O Exorcista: O Devoto

Crítica – O Exorcista: O Devoto

Sinopse (imdb): Sequência do filme de 1973 sobre uma menina de 12 anos que é possuída por uma misteriosa entidade demoníaca, forçando sua mãe a buscar a ajuda de dois padres para salvá-la.

Esse O Exorcista novo é tão ruim que eu nem sei por onde começar. Acho que eu vou começar pelo nome: “O Exorcista: O Devoto”. No primeiro O Exorcista, de 1973, a figura central era a menina Regan e também os padres exorcistas. Aqui não tem nenhum exorcista entre as figuras centrais do filme. O filme não deveria se chamar “O Exorcista”! O exorcista que aparece tem um papel bem secundário. Seguindo: “o devoto”. Quem seria o devoto? Na boa, se alguém souber quem é esse devoto, escreve aqui embaixo e me explica porque eu saí do filme sem saber quem seria.

O Exorcista de 73 é um clássico do cinema, um raro filme de terror que fura a bolha dos críticos – a gente sabe que a galera do tênis verde não curte terror e é difícil encontrar um filme de terror em listas de melhores filmes. Mas O Exorcista está presente nessas listas. Uma continuação dessas é inexplicável, parece que o filme foi feito por haters.

Acredito que boa parte da culpa é do diretor David Gordon Green, que já tinha estragado outra franquia: Halloween. O primeiro Halloween, de 1978, é outro desses filmes que furam a bolha, está em várias listas de melhores filmes de todos os tempos. E David Gordon Green resolveu fazer uma nova trilogia com Halloween. Seu primeiro Halloween, de 2018, é até razoável. Mas o segundo é ruim e o terceiro é péssimo. Ele afundou com o nome da saga Halloween. E parece que ele agora quer fazer a mesma coisa com O Exorcista. Pelo menos dessa vez ele foi direto ao assunto, porque ele pretende fazer uma trilogia, e o primeiro já é um lixo. Tomara que flope e desistam!

Heu tenho medo do seu próximo projeto. Qual será o próximo filme de terror que ele vai querer estragar?

(Tenho uma teoria sobre o David Gordon Green. O primeiro filme dele que vi foi Segurando As Pontas, de 2008, e em 2011 vi Sua Alteza?. Duas comédias bestas. De repente o cara não curte terror, e resolveu fazer esses filmes só pra estragar o prazer de quem curte.)

O Exorcista: O Devoto tem outro problema básico. É um filme de exorcismo que tem pouco exorcismo. Metade do filme é com uma investigação policial atrás de adolescentes desaparecidas! Aí, quando começa a possessão, tudo é muito corrido. A parte da maquiagem das meninas possuídas é mal desenvolvida.

No texto sobre o penúltimo Pânico, comentei sobre o conceito de “requel”, que é uma mistura de reboot com sequel. Seria um filme novo reaproveitando uma ideia antiga para começar uma nova franquia a partir dali, com novos personagens e novas histórias, mas num universo já existente, utilizando elementos do filme original para dar chancela ao projeto. Esse O Exorcista novo está dentro desse conceito de requel porque usa a personagem da Ellen Burstyn, que estava no primeiro filme. Sim, a atriz do primeiro filme, a mãe da Regan, volta neste filme. Segundo o imdb, ela inicialmente recusou o convite, mas quando ofereceram o dobro do cachê, ela decidiu aceitar o papel e doar o dinheiro. Ela chegou a comentar “senti como se o diabo estivesse perguntando o meu preço”.

Só que ela foi muito mal aproveitada. Tem uma sequência onde ela aparece que não faz o menor sentido. Ela vai visitar a família da menina que está possuída – uma menina doente, num quarto no andar de cima da casa. Ela vai sozinha para o quarto e fica um tempão sozinha com a menina, e a menina berrando! Caramba, quando que pais de uma menina doente vão deixar um estranho entrar no quarto da filha e deixá-la berrando, e ninguém vai ver o que está acontecendo? Trouxeram a atriz de volta para desperdiçar o personagem.

O filme tem algumas ideias que poderiam ter dado certo, mas foram mal desenvolvidas. Teve uma ideia que heu achei que podia ter funcionado, que foi a “Liga da Justiça da Fé”, onde eles pegam representantes de várias religiões para juntos lutarem contra o demônio. Todos os filmes de exorcismo que conheço usam a religião católica. Então você usar um sincretismo religioso e colocar um padre ao lado de outras pessoas de outras religiões, talvez funcionasse, talvez fosse uma ideia legal. Só que os caras não desenvolvem e desperdiçam essa ideia. E pior, eles avacalham com o padre. A gente tem que lembrar que O Exorcista original é baseado na religião católica. Você não pode pegar esse padre católico e colocar ele de escanteio logo de cara.

