O Jogo da Morte

Crítica – O Jogo da Morte

Sinopse (imdb): A estudante Dana chora por sua irmã mais nova, uma criança outrora feliz que cometeu suicídio. Desesperada para saber o que aconteceu, ela explora a história online de sua irmã, descobrindo um jogo sinistro nas redes sociais.

Um amigo mandou o link deste O Jogo da Morte, uma “sessão de imprensa online” deste novo terror russo. Confesso que achei que ia ser bem ruim. Olha, não é que me surpreendeu? Não chega a ser um grande filme, mas é melhor do que muito lixo que chega todos os meses.

(Lembrando que terror russo me traz más lembranças, uns anos atrás tivemos alguns filmes de terror russos lançados aqui, todos eram bem fracos. Aliás, acho que o último filme russo que me empolgou foi o insano Hardcore Henry, mas o seu diretor, Ilya Naishuller, quase não dirige longas, e de lá pra cá so fez o também ótimo Anônimo (vi pelo imdb que ele esta fazendo um filme novo, com John Cena, Carla Gugino e Idris Elba, aguardemos!)).

O Jogo da Morte fala do jogo da Baleia Azul, onde jovens eram incentivados a cometer suicídio. A irmã da protagonista é vítima do jogo, então ela resolve entrar para tentar descobrir quem são os responsáveis.

O formato é aquela espécie de found footage que foi usado em Buscando e Desaparecida, filmes que se passam integralmente através de telas de computadores e celulares. (Não posso afirmar com certeza se todo o filme se passa através de telas, mas não reparei em nenhuma cena fora delas.) Ou seja, tudo aqui é construído através de chats, chamadas de vídeo redes sociais, youtube, etc.

Um detalhe importante para o entendimento do espectador: assim como em Desaparecida, tudo o que aparece escrito nas telas está em português. Lembrando que é um filme russo, isso é essencial, imagina ler tudo em russo e ficar procurando as legendas pro que está escrito?

O ritmo do filme é muito bom, reconheço que fiquei tenso em alguns momentos. Mas, por outro lado, a trama é muito previsível. Qualquer um acostumado com filmes de terror vai adivinhar o suposto plot twist do final.

No elenco, jovens atores russos desconhecidos, ninguém chama a atenção.

O Jogo da Morte não é nada revolucionário, não vai mudar a vida de ninguém. Mas é uma diversão melhor que boa parte dos filmes de terror que são lançados.

Gemini: O Planeta Sombrio

Crítica – Gemini: O Planeta Sombrio

Sinopse (imdb): Um thriller de ficção-científica sobre uma missão espacial enviada para terraformar um planeta distante. No entanto, a missão encontra algo desconhecido que tem o seu próprio plano para o planeta.

Este Gemini: O Planeta Sombrio estava com nota 3,4 no imdb. Tudo indicava que seria ruim. Mas, gosto da mistura terror + ficção científica (cheguei a fazer um top 10!), então resolvi arriscar.

Como previsto, Gemini: O Planeta Sombrio (Project Gemini em inglês, Zvyozdniy razum no original russo) não é bom. O roteiro é péssimo. Tem várias coisas que não fazem sentido. Sem entrar em spoilers, uma coisa que acontece logo no início: eles constroem uma grande espaçonave usando tecnologia alienígena. Quando a nave chega ao destino, chegou no lugar errado. Aí resolvem culpar um dos tripulantes. Vem cá, um projeto deste porte, todos os cálculos de trajetória estão nas mãos de uma única pessoa?

O elenco também é bem ruim. Os atores são péssimos, alguns diálogos chegam a ser constrangedores de tão ruins. E pra piorar, o filme é dublado em inglês. Lembro de ser um problema recorrente, quando vi A Noiva, outro filme russo também dublado em inglês, comentei que a dublagem ruim piorava as atuações. Isso acontece de novo aqui.

Nem tudo é ruim. Gostei do visual, tanto da nave quanto do local da escavação. E outra coisa que gostei foi ter mostrado pouco da criatura. Lembro sempre do primeiro Alien: um monstro que você não sabe como é é mais assustador do que um monstro que aparece muito.

Mas é pouco. Vale mais rever algum filme daquela lista que citei acima. Gemini: O Planeta Sombrio estreia nos cinemas esta semana.

Morra

Crítica – Morra / Why Don’t You Just Die! / Papa, sdokhni

Sinopse (imdb): Andrei, um detetive e o pai mais horrível do mundo, reúne em seu apartamento um grupo terrível de pessoas: sua filha atriz, um bandido furioso e um policial iludido. Cada um tem um motivo para querer vingança.

Pensa numa mistura entre Jean Pierre Jeunet e Quentin Tarantino. Este Morra! parece uma versão de Cães de Aluguel dentro dos cenários de Delicatessen.

