A Princesa

Crítica – A Princesa

Sinopse (imdb): Quando uma princesa obstinada se recusa a se casar com um cruel sociopata, ela é sequestrada e trancada em uma torre remota do castelo. Com seu pretendente tentando tomar o trono de seu pai, a princesa deve salvar o reino.

Quem me acompanha sabe que heu curto filmes de ação girl power. Quando li que este filme seria uma mistura de Rapunzel com The Raid, claro que chamou a minha atenção.

A direção é do vietnamita Le-Van Kiet, diretor da maior bilheteria da história do Vietnã. Não conhecia o cara, vou catar outros títulos dele.

A história é simples. Um rei sem um herdeiro homem tem um pretendente à sua filha e por consequência ao reino. Só que a filha não quer e quando o pretendente parte para a violência, a princesa reage. E aí temos um desfile de boas cenas de ação.

As cenas de luta são criativas, temos diversas coreografias, com várias armas diferentes. Às vezes fica um pouco forçado, mas qual filme de ação neste estilo não tem cenas forçadas? E a trama é entrecortada por flashbacks que mostram o treinamento da princesa – ou seja, tem uma justificativa pra ela lutar bem.

Além da criatividade nas coreografias de luta, também gostei de como foram filmadas, em planos abertos e com poucos cortes. Nem sabia que a protagonista Joey King sabia lutar – segundo o imdb, ela fez de 85 a 90% das cenas de luta!

Aproveito pra falar do elenco. Me surpreendi positivamente com Joey King, ela é famosa pelos filmes Barraca do Beijo, mas não vi nenhum deles (e me desindicaram, então nem pretendo ver). Lembro dela no fraco Slenderman, e sei que ela, adolescente, estava no primeiro Invocação do Mal. Seu trabalho aqui é muito mais memorável, agora sim temos um filme para nos lembrarmos dela. Os outros dois nomes “grandes” do elenco são Olga Kurylenko e Dominic Cooper, ambos em papeis caricatos, mas que servem para o propósito.

De negativo, a gente precisa reconhecer que o filme inteiro é basicamente uma colagem de sequências de luta. Ok, as lutas são diferentes, mas, não tem muita coisa além disso. Quem estiver atrás de algo com mais substância é melhor procurar outro título.

A Princesa tem previsão de chegar dia 22 de julho ao streaming Star+, da Disney

Titanic 666

Crítica – Titanic 666

Sinopse (imdb): Forças sombrias das profundezas sobem à superfície, aterrorizando todos a bordo do Titanic III e ameaçando repetir um dos maiores desastres da história.

Acompanho alguns sites pra saber o que está sendo lançado. Tinha visto esse Titanic 666, pareceu ser um filme ruim e dispensável. Mas aí vi que alguns canais que acompanho, tipo Super Oito do Otávio Ugá e Rafa Camargo Refiews, fizeram vídeos sobre o filme, colocando-o como um dos piores do ano. Ok, agora passou a ser um filme ruim e necessário!

Titanic 666 é uma produção da Asylum. Falei sobre essa produtora quando falei de Jungle Run: eles pegam sucessos de outros estúdios e fazem cópias baratas pra tentar enganar o espectador desavisado. São filmes ruins, claro, mas o que mais me incomoda aqui é que são produções preguiçosas. Zero compromisso com qualidade, parece que filmam qualquer coisa e tá bom.

Me lembrei do filme Ed Wood. Segundo Tim Burton, Ed Wood só filmava um take. Deu certo ou deu errado, tá bom e a gente usa assim mesmo. Parece que isso acontece aqui. Não sei se isso é culpa da produção ou da direção, mas várias cenas são capengas, são diálogos que não têm fluência, são cenas onde tem mais de um personagem e parece que alguém está distraído, várias vezes parece que pegaram um take qualquer, enquanto seria mais sensato refazer o take.

Além do roteiro mal feito, Titanic 666 tem atores ruins e mal dirigidos. Vou dividir o comentário em três partes. Primeiro, parece que não há direção de atores, apenas disseram: “fique ali e leia as frases do texto”. De um modo geral, todos estão bem mal.

