Sinopse (imdb): Um boneco é trazido à vida por uma fada, que o atribui a levar uma vida virtuosa para se tornar um menino de verdade.
Vamos para mais um live action Disney que deu errado?
Confesso que ia deixar esse filme passar. Mas quando vi que era mais uma vez uma parceria entre Robert Zemeckis e Tom Hanks, mudei de ideia e fui logo ver, mesmo sabendo do histórico ruim quando se fala em live action da Disney – gravei um Podcrastinadores falando sobre Aladdin, Rei Leão, Dumbo e Christopher Robin, e falei mal de todos eles. Acho que o único live action que se salva é Cruella.
Já faz um tempo que não revejo o Pinóquio de 1940, então não me lembro de muitos detalhes. Mas tudo que me lembro está na nova versão, e, pelo que li, é isso mesmo, eles seguiram a mesma história do desenho anterior – assim como fizeram no “live action” de Rei Leão (as aspas são porque o novo Rei Leão não tem nada de “live”, é apenas outro estilo de animação).
E deu errado. Assim como o citado Rei Leão.
Se você contar de novo uma história que todo mundo já viu, traga novos elementos. Porque, se é a mesma coisa, pra que ver a nova versão?
Mas, calma, que ainda piora. Você pode argumentar que se passaram mais de 80 anos, aquela animação está datada, podemos refazer com novas tecnologias…
E aí está o maior problema deste Pinóquio de 2022: os efeitos especiais!
É inadmissível que hoje, em 2022, um estúdio cheio de grana e de recursos como a Disney entregue efeitos tão básicos. Parece que a gente está vendo um filme dos anos 90.
E aí a gente “troca de canal” e vê um trecho de Anéis de Poder e vê que sim, os efeitos evoluíram. É possível ter qualidade. Mas precisa trabalhar.
Alguns efeitos eram tão ruins que me tiravam da história. Parece que a produção não conseguiu se decidir entre o real e o cartunesco. Vou dar um exemplo claro: o peixe Cleo parece que saiu de Procurando Nemo, não parece um peixe real. Ok, o peixe não interage com humanos. Mas o gato Fígaro interage com o Gepeto, e às vezes parece um gato real, outras vezes parece um gato de desenho animado, e em todas as vezes parece um gato falso.
E não é só isso. Algumas coisas simples são exibidas de forma desleixada. No parque de diversões, o garoto recebe uma caneca de root beer, caneca grande, deve ter pelo menos um litro. E bebe em um único gole! Ou, outra cena logo antes dos tijolos, onde a gente vê que os atores estavam nas marcas e começam a se movimentar um segundo depois do tempo certo!
É triste a gente ler o nome de Robert Zemeckis e lembrar que, junto com Tom Hanks, ele revolucionou os efeitos especiais com Forest Gump, com seus efeitos “invisíveis”, os efeitos estavam lá justamente para não aparecer – por exemplo, um dos personagens passa boa parte do filme sem as pernas, que foram apagadas pelos efeitos especiais. E isso porque não tô falando de Roger Rabbit, De Volta Para o Futuro, A Morte lhe Cai Bem, Contato e muitos etc.
No elenco, Tom Hanks funciona, como sempre. A voz do Grilo Falante é de Joseph Gordon-Levitt, que serve como narrador do filme. Temos breves participações de Cynthia Erivo e Luke Evans, e as vozes de Lorraine Bracco, Keegan-Michael Key. O garoto Benjamin Evan Ainsworth faz a voz do Pinóquio.
Se tem algo que se salva? Bem, gostei dos easter eggs nos relógios do Gepeto, tem Toy Story, Pato Donald, Sete Anões, tem várias referências a outras animações da Disney. E gostei do parque de diversões. Não dos efeitos, do parque em si.
Mas é pouco. Prefiram o desenho velho de 80 anos.