7 Dias em Entebbe

7 dias em entebbeCrítica – 7 Dias em Entebbe

Sinopse (imdb): Inspirado pelos verdadeiros eventos do sequestro em 1976 de um voo da Air France em rota de Tel Aviv para Paris, e a mais ousada missão de resgate já tentada.

Filme novo do José Padilha sempre merece ser visto. Mesmo que isso traga um problema implícito: a inevitável comparação com os dois Tropa de Elite.

E, claro, 7 Dias em Entebbe (Entebbe, no original) é inferior aos Tropa

Uma coisa boa aqui é a visão “do outro lado”. Os dois protagonistas são terroristas, o que acaba levando o espectador a ver os lados opostos do conflito. Mas por outro lado, o filme demora a engrenar. E achei que falta carisma aos personagens. Gosto do Daniel Bruhl, mas aqui ele está burocrático; e Rosamund Pike faz cara de paisagem o filme inteiro.

O ponto alto do filme é o resgate. Não gosto de dança contemporânea, mas reconheço que a edição da ação militar intercalada com a dança ficou muito boa. Taí uma cena que vale o ingresso.

Mas, no geral, é um filme apenas morno. Vale mais rever os Tropa.

Robocop 2014

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Crítica – Robocop 2014

O Robocop do José Padilha!

Detroit, 2028. Alex Murphy, pai, marido e bom policial, é ferido gravemente num acidente. O conglomerado multinacional OmniCorp, que fabrica policiais robôs, vê a chance de criar um policial meio homem meio máquina.

Admito que tinha sentimentos dúbios antes de ver o novo Robocop. Por um lado, torço muito pela carreira internacional do José Padilha. O cara é bom, merece fazer sucesso e ter reconhecimento mundial. Por outro lado, o Robocop de 1987 é muito bom até hoje e não pedia uma refilmagem.

Bem, a comparação com o original é inevitável. Mas não vou me aprofundar na comparação, outro artigo do abacaxi vai focar nisso. Posso dizer que o filme de 2014 é muito bom, mas infelizmente perde na comparação com o original de 87. Se este é mais sério e mais político, aquele era mais cínico e mais sarcástico, e, principalmente, muito mais violento.

Não sei quem são os donos dos direitos do Robocop, não sei quem escolhe o diretor. Mas achei curioso pegarem dois diretores estrangeiros para as duas versões do filme. Em 1987, era Paul Verhoeven, que tinha uma boa carreira na sua Holanda natal, mas só uma co-produção americana, Conquista Sangrenta. Agora é a vez do “nosso” José Padilha, que conquistou reconhecimento internacional com os dois Tropa de Elite.

Em entrevista concedida aqui no Rio, Padilha falou que já tinha feito documentários produzidos nos EUA, e que por isso esta sua “estreia” não foi traumática como acontece com outros brasileiros em Hollywood. Padilha estava com tanta moral que convenceu o estúdio a levar o fotógrafo Lula Carvalho, o montador Daniel Rezende e o músico Pedro Bromfman, seus colaboradores habituais (os três estavam nos dois Tropa). Padilha declarou, brincando: “galera, é um filme brasileiro!”

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Joel KInnaman, José Padilha e Michael Keaton logo antes da coletiva, no Rio de Janeiro

Não sabemos o quanto o estúdio palpitou na parte criativa de Padilha – segundo o imdb, a cada dez ideias de Padilha, o estúdio recusava nove. Mas pelo menos o resultado final parece “um filme do mesmo diretor de Tropa de Elite“. O novo Robocop tem muito de Tropa de Elite – determinada cena quase que dá pra ver o Robocop gritando para um bandido “TU É MOLEQUE! PEDE PRA SAIR!”. E a cena onde o Robocop descobre quem são os policiais corruptos é a cara do Capitão Nascimento. Afinal, são dois policiais incorruptíveis vestindo preto…

(Me lembrei da cena final de Tropa 2, que mostra Brasília. Um Robocop solto no Congresso ia deixar o lugar vazio…)

O roteiro escrito por Joshua Zetumer foi inteligente em adaptar a história sem copiar cena a cena. Algumas soluções diferentes do outro filme ficaram bem legais. Mas em outros momentos o roteiro ficou mais fraco. Por exemplo, a trajetória do vilão Clarence J. Boddicker do original foi muito mais bem resolvida do que a do seu correspondente Antoine Vallon, da refilmagem.

Os efeitos especiais estão na dose certa. O próprio Robocop teve a cintura reduzida por CGI para parecer mais robô do que gente. E os robôs ED 209 e EM 208 (que parecem cylons!) também são bem “reais”.

