Perseguição Virtual / Open Windows

perseguição virtualCrítica – Perseguição Virtual / Open Windows

Direção de Nacho Vigalondo, estrelado por Elijah Wood e Sasha Gray. Precisa de mais algum motivo?

Um blogueiro, obcecado por uma atriz, se vê num mortal jogo de gato e rato quando aceita a oportunidade de espioná-la através do seu laptop.

A narrativa de Perseguição Visual (Open Windows no original) é muito interessante: todo o filme (ou pelo menos quase todo) se passa como se alguém estivesse filmando a tela de um computador, onde várias janelas estão abertas (daí o nome em inglês, “janelas abertas”. A câmera pula de uma janela para outra, sem nenhum corte aparente, usando diferentes texturas de imagens e criando um novo tipo de plano sequência. Detalhe: o filme todo se passa em tempo real.

O diretor Nacho Vigalondo já tinha chamado a minha atenção com Los Cronocrimenes. Quando vi VHS Viral, onde o único segmento que presta é “Paralel Monsters”, o que ele dirigiu, pensei “vou ver o que mais esse cara fez”. E achei este Perseguição Virtual, do mesmo ano de 2014.

(Curiosidade: quando estive em Montenegro, conheci Fernando Gomez Gonzalez, um diretor espanhol, e falei para ele que gostava de vários conterrâneos seus. Quando mencionei Nacho Vigalondo, Fernando falou o nome de um filme em espanhol, mas não anotei e acabei me esquecendo. Só lembrei quando encontrei o filme com o nome em inglês…)

Perseguição Virtual começa muito bem. A primeira parte é eletrizante, enquanto o blogueiro ainda está no hotel. Pena que ritmo cai um pouco quando ele vai pro carro, e mais pena ainda depois, porque o filme se perde no final.

Na minha humilde opinião, temos dois problemas aqui, um no roteiro, outro na história. Pelo roteiro, o fim é confuso demais – a trama fluía bem, sem precisar de tantas reviravoltas mirabolantes. Já pela história, implico com um detalhe: se o hacker era tão bom assim, ele não precisaria da ajuda de um blogueiro.

No elenco, temos outros atores, mas os únicos que merecem ser citados são Elijah Wood e Sasha Grey. Ambos estão bem e funcionam dentro do esperado. Aliás, não sei se foi coincidência, mas Wood esteve em um papel parecido, dirigido por outro espanhol, Eugenio Mira, em Toque de Mestre: um personagem vigiado e ameaçado por um outro misterioso. E Wood deve gostar do cinema espanhol, ele também fez The Oxford Crimes, do Álex de la Iglesia.

Mesmo com o final confuso, o saldo é positivo. Chequei no imdb, Vigalondo fez uma comédia / ficção científica em 2011, Extraterrestrial. Acho que vou catar esse filme…

V/H/S: Viral

vhs-viralCrítica – V/H/S: Viral

Nem me empolguei quando soube de um terceiro V/H/S. Mas como passou no Festival do Rio e agora vai ser lançado no circuito resolvi dar uma chance.

Assim como aconteceu com os outros dois filmes da franquia, V/H/S: Viral é um filme irregular, já que são historinhas independentes. E, assim como nos outros dois, a historinha que serve para ligar as outras é a mais fraca.

Vamos a cada uma delas?

– “Vicious Circles” – Uma bicicleta tenta alcançar um carro numa confusa perseguição que parece disputar o prêmio de câmera mais tremida da história. Para seguir a “tradição”, o pior segmento.

– “Dante The Great” – Um ilusionista encontra uma capa que o permite fazer mágica de verdade. Bom ritmo, boa história, bons efeitos especiais. Mas ignora completamente o conceito de “câmera encontrada”. É um “mocumentário”, um documentário fake que usa entrevistas, programas de tv, câmeras de segurança e, também, câmera encontrada.

– “Parallel Monsters” – Uma agradável surpresa. Nacho Vigalondo, o mesmo diretor de Los Cronocrimenes, criou uma história curtinha sobre universos paralelos, com um dos finais mais WTF que já vi. Se não quiser ver o filme todo, avance direto pra essa, que vale a pena!

