Gladiador 2

Crítica – Gladiador 2

Sinopse (imdb): Após ter seu lar conquistado pelos imperadores tirânicos que agora comandam Roma, Lucius é forçado a entrar no Coliseu e deve olhar para o seu passado para encontrar força para devolver a glória de Roma ao seu povo.

O primeiro Gladiador, de 2000, é um filmaço, tanto na parte técnica quanto na história: um general do exército acaba virando escravo e depois vira gladiador, enquanto busca vingança contra quem lhe fez mal. E tem um final fechado, porque – spoiler de um filme de 24 anos atrás – tanto o protagonista quanto o antagonista morrem no fim do filme. Como fazer uma continuação?

(O imdb fala de uma proposta de continuação que seria escrita pelo músico Nick Cave, onde Maximus chegaria no pós vida, onde encontraria Jupiter, que o mandaria de volta pra Terra como um imortal, e ele participaria das Cruzadas, da Segunda Guerra Mundial, da Guerra do Vietnã, e terminaria trabalhando no Pentágono, em Washington. Acho que seria um filme muito ruim, mas heu queria ver esse filme!)

Bem, este Gladiador 2 usa alguns artifícios pra ser chamado de “continuação”. Primeiro, traz de volta um personagem secundário que era criança no primeiro filme. Depois, utiliza exatamente o mesmo formato: homem bom de briga vira escravo e depois gladiador, em busca de vingança. É algo criativo? Não, mas pelo menos não engana o espectador.

Mais uma vez dirigido por Ridley Scott (que faz 87 anos no fim do mês e está cheio de novos projetos para os próximos anos!), Gladiador 2 tem seus altos e baixos. Claramente é inferior ao primeiro, mas o “espectador de multiplex” (aquele que vai ao cinema no fim de semana apenas pra se distrair) não vai se decepcionar. Mas, preciso falar sobre uns problemas…

A comparação com o primeiro filme é inevitável. Lá, o protagonista Maximus Decimus tinha um objetivo claro de vingança, e persegue ela até o fim do filme. Aqui, o novo protagonista também tem um objetivo inicial de vingança, mas no meio do caminho o filme muda de antagonista e a vingança é deixada de lado. Aliás, a mudança do protagonista é muito brusca, ele odeia o personagem do Pedro Pascal, e depois de um breve diálogo, muda de ideia e o que era vilão passa a ser um coitado. Essa virada de chave ficou muito mal construída.

Outra coisa que achei forçada foi a ligação do protagonista com um passado que ele não viveu. Ele era criança no primeiro filme e não tinha vivido as coisas que colocaram aqui pra ligá-lo ao filme anterior. Bem, é forçado, mas é cinema, então é uma crítica mas a gente deixa pra lá.

Tenho elogios e críticas à parte técnica. Por um lado, a tecnologia de efeitos pelo computador evoluiu, e aqui conseguimos ter coisas bem mais difíceis de se recriar vinte anos atrás. O filme começa com uma boa sequência de uma cidade sendo atacada por navios, tem uma cena no Coliseu onde enchem de água pra recriar uma batalha naval, e ainda tem uma outra cena no Coliseu onde vemos um rinoceronte! Todas essas sequências ficaram bem legais. Mas, por outro lado, tem uma batalha de gladiadores contra babuínos onde os babuínos ficaram bem toscos. O efeito especial não funcionou. A piada que rolou depois da sessão de imprensa é que esses babuínos seriam xenomorfos e este filme seria conectado à franquia Alien.

Sobre o elenco, preciso dizer que Paul Mescal não me convenceu – principalmente quando a gente lembra que é uma continuação e ele acaba sendo comparado com o Russell Crowe no primeiro filme. Por outro lado, Denzel Washington está muito bem. Sua interpretação é uma das melhores coisas de Gladiador 2. Não gostei do personagem do Pedro Pascal, achei inconsistente, ele começa sendo o antagonista, mas o roteiro resolve criar uma redenção que, na minha humilde opinião, falhou. Connie Nielsen volta ao mesmo papel, mas achei a personagem fraca. Derek Jacobi também repete o papel do primeiro filme, mas era um papel pequeno lá, e aqui também é bem secundário. Por fim, um dos imperadores é interpretado por Joseph Quinn, o Eddie de Stranger Things, que parece que está com a carreira decolando.

No fim, Gladiador 2 está sendo anunciado como “o épico do ano”, mas será apenas mais um filme ok, que será esquecido em breve.

