Guerra Sem Regras / The Ministry of Ungentlemanly Warfare

Crítica – Guerra Sem Regras / The Ministry of Ungentlemanly Warfare

Sinopse (imdb): O exército britânico recruta um pequeno grupo de soldados altamente qualificados para atacar as forças nazistas atrás das linhas inimigas durante a Segunda Guerra Mundial.

Pensa num cara que tem trabalhado muito. De 2019 pra cá, Guy Ritchie dirigiu Aladdin, Magnatas do Crime, Infiltrado, Esquema de Risco, O Pacto, os dois primeiros episódios da série Magnatas do Crime, e já tem filme novo dele este ano, este Guerra Sem Regras (The Ministry of Ungentlemanly Warfare, no original).

Heu gosto muito do Guy Ritchie, mesmo sabendo que ele desde o início da carreira parecia ser um “sub Tarantino” – Jogos Trapaças e Dois Canos Fumegantes e Snatch são dois filmes excelentes, mas que trazem muitas semelhanças com a “cartilha tarantinesca”. E parece que agora Ritchie quis fazer o seu Bastardos Inglórios.

Vejam bem, heu aceito filmes que de certa maneira copiam outros. Mas, o filme precisa ser bom. E, infelizmente, Guerra Sem Regras tem seus problemas.

Guerra Sem Regras começa bem. Diria que até a metade o filme é bom. A cena inicial, onde somos apresentados ao grupo dos “bastardos inglórios da segunda divisão”, é muito boa. Conhecemos um grupo de “matadores de nazistas” que realmente existiu na vida real – se as coisas aconteceram como no filme, aí já é outra história, mas essas pessoas realmente existiram. O grupo precisa sabotar um grande navio nazista, numa missão tão secreta que nem a marinha britânica podia saber.

A trama se divide em dois grupos – temos os homens num barco, indo até a costa da África, enquanto uma mulher, em terra, precisa seduzir um oficial nazista. E é com essa personagem que está o pior problema de Guerra Sem Regras. Porque todos vão se lembrar de uma cena icônica em Bastardos Inglórios, onde um infiltrado entre os nazistas é descoberto por um detalhe. Aqui acontece EXATAMENTE a mesma coisa. Caramba, “copia, mas não faz igual!”

Depois disso passei a ter menos tolerância com alguns pequenos problemas que heu relevaria se o filme estivesse fluindo bem, como uma inexplicável troca de roupa da personagem da Eiza Gonzalez no meio da festa. Ou, ainda pior: cortam a energia elétrica do local, mas deixam a festa dos oficiais iluminada por lamparinas pra eles não repararem que a base está sem luz. Mas, a Eiza está cantando no microfone! Como aquele microfone está ligado se não tem energia elétrica??? E, pra piorar, a cena final é confusa, a gente vê muitos tiros e explosões, mas é difícil de entender tudo o que está acontecendo.

Sobre o elenco, Henry Cavill está bem, e preciso reconhecer que gostei do Alan Ritchson, que tinha se mostrado um ator péssimo na série Reacher. Por outro lado não gostei da Eiza González, mas não sei se o problema está na atriz ou na personagem. Ah, preciso citar: Til Schweiger é o oficial nazista. Sim, ele mesmo, que estava em Bastardos Inglórios.

Pena, porque o filme começou bem, a reconstituição de época é muito boa, e temos algumas cenas de ação muito bem coreografadas e bem filmadas. Faltou pouco pra ser um “Bastardos lado B”.

Por fim, uma curiosidade: Ian Fleming, um dos oficiais britânicos, é o criador do James Bond. Rumores dizem que ele criou o seu famoso personagem inspirado em Gus March-Phillips, protagonista aqui (personagem do Henry Cavill).

Guerra Sem Regras será lançado em breve no Prime Vídeo…

Guerra Civil

Crítica – Guerra Civil

Sinopse (imdb): Em um futuro distópico, um grupo de jornalistas percorre os Estados Unidos durante um intenso conflito que envolve toda a nação.

Bora pra mais um dos filmes que estavam na minha lista de expectativas pra 2024, o grande blockbuster da A24!