Em segundo lugar, um problema que heu entendo. O nome de maior star power do elenco é Analynne McCord, que é a protagonista da primeira metade do filme. Aí ela morre e sai do filme. Mas, num caso desses, entendo. O orçamento do filme não tem grana pra pagar um cache inteiro, paga meio cachê e usa ela em meio filme. Já fiz curtas de baixo orçamento (ou até zero orçamento), sei me adaptar ao que temos em mãos, então entendo essa escolha de ter uma protagonista que some no meio do filme.

Por fim, preciso falar que senti pena de Jamie Bamber. Pra quem não se lembra, ele é o Apolo, um dos principais nomes do elenco de Battlestar Galactica, a melhor série de todos os tempos. Ok, a gente entende que dentro de BSG ele não era um dos melhores personagens, mas é porque BSG tinha muitos personagens bons, como Starbuck, Adama, Gaius Baltar e Caprica 6. Mas, caramba, ele era um dos dois principais pilotos da série! Acho que seria mais digno pra ele ganhar a vida vendendo pôster autografado em convenções de sci fi do que fazer um filme desses!

Ainda preciso falar dos efeitos especiais. Olha não costumo me incomodar com efeitos mal feitos. Mas os efeitos daqui são os mais toscos que vi em muito tempo!

Dito isso, preciso dizer que achei que o navio em si nem é tão ruim. As cenas internas foram filmadas em um cenário que realmente parece ser um navio de verdade. E as externas, onde o navio deve ser cgi, não parecem ser tão fake. A preguiça presente em toda a produção parece que não atingiu o navio.

Pena. Se o resto do filme tivesse o cuidado que tiveram ao mostrar o navio, Titanic 666 ia ser só um filme ruim. Do jeito que ficou, é bem pior do que apenas ruim.

 

Elvis

Elvis

Sinopse (imdb): Elvis segue a história do infame astro do rock n roll Elvis Presley, visto pelos olhos de seu controverso empresário, o coronel Tom Parker. O filme explora os altos e baixos de Elvis Presley e os muitos desafios e controvérsias que ele recebeu ao longo de sua carreira.

Vamos para uma daquelas críticas muito rápidas? “Cinebiografia do Elvis Presley dirigida por Baz Luhrmann”. Isso já é o suficiente pra gente saber o que esperar. Mas, bora desenvolver.

Baz Luhrmann é um cara extravagante, a gente já sabe disso desde Romeu + Julieta e Moulin Rouge. Isso já fica claro antes do filme começar, quando aparece o logo da Warner todo enfeitado – parecendo que saiu do Moulin Rouge.

Apesar disso, o roteiro segue um formato bem tradicional de cinebiografias. A história é contada pelo Coronel Tom Parker, que foi o empresário do Elvis em toda a sua carreira (e que é um nome envolto em várias controvérsias). E o filme começa com o Coronel vendo o Elvis pela primeira vez, e segue acompanhando o desenvolvimento de sua carreira até o seu falecimento.

O filme é um pouco longo demais, são 2h39min, acho que podia ser menor. E Baz Luhrmann declarou que queria mais, ele disse que tem um corte de 4 horas! Ok, reconheço que a transição para a fase Las Vegas foi meio abrupta, e a gente mal vê o Elvis gordão. Mesmo assim, não acho que precise de 4 horas, o que precisava era reduzir esse.

O que me chamou a atenção foram os arranjos das músicas. Mais uma vez, Baz Luhrmann tem arranjos musicais inventivos e fora da caixinha. As músicas começam com arranjos tradicionais, e elementos diferentes são inseridos, uma bateria eletrônica aqui, uma guitarra pesada ali. E os arranjos soam orgânicos, tudo parece natural aos ouvidos.

O visual do filme também é bem legal, Baz Luhrmann manja dos paranauês quando o assunto é visual rebuscado. Algumas coisas são exageradas (incluindo algumas atuações), mas isso faz parte do pacote.