A trilha sonora tem alguns momentos geniais. Pra começar, o tema do filme original, de Basil Poledouris, está presente em alguns momentos, como uma homenagem. Durante o primeiro teste do Robocop, colocam, só de provocação, If I Only Had A Heart, tema do Homem de Lata de O Mágico de Oz. E a improvável Hocus Pocus, do grupo progressivo holandês Focus, aparece em outro momento, sublinhando perfeitamente uma sequência de tiroteios.

No elenco, o papel principal ficou com o pouco conhecido Joel Kinnaman (da série The Killing), talvez por ser um nome mais barato para possíveis continuações. Já para os papeis secundários, temos vários nomes conhecidos, como Michael Keaton, Gary Oldman, Samuel L. Jackson e Jackie Earle Haley. Ainda no elenco, Abbie Cornish, Jennifer Ehle, Jay Baruchel e Marianne Jean-Baptiste. Pena, não vi nenhum ator brasileiro…

Enfim, esqueçam o original e pensem neste filme como um Tropa de Elite 3 – Capitão Nascimento versão robô!

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Heu e o Michael Keaton!

Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro

Tropa de Elite 2- O Inimigo Agora é Outro

Estreou a continuação do excelente Tropa de Elite – simplesmente um dos melhores filmes da história do cinema nacional. E a pergunta é: é bom como o primeiro? Felizmente, sim!

O Capitão Nascimento agora é o Tenente Coronel Nascimento, e está no comando de uma operação durante uma rebelião no presídio de segurança máxima Bangu 1. A rebelião acaba como o BOPE nos ensinou: bandido bom é bandido morto. Mas, em ano de eleição, os direitos humanos caem em cima do BOPE, e Nascimento é afastado, só que “para cima”: vai trabalhar na Secretaria de Segurança Pública. Trabalhando em escritório, Nascimento descobre que – como diz o título – “o inimigo agora é outro”.

O filme é muito bom. Tecnicamente perfeito, excelentes atuações, roteiro redondinho, tensão do início ao fim. Fiquei me questionando por que não são feitos outros filmes nacionais com essa qualidade…

Ainda a parte técnica: o diretor José Padilha, o mesmo do primeiro filme, voltou para Tropa de Elite 2. Gosto quando o mesmo diretor volta para a continuação, quase sempre isso é sinal de boa qualidade. Isso acontece aqui: assim como no primeiro filme, em Tropa de Elite 2 não existem os problemas técnicos tão comuns em filmes brasileiros.

Depois do primeiro filme, o Capitão Nascimento virou uma lenda urbana no Brasil, porque sua filosofia é radical: bandido tem que morrer. O povo brasileiro, cansado de ver a bandidagem se dar bem, aprovou os métodos do Cap. Nascimento. Rolaram várias listas na internet com fatos exagerados, na linha daqueles “Chuck Norris facts”. Agora, Nascimento ataca políticos corruptos ligados à milícias. Caramba, um cara desses tinha que ser real. O inimigo do segundo filme é ainda pior que o do primeiro!

(Curioso este filme ser lançado em época de eleição. Mas ainda acho que deveria ter sido lançado um pouco antes, afinal, os deputados e senadores já foram eleitos…)

Wagner Moura brilha novamente como o mais durão de todos os policiais. Seu Tenente Coronel Nascimento passa credibilidade no lado humano, o que faz o nosso heroi ser ainda mais importante. E alguns atores do filme original também estão de volta, como André Ramiro, com o agora Capitão Mathias, numa atuação mais dura do que no primeiro filme; e Milhem Cortaz, como o covarde Coronel Fabio. E o filme ainda traz novos personagens muito bons, como o ativista de direitos humanos Fraga (Iradhir Santos), um verdadeiro antagonista para Nascimento em vários sentidos; e o caricato apresentador de tv Fortunato (André Mattos).

Claro que o filme traz novos bordões que deverão cair na boca do povo, como aconteceu no primeiro filme (“tá com medinho, zero dois?”, “pede pra sair!”). Heu gostei da nova definição de CPMF: Comissão do Policial Militar Filhodap#$@ta…

O lançamento do primeiro filme foi envolto em uma grande polêmica, porque vazou uma cópia em dvd, e muita gente viu o filme antes de ser lançado nos cinemas. Desta vez, não só não vazou, como o filme está tendo sessões lotadas – ontem, sábado, segundo dia de exibição, comprei pela internet dois ingressos para uma sessão seis horas depois, e a sala estava quase esgotada…

(Aliás, um comentário: o filme começou 19 minutos e meio depois do início da sessão. 19 minutos e meio de muitas propagandas e alguns trailers! E olha que paguei pelo ingresso!)

Determinado momento do filme joga uma indireta que uma possível parte 3 (se é que vai ter parte 3) pode ser em Brasília… Será?

Filmaço, parceiro!