Guerra Civil (Civil War, no original) é o novo filme de Alex Garland, que até agora só tinha feito filmes “menores” e mais “herméticos”: Ex Machina, Aniquilação e Men (como roteirista, Garland tem filmes mais pop, como Extermínio, Sunshine e Dredd). Guerra Civil tem os seus momentos contemplativos, mas é um filme bem mais acessível que seus três anteriores. E, na minha humilde opinião é, de longe, seu melhor filme.

Guerra Civil é cinemão. Fotografia caprichada, mostrando um país destruído, em planos abertos, com boas atuações e um perfeito uso do som.

Guerra Civil começa com os EUA devastados por uma guerra, mas não existe uma explicação sobre os detalhes dessa guerra. Algumas cenas são colocadas aqui e ali pra situar o espectador, mas sem muitos detalhes (como a cena no posto de gasolina, quando ela oferece 300 dólares por meio tanque, e o cara só aceita porque são dólares canadenses, é assim que a gente descobre que o dólar americano não vale mais nada). Mas tem um diálogo no filme que explica a postura dos personagens: eles são jornalistas, são fotógrafos de guerra, a sua função é ficarem isolados sem tomar partido.

Talvez parte do público se sinta incomodada com isso. A gente vive num mundo cada dia mais polarizado, e inclusive rolam rumores sobre uma possível guerra civil real nos EUA. Mas aqui a gente não sabe detalhes, no filme não existe uma posição entre Esquerda e Direita. Somos os fotógrafos de guerra, estamos aqui só pra registrar a história.

Se a temática pode dividir o público, a parte técnica não tem o que se discutir. O filme tem vários planos abertos mostrando cidades parcialmente destruídas pela guerra. Claro que boa parte deve ser cgi, mas não dá pra saber o que é cgi e o que estava lá durante as filmagens. Além disso, o filme traz algumas cenas plasticamente muito bonitas, como por exemplo quando passam por árvores pegando fogo e vemos pequenas brasas flutuando no ar.

Adorei a edição de som. Em algumas sequências com muitos tiros e explosões, não ouvimos nada, só a música da trilha sonora. Também temos momentos de silêncio em pontos estratégicos da narrativa. E a sequência final é sensacional. Os protagonistas são fotógrafos de guerra, acompanhando soldados. Toda a sequência é entrecortada por registros fotográficos, “ao vivo”, e isso ajuda a manter a tensão.

Tem um detalhe que me incomodou um pouco, mas não é uma falha do filme. A personagem da Cailee Spaeny usa uma câmera com filme, daqueles que a gente precisa revelar. Heu até entenderia se fosse uma fotografia artística, entenderia a opção da personagem de usar filme. Mas se ela quer ser uma fotógrafa jornalística, é esquisito ter que ficar carregando rolos de filme e tendo que revelar tudo. Mas isso não é uma falha, é uma característica da personagem, ela gosta de fazer assim e explica isso no filme.

O elenco está muito bem. O filme foca mais no quarteto Kirsten Dunst, Wagner Moura, Cailee Spaeny (Priscilla) e Stephen McKinley Henderson (Beau Tem Medo) – lembro do Wagner Moura em Elysium, lá ele parecia “um brasileiro em Hollywood”; aqui ele já está “local”. Jesse Plemons só aparece em uma cena, uma cena bem tensa (que está parcialmente no trailer). Nick Offerman abre o filme, como o presidente dos EUA, mas também aparece pouco.

Filmão. Deve voltar aqui na lista de melhores de 2024.

Zona de Risco

Crítica – Zona de Risco

Sinopse (imdb): Um piloto de drone e um jovem oficial das Forças Aéreas são as únicas esperanças de uma força-tarefa presa em uma emboscada nas Filipinas. Eles têm 48 horas para resgatar os soldados antes que a missão vire um verdadeiro desastre.

Novo filme dirigido por William Eubank (Ameaça Profunda), Zona de Risco (Land of Bad, no original) lembra o formato de filmes como Rambo e Comando Para Matar, onde um militar fica isolado depois das linhas inimigas, mas, com duas atualizações: uma tecnológica, outra sobre a temática do filme.

