Na Pedreira / En El Pozo

Crítica – Na Pedreira / En El Pozo

Sinopse (Cinefantasy): Uma tarde de verão, uma pedreira abandonada, quatro amigos. Um thriller interpelante sobre violência de gênero.

Escrito e dirigido pelos irmãos Bernardo e Rafael Antonaccio, o uruguaio Na Pedreira (En El Pozo no original; In The Quarry em inglês) é um exemplo de que se pode fazer um bom filme com orçamento reduzido. Apenas quatro atores (Rafael Beltrán, Augusto Gordillo, Luis Pazos e Paula Silva), apenas um cenário, toda a trama se passa em um dia. E tudo funciona bem.

A trama é construída em cima da tensão entre os personagens por causa do ciúme de um deles – a namorada dele é amiga de infância dos outros dois. Na minha humilde opinião, seria ainda melhor se algumas coisas ficassem subentendidas no relacionamento do triângulo, mas mesmo assim gostei do desenvolvimento do roteiro. Curtinho, uma hora e vinte e dois minutos onde a gente nem tem vontade de ver o relógio.

Na Pedreira estava na programação do Cinefantasy. Não sei quando será lançado, nem por onde. Mas sugiro ficar de olho pra assistir quando estiver disponível!

Deus Local / Dios Local

dios-localCrítica – Deus Local

Filme de terror rock’n’roll uruguaio!

Uma banda de rock que acaba de gravar um álbum conceitual viaja para o campo para gravar alguns vídeos musicais, onde encontram uma antiga mina de ouro abandonada, guardada por um antigo ídolo de pedra, usado para assustar os mineiros. Logo, um terrível espírito desperta e força cada um dos membros da banda a reviver eventos traumáticos do passado que inspiraram as suas músicas.

Não é o primeiro terror uruguaio aqui no heuvi. Falei de La Casa Muda, filme de 2010, dirigido pelo mesmo Gustavo Hernández, que chamou a atenção por ser um filme de 72 minutos que usava um único plano-sequência – sim, todo o filme acontece em um único take.

Aqui, neste novo projeto de Hernández, a ideia era promissora: um filme de terror onde tudo acontece em volta de uma banda de rock e os traumas pessoais de cada integrante. Mas me parece que faltou roteiro, essa ideia não foi o suficiente pra segurar um longa metragem.

Tecnicamente, temos algumas coisas muito boas. Não temos um plano-sequência único, mas Hernández faz vários planos-sequência inspirados ao longo da projeção. A fotografia também é bem cuidada. Os três atores (Mariana Olivera, Gabriela Freire e Agustín Urrutia) também funcionam bem, assim como o roteiro com narrativa não linear. E alguns detalhes, como os carros caindo, ficaram bem legais.

Mas falta história, e o ritmo do filme muito lento. Tudo é muito arrastado, o filme é interminável apesar de ter pouco menos de uma hora e meia. E o filme estar dividido entre os três personagens torna tudo previsível.

Outro problema é que a narrativa não se decide entre o terror e o drama. Sim, existem momentos de tensão aqui e acolá, mas a maior parte do filme foca nos dramas pessoais de cada um dos três personagens.

(Heu também queria ver mais da banda em si, só ouvimos uma música, no início do filme, que mostra um trecho de show. Mas isso não chega a ser uma falha.)

Por fim, um exemplo de como a música brasileira pode estragar o clima de um filme. Uma das músicas da banda é “Icarus”, e o baterista conta a lenda de Ícaro, que fez suas asas e saiu voando. E, dentro da minha cabeça, comecei a ouvir o Biafra cantando “Voar, voar, subir, subir / Ir por onde for”…

A Casa / La Casa Muda

Crítica – A Casa / La Casa Muda

Laura está com seu pai em uma velha casa, quando ouvem ruídos misteriosos no segundo andar. Ao investigar, a casa aos poucos revela segredos obscuros. Baseado em uma história real acontecida nos anos 40.

O grande chamariz deste filme uruguaio de terror é que ele teria sido filmado com uma câmera fotográfica, em um único e longo plano sequência de 72 minutos – impossível não lembrar de Festim Diabólico, clássico de Hitchcock feito com pouquíssimos planos. O legal aqui é que A Casa é filme de terror, daqueles que criam tensão e dão medo. Nunca rola cara de teatro filmado, inclusive, a câmera entra e sai da casa mais de uma vez.

É muito boa a ideia usada pelo diretor estreante Gustavo Hernández (que também co-escreveu o roteiro e foi responsável pela edição). A primeira parte do filme, a construção do suspense, funciona redondinho. Mas a parte final, a explicação e conclusão, é muito fraca e confusa. Findo o filme, tive que procurar o imdb pra esclarecer algumas dúvidas.

(Aliás, tem gente no imdb duvidando que o tal take único seja verdade – li que a câmera usada só filmaria 12 minutos. Mas isso pouco importa, o resultado é impressionante, mesmo que rolem alguns cortes imperceptíveis.)

O roteiro é eficiente na construção do clima tenso e na coreografia da câmera, que passeia ininterrupta pelo cenário e pelos atores. Mas tem falhas, Laura é talvez um pouco histérica demais, e, na minha humilde opinião, acho que dificilmente ela continuaria vasculhando a casa.

Também gostei da opção de Hernández de não usar a câmera subjetiva, como muitos filmes por aí têm feito (tipo Bruxa de Blair, [REC], Diário dos Mortos e Atividade Paranormal). Hoje isso é tão comum que a ideia perdeu um pouco de força. Aqui a câmera não está na mão de um personagem, apenas observa.

Pena que o fim estraga o que seria um dos mais inovadores filmes de terror da história. Mesmo assim, acho que vale. Início bom, fim ruim, média 5. Dá pra passar.

Ah, sim, claro… O filme ainda não estreou aqui (tem previsão para julho), mas já tem refilmagem hollywoodiana com estreia agendada para este ano..

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