O Protetor: Capitulo Final

Crítica – O Protetor: Capitulo Final

Sinopse (imdb): Robert McCall se sente em casa no sul da Itália, mas descobre que seus amigos estão sob o controle do crime local. À medida que os eventos se tornam mortais, McCall sabe que deve tornar-se o protetor de seus amigos enfrentando a máfia.

Vamos ao terceiro filme da franquia O Protetor, os três estrelados por Denzel Washington, os três dirigidos por Antoine Fuqua (que aliás já fez outros dois filmes com Denzel, Dia de Treinamento e Sete Homens e um Destino).

O Protetor: Capítulo Final (The Equalizer 3, no original) tem uma característica que é ao mesmo tempo um ponto positivo e um ponto negativo. O ponto negativo é que a fórmula é a mesma usada nos outros dois filmes. O cara chega no lugar e quer tentar ajudar alguém. Ele é um cara muito habilidoso, e quando vai ajudar essa pessoa, acaba cutucando algum vilão ou grupo de vilões. E esse vilão ou grupo de vilões está apoiado por um grupo maior de vilões, mais perigosos ainda, e aí ele tem que enfrentar sozinho o grupo mais perigoso de vilões. Ou seja, a gente já viu essa história antes.

Por outro lado, é que nem quando você vai num restaurante novo e come um prato muito gostoso, e você pensa, “quero voltar a esse restaurante para repetir este prato”. Se por um lado a história é repetida e você já viu isso antes, por outro lado é muito bem feito e muito bem filmado.

Eu não lembro de detalhes dos outros dois filmes. Vi quando lançaram e nunca revi. Relendo meus textos vi que não curti tanto assim, mas é porque o personagem não tinha me convencido. Curioso, agora me convenceu. Provavelmente é porque o Denzel Washington convence a gente, como sempre. Só que precisamos de uma grande suspensão de descrença, afinal, o ator está com quase 70 anos, e enfrenta, sozinho, vários adversários mais novos e mais fortes. Comentei outro dia, na crítica sobre Resistência, sobre a falta de carisma de John David Washington – filho do Denzel. E agora, logo depois, estreia o filme com o pai, e a gente vê a diferença. Mesmo velho, Denzel convence como um ex-agente da CIA extremamente habilidoso.

Não me lembro se os outros filmes têm muitas sequências de ação. Achei que aqui foram poucas. Pelo menos podemos reconhecer que são muito bem filmadas. E a gente entende como é que o personagem Robert McCall age e como é que ele enfrenta os adversários. A sequência inicial já mostra isso, primeiro vemos vários inimigos mortos, pra depois vê-lo em ação contra uns quatro ou cinco. Ah, a trilha sonora alta e agressiva nesses momentos ajuda a criar o clima.

Ah, quase esqueço. Ok, o cara é muito bom, mas, lembrem-se: precisa de suspensão de descrença. Tem uma cena onde a máfia chega e ele se entrega, e que dificilmente ele sairia ileso. Mas, ok, a gente aceita.

Heu não conhecia quase ninguém do elenco – aparentemente são todos italianos, já que o filme se passa na Itália. O único nome conhecido é Dakota Fanning, num papel de agente da CIA. A gente lembra que ela já tinha trabalhado com Denzel em Chamas da Vingança, quando tinha apenas dez anos, em 2004, é bacana vê-los trabalhando juntos de novo. Mas a personagem dela meio que não acrescenta nada. Heu só não digo que é um personagem completamente inútil porque a cena onde eles conversam ao vivo pela primeira vez é uma cena bem divertida – é uma cena onde ele mostra como ele é bom no que faz, além de ser irônico. Agora, se a personagem dela não tem muita importância durante o filme ela, pelo menos tem relevância na trama, no fim do filme explicam a conexão dela com os outros filmes.

Pra quem curte ação bem filmada e com um bom ator, O Protetor: Capitulo Final estreia quinta agora.

O Protetor 2

Crítica – O Protetor 2

Sinopse (imdb): Robert McCall pratica uma justiça inabalável para os explorados e oprimidos, mas até onde ele vai quando é alguém que ama?

O Protetor foi uma tentativa de liamneesonizar o Denzel Washington – um ator consagrado que vira action hero depois de “velho”. E foi um bom filme. E como foi bem na bilheteria, a regra de Hollywood é clara: é a hora da continuação.