A tecnologia mudou a guerra, hoje drones são usados. Temos dois personagens principais: Russell Crowe fica na base, operando o drone, enquanto Liam Hemsworth é o cara em terra que acompanha o drone. Zona de Risco tem mais personagens, mas basicamente tudo acontece em torno desses dois.

Sobre a temática: hoje em dia não existe mais espaço para filmes de “one man army”, como os citados Rambo e Comando Para Matar, onde um único homem, sozinho, quase com super poderes, enfrenta dezenas ou centenas de adversários. Um filme desses seria piada hoje em dia. Então a trama precisa se adaptar, e infelizmente temos que reconhecer que esse formato funcionava melhor décadas atrás, quando a gente aceitava o conceito de “one man army”.

Zona de Risco ainda tem um problema: na parte final, quando o personagem do Russell Crowe é afastado do posto onde estava operando o drone e vai ao supermercado. Sim, supermercado. Nada contra mostrar um cara no supermercado, mas a cena é longa demais, e a gente meio que já sabe qual vai ser o final, então essa sequência fica arrastada.

(Ainda tem umas coisas meio mal escritas no roteiro, como um jogo de basquete que dura 18 horas, ou uma personagem secundária que é mandada pra casa mas está lá na cena final.)

Uma curiosidade no elenco. Liam Hemsworth, irmão do “Thor” Chris Hemsworth, faz um dos papéis principais; Luke Hemsworth, o terceiro irmão, também tem um papel, ele é o cara que oferece algo pro Liam comer no helicóptero logo no início do filme. Milo Ventimiglia, de Heroes e This is Us, também tem um papel importante.

Pelo menos tecnicamente o filme é bom. E os dois protagonistas têm carisma o suficiente pra carregar o filme.

Missão de Sobrevivência

Crítica – Missão de Sobrevivência

Sinopse (imdb): Um agente secreto da CIA e seu tradutor fogem das forças especiais no Afeganistão após um vazamento expor perigosamente sua missão secreta e revelar sua identidade.

(A sinopse lembra o recente The Covenant, do Guy Ritchie, mas são filmes bem diferentes)

Alguns atores ficam estigmatizados com um tipo de papel. Comentei isso sobre os filmes do Liam Neeson, e podemos ver o mesmo com o Gerard Butler: de um tempo pra cá, ele tem feito vários filmes onde ele é um cara eficiente e o único capaz de resolver um grande problema. Foi assim no recente Alerta Máximo, e é assim neste Missão de Sobrevivência (Kandahar, no original).

Dirigido por Ric Roman Waugh (que já trabalhou com Butler outras duas vezes, em Invasão ao Serviço Secreto e Destruição Final O Último Refúgio), Missão de Sobrevivência não é um grande filme, daqueles que entram em listas de melhores do ano, mas é uma diversão honesta. O filme traz alguns detalhes que somaram alguns pontos no resultado final.

Em primeiro lugar, o filme é bastante eficiente dentro do que ele propõe. O protagonista está numa missão, tudo dá errado e ele precisa fugir. Vários grupos diferentes querem capturá-lo. Essa fuga gera algumas bem filmadas cenas de perseguição. E gostei do conceito de não ter um único antagonista.

Ainda nas cenas de perseguição, tem uma sequência que achei “inventiva”. Eles precisam atravessar o deserto de noite, e se acenderem os faróis do carro, vão ser vistos. Então o protagonista usa um óculos de visão noturna, e toda a sequência é filmada usando este artifício. O visual ficou diferente do óbvio.

Heu queria fazer outro elogio, mas é parcial. Quase perto do fim rola um diálogo onde um personagem critica a postura dos EUA nessa guerra. Uma coisa que sempre me incomodou em filmes hollywoodianos é essa mania de transformar soldados americanos em heróis, e a gente sabe que nem sempre são heróis. Gostei quando o filme tomou esse rumo. Mas… no fim do filme parece que se esqueceram disso e o tema “heroísmo” volta com força, a ponto de ter um personagem que entra pra morrer pouco depois – de forma heroica. É, o elogio durou pouco.