Outra ideia que podia ter funcionado, e que também não foi aproveitada. Determinado momento são sete adultos tentando fazer o exorcismo, em volta das duas crianças que estão possuídas. Então o demônio fala para um dos adultos “você tentou ser freira e não conseguiu porque você teve que fazer um aborto”. Ou seja, ele consegue atingir um dos sete adultos com um segredo que esse adulto escondia. Seria legal se o demônio atirasse para todos os lados e descobrisse um podre escondido de cada um, ele assim desestabilizaria todos. Mas não, ele atinge uma pessoa e deixa o resto para lá. Se você levantou ideia, por que não desenvolvê-la?

Heu poderia continuar, mas chega, né? Vou encerrar com uma citação ao imdb, uma frase de William Friedkin, diretor do filme de 73, dita a um crítico pouco antes de seu falecimento: “William Friedkin once said to me, ‘Ed, the guy who made those new Halloween sequels is about to make one to my movie, the Exorcist. That’s right, my signature film is about to be extended by the man who made Pineapple Express. I don’t want to be around when that happens. But if there’s a spirit world, and I can come back, I plan to possess David Gordon Green and make his life a living hell.'” (“William Friedkin uma vez me disse: ‘Ed, o cara que fez aquelas novas sequências de Halloween está prestes a fazer uma para o meu filme, O Exorcista. É isso mesmo, meu filme assinatura está prestes a ser estendido pelo homem que fez Segurando as Pontas. Não quero estar por perto quando isso acontecer. Mas se houver um mundo espiritual e eu puder voltar, pretendo possuir David Gordon Green e tornar sua vida um inferno.'”)

Halloween Ends

Crítica – Halloween Ends

Sinopse (imdb): A saga de Michael Myers e Laurie Strode chega a um fim arrepiante.

É, tem mais um Halloween. Ninguém mais se importa, mas avisaram que vinha mais um, pra fechar a história.

Estou com preguiça, então vou copiar dois parágrafos do meu texto do ano passado sobre o Halloween anterior:

Halloween me lembra o cantor Roberto Carlos. Ele tem um monte de músicas boas no início da carreira. Mas fez tanta coisa ruim depois que ninguém mais queria saber quando ele lançava um disco novo.
Este é o décimo segundo Halloween. O primeiro filme foi em 1978. Aí teve continuações em 81, 82, 88, 89, e, em 95 era pra ser o sexto e último. Mas alguns anos depois a Jamie Lee Curtis voltou pra mais dois, um em 98 e outro em 2002. Em 2007 e 2009 teve um remake, feito pelo Rob Zombie. Até que em 2018, o diretor David Gordon Green disse “esqueçam tudo isso, a partir de agora só vale o primeiro”. Sim, o décimo primeiro filme ignora os nove que vieram antes.”

Mas, como disse no início, este novo filme já estava anunciado. Então vamos a ele.

Mais uma vez dirigido por David Gordon Green, este Halloween Ends é o fim da saga do Michael Myers. Pelo menos por enquanto, até alguém daqui a alguns anos resolver mais uma vez ressuscitar a franquia.

Não, o filme não é bom. É ainda pior que os dois anteriores do mesmo diretor, porque tudo demora muito a acontecer, e boa parte do filme não é focada no personagem central, Michael Myers.

Queria falar mal, mas preciso entrar no terreno dos spoilers. Nada grave, quem quiser pode continuar.

]SPOILERS!!!
SPOILERS!!!
SPOILERS!!!

Duas coisas me incomodaram bastante. Uma delas é que achei muito forçado o romance da Allyson com o Corey. Ela é uma mulher experiente, viu a mãe morrer, viu amigos morrerem, ela não é uma garotinha ingênua que vai se apaixonar pelo primeiro zé mané que aparecer. NADA no filme traz argumentos sólidos para justificar esse romance avassalador.

A outra é ainda pior. Corey tem um bom desenvolvimento, acompanhamos uma boa construção de vilão – um trauma no passado, uma mãe opressora, sofre bullying, não tem amigos, etc. Boa parte do filme ignora o Michael Myers e foca neste novo vilão – o que seria uma boa saída para o filme. Mas, lá pro terço final, parece que alguém se lembrou “xi, era pra ser o Michael Myers e não esse garoto!” e de repente o filme muda de rumo. E aí temos um filme do Michael Myers onde em pelo menos metade do filme ele nem aparece. E, claro, temos menos mortes – um slasher com poucas mortes.