A direção ficou com o mesmo Antoine Fuqua do primeiro filme, diretor sempre competente. E o carisma de Denzel Washington vale qualquer filme. Mas, mesmo assim, O Protetor 2 (The Equalizer 2, no original) é bem mais fraco que o filme anterior.

O roteiro de Richard Wenk perde muito tempo construindo histórias paralelas para McCall. Acho que isso foi pra termos mais empatia com o personagem, mas isso acabou causando sérios problemas de ritmo. Além disso, o espectador acostumado com filmes de ação vai achar tudo muito previsível.

Tem outra coisa que me incomodou. McCall pode ser excelente em brigas, mas se ele cutuca gente graúda, haveria alguma retaliação. Quando ele bate nos playboys estupradores ricos, estes sabem onde encontrá-lo depois. O mesmo com os traficantes do prédio.

Mas como falei lá em cima, a dupla Fuqua / Denzel sempre vale o ingresso. É só não ter muita expectativa.

Sete Homens e um Destino

Sete Homens e um DestinoCrítica – Sete Homens e um Destino

No velho oeste, sete pistoleiros se juntam para defender uma vila ameaçada por um cruel milionário, interessado nas terras.

Na verdade, esta é uma refilmagem de uma refilmagem (um inception de refilmagens?). O Sete Homens e um Destino de 1960 é uma refilmagem de Os Sete Samurais, dirigido por Akira Kurosawa em 1954. Nunca vi o original japonês, mas início do ano, vi a versão americana, como preparação para um podcast sobre filmes de faroeste. Na verdade, existem outras releituras, incluindo uma série de tv (há quem diga que Vida de Inseto seria mais uma versão). Agora chegou a vez de mais uma super produção. Vamos a ela?

Sete Homens e um Destino realmente pedia uma refilmagem. Pela época que foi feito, tudo era muito limpo, todos os moradores da cidade usavam roupas brancas para mostrar que eram puros e inocentes. Isso funcionava na década de 60, mas hoje ficou datado demais.

A direção ficou com Antoine Fuqua, que já tinha trabalhado com Denzel Washington e Ethan Hawke em Dia de Treinamento (filme que deu um Oscar para Denzel e uma indicação para Ethan). Fuqua faz um bom trabalho, apresentando um faroeste à moda antiga – diferente do outro grande faroeste do ano, Oito Odiados, que é mais Tarantino do que western. Sete Homens e um Destino é um épico, com uma belíssima fotografia, uma trilha sonora marcante e um monte de clichês do cinema bangue-bangue – da clássica cena no saloon quando um forasteiro chega, a revólveres rodopiando antes de voltarem pro coldre.

Um dos pontos fortes deste Sete Homens e um Destino está no roteiro, que consegue um bom equilíbrio entre os 8 personagens – os 7 mais a “mocinha”. Claro, temos os protagonistas interpretados por Denzel Washington e Chris Pratt, mas todos os outros têm seu espaço e sua importância, ninguém está sobrando. Ethan Hawke (Gattaca), Vincent D’Onofrio (Demolidor), Byung-hun Lee (GI Joe), Manuel Garcia-Rulfo e Martin Sensmeier completam o time; além deles, temos Haley Bennett (Hardcore Henry) e Peter Sarsgaard (A Órfã).

Sobre o elenco, gostei muito do personagem de Pratt, que faz uma versão cowboy do seu Starlord, uma espécie de galã malandro e engraçadinho, cheio de frases de efeito. Ethan Hawke também está muito bem com o seu veterano traumatizado. Mas se alguém merece destaque, é Vincent D’Onofrio, muito diferente do seu recente Rei do Crime na série Demolidor. Até a voz do cara é outra!

Ainda sobre o elenco, é interessante notar uma diversidade muito maior, mais condizente com os dias de hoje. Dos sete, apenas três são brancos – o grupo tem um negro, um índio, um mexicano e um oriental. A protagonista feminina também está atual: uma mulher forte e determinada, como a gente tem visto no cinema contemporâneo.

Sobre a trilha sonora: nem todos sabem, mas o tema do filme de 60 é um dos mais marcantes entre todos os faroestes – foi também usado na propaganda do cigarro Marlboro. Aqui o tema clássico só aparece quando o filme acaba, mas temos citações a ele durante toda a projeção. Claro, a trilha nova não vai substituir a clássica, mas serve como um bom complemento.