Dito isso, a gente precisa reconhecer que o filme é bem previsível, e usa todos os clichês possíveis. O diretor tem boa mão pras sequências de ação, mas no final tudo fica com cara de genérico.

Tem um outro detalhe que me incomodou um pouco. Dentre os antagonistas, o filme foca mais em um deles. Mas não desenvolve o suficiente. Queria ver mais daquele personagem. Por que o roteiro investe tempo em mostrar um personagem mas não o desenvolve da maneira correta?

Sobre o elenco, este é um “filme do Gerard Butler”. Tem mais gente, mas ninguém se importa. O que interessa é que o Gerard Butler é o cara certo pra esse tipo de filme e esse tipo de papel, e ele entrega tudo que é esperado.

No fim, fica um bom filme. Genérico sim, mas bem filmado e bem conduzido.

Sangue e Ouro

Crítica – Sangue e Ouro

Sinopse (imdb): No fim da Segunda Guerra Mundial, um desertor alemão e uma jovem se envolvem em uma batalha sangrenta com um grupo de nazistas em busca de ouro escondido.

Lembro que no meio dos anos 90, depois do sucesso de Cães de Aluguel e Pulp Fiction, surgiram vários filmes com o “estilo Tarantino”: violência, personagens marginais, diálogos cool, trilha sonora moderninha, edição não convencional e às vezes fora da ordem cronológica, e, de vez em quando, atores cultuados mas com a carreira em baixa. Cheguei a fazer um top 10, onde citei filmes como Get Shorty O Nome do Jogo, Smokin’ Aces, Xeque Mate e Coisas Para Fazer em Denver Quando se Está Morto.

Este novo Sangue e Ouro (Blood & Gold, no original) podia estar numa lista daquelas. Porque deu a impressão de que o diretor Peter Thorwarth (Céu Vermelho-Sangue) quis fazer um novo Bastardos Inglórios.

Na Alemanha, no fim da Segunda Guerra Mundial, um soldado desertor é perseguido pela SS. Ele acaba se unindo a uma fazendeira que cuida do irmão. Os soldados estão atrás do desertor e também de barras de ouro escondidas em algum lugar da cidade.

A história é simples, basicamente isso aí. Uma coisa boa é que além dos alemães “do bem” e dos alemães “do mal”, tem alguns que estão no meio do caminho, e isso pode direcionar a história pra rumos fora do óbvio. Às vezes o filme tem cara de faroeste, e isso é reforçado pela trilha sonora com cara de Ennio Morricone. E nem todas as mortes acontecem de maneira previsível. Ah, é uma boa avisar: o filme tem algumas cenas bem violentas.

No elenco, heu não conhecia ninguém. O protagonista Robert Maaser tem um bom porte físico (ele me lembrou Tom Hopper, de Umbrella Academy), o cara pode fazer filmes de ação em Hollywood. Seu par, Marie Hacke, funciona pro que o filme pede. E são dois vilões. Um deles é forçado, caricato demais. Gostei do outro, o oficial com o rosto deformado, também caricato, mas dentro de um limite razoável.

No fim, fica uma sensação de diversão efêmera. Sangue e Ouro é correto, mas esquecível.

Guy Ritchie’s The Covenant

Crítica – Guy Ritchie’s The Covenant

Sinopse (imdb): Siga o Sargento do Exército dos EUA John Kinley e o intérprete afegão Ahmed em ação

Quando surgiu este novo filme do Guy Ritchie, heu tive a impressão de que ele estava fazendo mais de um filme por ano, porque 4 meses atrás, em janeiro, foi lançado Esquema de Risco – Operação Fortune. Fui checar no imdb, na verdade ele tem trabalhado muito, mas não é mais de um filme por ano. De 2019 pra cá, em 5 anos, ele dirigiu 5 filmes: Aladdin, Magnatas do Crime, Infiltrado, Esquema de Risco e agora este The Covenant.

(Na verdade, a pandemia atrasou o lançamento de Magnatas do Crime, que acabou saindo perto de O Infiltrado, ambos no meio da pandemia. Por isso me confundi.)

