Clube dos Vândalos

Critica – Clube dos Vândalos

Sinopse (imdb): Acompanha a ascensão de um clube de motociclistas do meio-oeste americano por meio da vida de seus membros.

Clube dos Vândalos (The Bikeriders, no original) se inspira no livro “The Bikeriders”, lançado em 1967 pelo fotógrafo Danny Lyon, pra mostrar a criação do moto clube Vandals, na Chicago dos anos 60. O elenco é ótimo, a reconstituição de época é perfeita, a trilha sonora é boa. Mas…

Senti que falta história pra ser contada. Clube dos Vândalos foi escrito e dirigido por Jeff Nichols, diretor que já está por aí há algum tempo, mas heu ainda não tinha visto nada dele. Me pareceu que ele quis emular o estilo do Scorsese e criar um filme de gangsters, dentro de um moto clube. Acertou na parte da ambientação, mas faltou história. São quase duas horas acompanhado a vida daqueles caras, mas a trama não te leva pra lugar algum. Simplesmente vemos um retrato da vida daquelas pessoas.

Pelo que entendi, o livro “The Bikeriders” é um livro só de fotos, sem texto. Sendo assim, temos um caso diferente de roteiro adaptado, já que o livro base só tem imagens (durante os créditos, inclusive, rolam algumas das fotos originais). Deve ser por isso que o filme não tem exatamente uma historia a ser contada. Ou seja, temos um belo visual, boa fotografia, bons figurinos, boa reconstituição de época – mas o roteiro em si é fraco.

Outro problema é no elenco. São vários grandes atores, mas senti que alguns estão sub aproveitados. O protagonismo é bem dividido entre três personagens – Jodie Comer, Austin Butler e Tom Hardy. Heu diria que, se tem um principal, seria a Kathy da Jodie Comer, que inclusive narra parte dos acontecimentos. Jodie está bem, assim como Tom Hardy. Mas achei curioso ver que Austin Butler, que abre o filme e aparenta ser o principal, é um personagem de certa forma descartável, tanto que em determinado momento ele sai de cena e o filme segue. Caramba, o cara acabou de ser indicado ao Oscar por Elvis e foi uma das melhores coisas de Duna 2, e aqui ele é desperdiçado. O mesmo posso dizer sobre Michael Shannon, que faz um papel que qualquer ator faria. Também no elenco, Mike Faist, Boyd Holbrook e Norman Reedus.

Apesar dessas críticas, Clube dos Vândalos não é ruim. Grandes atores criam bons personagens, e como falei, a ambientação de época é ótima. mas, se tivesse um fio guiando a trama, seria um filme bem melhor.

Duna: Parte 2

Crítica – Duna: Parte 2

Sinopse (imdb): Diante da difícil escolha entre o amor de sua vida e o destino do universo conhecido, Paul Atreides, agora ao lado de Chani e dos Fremen, dará tudo de si para evitar o futuro terrível que só ele pode prever.

Estreou a aguardada continuação de Duna, de 2021. Heu tinha um receio sobre o final do filme, mas achei satisfatório – mais tarde volto a esse assunto.

Mais uma vez dirigido por Dennis Villeneuve, Duna: Parte 2 é um filmão, com tudo de superlativo que isso carrega. Elenco recheado de estrelas, cenários fantásticos, figurinos caprichados, trilha sonora excelente, tudo aqui é grandioso.

Não li os livros, tudo o que conheço do universo de Duna aprendi no filme de 2021 e no filme de 1984 dirigido por David Lynch. Um amigo que leu comentou que tem coisa diferente, mas faz parte do conceito de “adaptação”.

A história já começa de onde o primeiro filme acabousim, precisa ver ou rever o filme de 2021, senão você pode ficar um pouco perdido. Agora Paul Atreides está com o povo Fremen e precisa lutar contra os Harkonnen, enquanto rola um questionamento religioso se ele seria o novo messias.

Nem sei por onde começar a falar. Acho que posso começar com o visual do filme. Não tenho ideia do quanto foi filmado em locações e quanto foi filmado em estúdio. Mas podemos afirmar que absolutamente nada parece artificial. Se existe tela verde e cgi (e deve ter de monte), não aparece na tela. Cenários, figurinos, props, efeitos especiais, efeitos sonoros, tudo é tecnicamente perfeito.

Vi o filme no Imax. Não só a imagem é ótima, como o som estava muito alto (em algumas cenas, as poltronas do cinema tremiam!) Todo o som do filme é impressionante, tanto a trilha sonora de Hans Zimmer quanto os efeitos sonoros – o efeito usado nas vozes imperativas é assustador.

Vou copiar um parágrafo que escrevi no texto do primeiro filme, porque repito o mesmo comentário: “De vez em quando falam coisas como “o streaming vai matar o cinema”. Olha, a não ser que você seja muito rico e tenha uma sala de cinema especialmente construída na sua casa, não tem como barrar a experiência de ver um filme desses numa sala de cinema, com uma tela grande e um som equilibrado em volta. Duna é filme pra se ver no cinema!

Uma coisa que heu não me lembrava era toda a pegada religiosa. Paul Atreides vira quase um líder de uma seita extremista. E o personagem do Javier Bardem está ótimo como o cara que alimenta todo o fanatismo em volta desse messias.

O elenco é excelente. Timothée Chalamet está muito bem como o protagonista, e, apesar de ser magrelo, convence quando precisa assumir o papel de liderança. Mas quem rouba a cena é Austin Butler (o Elvis!) como Feyd-Rautha, papel que foi do Sting na versão de 84. Butler está assustador! Muito mais do que Dave Bautista que tem porte físico para colocar medo nos adversários.

(Uma curiosidade: Villeneuve disse que pensou no personagem como uma mistura entre o Mick Jagger, um assassino psicopata, um espadachim olímpico e uma cobra. Mick Jagger foi cotado para viver o mesmo personagem na versão de Alejandro Jodorowsky que nunca foi terminada.)

Ainda no elenco, vou contra a maré. Achei que a Zendaya foi o ponto fraco. A personagem dela gosta do Paul, mas resolve não apoiar o lado messiânico, e na minha humilde opinião ela não conseguiu trabalhar bem essa dualidade. Não estraga o filme, mas todo o resto está melhor.

Também no elenco, Rebecca Ferguson, Josh Brolin, Florence Pugh, Christopher Walken, Léa Seydoux, Stellan Skarsgård e Charlotte Rampling, além do já citado Javier Bardem. E uma curiosidade: Anya Taylor-Joy está no filme mas só aparece em uma cena! Piscou, perdeu!

É um filme longo, duas horas e quarenta e seis minutos. Vai ter gente dizendo que é um filme chato. Mas heu consegui “entrar” no filme e em nenhum momento me cansou.

Por fim, gostaria de falar sobre o final do filme. Heu tinha um pé atrás porque o imdb já falava sobre um terceiro filme, e fiquei traumatizado com o Aranhaverso 2, filme que não tem fim. Mas, a boa notícia é que Duna Parte 2 faz o correto: encerra a história que estamos vivendo, e deixa pontas soltas para serem resolvidas num possível terceiro filme. Mas, se não tiver esse terceiro filme, ok, temos um encerramento.

Filmão. Grandes chances de top 10 do ano.