Crítica – Gangues de Tóquio / Tokyo Tribe
Começou o Festival do Rio! Como fiz nos anos anteriores, vou focar no lado mais underground do Festival. Então, preparem-se para, nos próximos dias, ler sobre alguns filmes que ninguém ouviu falar!
Que tal começarmos com um filme de brigas de gangues da yakuza? Mas… Brigas cantadas – em hip hop – e em japonês!
Adaptação do mangá Tokyo Tribe, de Santa Inoue. Em uma Tóquio futurista, a cidade é composta por favelas, guetos e boates, além de ruas dominadas por jovens rebeldes. A cidade é dividida entre várias gangues, que vivem em uma relativa paz – que será em breve colocada de lado.
Tive a sorte de ver no Festival do Rio de 2013 Por Que Você Não Vai Brincar no Inferno, filme anterior do diretor Sion Sono. Ou seja, heu já tinha ideia do que iria encontrar. E mesmo assim, me surpreendi!
Tokyo Tribe é um dos filmes mais malucos que heu já vi – e olha que já vi muito filme maluco. É uma mistura de musical, ação, comédia e trash, com muita violência gráfica, boa dose de nudez e muitas referências à cultura pop (como Laranja Mecânica e Kill Bill), repleto de sequências absurdas e de personagens muito, muito bizarros.
Admito que não dou bola pra rap e hip hop. Mas reconheço que a narrativa ficou bem legal – a maior parte dos diálogos são “cantados”, tudo funciona como uma colagem de videoclipes. Sono consegue criar vários planos-sequência inspirados, no meio de várias brigas bem coreografadas. E o fato de Tokyo Tribe ter uma excelente coleção de personagens estranhos ajuda ainda mais no clima esquisitão do filme – o diretor escalou rappers reais, tatuadores e dublês para os papéis principais.
Tokyo Tribe tem menos gore que Por Que Você Não Vai Brincar no Inferno, mas tem uma boa quantidade de sangue fake. Os japoneses são exagerados, e a violência segue esse estilo exagerado, tornando o filme uma comédia – não sei se proposital ou não. O cinema inteiro gargalhava!
Pena que o roteiro é cheio de furos básicos – tipo, que fim levaram os dois lutadores enviados para ajudar? Além disso, tem coisa desnecessária, como aquele tanque de guerra num dos cgis mais mal feitos que vi nos últimos tempos – e o tanque é deixado de lado logo depois, ou seja, era melhor nem ter aparecido.
Tokyo Tribe tem outro problema, mas não é culpa do filme. É que tem MUITA legenda, e, pelo formato do festival, as legendas ficam fora do filme, embaixo da tela. Fica difícil acompanhar o rap em japonês…
Enfim, não é pra qualquer um. Mas quem curte algo “fora da caixa” vai se divertir!