Crítica – O Agente da U.N.C.L.E.
Se a série dos anos 60/70 Missão Impossível pode render bons filmes de ação / espionagem, por que não a série O Agente da U.N.C.L.E., exibida entre 1964 e 68?
No início dos anos 60, um agente da CIA e outro da KGB precisam se unir em uma missão contra uma misteriosa organização criminal, que trabalha desenvolvendo bombas atômicas.
Antes de tudo, preciso falar que não conheço NADA da série original. Pra ser sincero, só me lembro do nome da série porque a trilha de abertura consta no primeiro CD da coleção Television Greatest Hits, um dos primeiros CDs que comprei na minha vida, lá longe, no fim dos anos 80. Já tinha ouvido o tema (a faixa ficava entre Missão Impossível e Agente 86), mas confesso que nem me lembrava.
Mas isso pouco importa. O Agente da U.N.C.L.E. (The Man From U.N.C.L.E., no original), o novo filme de Guy Ritchie, é muito bom. Sabe quando tudo funciona redondinho? Bom elenco, boa fotografia, edição criativa e bem cuidada, ritmo empolgante, tudo isso embalado por uma excelente reconstituição de época e uma trilha sonora sensacional. Temos um forte candidato a um dos melhores filmes do ano, arrisco dizer!
Guy Ritchie sempre inovou nas edições de seus filmes, desde o início da carreira, época de Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e Snatch, até recentemente, com os dois Sherlock Holmes (2009 e 2011). Aqui, mais uma vez, a edição chama a atenção. Só pra dar um exemplo: uma cena de invasão por barco, que em qualquer filme seria um dos pontos altos da ação, foi encurtada, parece um videoclipe de apenas alguns segundos, afinal, temos outras cenas mais legais para serem exploradas.
A reconstituição de época também chama a atenção – o filme se passa durante a Guerra Fria, não teria sentido atualizar a trama para os dias de hoje. A fotografia emula filmes de espionagem dos anos 70, as imagens parecem “velhas”. O filme tem um delicioso visual retrô.
O elenco também está ótimo. Armie Hammer e Henry Cavill estiveram no Rio para o lançamento do filme, e mostram boa química na tela. Curiosidade do mundo globalizado: o britânico Cavill interpreta um americano; o americano Hammer interpreta um russo; a sueca Alicia Vikander interpreta uma alemã; a francesa (criada na Austrália) Elizabeth Debicki interpreta uma italiana – verdadeira Torre de Babel! (Ok, o inglês Hugh Grant interpreta um inglês…)
Ah, a trilha sonora! Me lembrei da trilha de Pulp Fiction, cheia de músicas boas e inesperadas – tem até uma música do Tom Zé! Não sei se as pessoas ainda compram CDs, mas se ainda estivéssemos nos anos 90, este CD seria obrigatório em festinhas descoladas.
Li que o filme não foi bem na bilheteria nos EUA, o que é uma pena. O fim do filme traz um gancho para começar uma nova franquia e se mantiver a qualidade, será uma franquia muito bem vinda!
Por fim, só me pergunto por que o título está no singular (tanto em português quanto em inglês). Não é só um agente…