Guy Ritchie tem um estilo onde repete algumas características em vários dos seus filmes, como personagens marginais, edição com cortes rápidos e frequentemente usar pitadas de humor (apesar de Infiltrado não ter nada de humor). Mas, desta vez, em The Covenant, o filme não tem “cara de Guy Ritchie”. É um filme de guerra, que se não tivesse o nome dele nos créditos, heu não iria identificar o traço do diretor apenas assistindo ao filme.

Antes de entrar no filme, preciso falar que não curto muito a postura dos personagens em filmes com esse tema. Heu não concordo de jeito nenhum com o Talibã, mas heu também não concordo com um país que se auto intitula a “polícia do mundo” e invade outros países para supostamente colocar ordem. Então, pra mim, é complicado me identificar com um protagonista que está invadindo outro país se achando o dono a verdade, principalmente porque a gente sabe que muitas vezes existem outros objetivos por trás dessa fachada. Mas, como já comentei em outras ocasiões, este site fala de cinema e não de política, então vamos analisar o filme em si.

Segundo filme, depois do atentado de 11/09, em 2001, americanos invadiram o Afeganistão para tentar combater o Talibã. Para isso eles precisavam de intérpretes. Então eles contratavam pessoas locais com a promessa de dar vistos de imigração para que eles pudessem se mudar para os EUA depois. E esse intérprete fica numa situação bem delicada, porque, por um lado, os americanos não sabem se podem confiar nele; por outro lado, o Talibã o considera um traidor, e pode atacá-lo ou atacar sua família.

Heu não vou entrar em detalhes sobre o que acontece ao longo do filme por motivos de spoiler, mas heu diria que o principal foco é a relação entre os dois personagens principais: o oficial americano e o seu intérprete afegão. O personagem que seria o coadjuvante, o intérprete Ahmed, é um personagem excelente, e eles travam alguns diálogos ótimos, como por exemplo quando Ahmed dá uma opinião, e o americano diz “você não está aqui para dar opiniões, e sim para traduzir”, e o outro responde “na verdade estou aqui para interpretar”.

Aproveito pra falar do elenco. Jake Gyllenhaal está bem como sempre, mas, melhor do que ele, é Dar Salim e seu Ahmed. Salim fez um papel em Game of Thrones, mas nem me lembro dele na série. É um dos trunfos de The Covenant.

Ainda queria comentar outros 3 nomes do elenco. Johnny Lee Miller era um cara que, nos anos 90, heu achava que seria um grande nome, depois de filmes como Hackers e Trainspotting. Mas heu errei, hoje ele é tão segundo escalão que só reconheci porque li o nome nos créditos, heu não reconheceria só pelo filme. Outro é Alexander Ludwig, um dos principais da série Vikings. Por fim, na segunda metade do filme aparece o Antony Starr, também conhecido como Homelander ou Capitão Pátria de The Boys. Aqui ele está de barba, mas continua com o mesmo olhar e voz do seu personagem mais famoso.

The Covenant não tem cara de Guy Ritchie, mas a gente precisa reconhecer que tecnicamente é um filme muito bom. O filme é claramente dividido em duas partes, fecha a primeira história e depois começa uma nova, e em ambas histórias temos alguns momentos muito tensos. É bom ter um diretor experiente que sabe manipular a tensão apresentada ao espectador.

Se você for perguntar a minha opinião pessoal, heu ainda prefiro ver Guy Ritchie fazendo filme “com cara de Guy Ritchie”. Mas mesmo assim The Covenant é bem melhor que seu último filme “com cara de Guy Ritchie”, Esquema de Risco. Mais um bom filme de guerra a ser lançado. Pena que não tenho notícias de quando deve chegar ao circuito ou a os streamings.

Nada de Novo no Front

Crítica – Nada de Novo no Front

Sinopse (imdb): As terríveis experiências e angústias de um jovem soldado alemão na frente ocidental durante a Primeira Guerra Mundial

O grande vencedor do Oscar 2023 foi Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, com sete prêmios, incluindo melhor filme, diretor e roteiro. Mas, com quatro estatuetas, o alemão Nada de Novo no Front não deve ter saído triste da cerimônia.

