Ghostbusters: Apocalipse de Gelo

Crítica – Ghostbusters: Apocalipse de Gelo

Sinopse (imdb): Quando a descoberta de um artefato antigo libera uma força do mal, os Caça-Fantasmas originais e os novos precisam unir forças para proteger Nova York e salvar o mundo de uma segunda Era do Gelo.

Tivemos dois Caça Fantasmas nos anos 80, um muito bom em 1984, e uma continuação bem mais fraca em 1989. Em 2016 fizeram um reboot completamente isolado dos outros dois filmes, e que não agradou muito. Aí lançaram um “requel” em 2021, que é um reboot, com personagens novos, mas com elementos dos filmes da década de 80. Claro que teria continuação, né?

Mas, na minha humilde opinião, o pior problema de Ghostbusters: Apocalipse de Gelo (Ghostbusters: Frozen Empire, no original) é que este novo filme, na dúvida entre usar o elenco novo ou usar a galera dos filmes originais, resolveu usar todos ao mesmo tempo. E ainda traz personagens novos. Aí tem MUITA gente em tela, e o filme definitivamente não consegue equilibrar bem toda essa galera.

Um exemplo simples: Dan Aykroyd tem um papel importante, seu personagem tem uma função na trama. Ernie Hudson tem uma importância secundária, o personagem dele é o dono da parada, ele tem uma função, ainda que pequena. Agora, Bill Murray e Annie Potts não têm nenhuma importância na trama. Zero. Tire esses dois personagens e o filme não muda absolutamente nada. “Ah, mas e legal ver o Bill Murray de novo com o uniforme dos Caça-fantasmas!” Concordo, é legal. Mas não adianta trazer o cara e ele ser apenas “mais um”. Aqui ele tem a mesma importância de um figurante.

O mesmo posso dizer sobre “a nova geração”. Paul Rudd começa o filme parecendo que vai ser o protagonista, mas seu personagem some na metade do filme. E parece que a única função do Finn Wolfhard é interagir com o Geleia. E isso porque não estou falando do “segundo escalão”, de personagens inúteis como Lucky e Podcast!

Ghostbusters: Apocalipse de Gelo repete o trio de roteiristas de 2021: Ivan Reitman, Jason Reitman e Gil Kenan. Em 2021 a direção foi de Jason Reitman, agora é Gil Kenan que assume a cadeira. Falecido ano passado, Ivan Reitman (diretor dos dois filmes da década de 80), é homenageado nos créditos.

Tecnicamente, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo é bem feito – o mínimo, já que estamos falando de uma superprodução blockbuster. O filme de estreia do diretor Gil Kenan foi a boa animação A Casa Monstro, e tem um trechinho aqui em animação bem legal, contando a história do monstro. E tem algumas piadas muito boas, ri alto no cd player com Spin Doctors. E, mais uma vez, os pequenos bonecos de marshmellow Stay Puft são as melhores piadas do filme. Pena que aparecem pouco!

Por outro lado, tudo demora muito pra se desenvolver. Quase nada acontece na primeira hora do filme. E o tal monstro só aparece na cena final, é um vilão muito pouco aproveitado. E a cena da cidade congelando, que está no trailer, é bem legal, mas é muito curta.

Tem outro problema, mas como vou comentar o destino de alguns personagens, preciso colocar um aviso de spoilers.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Tem uma cena na biblioteca onde eles explicam como o monstro age: ele congela o sangue, bla bla bla, mata a pessoa de frio. Um tempo depois, o monstro está solto, ataca a Phoebe, que é salva pela Lucky, que solta um raio em cima do monstro. O monstro então congela a Lucky. Mas, ela não morre! Pra que serve uma cena explicando o modus operandi do monstro, se quando ele entra em ação aquilo não vale nada?

Na verdade, na cena final, todos deveriam morrer, menos a Phoebe e o “Mestre do Fogo”. O resto estaria morto antes do monstro ser derrotado.

FIM DOS SPOILERS!

No elenco, além dos já citados Dan Aykroyd, Ernie Hudson, Bill Murray, Annie Potts, Paul Rudd e Finn Wolfhard, temos Mckenna Grace, Carrie Coon, Kumail Nanjiani, Patton Oswalt, Celeste O’Connor, Logan Kim, Emily Alyn Lind e James Acaste. Muita gente…

Ghostbusters: Apocalipse de Gelo não chega a ser ruim, mas é bem mais fraco que o anterior.