– “Bonestorm” – Garotos skatistas marrentos vão para o México filmar manobras de skate e acidentalmente despertam criaturas do além. História confusa, e prejudicada por personagens com carisma zero – quando os vemos sendo atacados, duvido que algum espectador estivesse torcendo por eles. Achei estranho que do nada eles viraram assassinos experientes… Pelo menos os efeitos das caveiras são legais.

Uma vantagem aqui: por ter apenas 3 histórias, este filme é mais curto – no primeiro V/H/S são 5, no segundo são 4. Se fosse um best of de todas os 12 curtas (mais os 3 segmentos de ligação), até seria legal ter um filme longo. Mas em um filme irregular, “o menos é mais”.

Dentre os diretores pouco conhecido deste terceiro filme, destaque para Nacho Vigalondo, vou procurar mais coisa dele. Os outros curtas são dirigidos por Marcel Sarmiento (Deadgirl), Gregg Bishop, Justin Benson e Aaron Moorhead (Primavera / Spring).

Por fim, acho que eles deviam abandonar o nome da franquia. Se nos outros filmes nem todos usavam fitas vhs, aqui nenhum usa. E, como disse ali em cima, “Dante The Great” nem é exatamente “found footage”. O conceito do filme não era pra usar “material encontrado em fitas de vhs”?

Resumindo: mais um filminho de episódios, como tantos por aí. Quem estiver no clima vai se divertir. E quem perder este, não duvido que tenha um V/H/S 4 em breve.

p.s.: O imdb fala de mais um curta, “Gorgeous Vortex”, que foi limado da edição final, por falta de qualidade. Deve ser bem ruim mesmo…

Los Cronocrimenes

Crítica – Los Cronocrimenes

Semana passada fiz aqui um Top 10 de filmes com viagens no tempo. Li coisas boas sobre este Los Cronocrimenes – admito que não o conhecia. Baixei, vi, e me surpreendi: é realmente muito bom!

Um homem acidentalmente vai parar em uma máquina do tempo, e volta no tempo, aproximadamente uma hora e meia no mesmo dia. Mas seus atos na linha temporal paralela criam consequências inesperadas.

Falei aqui ontem da comédia FAQ About Time Travel. Los Cronocrimenes é bem semelhante em sua estrutura: ambos são produções simples e baratas, baseados em um roteiro que usa idas e vindas no tempo de maneira inteligente. A teoria usada aqui é a mesma de O Exterminador do Futuro: a linha do tempo é imutável, tudo o que acontece é consequência dos atos durante a viagem no tempo. E não adianta tentar consertar…

Trata-se de uma produção espanhola de 2007, escrita e dirigida por Nacho Vigalondo. Não é de hoje que a Espanha nos presenteia com bons filmes fantásticos – lembrem-se de filmes como Abra Los Ojos, REC, O OrfanatoLos Cronocrimenes segue a tradição. Não é comédia, nem ação, é um suspense que usa viagens no tempo em sua estrutura.

A narrativa segue o personagem Hector, e deixa buracos que são explicados quando ele volta na linha do tempo – afinal, vemos tudo de novo, através de outro ponto de vista. O roteiro é legal, mas não é perfeito. A gente fica se perguntando por que Hector toma algumas decisões, no mínimo, estranhas. Parece que ele só faz o que faz pra justificar a linha temporal…

O ator Karra Elejalde não ajuda. Não é um ator ruim, mas seu personagem é extremamente antipático. Ainda no elenco, Candela Fernandez, Bárbara Goenaga e o próprio diretor Nacho Vigalondo, como o cientista .

Mas o resultado final é muito bom. Los Cronocrimenes é daquele tipo de filme que, quando acaba, a gente fica tentando resolver o quebra-cabeças mental, ver se todas as pontas foram fechadas. Voltei alguns trechos, não achei nenhum furo…

Os direitos do filme foram comprados por produtores hollywoodianos. Parece que em 2012 estreia a versão americana. Não posso falar mal antes de ver, mas, se a refilmagem seguir a linha de Vanilla Sky ou Quarentena (refilmagens de Abra Los Ojos e REC, respectivamente), prefira o original espanhol!

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