Pânico (1996)

Panico1Crítica – Pânico

Pra preparação de um podcast de filmes slasher, fui catar o primeiro Pânico pra rever.

Um serial killer fanático por filmes de terror aterroriza uma pequena cidade do interior da Califormia, sempre usando uma faca e uma máscara de fantasma.

A boa notícia: revisto hoje, quase vinte anos depois, Pânico (Scream, no original) ainda é um grande filme!

Voltemos um pouco no tempo. Durante os anos 70, o diretor Wes Craven teve alguns bons filmes (como Quadrilha de Sádicos), mas nenhum grande hit. O sucesso veio em 1984, com A Hora do Pesadelo, uma reviravolta na história dos filmes slasher, que colocava o assassino dentro do sonho. Mas Craven perdeu os direitos sobre o filme, que virou franquia e perdeu a qualidade. E Craven voltou ao underground.

Depois de um tempo em baixa (quando ele até fez filmes legais, mas não obteve tanto sucesso, como A Maldição dos Mortos-Vivos e As Criaturas Atrás das Paredes), Craven voltou ao sucesso de público e crítica em 96, com o primeiro Pânico – que logo virou uma trilogia com filmes lançados em 97 e 2000, e que ainda ganhou um quarto filme “temporão” em 2011, (todos dirigidos por Craven).

Primeiro roteiro da carreira de Kevin Williamson (que depois ficaria famoso por ser o criador da série Dawnson’s Creek), Pânico é um presente para fãs de filmes de terror. São inúmeras referências, várias delas bem explícitas – os personagens citam vários filmes clássicos, como Halloween, Sexta Feira 13 e o próprio A Hora do Pesadelo.

Mas Pânico não funciona só como referência. O ritmo é bom, e a trama consegue algo difícil: um assassino slasher convincente – nos anos 90, personagens como Michael Myers, Freddy Krueger e Jason Vorhees já não assustavam ninguém. E tudo isso num filme leve e divertido. Não é à toa que frequenta várias listas de melhores filmes de terror. Além disso, foi um sucesso de bilheteria, foi o sexto filme de terror da história a alcançar a marca de 170 milhões na bilheteria (antes dele, apenas O Exorcista, Tubarão, Tubarão 2, Drácula de Bram Stoker e Entrevista com o Vampiro conseguiram tal sucesso).

Pena que nem tudo sobreviveu à passagem do tempo. Hoje esta trama falharia logo de cara – todos têm celulares com bina! Outra coisa: em 1996 não existia teste de DNA em crimes? Os policiais conseguiram uma fantasia usada pelo assassino! Não tinha nenhum fio de cabelo na máscara?

É curioso analisar o elenco hoje, 19 anos depois. Tirando a Drew Barrymore, que aparece apenas na cena inicial, o resto do elenco era de nomes que ficaram conhecidos na época, mas hoje estão meio sumidos, como Neve Campbell, Courtney Cox (que já era um nome conhecido na tv por causa da série Friends), Skeet Ulrich, David Arquette, Rose McGowan, Jamie Kennedy e Mathew Lillard (sempre caricato, mas aqui perfeito para o papel). Ah, o assassino da mãe de Sidney, que quase não aparece, é Liev Schreiber.

E olhem a coincidência: Pânico está na programação do Festival do Rio de 2015. Quem quiser rever na tela grande é uma oportunidade imperdível!

Agora fiquei com vontade de rever os outros três…

Vôo Noturno

Crítica – Vôo Noturno

Hora de rever Vôo Noturno (Red Eye), de 2005!

Durante um vôo de madrugada, uma gerente de hotel é obrigada a ajudar um terrorista, que ameaça a vida do seu pai.

O diretor Wes Craven tem lugar de destaque na história do cinema de horror. Mas sua carreira é bastante irregular, isso ninguém discorda. Por um lado ele é incensado por ser o criador do Freddy Krueger e da série A Hora do Pesadelo; e também da franquia Pânico, que deu um novo sopro de criatividade ao cinema de terror nos anos 90. Por outro lado ele “cometeu” atrocidades como Amaldiçoados, um dos piores filmes de lobisomem da história.

Este Vôo Noturno veio pouco depois de Amaldiçoados, e é muito melhor. Não é terror, e sim um suspense. É um filme simples, sem nada sobrenatural na trama, com efeitos especiais discretos, pouco sangue e nenhum gore. E, importante, um filme muito eficiente ao criar tensão.

Os primeiros dois terços do filme se passam dentro do avião, causando um ótimo clima claustrofóbico. A boa química entre o casal protagonista e o talento do diretor com o posicionamento de câmera proporcionam uma boa experiência cinematográfica.

O roteiro tem algumas forçações de barra – como é que o barco é revistado e ninguém pensa em verificar as varas de pescar? – mas nada grave. E a terceira parte do filme, fora do avião, é um pouco inferior, mas não chega a atrapalhar o bom resultado final.

O elenco é liderado pelo casal Rachel McAdams e Cillian Murphy. Bons atores, mas, sei lá por que, nenhum dos dois alcançou o primeiro escalão de Hollywood – ela estava nos dois Sherlock Holmes; ele, nos três Batman. Ainda no elenco, Brian Cox e Jayma Mays.

