Truque de Mestre

Crítica – Truque de Mestre

Um agente do FBI e uma detetive da Interpol investigam um grupo de ilusionistas que rouba bancos durante suas performances e distribui o dinheiro para sua plateia

Truque de Mestre (Now You See Me, no original) é um filme coerente. Como num espetáculo de mágica, temos um monte de artifícios para chamar nossa atenção. Então, enquanto nos distraímos com o espetáculo, não reparamos no roteiro cheio de falhas.

Como espetáculo, Truque de Mestre é empolgante. Da escola “lucbessoniana”, o diretor Louis Leterrier proporciona um visual bem cuidado ao seu filme. Parece que não há nenhuma tomada estática, a câmera está sempre se movimentando, na grua, na dolly ou na mão do operador, isso tudo ajudado por uma trilha sonora empolgante. E os shows de mágica são bem legais.

Tudo flui num ritmo muito bom – mas, se a gente parar pra pensar, começa a notar as inconsistências do roteiro. Não vou entrar em detalhes por causa dos spoilers, mas todos os três grandes shows de mágica têm pontos mal explicados. E a necessidade de uma reviravolta final gerou uma solução que foi uma das maiores forçações de barra do cinema recente, era melhor ter terminado o filme sem esta desnecessária reviravolta.

Ah, o elenco é acima da média: Morgan Freeman, Michael Caine, Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Isla Fisher, Dave Franco, Mark Ruffalo e Mélanie Laurent. Alguns estão no piloto automático – Eisenberg parece repetir o papel de A Rede Social; mas outros estão muito bem – gostei muito do personagem de Harrelson.

Enfim, assim como um bom espetáculo de ilusionismo, Truque de Mestre é bem divertido. Mas só se você se deixar enganar.

Sete Psicopatas e um Shih Tzu

Crítica – Sete Psicopatas e um Shih-Tzu

Um roteirista com bloqueio criativo se envolve com o mundo do crime quando seus amigos sequestram o cachorro de um gangster.

Não vi Na Mira do Chefe (In Bruges, de 2008), o elogiado filme de estreia do escritor e roteirista britânico Martin McDonagh, então não tenho como comparar. Mas pelo que li por aí, este seu segundo filme é mais fraco… Não que Sete Psicopatas e um Shih-Tzu (Seven Psychopaths, no original) seja ruim, longe disso. Mas o roteiro “viaja” demais, e o filme se perde.

Vamos primeiro ao que funciona: Sete Psicopatas e um Shih-Tzu tem algumas coisas boas, como um roteiro que foge do previsível, apesar de, à primeira vista, parecer um pastiche de Tarantino com Guy Ritchie. Os personagens são interessantes, alguns diálogos são geniais e os atores estão todos muito bem.

Mas… O roteiro resolve brincar com metalinguagem. Isso é legal, quando bem feito. O problema é que aqui a metalinguagem é exagerada, e na parte final do filme a gente não sabe se aquilo está acontecendo ou se é imaginação dentro da cabeça do roteirista. E, pra piorar, o roteiro ainda tem umas piadas internas que, na minha humilde opinião, não funcionaram – como, por exemplo, reduzir a importância de todos os personagens femininos.

O elenco todo está fenomenal. Além dos sete que estão no poster – Collin Farrell, Sam Rockwell, Christopher Walken, Woody Harrelson, Tom Waits, Olga Kurilenko e Abbie Cornish (detalhe importante: nem todos esses são psicopatas, como o cartaz dá a entender!) – o filme ainda conta com Harry Dean Stanton, Helena Mattsson, Michael Pitt, Michael Stuhlbarg, Kevin Corrigan e Gabourey Sidibe. Todos inspirados, sem exceção. Que elenco, hein?

