quase congelada e vemos todos os detalhes em câmera lenta. Só isso já vale o ingresso do filme.

Pena que nem todas as crianças vão curtir…