FIM DOS SPOILERS!

No elenco, temos a volta de Jamie Lee Curtis, Will Patton e Andy Matichack, que estavam nos filmes anteriores. Judy Greer só aparece em fotos. Rohan Campbell faz o “semivilão” Corey.

Agora acabou. Ufa! Até alguém resolver voltar com um novo reboot, remake, etc…

Halloween Kills: O Terror Continua

Crítica – Halloween Kills: O Terror Continua

Sinopse (imdb): A saga de Michael Myers e Laurie Strode continua no próximo capítulo emocionante da série de Halloween.

Halloween me lembra o cantor Roberto Carlos. Ele tem um monte de músicas boas no início da carreira. Mas fez tanta coisa ruim depois que ninguém mais queria saber quando ele lançava um disco novo.

Este é o décimo segundo Halloween. O primeiro filme foi em 1978. Aí teve continuações em 81, 82, 88, 89, e, em 95 era pra ser o sexto e último. Mas alguns anos depois a Jamie Lee Curtis voltou pra mais dois, um em 98 e outro em 2002. Em 2007 e 2009 teve um remake, feito pelo Rob Zombie. Até que em 2018, o diretor David Gordon Green disse “esqueçam tudo isso, a partir de agora só vale o primeiro”. Sim, o décimo primeiro filme ignora os nove que vieram antes.

Mais uma vez dirigido por David Gordon Green, este Halloween Kills é a continuação daquele, ou seja, temos o décimo segundo filme da franquia, mas segundo os realizadores, podem considerá-lo como o terceiro. Acho ruim isso, mas ok.

Não sei se posso dizer que Halloween Kills é um filme ruim. Mas posso dizer que é um filme besta. A gente já viu tudo isso antes.

(A gente tem que se lembrar que quando o primeiro Halloween foi lançado, esse formato era novidade. Jason Vorhees e Freddy Krueger ficaram mais famosos, mas Michael Myers veio antes. Era novidade na época. Mas isso já faz mais de 40 anos…)

Vamos ao que tem de bom. É um filme bem filmado. David Gordon Green emula o estilo de câmera com takes lentos do filme original. Pra quem gosta de gore, o filme tem algumas mortes bem violentas. E a trilha sonora usa o tema clássico composto pelo próprio John Carpenter.

No elenco, temos a volta de Jamie Lee Curtis, Judy Greer, Will Patton e Andy Matichack, que estavam no filme de 2018. A novidade pra mim foi Anthony Michael Hall, aquele mesmo, de Clube dos Cinco, Gatinhas e Gatões e Mulher Nota Mil, num dos papeis principais.

Agora, o roteiro é bem ruim. Não tem nada de novo, e é repleto de clichês e soluções preguiçosas. Tipo, por que a galera que estava batendo no Michael Myers pára de bater?

Além disso, a parte final é bem ruim, com a narração da Jamie Lee Curtis falando em off tentando explicar por que o Michael Myers não morre. Já vimos outros 11 filmes com o personagem que não morre, além de vários outros slashers no mesmo formato, e ninguém nunca questionou isso antes. Pra que esse discurso agora?

Mas, o espectador que curte slashers e é pouco exigente talvez se divirta. Se a gente olhar só as mortes, o filme talvez passe. Mas o espectador mais exigente deve procurar coisa melhor.

E o pior é que tem “disco novo do Roberto Carlos” previsto pra ser lançado em breve. Ninguém aguenta mais, mas tem um décimo terceiro vindo aí.

Halloween (2018)

Halloween (2018)

Sinopse (imdb): Laurie Strode chega ao seu confronto final com Michael Myers, a figura mascarada que a assombra desde que escapou por pouco de sua matança na noite de Halloween, quatro décadas atrás.

O Halloween de 1978, dirigido pelo John Carpenter, é um clássico inquestionável. Mas, desde então, já tivemos outros nove filmes, entre continuações e reboots – quase todos dispensáveis. A dúvida é: precisava de um décimo primeiro filme?

Halloween (idem no original) é uma continuação direta do filme original. Ou seja, já começou mal, estão chamando o espectador de bobo, “ignore todos as continuações que você viu nas últimas décadas, elas não valem nada, só essa aqui que vale”. Não acho um bom ponto de partida, mas vamos em frente.

A favor deste filme, temos a volta da Jamie Lee Curtis, quarenta anos depois do primeiro filme. Ela faz uma Laurie Strode avó, atormentada pelo passado, e que se preparou a vida toda para um possível reencontro com Michael Myers. A trilha sonora usando o tema clássico (composto pelo próprio John Carpenter) é outro ponto positivo.

