Sinopse (imdb): Divine G, preso em Sing Sing por um crime que não cometeu, encontra um propósito ao atuar em um grupo de teatro ao lado de outros homens encarcerados nesta história de resiliência, humanidade e o poder transformador da arte.
Tenho o hábito de me informar pouco sobre os filmes antes de assisti-los. Prefiro entrar numa sala de cinema sabendo muito pouco ou quase nada sobre o filme. Quase sempre é uma experiência melhor, porque muitas vezes sou surpreendido. Mas preciso reconhecer que em alguns casos seria melhor saber um pouco mais sobre o contexto. Este é o caso de Sing Sing.
(Mas fiquem tranquilos que não vou dar nenhum spoiler!)
Sing Sing (idem, no original) mostra um grupo de teatro formado dentro de um presídio, um programa criado pra ligar presidiários à arte. Quase todo o filme se passa dentro do presídio, mas, diferente de outros filmes que abordam o mesmo tema, Sing Sing não foca nos crimes que levaram cada um à prisão, nem em rixas internas, nem em tentativas de fuga, ou coisas parecidas. O foco aqui é só a montagem da peça de teatro.
Fiquei acompanhando aquela história, tentando entender pra onde o filme ia me levar. Confesso que em certo ponto até achei meio chato. Mas, quando acaba, li nos créditos que não só o filme conta uma história real, como quase todos os atores interpretam eles mesmos – boa parte do elenco é de prisioneiros (ou ex prisioneiros, não vi se foi filmado enquanto eles ainda estavam presos), e todos participaram deste mesmo programa de grupo de teatro. Acreditem, isso me deixou com vontade de voltar e rever, agora com novos olhos. Aqueles personagens passaram a ter um novo sentido pra mim.
Sing Sing segue o grupo de atores enquanto montam uma peça bem diferente do óbvio – resolveram fazer um brainstorm e o organizador do grupo escreveu uma peça usando todas as ideias surgidas, que vão de Shakespeare até Freddy Krueger, passando por viagens no tempo. A gente sabe pouco sobre a vida de cada um fora da cadeia, o grande lance do filme é mostrar como eles encaram o grupo teatral. Inclusive, no fim do filme vemos algumas imagens caseiras de peças reais encenadas por grupos semelhantes.
Sing Sing está concorrendo a três Oscars. Uma das indicações, para melhor ator, é merecidíssima: Colman Domingo (um dos poucos “atores” do elenco) está excelente. Tem até uma cena que serve como “clipe de Oscar”. Mas ele não é o único que está bem. Clarence Maclin (que também é um dos roteiristas) também está muito bem, inicialmente achei que seria um personagem com redenção forçada, mas consegui “comprar” a trajetória do personagem. Alguns secundários também estão bem, como Sean San Jose e Sean Dino Johnson. Ah, o presidiário que pede um autógrafo para o protagonista é o autor do livro que deu origem à história.
(Nada a ver com o filme, mas adoro a voz grave do Colman Domingo!)
Além da indicação a melhor ator, Sing Sing está concorrendo a Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Canção. Achei estranha esta última indicação, porque quando saí da sala de cinema fiquei tentando me lembrar se tinha alguma canção no filme. É, parece que este ano estamos fracos de concorrentes a melhor canção.
Sing Sing estreia quinta agora no circuito.