Crime Ferpeito

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Crime Ferpeito

Já falei aqui que gosto muito de humor negro? Pena que temos tão poucas produções nessa onda. E considero esta modesta produção espanhola de 2004 uma das melhores comédias de humor negro dos últimos anos.

Rafael (Guillermo Toledo) é o melhor vendedor de uma grande loja de departamentos em Madri. Adorado pelas vendedoras, idolatrado pelos os colegas, ele leva uma vida em alto estilo e almeja o cargo de gerente do andar. Até que um acidente coloca Lourdes (Mónica Cervera), a mulher mais feia da loja, em ponto chantageá-lo…

O filme é muito engraçado. O roteiro, redondinho, mostra várias situações hilariantes às quais o nosso “heroi” é exposto. Se antes ele era o perfeito latin lover, ele passa a conviver com mentiras, situações constrangedoras, e até um fantasma!

Não foi a primeira vez que o genial diretor Álex de la Iglesia mostrou que tinha mão boa para este tipo de comédia. Me lembro de seu primeiro filme a chegar em terras tupiniquins, a ficção científica Ação Mutante, onde um grupo terrorista composto de pessoas deformadas age atacando academias de ginástica e qualquer coisa que faz parte do culto à beleza física (vi esse filme no cinema, sem legendas, e depois consegui comprar o vhs!). E seu filme seguinte, o terror O Dia da Besta, também tem seus momentos hilários, com um padre que quer se aproximar do mal.

E tem mais um pequeno detalhe muito interessante: o “ferpeito”, usado no título e em uma cena importante, foi inspirado no personagem de quadrinhos Obelix! Quem já leu Asterix sabe que quando Obelix fica bebado, ele fala “ferpeitamente”!

Enfim, boa pedida para quem curte um humor não ortodoxo!

O Orfanato

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O Orfanato

Não é de hoje que a Espanha nos traz bons filmes fantásticos. Aliás, Hollywood descobriu isso em 2007, premiando com 3 Oscars o ótimo Labirinto do Fauno, de Guillermo del Toro, diretor que transita livremente entre Hollywood – onde fez Hellboy – e os países latinos (ele nasceu no México).

Del Toro nos apresenta esse O Orfanato (El Orfanato no original). Diferente da fantasia presente em Labirinto do Fauno, o diretor Juan Antonio Bayona nos apresenta um dos melhores filmes de suspense dos últimos tempos.

Laura (Belen Rueda), seu marido e seu filho adotivo (que depois descobrimos que tem HIV), se muda para um casarão, que era um orfanato onde ela mesma morou quando criança. A sua idéia é abrir um novo orfanato, para crianças especiais.

Seu filho, Simon, brinca frequentemente com amigos imaginários. O que ela não sabe é que, ao seu mudar para a nova casa, ele fará contato com os fantasmas que moram ali, que se tornarão os seus novos “amigos imaginários”. E, quando Simon desaparece, Laura resolve buscar todos os meios pra encontrá-lo de volta.

Como um bom filme de casa mal-assombrada, somos apresentados a personagens sinistros com passado ligado à casa, além dos clássicos ruídos assustadores. E, usando a velha máxima do “mais é menos”, o espectador leva sustos e fica num constante clima de tensão sem precisar de muitos recusrsos gráficos na tela.

Não é bom se falar muito, pra não estragar. Mas o final, com suas citações a Peter Pan, é fantástico.

Curiosidades sobre o elenco: na equipe de “caça-fantasmas” que vai até a casa, além de Geraldine Chaplin, filha do próprio Charles Chaplin, como Aurora, a vidente que vê os fantasmas; está Edgar Vivar, conhecido aqui como o Sr. Barriga do Chaves.

Filmão. Recomendo a todos que gostam do estilo.

[REC]

[REC]

Em abril deste ano vi um dos melhores filmes de terror da minha vida. Um filme desconhecido, espanhol. Na época, só estava disponível pela internet.

Quando soube que ia passar no Festival, pensei: “opa, boa oportunidade de ver esse filme numa tela grande!” E fui pro cinema, mesmo já tendo visto o filme duas vezes antes na tv. Afinal, todos sabemos que a sensação de ver um filme na sala escura e na tela grande é muito melhor.

Vou copiar parte do texto que escrevi aqui mesmo em 8 de abril:

Sabe aquela idéia de câmera na mão e não atores na tela? Depois de reality shows na tv, inventaram o “reality cinema”. O primeiro que conheço é do início dos anos 90, um filme belga chamado Aconteceu Perto de Sua Casa, que mostra uma equipe filmando um assassino profissional. Anos depois Hollywood copiou a idéia e fez A Bruxa de Blair, e ainda tentou vender a história como se fosse verdade! E agora, esse ano, estreou o médio Cloverfield, que leva a idéia pro filme catástrofe; além de Diário dos Mortos, ótimo filme de zumbis do mestre George Romero.

Bem, como o mestre Tarantino nos ensinou, uma boa idéia pode ser reaproveitada, desde que haja talento por trás das câmeras. E acredito que dessa vez os diretores Jaume Balagueró e Paco Plaza se superaram. Um bom filme de terror espanhol já não é novidade há tempos, vide o recente excelente O Orfanato, dentre outros.

(Aliás, esse nome Jaume Balagueró não é desconhecido por aqui, ele dirigiu A Sétima Vítima, com Anna Paquin, que, apesar de parecer Hollywoodiano, é espanhol.)

Angela é uma repórter de tv, de um programa noturno, que vai acompanhar a noite de uma equipe de bombeiros. Junto com o câmera e dois bombeiros, vão até um pequeno prédio ver uma emergência – e são trancados lá dentro, junto com dois policiais e alguns moradores.

Os personagens não sabem o que está acontecendo, e nós também não. Vamos descobrindo aos poucos, e, pela câmera de tv, nem sempre conseguimos ver tudo.

Medo. Há muito tempo heu não sentia medo depois de ver um filme. A situação vivida pelos personagens é claustrofóbica e desesperadora, há um perigo ali do lado, e ninguém sabe o que é. E Angela e seu câmera, imbuídos de espírito jornalístico, filmam tudo, pra poder denunciar depois o que está acontecendo.

Recomendo fortemente! Principalmente porque já sei que a refilmagem americana, Quarantine, já está pronta…