Bom filme, esquecido nas prateleiras das locadoras. Comprei o meu dvd numa promoção dessas, quando uma locadora repassa os filmes velhos…

Pânico 4

Crítica – Pânico 4

Ninguém pediu, mas, 11 anos depois do terceiro Pânico, olha o quarto filme da franquia aí! Pelo menos, a boa notícia: o filme é bom!

Dez anos depois dos eventos do último filme, Sidney Prescott, agora escritora, volta para Woodsboro para o lançamento do seu livro. Ao mesmo tempo que ela se reencontra com o casal Dewey e Gale, o assassino mascarado volta a atacar a cidade.

Olha, vou admitir aqui que me lembro muito pouco dos três primeiros filmes. Lembro que o primeiro Pânico, de 1996, foi um excelente filme, que praticamente redefiniu o conceito de slasher, desgastado pelos Jasons e Freddys nos anos anteriores. Logo vieram as continuações (1997 e 2000), que, claro, não mantiveram a qualidade. Uma enxurrada de filmes semelhantes apareceu, como Eu Sei O Que Vocês Fizeram Verão Passado e Lenda Urbana, enfraquecendo o conceito, e a franquia foi deixada de lado.

Uma simples passada de olhos pelos créditos do novo filme dá a impressão de sinais positivos. Afinal, o filme traz de volta o diretor Wes Craven, o roteirista Kevin Williamson e o trio de atores principais, Neve Campbell, Courtney Cox e David Arquette. Mas aí a gente dá uma pesquisada e descobre que as duas continuações de qualidade duvidosa também tiveram esses cinco nomes… O novo filme segue o estilo dos outros, e a boa notícia para os fãs da série (e para os apreciadores de filmes de terror de modo geral) é que desta vez acertaram a mão!

Wes Craven sempre teve uma carreira irregular. Se por um lado, ele fez filmes bons como A Hora do Pesadelo  e A Maldição dos Mortos-Vivos; por outro lado ele “cometeu” coisas como Amaldiçoados. E a irregularidade continua: se este Pânico 4 é legal, há pouco fez o maomeno A Sétima Alma

Pânico 4 começa muito bem – a sequência inicial é excelente! O bom roteiro de Williamson traz personagens bem construídos, e alguns sustos bem colocados pontuando a trama. E o filme traz inúmeras citações a outros filmes, como Jogos Mortais, Premonição e até clássicos como Suspiria – rola até um trecho de Todo Mundo Quase Morto pela tv! Além das muitas referências ao cinema de terror, de quebra, rolam várias piadas sobre continuações. Viva a metalinguagem! (Adorei a piada que cita Bruce Willis, e toda a sátira ao politicamente correto sobre quem sobrevive atualmente nos filmes de terror!)

O elenco soube aproveitar bem a nova geração ao lado do trio “veterano”, com nomes como Emma Roberts, Hayden Panettiere e Marley Shelton. E ainda rolam pontas de gente como Kristen Bell e Anna Paquin.

Curiosamente, os filmes da trilogia original nunca foram lançados em dvd aqui no Brasil. Se alguém quiser rever os primeiros filmes antes desse novo, vai ter que baixar. E depois reclamam da pirataria…

p.s.: Vi o filme na sessão para críticos. Todo mundo teve que assinar um termo de confidencialidade, prometendo não contar o fim do filme para ninguém. Ok, entendo a preocupação dos distribuidores, mas…
– Precisa de algo assim na véspera da estreia? No dia seguinte, o filme já estará nos cinemas!
– O fim do filme é legal. Mas nada tão sensacional assim…

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Se você gostou de Pânico 4, o Blog do Heu recomenda:
Halloween – O Início
A Sétima Alma
13Hs

A Sétima Alma

A Sétima Alma

Filme novo do mestre Wes Craven em cartaz!

A trama é o de sempre. Sete adolescentes nasceram no mesmo dia que um misterioso serial killer supostamente morreu. Dezesseis anos depois, cada um dos jovens começa a morrer, como se o serial killer tivesse voltado. Ou reencarnado em um deles…

Podemos ver A Sétima Alma (My Soul To Take, no original) sob dois ângulos:

– Apenas mais um slasher adolescente. A gente já viu tudo isso em outros filmes.

– Ok, não tem nada de novo. Mas pelo menos a produção é bem feita e o roteiro não insulta a inteligência do espectador.

Prefiro pensar na segunda opção. Um divertimento honesto, sem pretensões de se tornar um novo clássico do horror.

O diretor (e aqui também roteirista) Wes Craven é um cara experiente quando se fala em cinema de terror. Fez bons filmes que fizeram muito sucesso (A Hora do Pesadelo, a trilogia Pânico), bons filmes que pouca gente viu (A Maldição dos Mortos Vivos), filmes legais mas esquisitos (As Criaturas Atrás das Paredes), filmes hoje considerados clássicos do terror (Quadrilha de Sádicos), fez até um dos piores filmes de lobisomem da história (Amaldiçoados). Este A Sétima Alma não é um dos seus melhores, mas também não é um dos piores. E, se tem gente com mão boa na direção, um filme maomeno pode funcionar.