O Oscar de melhor filme internacional já era algo previsível, afinal, Nada de Novo no Front também estava concorrendo à estatueta principal, ou seja, para a Academia, já era melhor que os outros quatro postulantes ao prêmio. Mas Nada de Novo no Front acabou levando também os Oscars de melhor trilha sonora, melhor fotografia e melhor design de produção – e ainda estava indicado em outras cinco categorias: filme, roteiro adaptado, cabelo e maquiagem, som e efeitos especiais

Esta é a terceira adaptação do livro homônimo escrito em 1929 por Erich Maria Remarque. Existe um filme feito em 1930 (poucos anos depois do fim da guerra), que ganhou aqui o nome Sem Novidade no Front; e um outro feito para a TV em 1979, que ganhou aqui o nome Adeus À Inocência – o primeiro é considerado um grande clássico, o segundo é dispensável. Não vi nenhum dos dois, não posso comparar.

A gente já teve muitos bons filmes de guerra. Mas uma coisa que diferencia Nada de Novo no Front da maioria é o ponto de vista heroico do vencedor (como em O Resgate do Soldado Ryan, Dunkirk, Até o Último Homem, 1917). Aqui não tem nada de heroísmo, e temos o ponto de vista do derrotado.

Logo no início do filme vemos os personagens empolgados com a ideia de “vamos lutar pelo nosso país”, mas logo eles caem na realidade das trincheiras imundas cheias de lama e ratos. Se o cara não morrer de tiro, vai morrer de alguma doença que vai pegar naquelas condições.

Depois de ver o filme, fui pesquisar e descobri que a Primeira Guerra Mundial foi a primeira vez que usaram armamentos como metralhadoras, granadas, lança chamas e tanques de guerra. Enquanto isso, os oficiais ficavam no luxo dos palácios, mandando diariamente milhares de soldados para a morte.

E não tem como não sentir raiva ao fim do filme, com a postura arrogante e inútil do oficial alemão.

Além de ser um filme que faz a gente pensar, Nada de Novo no Front também é tecnicamente muito bem feito. Não à toa, ganhou os Oscars de melhor fotografia e melhor design de produção. Nada de Novo no Front não levou o Oscar de maquiagem, mas chama a atenção nesta categoria. Como eles vivem na lama, temos vários estágios de sujeira nos rostos e nos corpos dos soldados. A trilha sonora com poucas notas também chama a atenção.

No elenco, o único nome que hei já conhecia é Daniel Brühl, que está eficiente como sempre. O protagonista Felix Kammerer, em seu primeiro e único filme até agora, está muito bem.

Agora deu vontade de ver o filme de 1930…

1917

Crítica –  1917

Sinopse (imdb): 6 de abril de 1917. Enquanto um regimento se reúne para travar uma guerra nas profundezas do território inimigo, dois soldados são designados para correr contra o tempo e entregar uma mensagem que impedirá 1.600 homens de caminharem direto para uma armadilha mortal.

Ok, admito que tenho andado um pouco desligado quanto aos lançamentos. Aí de repente descubro que 1917, um filme que heu nunca tinha ouvido falar, ganhou Globo de Ouro de melhor filme e melhor diretor. Aí ouço no rádio que o filme é um único plano sequência.

Como assim??? Fizeram um filme de guerra em plano sequência e heu não sabia??? Pára o mundo, preciso ver isso!!!

Por sorte, pouco depois do Globo de Ouro, tive a oportunidade de ver. E tenho tranquilidade para afirmar: 1917 é o primeiro filme “obrigatório” do ano.

Dirigido por Sam Mendes (007 Contra Spectre), 1917 traz uma boa história, num bom ritmo e uma bela fotografia, e com uma perfeita reconstituição de época. Ah, e como falei antes: tudo isso num único plano sequência.

Vamulá. A gente sabe que houve cortes, que foram emendados digitalmente. Mas, pra mim, isso não tira o mérito. O filme foi concebido para ser uma única cena (na verdade duas, tem um momento no filme onde dava pra “desligar a câmera”). Cada detalhe de cenário, de figurino, de maquiagem, de entrada e saída de personagens, tudo tem que obedecer aquele conceito inicial de continuidade proposto.