Agora, a inevitável comparação. Uma coisa me incomodava muito no primeiro filme: certo momento do filme os sete mocinhos são rendidos e o vilão devolve suas armas e os manda embora, porque aquela luta não é deles. Mas eles voltam e atacam novamente, e então triunfam. Ou seja, sob certo ponto de vista, o vilão foi digno e os mocinhos, traidores. Isso não acontece no filme novo!

Por outro lado, no filme original fica mais clara a motivação dos sete para ajudar a vila a se defender. Eles tinham pouco dinheiro, mas ofereceram tudo o que tinham. O personagem de Yul Brynner comenta: “já me pagaram muito, mas é a primeira vez que oferecem tudo“. Está frase é repetida agora por Denzel Washington, mas, fora de contexto. Quem não viu o filme original não deve ter entendido por que os sete entraram nessa furada…

Enfim, filmão. Pra ser visto no cinema, na tela grande!

O Protetor

O ProtetorCrítica – O Protetor

Um homem acredita ter deixado o passado para trás ao começar uma pacata nova vida. Mas quando ele conhece uma jovem garota de programa que sofre nas mãos da máfia russa, ele decide ajudá-la.

Nova parceria entre Denzel Washington e o diretor Antoine Fuqua, que juntos fizeram Dia de Treinamento, o filme que deu a Denzel o seu segundo Oscar (ele ganhara 12 anos antes por Tempo de Glória).

Denzel é um grande ator, e Fuqua, um diretor talentoso. Cinematograficamente falando, O Protetor (The Equalizer, no original) é um bom filme – fotografia bem cuidada (vários takes e ângulos são excelentes), boa trilha sonora, etc. Mas o que “pega” é o roteiro.

O Protetor foi baseado na série de tv dos anos 80 The Equalizer (não me lembro, mas acho que não passou por aqui). Nunca vi a série, mas sei que algumas coisas que funcionavam nos anos 80 não funcionariam hoje. Talvez o protagonista da série fosse este quase super humano que vemos no filme. O problema é que, na época, a gente via Comando Para Matar e Rambo e levava aquilo a sério, lembram? Mas depois que o John McLane de Duro de Matar mostrou que os bad asses também sangram, a gente passou a acreditar menos.

Este é o problema de O Protetor. Denzel é bem mais velho que todos os seus oponentes, e quase sempre está desarmado enquanto os outros têm armas – e mesmo assim bate em todos sozinho. O cara é muito mega f$#@cking pica das galáxias, chega a parecer piada.

Pena, porque, como falei, plasticamente o filme é ótimo. Sabe quando um filme sabe usar bem os clichês visuais? Aqui tem chuva (de sprinklers) em câmera lenta, tem explosões onde o mocinho não olha pra trás… Heu queria gostar do filme!

No elenco, o único nome a ser citado é Denzel. Chloë Grace Moretz está bem (como sempre), mas aparece pouco. Melissa Leo aparece menos ainda, e se você piscar o olho perde o Bill Pullman. Marton Csokas aparece bastante, mas ele não está bem, a não ser que fosse propostal interpretar um vilão caricato (o que foi aquela cena da panorâmica pelas tatuagens?). Ainda no elenco, Haley Bennet e David Harbour.

Veja, mas sem pensar muito…

Maré Vermelha

Crítica – Maré Vermelha

Hora de rever Maré Vermelha!

No meio de uma crise internacional, um submarino nuclear recebe ordens para atacar uma base rebelde russa. Logo em seguida é recebida uma nova mensagem, porém incompleta devido a uma falha na transmissão. Enquanto o capitão acha que eles devem se manter fiéis à ordem original, o segundo na hierarquia crê que a solução é esperar pela mensagem completa.

Dirigido por Tony Scott, Maré Vermelha (Crimson Tide, no original) é um bom thriller de ação de 1995, que traz um dilema interessante: dependendo da decisão tomada, o submarino pode impedir a terceira guerra mundial – ou então começá-la.

Quase todo o filme se passa dentro de um submarino, criando um clima claustrofóbico e tenso por causa da proximidade da guerra e pelo excesso de testosterona. O elenco, quase todo masculino, é uma das melhores coisas de Maré Vermelha. Gene Hackman e Denzel Washington estão excelentes, assim como Viggo Mortensen (pré Senhor dos Aneis), James Gandolfini (pré Sopranos), Matt Craven e George Dzundza. Steve Zahn pouco aparece num papel pequeno.