Existia uma dúvida com relação ao protagonista Austin Butler. Ouvi gente comentando que seria melhor um cara mais parecido com o Elvis (confesso que em algumas cenas ele me lembrava o John Travolta em Grease). Mas o garoto é bom, tem presença, tem carisma, e ainda canta algumas músicas. Austin Butler é um dos grandes acertos do filme!

Outro ponto que chama atenção é Tom Hanks, que está muito bem como o Coronel Tom Parker. Não será surpresa vê-lo concorrendo ao Oscar ano que vem. Também no elenco, Olivia DeJonge, Kodi Smit-McPhee, Helen Thomson, Richard Roxburgh e Kelvin Harrison Jr, mas todos em papéis bem secundários.

BB King tem um papel importante, e vemos Little Richard em uma cena. Heu queria ter visto mais da galera da época, Jerry Lee Lewis, Chuck Berry, talvez os Beatles (que são citados mas não aparecem). Mas admito que é um head canon meu, não é um problema do filme.

Não gostei do fim. Ok, a gente sabe que Elvis morreu, é meio inevitável ter esse baque ao fim. Mas o filme podia terminar com um número musical mais pra cima. Do jeito que terminou, o espectador vai sair deprimido da sala de cinema.

Mesmo assim, é um filmão. Boa opção para quem gosta de filmes ligados à música!

Thor: Amor e Trovão

Crítica – Thor: Amor e Trovão

Sinopse (imdb): A aposentadoria de Thor é interrompida por um assassino galáctico conhecido como Gorr, o Carniceiro dos Deuses, que busca a extinção dos deuses. Para combater a ameaça, Thor pede a ajuda da Valquíria, do Korg e da sua ex-namorada Jane Foster, que – para surpresa de Thor – inexplicavelmente empunha seu martelo mágico, Mjolnir, como Poderoso Thor. Juntos, eles embarcam em uma angustiante aventura cósmica para descobrir o mistério da vingança do Carniceiro dos Deuses e detê-lo antes que seja tarde demais.

E a Marvel continua desenvolvendo o seu cada vez mais complexo universo cinematográfico. A boa notícia aqui é que, se Doutor Fantástico precisava de pré requisitos (quem não viu a série Wandavision deve ter ficado um pouco perdido), este Thor: Amor e Trovão (Thor Love and Thunder, no original) funciona como filme solto – o que o espectador não lembra, aparece o Korg (interpretado pelo diretor Taika) contando.

A direção mais uma vez ficou nas mãos de Taika Waititi, o mesmo do anterior Thor Ragnarok. Taika tem uma pegada forte no humor, todos sabiam que este quarto filme do Thor seria mais uma comédia. Mas a comédia é intercalada por momentos sérios. A história tem algo de drama, temos alguns temas sérios, temos personagem de luto porque perdeu filho, temos personagem com câncer. Conversei com alguns críticos que não gostaram da mistura, mas, na minha humilde opinião, o filme tem um bom equilíbrio entre o drama e a comédia escrachada.

Falei humor escrachado, né? Assim como Ragnarok, Thor: Amor e Trovão é muito engraçado. Traz umas cenas hilárias com o Stormbreaker, o machado do Thor, com ciúmes do Mjolnir. E tem uns bodes que são o alívio cômico perfeito, e que protagonizam a melhor piada do ano no cinema até agora.

Uma coisa me intrigava, que era a Jane Foster como Thor. O roteiro explica o que aconteceu. Se é uma boa explicação, aí não sei. Achei forçada. Mas, pelo menos explica.

Sobre a trilha sonora, queria fazer uma crítica. A trilha sonora é do quase onipresente Michael Giacchino (só este ano, ele já esteve em Batman, Jurassic World e Lightyear), mas nenhum tema dele me chamou a atenção. O que chama a atenção são as músicas de hard rock usadas em algumas cenas impactantes. Todas são boas músicas, todas engrandecem a cena, mas… São QUATRO músicas do Guns’n’Roses! Ok, entendo usar o Guns, tem uma piada envolvendo um dos personagens, mas me pareceu um exagero. Taika não conhece outras bandas de rock? Rainbow in the Dark, do Dio, aparece só nos créditos…

O visual do filme é fantástico, como era de se esperar. Mas teve um detalhe que achei genial. Em um filme muito colorido, determinado momento o filme perde a cor. Fica quase tudo preto e branco, com exceção de alguns detalhes aqui e ali.

