Crítica – Homem-Aranha: Através do Aranhaverso
Sinopse (imdb): Miles Morales, o amigão da vizinhança Homem-Aranha, é transportado através do multiverso para unir forças com Gwen Stacy e um novo time de Pessoas-Aranha para enfrentar um vilão mais poderoso do que qualquer coisa que já tenham encontrado.
Antes de tudo, preciso criticar a postura da Sony, distribuidora, que não fez sessão de imprensa aqui no Rio. O texto era pra ter saído na quinta, como acontece com a maioria dos grandes lançamentos. Mas tive que esperar estrear pra ver no circuito. (E parece que SP teve sessão de imprensa, mas várias pessoas foram barradas. Ou seja, aparentemente a desorganização é geral).
Mas, vamos ao filme. Dirigido por Joaquim Dos Santos, Kemp Powers e Justin K. Thompson, Homem-Aranha: Através do Aranhaverso (Spider-Man: Across the Spider-Verse no original) é um espetáculo visual. Assim como aconteceu no primeiro, o estilo da imagem é bem diferente do padrão Disney / Pixar / Dreamworks que estamos acostumados. Em vez de procurar um traço realista, muitas vezes o visual lembra páginas de quadrinhos, com cenários abstratos, cores que mudam de tom sem um motivo, eventuais textos na tela, rolam até efeitos visuais simbolizando sons. Se o primeiro filme sacudiu os grandes estúdios com esse visual, essa continuação deve causar o mesmo efeito.
Ah, uma característica presente no primeiro filme está de volta: desenhos de estilos diferentes misturados. Por exemplo, o Spider Punk é um ótimo personagem, e desenhado com um estilo completamente diferente.
(Aliás, tem uma sequência onde vemos dezenas (talvez centenas) de Aranhas diferentes, e deve ter um monte de referências e easter eggs escondidos.)
Quem me conhece sabe que só o visual já era o suficiente pra heu achar um bom filme. Mas Homem-Aranha: Através do Aranhaverso ainda traz uma história boa. Temos um bom desenvolvimento de personagem, tanto do Miles Morales, quanto da Gwen Stacy, e além disso o filme ainda desenvolve o relacionamento entre os dois. E o roteiro ainda equilibra bem as cenas de ação e os momentos engraçados.
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso não é uma comédia, mas tem umas piadas muito boas (o que não chega a ser uma surpresa se a gente vê que Phil Lord e Chris Miller estão entre os roteiristas). Tem uma sequência onde um personagem descobre portais para outros universos que é muito engraçada, e tem um momento que faz uma piada hilária com o clássico meme dos Aranhas apontando um para o outro.
O vilão é bem construído. Inicialmente parece ser um bobão, mas ao longo da projeção a periculosidade dele vai crescendo. Ah, uma coisa curiosa: o roteiro deixa o vilão de lado por boa parte da projeção!
Agora, vamos à crítica. O filme estava excelente, heu realmente “entrei” naquele universo, estava curtindo muito. Mas, do nada, veio um “continua”. Caramba, qual é o problema de se avisar que o filme não tem fim. Será que alguém ia deixar de ir ao cinema só por isso? Acho uma falta de respeito com o espectador, e já é a terceira vez em poucos meses (aconteceu o mesmo com Os Três Mosqueteiros e Velozes e Furiosos 10). Reclamei de Os Três Mosqueteiros, mas foi menos mal, porque fechou uma história e deixou um gancho aberto para começar outra. Aqui em Homem-Aranha: Através do Aranhaverso acontece o mesmo que em Velozes e Furiosos 10: a história vai num crescente e de repente para tudo. E o pior de tudo é que isso não é avisado em nenhum lugar, não está no pôster nem no título do filme.
Quando um filme mais ou menos termina bem, ele ganha pontos. E quando termina mal, claro que perde pontos. Esse “não final” foi um grande balde de água fria. O filme estava indo muito bem, mas terminou com gosto amargo. Pena.
Parece que ano que vem o filme termina. Aguardemos.