O roteiro, escrito por Michael Schiffer, tem uma história curiosa. Poucos anos antes, Scott nos apresentou um de seus melhores filmes, Amor À Queima Roupa, baseado no roteiro de um cara então pouco conhecido, um tal de Quentin Tarantino, na época ainda um jovem promissor com apenas um filme no currículo como diretor (Cães de Aluguel) (Assassinos por Natureza, também com seu roteiro, só seria lançado um ano depois), Scott estava em baixa nos anos anteriores (no início da carreira, Scott fez o elogiado Fome de Viver e o estrondoso sucesso de bilheteria Top Gun, e nunca mais emplacara um sucesso, nem de crítica, nem de público.). Ou seja, Amor À Queima Roupa foi muito bom para a carreira de ambos, tanto do diretor quanto do roteirista.

Dessa amizade vieram algumas cenas de Maré Vermelha. Scott tinha em mãos um filme muito sisudo. Tarantino então escreveu algumas cenas para deixar o filme mais leve. É fácil ver as cenas em questão, são cenas que mudam um pouco o foco, como a discussão sobre o desenhista do Surfista Prateado, ou a cena do Kirk e Scotty. Não preciso dizer que são minhas partes favoritas do filme…

Dose Dupla

Crítica – Dose Dupla

Robert “Bobby” Trench (Denzel Washington) e Michael “Stig” Stigman (Mark Wahlberg) trabalham juntos há dez meses. Quando não conesguem fazer negócios com um poderoso traficante mexicano, resolvem então é roubar um banco que, supostamente, receberia o faturamento deixado toda semana por capangas do traficante.

Adaptação dos quadrinhos “2 Guns”, escritos por Steven Grant e ilustrados pelo brasileiro Mateus Santolouco, Dose Dupla (2 Guns, no original) segue a fórmula dos “buddy movies” – filmes onde dois personagens bem diferentes têm que se aturar para um objetivo comum. A fórmula é batida, mas ainda pode render bons filmes, como este.

Boa parte dos méritos está com a dupla de protagonistas. Denzel Washington é um grande ator e está muito bem, mas o melhor papel é o marrento Stig de Mark Wahlberg, que tem vários ótimos momentos ao longo do filme (adorei a cena das galinhas). E o elenco ainda conta com vários outros bons nomes, como Edward James Olmos, Paula Patton, Bill Paxton, James Marsden e Fred Ward.

A direção ficou a cargo do pouco conhecido Baltasar Kormákur (que já tinha trabalhado com Wahlberg em Contrabando), que fez aqui um bom trabalho. Dose Dupla não é lá muito original, segue a linha “tarantineana” – personagens marginais, violência, diálogos afiados e edição ágil – mas nada que impeça de ser um filme divertido. Se bem que, pelos cenários mexicanos, lembra mais a trilogia “mariachi” de Robert Rodriguez…

Um coisa interessante em Dose Dupla é que os mocinhos e bandidos não estão onde se espera – temos algumas surpresas neste assunto. O espectador precisa ficar atento às viradas no roteiro! Outros destaques são a boa trilha sonora e uma bem cuidada fotografia, que ainda inclui alguns bem colocados efeitos de câmera lenta.

Como destaque negativo, o roteiro de Dose Dupla exige muita suspensão de descrença. Se o roteiro é bem escrito no que diz respeito a personagens bem construídos, por outro lado temos várias situações forçadas – como por exemplo toda a sequência dentro da base naval – aquilo nunca daria certo…

Enfim, boa opção despretensiosa em cartaz nos cinemas!

O Plano Perfeito

Crítica – O Plano Perfeito

Tem espaço pra falar de filme de sete anos atrás?

Em O Plano Perfeito (Inside Man, no original), dois policiais tentam negociar com o líder de um grupo que planejou o assalto a banco perfeito, mas que mantém reféns dentro do banco.

O diretor Spike Lee é famoso por seus filmes políticos, sempre levantando bandeiras contra o racismo. Mas aqui ele mostra talento em um filme bem hollywoodiano. A câmera é muito bem cuidada, são várias as boas sequências – rola até um plano-sequência interessante na parte final, quando os policiais estão verificando o interior do banco. Já o racismo é até citado, mas fica em segundo plano.

O roteiro, do pouco conhecido Russell Gewirtz, é muito bem escrito. Tá, o plano é fantasioso demais, a gente pode encontrar um furo aqui outro acolá, mas, de um modo geral, a ideia é muito boa. E o melhor: toda a trama flui facilmente. Outra coisa interessante é o personagem de Jodie Foster, que quebra o dualismo polícia / ladrão.