Ghostbusters: Mais Além

Crítica – Ghostbusters: Mais Além

Sinopse (filmeb): Quando uma mãe solteira e seus filhos se mudam para uma pequena cidade, eles começam a descobrir sua conexão com os caça-fantasmas originais e o legado secreto que seu avô deixou para trás.

O primeiro Caça Fantasmas é de 1984, e teve uma continuação em 1989. Em 2016 fizeram um reboot, mas não agradou muito, e parecia que tinham deixado de lado. Mas agora temos um novo filme, e, como diria o meu amigo Eduardo Miranda, do canal Cinevisão, “este filme tem o DNA da franquia”, diferente da versão de 2016.

Ghostbusters: Mais Além (Ghostbusters: Afterlife no original) foi dirigido por Jason Reitman, filho de Ivan Reitman, diretor dos filmes de 1984 e 89. Jason já é um diretor experiente, concorreu ao Oscar duas vezes (por Juno e Amor Sem Escalas), mas acho que até agora não tinha trabalhado com o pai. Mas agora Ivan está na produção, e deve ter ajudado Jason a fazer um filme com a cara do filme de 84.

Vários fatores aproximam este novo filme do filme original de 84. Heu poderia dizer que alguns atores daquele filme aparecem aqui, mas, o filme de 2016 também tinha participações de alguns deles. A diferença é que lá eles faziam papeis diferentes, e aqui eles voltam aos seus papeis originais. Só não vou entrar em detalhes aqui porque poderia ser um spoiler, prefiro que você descubra na hora (dica: não veja o elenco na página do imdb!).

Vou além: quando digo que este novo filme tem o DNA do antigo não é só pelo sobrenome do diretor, ou pela participação de atores do elenco anterior. É porque este filme consegue manter o mesmo clima de aventura infanto-juvenil que a gente tinha nos anos 80, protagonizados por adolescentes. Tudo aqui lembra este clima de aventura sessão da tarde, do visual à trilha sonora. E ainda tem vários easter eggs espalhados aqui e ali!

Sobre os easter eggs “caçafantasmianos”, preciso falar do boneco de marshmellow Stay Puft. Tem uma cena genial e engraçadíssima envolvendo bonequinhos de marshmellow. O clima lembra gremlins!

O roteiro traz algumas forçadas de barra (tipo um carro abandonado há sei lá quantos anos ainda ter pneus cheios), mas, ora, falei que o filme te cara de anos 80 – naquela época, conveniências no roteiro eram comuns. O lance é relaxar e curtir a nostalgia sem parar pra analisar detalhes.

Sobre o elenco: o protagonismo é dividido entre Mckenna Grace e Finn Wolfhard. Já falei aqui antes e vou repetir: é um prazer enorme ver um talento jovem como a Mckenna Grace na tela. Hoje ela tem 15 anos, não sei que idade ela tinha durante as filmagens. Mas já tem currículo melhor que muita adulta. Ela mandou muito bem em Eu, Tonya, e era uma dos destaques da série Maldição da Residência Hill. E ela ainda estava em Annabelle 3 e Maligno! E aqui ela está sensacional, Mckenna é a melhor coisa do elenco. Finn Wolfhard está bem, mas ele parece que não saiu de Stranger Things. Parece que em vez de ser “o ator de Stranger Things“, é “o personagem de Stranger Things“. O elenco também conta com Paul Rudd, Carrie Coon, Celeste O’Connor e Logan Kim. Claro, como falei, tem participações de gente do filme de 84, mas não digo quem.

(Aliás, um breve comentário sobre isso: adorei as participações, mas acho que erraram no timing. Pena que não posso desenvolver, porque seria um spoiler pesado).

O filme pega pesado no saudosismo, recomendo rever o filme de 84 pra reavivar as memórias. A parte final do filme vai emocionar muitos espectadores, eles fazem uma bela homenagem à franquia.

São duas cenas pós créditos, fique até o fim das letrinhas!

Maligno

Crítica – Maligno

Sinopse (imdb): Madison fica paralisada por visões chocantes de assassinatos terríveis, e seu tormento piora quando ela descobre que esses sonhos acordados são, na verdade, realidades aterrorizantes.