No fim, fica aquela impressão de que poderia ter sido melhor. Acho que vou procurar o Na Mira do Chefe

Jogos Vorazes

Crítica – Jogos Vorazes

Mais uma franquia baseada em sucesso literário…

No futuro, meninos e meninas entre 12 e 18 anos são sorteados para participarem de um reality show mortal onde o objetivo é ser o único sobrevivente. Quando sua irmã pequena é sorteada, Katniss Everdeen se voluntaria para ir no lugar dela.

Jogos Vorazes (The Hunger Games, no original) está sendo vendido para o mesmo público da série Crepúsculo. Mas a única coisa que eles têm em comum é o fato de serem franquias baseadas em séries de livros direcionados ao público jovem. Porque os filmes nada têm a ver um com o outro!

Se Jogos Vorazes nada tem a ver com Crepúsculo, o mesmo não pode se dizer sobre Battle Royale. Suzanne Collins, autora do livro (e que também trabalhou no roteiro) declarou que não conhecia o filme japonês – que também é uma adaptação. Mas a premissa de ambos filmes é bem parecida: uma sociedade totalitária no futuro onde jovens são colocados em um jogo de onde só pode sair um vivo. Tem até um antagonista que entrou de propósito no jogo! O sistema de contagem também é bem parecido.

A premissa é parecida, mas o roteiro não chega a ser um plágio. Além disso, o formato é diferente: Battle Royale era quase um trash; Jogos Vorazes é uma superprodução com bons atores e parte técnica bem cuidada – um blockbuster como manda a cartilha hollywoodiana.

O diretor Gary Ross não é um nome muito conhecido, este é apenas seu terceiro filme (ele também fez A Vida em Preto E Branco e Seabiscuit – Alma de Herói). E ele faz um bom trabalho, ajudado pelo bom elenco. O grande nome é a protagonista Jennifer Lawrence, que já tinha mostrado talento mandando bem no X-Men Primeira Classe, além da indicação ao Oscar de melhor atriz por Inverno na Alma. Josh Hutcherson (Minhas Mães e Meu Pai, Viagem 2) é um bom coadjuvante e não atrapalha. Alguns dos atores mais velhos estão com a mesma cara de sempre, como Woody Harrelson e Donald Sutherland; outros estão mais difíceis de reconhecer, como Elizabeth Banks e sua maquiagem que parece saída de Alice no País das Maravilhas, ou Wes Bentley e sua barba “divertida”, ou ainda Stanley Tucci e seu cabelo azul. E não podemos nos esquecer de reparar em Lenny Kravitz, num papel que nada tem a ver com música. Ah, e pra quem gostou de A Órfã, reparem que a menina Isabelle Fuhrman cresceu, ela é a vilã Clove.

Jogos Vorazes é bom, mas nem tudo funciona. O jogo em si é mal explorado, algumas mortes acontecem rápido demais. O mesmo digo sobre o vilão Cato, que ficou sub-aproveitado. E definitivamente não gostei do modo como os bichos foram inseridos na parte final do jogo, ficou parecendo algo “mágico”, incoerente num mundo essencialmente tecnológico – funcionaria num universo mais “harrypotteriano”… Mas mesmo assim o saldo final é positivo. Jogos Vorazes é um filme empolgante, com mais pontos positivos do que negativos. Um bom começo de franquia!

Li algumas críticas sobre a violência presente no filme. Na verdade, as mortes mostram pouca coisa – o problema é que vemos crianças morrendo, e isso nunca é legal. Bem, como isso faz parte da trama do livro, era algo necessário na adaptação. Na minha humilde opinião, o maior problema não está na violência, e sim no público alvo. Jogos Vorazes é vendido como um filme infanto-juvenil. Juvenil tudo bem, mas esse “infanto” ficou estranho…

O fim traz uma agradável surpresa (sem spoilers!): a história é fechada! Todo mundo sabe que são três livros, então devemos ter mais duas continuações. Mas, em vez de ganchos e situações deixadas em aberto, a história termina de forma satisfatória. Existe espaço para seguir com a saga, claro, mas se terminasse assim, não seria ruim – mais ou menos como o primeiro Guerra nas Estrelas.