O elenco é muito bom. Além da já citada Jodie Foster, o filme conta com Denzel Washington, Clive Owen, Christopher Plummer, Willem Dafoe, Chiwetel Ejiofor e Kim Director

O Plano Perfeito pode não ter muito a ver com o resto da carreira de Spike Lee. Mas não é, de jeito nenhum, um momento a ser apagado de sua filmografia.

O Vôo / The Flight

Crítica – O Vôo / Flight

Um habilidoso piloto faz uma manobra arriscada, mas consegue para salvar um avião que estava caindo, salvando a vida de quase todos os passageiros e tripulantes. O problema é que ele estava sob efeito de álcool e drogas, o que faz com que ele vire alvo de uma investigação.

O melhor de O Vôo / Flight é o seu ator principal. Denzel Washington mais uma vez prova que é um dos melhores atores da atualidade – ele está concorrendo ao Oscar mês que vem por este filme. Seu papel é difícil, seu Whip Whitaker é um anti-heroi alcoólatra, daqueles que a gente torce ao mesmo tempo contra e a favor. E Denzel não está sozinho, todo elenco está muito bem. John Goodman pouco aparece, mas consegue roubar todas as suas cenas como uma espécie de mistura de melhor amigo com traficante. Ainda no elenco, Kelly Reilly, Don Cheadle, Melissa Leo e Nicole Velasquez.

Achei estranho que este filme seja dirigido pelo Robert Zemeckis, o mesmo cara que fez Forrest Gump, Roger Rabbit e a trilogia De Volta Para o Futuro. Digo mais: de um tempo pra cá, Zemeckis só fazia animações com captura de movimento (Expresso Polar, Beowulf, Os Fantasmas de Scrooge). Mas, mesmo em um estilo diferente, Zemeckis mostra boa mão. E tem uma vantagem do filme ser dirigido por um cara acostumado com efeitos especiais de ponta. A cena do acidente do avião é sensacional!

Só que abrir o filme com a sequência do acidente causou um problema. O filme tem um ritmo excelente até a queda do avião – desde Whip acordando e indo para o serviço, passando pela decolagem complicada e culminando na aterrissagem de emergência. Mas aí o ritmo cai, e o filme parece arrastado.

Uma coisa atrapalha: a longa duração. Precisava ter duas horas e dezoito minutos? Isso fica nítido em algumas cenas, como por exemplo a entediante cena na escada do hospital…

Mesmo com a longa duração, O Vôo / Flight ainda vale ser visto. Nem que seja pelo Denzel!

p.s.: O imdb ainda não tem título em português para este filme, por isso estou citando também pelo nome original – “O Vôo / The Filght”.

Protegendo o Inimigo

Crítica – Protegendo o Inimigo

Africa do Sul. Um novato do FBI é designado para tomar conta de um perigoso traidor. Quando seu esconderijo é atacado, ele precisa se virar para proteger o prisioneiro, e ao mesmo tempo impedir a sua fuga.

Cheguei a pensar que Protegendo o Inimigo (Safe House, no original) era “o novo filme do Tony Scott” – parecia seguir a linha de O Sequestro do Metrô 123 e Incontrolável. Nada disso, trata-se da estreia hollywoodiana de Daniel Espinosa, diretor sueco de ascendência chilena.

E, vendo o filme, a gente vê que o estilo de Espinosa é diferente. Muita câmera na mão, muitos closes, cenas escuras, imagem granulada. Acredito que a câmera na mão era pra dar um ar meio documental ao filme. Mas trouxe um problema: as cenas de ação ficaram confusas com a imagem trêmula. Heu, particularmente, prefiro ver melhor o que está acontecendo na tela.

Mas isso é um detalhe estilístico, não chega a ser um defeito. O grande defeito de Protegendo o Inimigo é o roteiro, previsível e cheio de clichês. Fico me perguntando se em pleno 2012 alguém ainda “compra” uma trama onde o grande segredo que o vilão esconde é tão óbvio.

O elenco funciona bem. Denzel Washington, bem como sempre, às vezes parece estar no piloto automático, seu personagem lembra o papel que ele fez em Dia de Treinamento; Ryan Reynolds está sério, deixou o ar engraçadinho de lado (o que não combinaria aqui). Ambos têm boa química. Ainda no elenco, Vera Farmiga, Brendan Gleeson, Robert Patrick e Sam Shepard.

O resultado final nem é muito ruim. Mas Protegendo o Inimigo também está longe de ser um bom filme.