Temos um novo vilão, Gorr, o Carniceiro dos Deuses. É um bom vilão, com uma boa motivação, interpretado por um grande ator, Christian Bale (sim, o Batman). Mas, achei ele mal aproveitado, e não gostei do fim que deram a ele. Me pareceu uma oportunidade desperdiçada.

Já que falamos do Christian Bale, bora falar do elenco. Chris Hemsworth parece muito à vontade com o personagem, até perdi a conta de quantos filmes ele já fez como Thor. Temos a volta de Natalie Portman como Jane Foster e Tessa Thompson como Valquíria, mas ambas parecem estar no piloto automático – sorte que o filme não pede muito delas. O diretor Taika Waititi faz a voz do Korg, personagem que tem uma importância grande (afinal, é direção e roteiro dele, né?). Temos participação da galera dos Guardiões da Galáxia: Chris Pratt, Dave Bautista, Karen Gillan, Pom Klementieff e Sean Gunn, e as vozes de Vin Diesel e Bradley Cooper. Russel Crowe faz um Zeus engraçado. Matt Damon, Luke Hemsworth e Sam Neill estavam no Thor Ragnarok, como atores teatrais interpretando Loki, Thor e Odin. Aqui eles voltam, e também temos Melissa Macarthy como Hela. E Elsa Pataky, esposa do Chris Hemsworth, aparece muito rápido como a mulher loba.

Por fim, o tradicional da Marvel: duas cena pós créditos, uma com um gancho para uma provável continuação, outra com uma homenagem bonitinha.

Men

Crítica – Men

Sinopse (imdb): Uma jovem vai de férias sozinha para o interior da Inglaterra após a morte de seu ex-marido.

Uns dias atrás falei aqui de Crimes do Futuro, um filme esquisitão de terror, né? Poizé, este Men é ainda mais esquisito!

Produção da A24, Men é o novo filme de Alex Garland, que escreveu o livro A Praia, que depois foi adaptado por Danny Boyle, e que depois escreveu os roteiros de Extermínio e Sunshine (ambos dirigidos por Boyle), e que depois dirigiu os filmes Ex Machina (que gostei muito) e Aniquilação (que detestei muito).

E agora temos Men, que certamente vai dividir opiniões. Men não é um filme fácil, principalmente na parte final cheia de simbolismos. Dava pra fazer um vídeo com “final explicado”, mas não sei se entendi o suficiente para explicar… O fato é: o filme deixa lacunas em aberto para a interpretação de cada espectador.

Não tenho nada contra filmes que deixam coisas em aberto. É uma experiência diferente, você tem que sentir o filme e sentir o que o filme te passa. Mas o problema é que um filme assim anda numa linha muito tênue. Em alguns casos, funciona para mim, em outros casos não. Men não funcionou.

Mas, não chamaria o filme de “ruim”. Longe disso, tem muita coisa boa aí. O início do filme é bem legal, a ambientação naquela casa no meio do nada é muito boa, e tem uma cena fantástica em um túnel – tanto pela parte visual quanto pelo áudio (ela quase compõe parte da trilha sonora usando os ecos do túnel). Não à toa, o poster do filme foi tirado desta cena.

A narrativa flui bem, a trama é entrecortada com flashbacks explicando o que aconteceu com o marido da protagonista. Isso até mais ou menos dois terços do filme, depois a gente entra numa viagem de imagens e sons, e essa parte é que vai atrair uns e vai afastar outros.

Ah, é bom avisar: o filme tem uma boa dose de imagens fortes. Os efeitos especiais nessas cenas são muito bons!