Happy Hunger Games, and  may the odds be ever in your favor!

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Se você gostou de Jogos Vorazes, o Blog do Heu recomenda:
Battle Royale
O Show de Truman
O Sobrevivente

Amizade Colorida

Crítica – Amizade Colorida

Uma caça-talentos (Mila Kunis) e um designer (Justin Timberlake), ambos com recentes decepções amorosas, se tornam grandes amigos. Sem vontade de se prender em relacionamentos, eles decidem incluir sexo na amizade, com o compromisso de deixar qualquer emoção de lado.

Amizade Colorida não é ruim. O problema é que é tão óbvio que dá raiva. Vejamos: um homem e uma mulher são grandes amigos, e com boa química sexual. Ora, a partir do momento que eles quiserem assumir um namoro com alguém, por que não tentar entre eles mesmo, antes de procurar outros parceiros? Às vezes Hollywood cria roteiros em cima de “tempestades em copo d’água (Sex and the City é cheio de situações assim), a vida real não precisa ser tão complicada.

Bem, pra quem conseguir relevar este detalhe, Amizade Colorida é uma boa comédia romântica, com todos os defeitos e virtudes que essa frase carrega.

O casal principal tem uma boa química – algo essencial em filmes do estilo. Mila Kunis e Justin Timberlake são jovens e bonitos, e fazem um boa dupla. O filme traz cenas de sexo, com alguma discreta nudez, os fãs da ex-estrela de That 70’s Show e do astro da música pop vão gostar disso. Além dos dois, o elenco também conta com Richard Jenkins, Emma Stone, Woody Harrelson, Jenna Elfman e Patricia Clarkson.

Gostei da edição, usando música como se fossem videoclipes dentro do filme. O estilo do humor é outra coisa boa de Amizade Colorida: é mais inteligente, não rolam as baixarias tão comuns hoje em dia (como no recente Passe Livre, por exemplo).

Agora, como falei lá em cima, o que enfraquece Amizade Colorida é a previsibilidade. Ok, toda comédia romântica já é meio previsível, mas normalmente os casais protagonistas não são tão óbvios como aqui. Relevando isso, dá até pra recomendar o filme.

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p.s.: Poucos meses antes da estreia de Amizade Colorida, tivemos em cartaz um outro filme com a mesma temática, Sexo Sem Compromisso, estrelado por Natalie Portman e Ashton Kutcher. Ainda não vi, assim que der comento aqui se os filmes são iguais.

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Se você gostou de Amizade Colorida, o Blog do Heu recomenda:
500 Dias Com Ela
A Verdade Nua e Crua
Par Perfeito

2012

2012

Mais um filme catástrofe de Roland Emmerich, o mesmo diretor de Independence Day e O Dia Depois de Amanhã. Conheço gente que detesta o estilo exagerado do diretor alemão, mas confesso que heu gosto!

A trama é desculpa pra mostrar destruição, claro. A estrutura, inclusive, é bem parecida com já citado O Dia Depois de Amanhã: cientistas descobrem que “o bicho vai pegar”, e acompanhamos alguns sobreviventes no meio do caos. Desta vez, explosões solares causam um bombardeio de neutrinos (seja lá o que forem neutrinos) que agem como microondas na crosta terrestre. Resultado: literalmente, o fim do mundo acontecerá em breve.

Podemos analisar o filme sob dois aspectos. No lado dos personagens, o filme é meloso e afundado em clichês. Clichês tão óbvios que chegam a incomodar. O pai divorciado com problemas para reconquistar os filhos, o cientista com remorsos pela quantidade de gente que está morrendo, o superior sem escrúpulos, o milionário individualista… Podemos adivinhar quase todo o roteiro!