Dentre as várias vertentes do terror, duas são mais populares hoje em dia. Uma é o terror cabeça, de títulos como Babadook, It Follows, A Bruxa, Hereditário e Midsommar. A outra é o que chamo de “trem fantasma de parque de diversões”, onde o principal objetivo é a diversão do espectador, mesmo que use fórmulas repetidas. E nesta vertente, James Wan é o cara.

Sou muito fã do James Wan. Gosto muito do primeiro Jogos Mortais, dos dois primeiros Sobrenatural e dos dois primeiros Invocação do Mal, todos dirigidos por ele. O problema é que Wan saiu do terror e foi ganhar dinheiro em blockbusters – ele dirigiu Velozes e Furiosos 7 (que é uma das dez maiores bilheterias da história do cinema) e Aquaman, um dos melhores filmes da DC (e, segundo o imdb, está no momento dirigindo o Aquaman 2). E todos os outros filmes do Waniverso (continuações, prequels e spin-offs) dirigidos por outras pessoas são mais fracos. Filmes divertidos, mas esquecíveis.
Claro que vê-lo de volta na cadeira de diretor de um filme de terror era algo aguardado. E, vou te falar, Wan não decepcionou!

Sobrenatural e Invocação do Mal são filmes diferentes, mas ambos usam conceitos parecidos, de casa mal assombrada. Aqui em Maligno (Malignant, no original), Wan muda um pouco o conceito. Tem algo de possessão, um pouco de investigação policial, e tem uma criatura / entidade / vilão que é um grande achado. Mais tarde volto a falar deste personagem.

Precisamos falar da câmera de Wan. O cara sabe filmar. Você pode até não curtir o estilo, mas é preciso reconhecer que Wan sabe muito bem posicionar sua câmera como poucos no cinema atual. Ângulos, movimentos de câmera, cada cena é bem cuidada – chega a ter uma cena filmada de cima, dentro da casa, por vários cômodos, como se fosse uma casa de bonecas. Ver um filme bem dirigido assim é uma delícia!

Os efeitos especiais são outro destaque. Adorei os efeitos para mudar o cenário nas visões da protagonista, o cenário se dissolve e se reconstrói, com a câmera rodando em volta da personagem. O visual disso ficou muito legal. Outro destaque está na criatura, vou falar mais na parte com spoilers.

A fotografia aproveita a câmera sempre bem posicionada e os efeitos especiais, e, junto com uma boa trilha sonora do habitual colaborador Joseph Bishara, dão a Maligno um resultado visual muito bom.

Aliado a tudo isso, Maligno traz um plot twist de explodir cabeças! Sério, quando acabou o filme, conversei com um amigo, que comentou a mesma coisa!

Quero falar dos efeitos especiais da criatura, mas, isso pode entrar no terreno de spoilers, então vou deixar um aviso. Mas, quem quiser seguir, só vou falar da parte técnica, nada sobre a trama.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

A criatura / entidade se movimenta de maneira diferente do normal. Logo de cara a gente pensa que é cgi, mas nem tudo nessa movimentação é digital. Quem está debaixo da maquiagem é a bailarina / contorcionista Marina Mazepa. O trabalho dela deu um upgrade no visual do filme!

FIM DOS SPOILERS!

No elenco, o papel principal é de Annabelle Wallis, que está muito bem, e já esteve no Waniverse, é uma das principais atrizes em Annabelle. Fora ela, ninguém digno de nota no elenco principal. Agora, queria fazer 3 comentários sobre o elenco secundário. A personagem principal, quando adolescente, é interpretada por McKenna Grace, de A Maldição da Residência Hill, Eu, Tonya e Annabelle 3. A enfermeira (que acho que só aparece uma vez) é Patricia Velasquez, dos filmes A Múmia com o Brandon Fraser. Por fim, a loira que briga na cadeia é Zoë Bell, figurinha frequente nos filmes do Tarantino, como dublê ou como atriz.

O fim do filme traz espaço pra uma nova franquia, o que não surpreende ninguém. Tomara que o diretor seja o mesmo. Se trocar, a gente sabe que a qualidade deve cair.

Por fim, cuidado com os nomes. Teve um filme mal lançado aqui em 2019, que tem o mesmo nome em português, apesar de no original ter o nome The Prodigy. Cuidado!