Quero falar um pouco da minha interpretação, talvez seja spoiler, então vou colocar aqui um aviso.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

A protagonista Harper precisa encarar a culpa que seu falecido ex marido colocou na cabeça dela. Assim que ela chega na casa, ela come uma maçã, que simboliza o pecado que ela sente. Quase todos os personagens masculinos são interpretados pelo mesmo ator Rory Kinnear – e preciso admitir que só reparei isso na reta final do filme (sou um péssimo fisionomista). Pra mim, são diferentes versões do mesmo fantasma que Harper está enfrentando. Quando ela corta o braço dele, e depois quebra o pé dele atropelando, a gente vê que são os mesmos ferimentos de quando o marido caiu do prédio, confirmando que era sempre a mesma pessoa. E no fim, quando vemos vários homens “nascendo” com os mesmos problemas na mão e pé, a gente vê que não adianta ser uma nova pessoa porque continuam com as mesmas falhas.

FIM DOS SPOILERS

Sobre o elenco, o filme inteiro Fica em cima da protagonista Jessie Buckley e do multi homem Rory Kinnear. Ambos estão bem.

Men tem previsão de chegar no Brasil em setembro. Não sei se vai para os cinemas ou para o streaming. Outros filmes de terror da A24 tiveram boa performance nos cinemas, como A Bruxa ou Midsommar. Mas este acho que é um pouco mais hermético, não sei se vai agradar. Aguardemos!

Minions 2: A Origem de Gru

Crítica – Minions 2: A Origem de Gru

Sinopse (imdb): A história não contada do sonho de uma criança de doze anos de se tornar o maior supervilão do mundo.

Mais um filme da franquia Meu Malvado Favorito. O filme estava previsto para 2020, mas por causa da covid foi adiado várias vezes e, quando finalmente estreou, pelo menos para mim, preciso admitir que a expectativa era zero. É uma boa franquia, os filmes são divertidos, mas sei lá por que, não estava empolgado.

E isso foi bom, porque me diverti muito na sessão! O filme é muito engraçado, e tem umas piadas geniais.

Desde o primeiro filme da franquia, os minions são as coisas mais engraçadas e protagonistas das melhores piadas. Aqui acontece o mesmo. Mesmo quando estão ao fundo, fora da cena, são várias piadas boas, tipo quando um pega fogo e outro fica aquecendo as mãos. E, sem entrar em spoilers, mas tem uma cena envolvendo ovos que me fez gargalhar alto no cinema!

Apesar do nome, este novo filme é mais um prequel do que uma continuação do primeiro Minions, afinal o Gru criança é o protagonista. O nome deveria ser “Meu Malvado Favorito Zero – A Origem de Gru”.

A qualidade da imagem é impressionante, não deixa nada a dever para os gigantes Pixar ou Disney. Mas o que mais chama a atenção é a ambientação nos anos 70, tanto na parte visual como na excelente trilha sonora.

A sessão foi dublada, Leandro Hassum continua fazendo um bom trabalho como Gru. Mas quando li quem eram as vozes originais dos vilões secundários, deu vontade de rever legendado: Jean Claude Van Damme, Dolph Lundgren, Lucy Lawless e Danny Trejo! E ainda tem Alan Arkin e Michelle Yeoh, além da volta de Steve Carell, Julie Andrews e Russell Brand. Excelente elenco, que a gente não vai aproveitar aqui no Brasil. Bem, pelo menos a dublagem é boa.

Longe da pretensão de um filme da Pixar, Minions 2: A Origem de Gru é uma genuína diversão leve.

Crimes do Futuro

Crítica – Crimes do Futuro

Sinopse (imdb): Os humanos se adaptam a um ambiente sintético, com novas transformações e mutações. Com a ajuda de Caprice, Saul Tenser, artista performático, mostra publicamente a metamorfose de seus órgãos em atuações de vanguarda.

Sempre falo aqui que a gente tem que olhar o diretor do filme. Crimes do Futuro (Crimes of the Future, no original) é o novo filme de David Cronenberg. Bora falar um pouco sobre o diretor antes de entrar no filme.

