A Jaqueta de Couro de Cervo

Crítica – A Jaqueta de Couro de Cervo

Sinopse (Festival do Rio): Georges acabou de se separar de sua esposa e parece estar passando por uma crise de meia-idade. Depois de esquecer sua jaqueta de veludo no banheiro de uma estrada, ele chega à casa de um velho hippie que, por um valor exorbitante, lhe vende uma jaqueta vintage de couro de cervo e uma câmera de vídeo. Ninguém diria que essa jaqueta velha é uma roupa atraente, mas, para Georges, é amor à primeira vista. Com o coração partido e as finanças congeladas, Georges embarca em uma odisseia pessoal – tendo a jaqueta como seu Sancho Pança.

Em 2010, vi, também no Festival do Rio, Rubber, um filme sobre “um pneu telepático em missão demoníaca”. Rubber é tão maluco e divertido que guardei o nome do diretor, Quentin Dupieux. A Jaqueta de Couro de Cervo (Le Daim, no original; Deerskin como título internacional) é o novo filme de Dupieux.

Agora Dupieux tinha um elenco com grife (Jean Dujardin, Adèle Haenel), pra contar uma história quase tão maluca. Não fica claro se a jaqueta tem vida própria ou se tudo se passa na cabeça de Georges, mas isso pouco importa. O filme tem situações bem divertidas nessa saga de um homem contra todas as outras jaquetas do mundo.

Curtinho (uma hora e dezessete minutos), A Jaqueta de Couro de Cervo não é um grande filme, mas vai divertir os que se aventurarem em uma história maluca.

Wrong Cops

Crítica – Wrong Cops

Oba! Filme novo de Quentin Dupieux!

Várias histórias intercaladas sobre um grupo de policiais imorais em Los Angeles.

Quase ninguém conhece Quentin Dupieux, sei disso. E de onde veio a minha empolgação do primeiro parágrafo? Ora, Dupieux é o roteirista e diretor de Rubber, o filme do “pneu telepático em missão demoníaca”, uma das bobagens mais engraçadas que vi nos últimos anos!

Wrong Cops não é tão bom quanto Rubber. Mesmo assim, é bem divertido.

Dupieux tem um estilo completamente não convencional de filmar. Wrong Cops é repleto de zooms e imagens congeladas aleatoriamente. A trilha sonora eletrônica (composta por Dupieux) parece completamente fora do lugar. E o humor também não é nada convencional. Humor negro e politicamente incorreto são uma constante aqui.

No elenco, vários nomes pouco conhecidos, e uma ponta de Marilyn Manson. As atuações são caricatas, mas acho que foi intencional.

Pena que o humor de Wrong Cops nem sempre funciona, às vezes resvala na grosseria. E outras vezes é simplesmente sem graça – pecado mortal para uma comédia.

No fim, Wrong Cops é um passeio divertido, mas só para alguns iniciados. Porque se você não conhece o trabalho do diretor, veja Rubber primeiro.

Rubber

Rubber

Uma das sinopses do Festival chamou a minha atenção, um filme sobre “um pneu telepático em missão demoníaca”. Caramba, este é daqueles filmes que a gente PRECISA ver! 😛

A história é essa aí. Num deserto, um grupo de pessoas ganha binóculos para ver um “filme” – de longe, eles acompanham a saga do pneu que, sem nenhuma razão aparente, ganha vida e sai por aí como um serial killer.

Este “sem razão” é uma das ideias geniais que o filme escrito e dirigido por Quentin Dupieux traz. No início, rola uma introdução onde um personagem nos explica que em todos os filmes acontecem uma série de coisas “sem razão”. Por que o ET é marrom? “No reason”, ele explica. Por que não aparece ninguém indo ao banheiro em O Massacre da Serra Elétrica? “No reason”. Por que JFK é assassinado em JFK? “No reason”…

Ao longo do filme acontecem várias coisas “no reason”…

A história não faz o menor sentido! Mas não é um filme cabeça sem sentido, o tom é puxado pro nonsense – algumas cenas lembram os clássicos Zucker-Abrahams-Zucker (Apertem os Cintos O Piloto Sumiu, Top Secret). Alguns momentos são geniais, mas outros são bobos. Pena, há tempos que não aparece um bom nonsense por aí…

Outra coisa que rola no filme inteiro é a metalinguagem. Existe uma audiência assistindo o que está acontecendo, o roteiro explora bem esta situação.

Ah, os efeitos especiais… Ok, fazer um pneu andar não pede lá muitos cgis complicados. Mas poderia ser bem mais tosco, lembro que em Ataque dos Tomates Assassinos a gente vê defeitos técnicos algumas vezes. Mas aqui não, os efeitos do pneu são simples e eficientes. E ainda tem o gore, porque o nosso querido personagem de borracha gosta de explodir cabeças de quem passar pela frente. A quantidade de sangue na tela é boa!

Claro, alguns vão achar o filme ruim porque não é sério. HELLO! O filme fala de um PNEU SERIAL KILLER!!! Claro que não é sério!

Dispa-se dos preconceitos e divirta-se, porque Rubber é engraçado!