(Me lembrei de Crimewave, do Sam Raimi. Mas faz muito tempo que não revejo Crimewave, não me lembro se realmente tem algo a ver ou se é coisa da minha cabeça.)

A história do filme escrito e dirigido por Kirill Sokolov é simples. Um cara vai visitar o sogro com intenção de matá-lo com um martelo. Só que o cara é duro na queda, e várias complicações vão aparecendo ao longo dessa jornada – complicações pra todos os lados.

Falei aqui recentemente de Copshop, que é um filme com poucos atores em uma única locação. Morra tem a estrutura parecida. Quase todo o filme se passa no apartamento, e basicamente só temos cinco personagens. Até tem algumas cenas com outros atores e em outros cenários, mas pouca coisa.

Aliás, o apartamento é um cenário que vai se deteriorando ao longo do filme. É muito comum um filme não ser filmado na ordem que se passa na tela, mas fiquei vendo os cenários cada vez mais destruídos e sujos ao longo da projeção. Este filme deve ter sido filmado na ordem “certa”.

É bom avisar, Morra é MUITO violento. Tem sangue cenográfico abundante. Mas é aquela violência estilizada e às vezes engraçada – sim, tem bastante humor negro.

Além da fotografia, gostei de como Sokolov movimena a câmera entre os personagens. Alguns efeitos especiais são simples e eficientes, como a cena da televisão. E ainda tem uma cena que parece faroeste, com direito a trilha sonora lembrando Ennio Moricone.

O filme entra numa espiral de coisas dando errado uma atrás da outra. E posso dizer que gostei de como a história concluiu.

A Noiva

a noiva

Crítica – A Noiva

Sinopse (imdb): A prática incomum de fotografar parentes mortos na Rússia rural do meio dos anos 1800 conectará uma estudante de Filologia com a história familiar abismal do futuro marido.

Terror russo! Será que presta? Infelizmente não…

A ideia era boa – uma antiga lenda russa de espíritos aprisionados em negativos. Mas sabe quando não fazem da maneira certa? Escrito e dirigido por Svyatoslav Podgaevskiy, A Noiva (Nevesta, no original) é um amontoado de clichês numa trama pra lá de previsível. E, pecado grave em se tratando de terror: não dá medo.

E a parte final não faz o menor sentido. Aviso de spoilers abaixo:

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Se o cara conhece os rituais da família, pra que levar a noiva justamente naquele fim de semana?

FIM DOS SPOILERS!

Pra piorar, a cópia que vai para os cinemas está dublada em inglês. E a dublagem é péssima! Dá pra ver que a dublagem brasileira vive um momento muito melhor. A dublagem americana faz tudo ficar ainda mais artificial.

Acho uma pena. Quero ver filmes off Hollywood – recentemente gostei do coreano Invasão Zumbi e do turco Baskin. Mas este A Noiva chega a ser pior que o conterrâneo Guardiões e seus super heróis genéricos.

Zaschitniki / The Guardians

zashchitniki_posterCrítica – Zashchitniki / The Guardians

Durante a Guerra Fria, uma organização chamada “Patriot” criou um esquadrão de super-heróis, que incluía membros de múltiplas repúblicas soviéticas. Durante anos, os heróis tiveram que esconder suas identidades, mas em tempos difíceis eles devem aparecer novamente.

Um tempo atrás, “pelas internetes da vida”, rolou um trailer de um filme russo de super-heróis. Finalmente o filme está pronto e disponível!

É complicado julgar um filme como Zaschitniki (The Guardians, em inglês). A concorrência hollywoodiana é desleal, hoje temos muitas boas opções no estilo. Claro que um filme de um país sem tradição em blockbusters tende a ser inferior.

É o caso aqui. Dirigido por Sarik Andreasyan e estrelado por Sebastien Sisak, Anton Pampuchniy, Sanzhar Madiev, Alina LaNina, Valeria Shkirando e Stanislav Shirin, Zaschitniki tem algumas boas ideias, mas muita coisa parece reciclada de outros filmes de super heróis – tem um “Magneto”, mas que move pedras em vez de metais; um “Noturno”, que tem até as nuvenzinhas que ficam no ar quando se move; além de dois personagens com superpoderes “comuns” – uma mulher que fica invisível e um homem que vira urso. Mas o pior é o vilão, um fortão genérico, com um plano tão confuso que ninguém entendeu o que ele queria. Ah, tem um clone da Brigitte Nielsen da época do Rocky IV.

Sobre os efeitos especiais, alguns realmente não convencem, mas outros estão num nível excelente. Tem uma cena com a “Sue Storm genérica” na chuva que é mais bem feita que o último filme da Sue Storm oficial.

No fim, fica assim: se comparar com o cinema contemporâneo de super-heróis, perde feio. Mas se a gente pensar que é um filme russo, sem dinheiro hollywoodiano e sem atores conhecidos, até vale ser visto.

E quem venham mais filmes de super heróis off Hollywood!