Mas, por outro lado, o roteiro deixa a desejar. Ok, a gente aceita que o Michael Myers tem força de super herói e é “ninja” quando se move – porque ele sempre foi assim, isso faz parte da mitologia do personagem. Mas algumas coisas no roteiro dão raiva, como o modo como ele reencontra a máscara, ou a Laurie ter uma casa toda preparada, cheia de holofotes externos, mas sem luzes dentro dos cômodos.

A direção ficou nas mãos de David Gordon Green, que nunca tinha feito nada no terror (vi, Segurando as Pontas, comédia meio boba que ele fez, não é exatamente um bom currículo). Green faz um bom trabalho emulando o estilo de câmera do filme original, com ritmo lento e tenso. Mas Green também é co-roteirista (ao lado de Danny McBride (sim, o ator) e Jeff Fradley), ou seja, não tem como eximí-lo da culpa.

No elenco, claro que o destaque é Jamie Lee Curtis, mandando bem como uma vovó scream queen. Também no elenco, Judy Greer, Andi Matichak, Will Patton, Haluk Bilginer, Rhian Rees e Jefferson Hall. Nick Castle, que fez o Michael Myers em 78, está aqui dublando o assassino.

No fim, fica aquela sensação que, como homenagem ao primeiro filme, Halloween é válido. Mas só isso. O fã merece mais. Rob Zombie fez melhor em 2007 com o seu reboot

Your Highness

Crítica – Your Highness

O que esperar de uma comédia escrita, produzida e estrelada por Danny McBride, e dirigida por David Gordon Green, o mesmo de Segurando as Pontas? Pouca coisa, não?

Nesta comédia épica, um príncipe galã sai em uma missão para salvar sua noiva, sequestrada por um malvado feiticeiro, e leva o seu covarde irmão mais novo.

O filme é bobo. Mas, como falei no primeiro parágrafo, qualquer um que leia sobre o que se trata vai saber de antemão que vai ver um filme assim. Ou seja, se você gostar de piadas envolvendo sexo e palavrões, talvez se divirta. Não foi o meu caso, achei que rolou muita baixaria desnecessária. Sabe quando um humorista fraco coloca um palavrão no meio da frase só pra tentar tirar graça? Isso rola direto no filme – aliás, li que boa parte dos diálogos foi improvisada, deve ser por isso que tem tanto palavrão gratuito e fora de contexto.

O elenco nem é ruim. Além de McBride, temos James Franco, Zooey Deschanel, Justin Theroux, e uma inexplicável Natalie Portman, logo depois de ganhar o Oscar de melhor atriz por Cisne Negro. Às vezes não dá pra entender certas escolhas…

Enfim, Your Highness está longe de ser o pior filme do ano. Mas está ainda mais longe de ser um dos melhores.

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Segurando as Pontas

Segurando as Pontas

Heu até gosto de filmes “bobos”. Admito, sou um cara bobo, rio à toa, gosto de humor bobo. Comprei outro dia uma edição dupla importada com Quanto Mais Idiota Melhor 1 e 2, e se tivesse Bill & Ted no mesmo formato, mandava trazer junto. Gostei até de Cara, Cadê o meu Carro!

Mas, sei lá, acho que ontem heu não deveria estar num dia muito bem humorado… Segurando As Pontas (Pineapple Express) é um filme bobo. Mas no mau sentido…

A história é simplérrima: um maconheiro doidão testemunha um assassinato, e resolve fugir com o seu amigo traficante. O bandidão malvadão, claro, vai atrás da dupla.

Mas é tudo tão forçado, tão clichê… A policial parceira do bandidão, interpretada pela Rosie Perez, por exemplo, nunca tira o uniforme da polícia. Nem quando não precisa mais usar… E Seth Rogen, como ator principal, tampouco ajuda… A única coisa que achei curiosa no elenco foi ver James Franco, o “amigo do Homem Aranha”, como um traficante doidão boa praça.

Alguns vão pensar: “ora, mas uma comédia sobre maconheiros não precisa de seriedade”. Sim, não precisa ser sério, mas um pouco de coerência seria bem-vinda. Como um doidão largado consegue virar um assassino implacável ao enfrentar traficantes armados e perigosos?

Bem, heu achei fraquíssimo. Mas confesso que tinha um monte de gente rindo no cinema. Só que não sei se eles estavam achando realmente engraçado, ou era o efeito de alguma substância retratada no filme…