Algumas cenas dão nó na cabeça – tipo, quando tem um corte, você coloca a câmera numa grua, depois na mão do cameraman, e por aí vai. Mas, sem um corte aparente? Saí do cinema com vontade de catar um making off.

No elenco principal, dois menos conhecidos, Dean-Charles Chapman e George MacKay (este estava em Capitão Fantástico). Colin Firth, Mark Strong, Benedict Cumberbatch e Richard Madden fazem papéis menores.

Filmaço. Para ser visto e revisto.

Midway – Batalha em Alto-Mar

Crítica – Midway – Batalha em Alto-Mar

Sinopse (imdb): A história da Batalha de Midway, contada pelos líderes e pelos marinheiros que lutaram ela.

Não costumo ler muito sobre filmes que vou ver. Mas sempre checo quem é o diretor. Claro que sabia que estava indo ver um filme do Roland Emmerich.

Com uma breve análise na carreira de Emmerich (Independence Day, O Dia Depois de Amanhã, 2012) a gente vê que ele gosta de grandiosidade. Midway – Batalha em Alto-Mar (Midway, no original) é coerente com sua filmografia. Tem um tom exageradamente épico, meio forçado até – alguns personagens parecem heróis imaculados.

Pelo menos precisamos admitir que as batalhas (cheias de cgi) são muito bem filmadas. Neste aspecto, o fã de filmes de guerra não vai se decepcionar.

O elenco é bom – Ed Skrein, Patrick Wilson, Woody Harrelson, Luke Evans , Mandy Moore, Dennis Quaid. A narrativa do filme não tem espaço pra um único protagonista, a trama funciona bem entre os núcleos.

No fim, nada de mais. Mas tem o seu público.

Operação Overlord

Crítica – Operação Overlord

Sinopse (catálogo do Festival do Rio): Com apenas algumas horas até o Dia D, uma equipe de paraquedistas americanos invadiu a França ocupada pelos nazistas para realizar uma missão crucial. Com a tarefa de destruir um transmissor de rádio no alto de uma igreja fortificada, os soldados desesperados juntam forças com um jovem aldeão francês para penetrar nas muralhas e derrubar a torre. Mas, em um misterioso laboratório nazista sob a igreja, alguns soldados estão frente a frente com inimigos nunca antes vistos.

Dirigido pelo pouco conhecido Julius Avery, Operação Overlord (Overlord, no original) é uma interessante mistura entre filme de guerra e de terror. Se o diretor é desconhecido, o filme tem um produtor badalado: JJ Abrams – o que criou um boato de que este seria parte do universo Cloverfield (felizmente, boato infundado, o último, Cloverfield Paradox, é tão fraquinho…). Foi curioso ver um videozinho curto com a dupla apresentando o filme antes da sessão, eles pareciam estar meio desconfortáveis…

Operação Overlord não perde tempo com introduções – estamos num avião, no dia D, indo para a Normandia. O filme sabe muito bem construir essa tensão, essa primeira parte é um bom filme de guerra. As cenas iniciais são são estilo Resgate do Soldado Ryan, vemos uma enorme quantidade de navios e aviões no meio da batalha.

Foi uma boa sacada relacionar a “parte terror” às experiências genéticas praticadas por cientistas nazistas. Todos sabemos que essas experiências realmente aconteceram, então, não a mudança de estilo não foi gratuita.

O roteiro dá algumas escorregadas (tipo nenhum nazista ouvir tiros no sótão da asa), mas nada muito grave. Operação Overlord tem boas cenas de ação e alguns bons efeitos de maquiagem (gostei do vilãozão). No elenco, ninguém conhecido, mas ninguém compromete: Jovan Adepo, Wyatt Russell, Mathilde Ollivier, Pilou Asbæk e John Magaro.

Operação Overlord não é um “novo clássico”, mas vai divertir quem estiver na pilha. E em breve entra em circuito.

p.s.: Devem ter gostado do diretor Julius Avery, ele já foi anunciado como o diretor da refilmagem de Flash Gordon, o clássico incompreendido da ficção científica oitentista.