Annabelle 3: De Volta Para Casa

Crítica – Annabelle 3: De Volta Para Casa

Sinopse (imdb): Enquanto cuida da filha de Ed e Lorraine Warren, uma adolescente e sua amiga inconscientemente despertam um espírito maligno preso em uma boneca.

A galera gosta de falar mal dos spin offs derivados dos filmes do James Wan (Invocação do Mal e Sobrenatural). Mas estes são sucesso de bilheteria, então vão continuar sendo feitos…

Dirigido por Gary Dauberman (estreante como diretor, mas roteirista dos três Annabelle, além de A Freira e os dois It), Annabelle 3: De Volta Para Casa (Annabelle Comes Home no original) não traz nenhuma novidade ao gênero, mas segue a fórmula passo a passo e vai agradar a maior parte da audiência.

A história se passa entre Annabelle 2 e Invocação do Mal. Vemos como a boneca Annabelle chegou na casa dos Warren. E, pra quem gosta do “waniverse”, vemos vááárias outras opções para possíveis futuros spin offs…

O casal Patrick Wilson e Vera Farmiga está presente (talvez para dar maior legitimidade à franquia), mas sua participação é pequena. O filme é do trio feminino Madison Iseman, Katie Sarife e Mckenna Grace (sim, a menina que foi um dos destaques infantis de A Maldição da Residência Hill).

Como disse lá em cima, nada de novo. Mas vai agradar os menos exigentes. Que, claro, vão se divertir falando mal do filme.

Eu, Tonya

Eu TonyaCrítica – Eu, Tonya

Sinopse (imdb): A patinadora de gelo competitivo Tonya Harding sobe nos rankings dos Campeonatos de patinação artística dos EUA, mas seu futuro na atividade é posto em risco quando seu ex-marido intervém.

Em determinado momento de Eu, Tonya (I, Tonya, no original), a personagem título Tonya Harding fala que ela era a segunda personalidade mais conhecida nos EUA, atrás apenas do Ronald Reagan. Bem, não sei se sou só heu, mas admito que sabia pouco sobre ela. Sei que Tonya Harding era uma patinadora, mas não sabia de quase nada da sua história. Que bom pra mim, não sabia “spoilers” sobre sua história!

Eu, Tonya é uma boa biografia, assim como Tonya Harding é uma boa biografada. Temos um personagem rico, uma atleta com talento acima da média, e completamente fora do padrão de comportamento. Gostei da história dela – apesar de não saber se o que aparece no filme é verdade ou não.

Dirigido pelo pouco conhecido Craig Gillespie (da refilmagem de A Hora do Espanto), Eu, Tonya tem uma narrativa pouco convencional. Não só vemos o elenco caracterizado como se fosse nos dias atuais, interpretando entrevistas “reais”, como várias vezes estamos acompanhando uma narração em off, até que a câmera alcança o personagem que está falando, e este se vira para a câmera, quebrando a quarta parede e terminando sua narrativa diretamente para o público. Gostei dessa ideia – não me lembro de ter visto isso antes.

Outra parte técnica digna de nota são as cenas de patinação. Não sei o quanto a Margot Robbie sabe patinar e o quanto foi usado de dublês. Só sei que as sequências ficaram perfeitas. E gostei de ter visto durante os créditos finais a Tonya Harding original, na mesma competição que vimos antes no filme.

Claro que o nome que mais chama a atenção no elenco é Margot Robbie, a Arlequina de Esquadrão Suicida (uma das poucas coisas boas daquele filme). Robbie está muito bem, tanto que ganhou uma indicação ao Oscar de melhor atriz. Mas, na minha humilde opinião, o grande destaque é Allison Janney, também indicada ao Oscar (atriz coadjuvante). Também no elenco, Sebastian Stan, Julianne Nicholson, Paul Walter Hauser, Bobby Cannavale Bobby Cannavale e Bojana Novakovic.

Por fim, preciso falar da trilha sonora. Sabe Guardiões da Galáxia, que pega boas músicas pop e insere dentro do contexto da história que está sendo contada? Eu, Tonya segue o mesmo conceito. Não só as músicas são boas, como ainda ajudam a contar a história.

Além dos Oscars de atriz e atriz coadjuvante, Eu, Tonya está concorrendo a melhor edição. Tô na torcida pela Allison.