Crítica – Madame Teia
Sinopse (imdb): Forçada a confrontar seu passado, Cassandra Webb, uma paramédica em Manhattan que pode ter habilidades de clarividência, cria uma relação com três jovens destinadas a futuros poderosos, se elas conseguirem sobreviver ao presente ameaçador.
Atrasado, mas vamos falar de Madame Teia.
Antes, uma pequena explicação sobre a causa do atraso. Não teve sessão de imprensa no Rio de Janeiro (me falaram que teve em SP, mas não posso afirmar). E, pra piorar, estou em uma cidade do interior. Fui ao cinema, estava escrito que o ingresso nas quartas era 28 reais, mas resolveram cobrar 40. Por que? Deve ser porque é o único cinema da cidade, então eles podem cobrar o que quiserem. Só não podem reclamar depois quando as pessoas escolherem o streaming!
Bem, vamulá. Heu nunca tinha ouvido falar nessa tal de Madame Teia, e também não tinha visto o trailer. Entrei no cinema de coração aberto. E posso dizer que não odiei tanto como a maioria. Sim, Madame Teia está bem longe de ser bom, mas, achei do mesmo nível de Morbius e dos dois Venom. Ou seja, apenas mais um filme ruim no meio de outros igualmente ruins.
Dirigido pela pouco conhecida S J Clarkson, Madame Teia (Madame Web, no original) parece um filme de super herói dos anos 80 ou 90, época que a gente tinha poucos filmes desse sub gênero e por isso a gente aceitava mais fácil aceitar certas coisas. Depois de duas décadas de MCU, fica complicado ver uma personagem que está sendo procurada pela polícia e que resolve visitar o Peru – ué, e as fronteiras?
O roteiro é cheio de pontos fracos. Começo falando da cena inicial. A mãe da protagonista está grávida no meio da Amazônia peruana. O vilão se revela, dá um tiro nela, aparece uma tribo de índios-aranha (num efeito especial que parece videogame mal renderizado) e salva o bebê antes dela morrer, 30 anos se passam, e o vilão está com a mesma cara! Será que ele não envelhece? Não sabemos.
Aproveito pra falar do vilão. Por que ele queria a aranha? Não sabemos. Ele é um cara rico. Ele já era rico ou ficou rico depois de roubar a aranha? Não sabemos. Quais são os poderes dele além de andar nas paredes e soltar veneno pelas mãos? Não sabemos. Qual é o objetivo dele? Não sabemos. Só sabemos que ele tem um sonho premonitório. Todos os dias o mesmo sonho. E, pra piorar, diz que sempre tem o mesmo sonho, mas acaba morrendo de outra forma.
A gente podia seguir, mas o texto ia ficar muito longo. Mas ainda preciso falar da cena onde ela vai para o Peru (mesmo foragida). Pra começar que seria bem difícil ela encontrar o local exato da aldeia dos índios aranha. Mas, ok, é filme, a gente aceita. Agora, todo o diálogo do líder indígena com ela é péééssimo! Como é que ele sabe tantos detalhes sobre o poder dela, se é um poder tão único?
Ah, só mais um! A protagonista não sabe como enfrentar o vilão, então ela joga o carro em cima e o atropela. Ok. Algumas cenas depois, ela o atropela de novo! Sério que os roteiristas repetiram o atropelamento? Pior: ela não tinha como saber se ia atropelar mais alguém no processo.
(Ainda sobre o primeiro atropelamento – por que na visão dela ela anda a pé e chega mais rápido do que depois quando vai de carro?)
Mas, isso não é o pior. Acho que o pior de Madame Teia é ser um filme de super herói sem super heróis. A protagonista passa o filme inteiro tentando entender seus poderes, e são poderes que não servem pra muita coisa enquanto ela não aprender a controlá-los. E as três jovens Mulheres Aranhas só aparecem em uma cena, e é uma cena dentro de um sonho. O único personagem com super poderes é o vilão.
Ou seja, venderam um filme de super heróis e entregaram um filme onde personagens fogem de um vilão.
Agora um comentário de alguém que não lê quadrinhos. O filme se passa no universo do Homem Aranha – um dos personagens é o tio Ben Parker, e a irmã dele está grávida de um menino (não dizem o nome, mas fica implícito que é o Peter Parker). Ou seja, anos antes do Peter ser picado por uma aranha radioativa, já existiam várias pessoas Aranha, e com origens diferentes? Isso faz algum sentido nos quadrinhos?
Também queria falar sobre o product placement. Entendo que muitos filmes colocam propagandas escondidas no roteiro dos filmes, mas não me lembro de um filme recente com uma propaganda tão explícita da Pepsi. Tem uma cena longa onde a protagonista está com uma lata na mão, e toda a sequência final é debaixo de um enorme luminoso da Pepsi. Agora, a Pepsi deveria repensar seu marketing. Não só escolheu um filme errado, como pelo diálogo, não dá vontade de beber Pepsi, afinal a personagem diz que só vai beber Pepsi porque não deixaram ela beber cerveja.
O elenco tem bons nomes, mas ninguém está bem. Dakota Johnson tem cara de paisagem, acho que nunca a vi atuando bem, mas ela não atrapalha. As três jovens, Sydney Sweeney, Isabela Merced e Celeste O’Connor, parecem sofrer com um roteiro ruim e personagens mal desenvolvidas. Agora, Tahar Rahim está péssimo, seu vilão entra fácil na galeria de piores vilões de filmes de super heróis. Adam Scott está apenas ok, e juro que não entendi um nome com o star power da Emma Roberts num papel tão pequeno.
Dito tudo isso, posso afirmar que não saí do cinema com raiva. Ok, raiva de pagar um ingresso mais caro por um filme que não merecia, mas, não tive raiva do filme. Acho que esperar algo do nível de Morbius e Venom ajudou a baixar a expectativa.