Agora, se a gente pensar no filme como um retrato da destruição do planeta, aí o filme é sensacional. Algumas cenas são de tirar o fôlego, e os efeitos especiais estão excelentes! Poucas vezes vimos tanta destruição tão bem feita. Terremotos, vulcões, maremotos, tsunamis… A lista é grande, e está tudo bem retratado.

Aliás, tem uma cena engraçada para o público brasileiro, especialmente se for daqui do Rio. No meio das destruições, alguém fala que toda a América do Sul foi devastada por terremotos. Aí falam sobre uma gravação feita pela “Globo News”, que é aquela onde o Cristo Redentor aparece caindo, que aparece no trailer! Legal!

(Mesmo assim, ainda achei mais impressionantes as cenas de catástrofe do filme Presságio. Aqui em 2012, as cenas são excelentes, mas é uma evolução do que já vem sendo feito há anos; lá, em Presságio, o ponto de vista mudou, a câmera está dentro da catástrofe. Se você gosta deste estilo e ainda não viu, corra, já está nas locadoras!)

O sempre eficiente John Cusack lidera o elenco, que ainda conta com Chiwetel Ejiofor, Amanda Peet, Thandie Newton, Oliver Platt, Danny Glover e um inspirado (e exagerado) Woody Harrelson. Ninguém se destaca, afinal, são todos coadjuvantes. O principal aqui são os efeitos de destruição.

Enfim, para aqueles que querem uma história bem construída, vejam outro filme. Mas se você quiser ver destruição, vá ao cinema! Sim, cinema, tela grande, este filme não merece download!

p.s.: A bola fora ficou com este poster mostrando o Rio sendo destruído. Admito que o poster ficou bem legal, assim como admito que achei uma honra terem escolhido o Rio de Janeiro na divulgação de um filme blockbuster como este. Mas…

– As ondas vêm de dentro da Baía da Guanabara. Errado! Deveriam vir do outro lado! O maremoto começou na região serrana? Ou em Paquetá???

– O Cristo tá uns 300 metros acima do Pão de Açucar. Se a onda bater no Cristo, não existe mais Pão de Açucar!

– O Cristo fica de frente pro Pão de Açucar. O que diabos fez a montanha inteira ficar de lado? E ainda com um monte de gente em cima???

Zombieland

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Zombieland

Heu já estava pilhado para ver este filme, só pelo simples fato de ser uma comédia de humor negro sobre zumbis. Aí um amigo meu falou de uma versão maomeno que estava rolando pela internet. Não resisti e baixei. E não me arrependi!

A trama do longa de estreia de Ruben Fleischer traz todos os clichês de filmes de zumbi, e faz piada com todos eles. Nos EUA devastados por uma epidemia de zumbis, poucos sobreviventes tentam continuar vivos enquanto procuram um lugar seguro para ficar.

A ideia parece meio trash, não? Mas a produção do filme não segue este caminho. A produção é boa, temos algumas belíssimas cenas em câmera lenta, lembra um pouco o visual de 300. Sabe aquelas batalhas em câmera lenta? Agora imagine cenas semelhantes, só que mostrando ataques de zumbis!

Outro detalhe interessante são as “regras de sobrevivência”, do personagem Columbus, mostradas na tela como se fossem letras em 3D. Muito legal!

Woody Harrelson lidera o pequeno elenco, de só quatro personagens – todos eles com nomes de cidades americanas. Os outros nomes são Jesse Eisenberg, Emma Stone e Abigail Breslin (a menininha de Pequena Miss Sunshine e Três Vezes Amor). E uma participação especial genial de Bill Murray, interpretando ele mesmo.

Claro que algumas das situações mostradas no filme são absurdas. Quem iria andar numa montanha russa enquanto atira em zumbis? Mas, se você não quiser ver situações absurdas, ora, por que diabos resolveu ver uma comédia de humor negro com zumbis? 😛

Desde já, podemos colocar Zombieland ao lado de outras boas comédias recentes semelhantes, como Fido – O Mascote e Todo Mundo Quase Morto.