O elenco tem um defeito bastante comum em Hollywood: se os personagens têm 16 anos, por que usar atores de 22? Fui checar no imdb, pelo menos quatro dos garotos nasceram em 1988 (um é de 1990, os outros dois não têm data de nascimento). Bem, observação feita, o elenco é o que se espera: ninguém se destaca, tampouco ninguém atrapalha. E o protagonista Max Thieriot aos poucos vai virando um nome conhecido, depois de papeis menores (mas importantes) em Jumper e O Preço da Traição.

A Sétima Alma tem um detalhe diferente da maioria dos filmes atuais de terror: economiza no sangue e no gore. Gostei desta opção de Craven. Mas talvez decepcione a “geração Jogos Mortais“…

No fim, o resultado não é ruim. Mas é aquilo que falei, também não traz nada de novo. Se tivesse sido feito uns 20 anos antes, quem sabe?

Terror na Casa do Lago

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Terror na Casa do Lago

(off-Festival do Rio…)

Mais um remake de filme de terror! Sim, criatividade é artigo em falta em Hollywood. Quando não é refilmagem de filme oriental ou europeu, é de filme de alguns anos atrás. Neste caso, trata-se dá refilmagem de The Last House on the Left, dirigido por ninguém menos do que Wes Craven (criador do Freddy Kruger e diretor de A Maldição dos Mortos Vivos, do qual falei aqui outro dia) no distante ano de 1972.

Duas jovens se envolvem com um grupo de caras maus, muito maus, que depois acabam se envolvendo com a família de uma delas.

Não vi o original, então não posso comparar. O que posso dizer é que este filme é sobre pessoas comuns colocadas em situações extremas. Não sei se já foi lançado por aqui, se não foi, deve ser em breve, afinal descobri que tem título em português.

O filme não é lá grandes coisas, mas cumpre seu papel de expor o selvagem que pode existir dentro de cada um de nós. Afinal, qual seria a sua reação se você fosse exposto a uma violência gratuita e desnecessária?

Sim, o filme é desconfortável, e de próposito.

(Só não entendi o título original, porque aparentemente a casa é à direita e não à esquerda! 😛 )

A Maldição dos Mortos Vivos

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A Maldição dos Mortos-Vivos

Quando montei o meu Top 10 de Filmes de Zumbi, citei este A Maldição dos Mortos-Vivos, de 1988, como um filme “sério” sobre zumbis. Afinal, ele fala de “zumbis de verdade”, fala sobre vodu haitiano. Em vez de mortos que simplesmente voltam à vida, aqui os zumbis são pessoas enterradas vivas – e que voltam como zumbis.

Contratado por um laboratório farmacêutico, o pesquisador americano Dennis Allan (Bill Pullman) vai ao Haiti pesquisar sobre vodu. Na mesma época, complicações políticas eclodem nas cidades.

Este é um dos melhores filmes de Wes Craven, mais famoso por ter criado um tal de Freddy Kruger, e mais rico por ter feito a trilogia Pânico. O filme é assustador. Diferente do “maníaco-serial-killer” padrão, aqui lidamos com magia. E Craven sabe como lidar com esse tipo de situação com maestria, explorando o medo que temos do desconhecido.

Diferente da maioria dosa filmes de zumbi que temos por aí, que se baseiam nos filmes de George Romero (A Noite dos Mortos Vivos e suas várias sequências), este filme é baseado num livro de Wade Davis, que conta uma suposta experiência de um cientista americano que foi enterrado vivo e descobriu um pó químico capaz de simular a morte.

Acho que a bola fora é do cartaz. O cartaz gringo era igual a esse. E não tem nada a ver com o filme!

As Criaturas Atrás das Paredes

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As Criaturas Atrás das Paredes

Um garoto pobre e ameaçado de despejo invade a casa do proprietário, atrás de uma coleção de moedas de ouro. Dentro da casa, descobre que esta é fortificada, e quem entra não sai…

Este é um interessante filme bizarro de Wes Craven, numa fase pós Hora do Pesadelo e pré Pânico. É que, quando Craven criou o genial Freddy Krueger, ele vendeu os direitos do personagem, e perdeu o controle sobre o filme – tanto que o segundo filme da série Hora do Pesadelo é terrivelmente ruim! Desde então, ele tentou emplacar alguns filmes, mas só acertou a mão (comercialmente falando) com a trilogia Pânico

(Heu, particularmente, gosto de A Maldição dos Mortos Vivos, feito neste intervalo!)

Ver As Criaturas Atrás das Paredes hoje é esquisito, pois o filme “envelheceu” e parece bem datado. Mas não deixa de ser interessante ver o casal incestuoso e sádico que controla a casa e sequestra todas as pessoas que ousam chegar perto. A cena em que o “Daddy” veste a roupa de couro e sai pelos corredores atirando é sensacional!

Aliás, hoje acho que esse filme mudaria de prateleira na locadora. Sai do terror e vaia para cult movies…

E, para os fãs de Tarantino, participação de Ving “I’m gonna be medieval with his ass” Rhames!