Sinopse (imdb): Uma assassina tenta se redimir na tentativa de recuperar a visão de uma bela e jovem cantora.
John Woo refilmando o seu próprio filme? Bora ver!
Antes, uma breve contextualização. John Woo é um dos maiores nomes do cinema de ação. Depois de alguns filmes na China natal, foi pros EUA onde dirigiu mais alguns filmes excelentes. Em sua fase chinesa, quatro filmes se destacam: Bala na Cabeça, Alvo Duplo, Fervura Máxima… e The Killer, lançado em 1989. E agora Woo refilmou seu próprio filme.
Tenho sentimentos conflitantes com relação a este novo The Killer. Por um lado, é sempre um prazer ver um filme de ação dirigido por um cara que manja dos paranauês, aqui temos algumas cenas antológicas. Mas, por outro lado, claro que o filme é inferior ao original.
Vamos aos pontos positivos: temos algumas sequências muito boas. Tem uma perseguição logo no início, onde um bandido está numa praça e pega um refém, e a câmera em vez de cortar, fica dando chicotes entre o bandido e o policial. Outra cena muito boa é aquela onde a assassina entra numa boate e ataca inimigos usando uma espada; assim como a cena do hospital, onde vemos uma das características do diretor – antagonistas apontando suas armas um pra cara do outro. E, claro, a sequência final na igreja é sensacional.
Claro, precisamos de muita suspensão de descrença, porque vários dos movimentos são absurdos. Mas Woo sempre foi assim. O espetáculo fala mais alto do que a vida real. E preciso dizer que adorei a cena onde a Nathalie Emmanuel pula em cima do inimigo, abre os braços e atira ao mesmo tempo em dois outros inimigos!
(E, falando de características do diretor, desta vez, diferente de O Silêncio da Vingança, temos pombas voando em câmera lenta!)
O elenco funciona. Omar Sy e Nathalie Emmanuel estão bem – e aparentemente é ela fazendo as cenas de ação, porque vemos algumas dessas cenas em câmera lenta. Agora, tenho minhas dúvidas se a mudança de gênero aqui foi uma boa ideia. Porque no original, o matador se aproximava da cantora porque ela ficou cega por causa dele, e ele acaba se apaixonando por ela, o que dava um peso maior à relação, e agora são duas mulheres sem nenhum envolvimento emocional. Mas isso não é culpa da atriz, que faz bem o seu papel. Também no elenco, Sam Worthington, Diana Silvers, Tchéky Karyo e Eric Cantona.
Mas aí vem o problema. É uma refilmagem de um dos melhores John Woo, portanto a comparação é inevitável. E na comparação, esta versão de 2024 parece um filme genérico feito pro streaming. Se o filme de 1989 entrou pra história como um marco no cinema de ação, esta versão 35 anos depois tende a ser esquecida.