Cronenberg sempre foi um cara ligado ao body horror. Lembro de uma matéria sobre ele numa revista Set ou Cinemin que o nome era “Cronenbleargh”. Ele ficou conhecido no fim dos anos 70 e início dos 80 com filmes como Shivers, Enraivecida na Fúria do Sexo, Scanners e Videodrome, e em 1986 lançou talvez seu filme mais famoso, A Mosca (pelo menos aqui no Brasil fez um grande sucesso). Além de imagens fortes e muito gore, Cronenberg também usava temas pesados, muitas vezes ligadas ao sexo, como em Crash Estranhos Prazeres, que trazia pessoas que se excitavam em acidentes de carro. Nos anos 2000, Cronenberg mudou um pouco o estilo e foi pro drama, com filmes como Marcas da Violência, Senhores do Crime, Um Método Perigoso e Mapas para as Estrelas. Heu prefiro os filmes anteriores, mas, ele agora estava tendo filmes elogiados pela crítica e concorrendo a Oscars (Marcas da Violência concorreu a melhor roteiro adaptado e ator coadjuvante; Senhores do Crime, a melhor ator), achei que era uma espécie de “amadurecimento”…

(Pelo imdb, vi que Cronenberg dirigiu um filme homônimo em 1970, Crimes of the Future, justamente o seu primeiro longa. Nunca tinha ouvido falar deste filme de 1970, li no imdb que apesar dos títulos iguais, a trama é diferente.)

Agora, oito anos depois de seu último longa, Cronenberg lança um novo filme, e de volta ao body horror. Crimes do Futuro tem bastante gore, traz uma certa semelhança com Crash pela perversão sexual, e algo de Exiztenz pela mistura de tecnologia com partes humanas.

O clima do filme é bem legal, a gente começa vendo um menino que come plástico e depois a gente descobre que é uma sociedade onde ninguém mais sente dor, e as cirurgias viram eventos artísticos. Com diz uma personagem, “cirurgias são o novo sexo”. E uma coisa legal é que Cronenberg não explica nada. O espectador que se vire pra entender.

Gostei bastante dessa premissa e de toda a ambientação, mas a história parece que não se desenvolve direito. Algumas subtramas não levam nada. E senti falta de um melhor desenvolvimento de alguns personagens, como a Timlin da Kristen Stewart, que parece que vai chegar em algum lugar mas some do nada. E até agora estou tentando entender qual era a função na trama do policial / detetive que aparece de vez em quando.

Pra piorar, o ritmo é bem lento. Ou seja, o filme tem menos de duas horas, falta coisa pra contar, e mesmo assim é cansativo.

Claro que tem gore. Vemos algumas cenas com corpos sendo cortados e órgãos à mostra. Mas, comparado com outros filmes do diretor, não foi tanta coisa assim.

Sobre as atuações, gostei do Viggo Mortensen e da Kristen Stewart e seus personagens esquisitões, mas eles estão tão esquisitos que acredito que muita gente não vai gostar. Léa Seydoux faz um papel mais dentro da normalidade.

Por fim, queria falar que não entendo este filme estar classificado como terror. Crimes do Futuro não é nada assustador, não tem um vilão / monstro / entidade, o único desconforto que o filme causa é pelo body horror. Será que foi a classificação certa? Fico mais entre ficção científica e drama.

Crimes do Futuro não vai agradar a todos. Arrisco dizer que vai agradar a poucos. Mas, como apreciador da obra do Cronenberg, posso dizer que gostei do resultado.

 

As 6 tosqueiras mais toscas de Obi Wan Kenobi

As 6 tosqueiras mais toscas de Obi Wan Kenobi

Não escondo de ninguém que sou fã de Guerra nas Estrelas. Pra mim, qualquer filme ou série ligado a Star Wars será bem vindo, e vou falar bem. Reconheço que passo pano.

Mas… Essa série do Obi Wan tem tanta coisa tosca… É uma boa série, me diverti, tem alguns momentos excelentes, mas, talvez, se dessem uma enxugada e transformassem num longa metragem, talvez o resultado fosse bem melhor (são 6 episódios entre 40 e 50 min cada, vamos arredondar, seriam 4 horas e meia no total, corta a metade, tem um filme de 2 horas e 15 minutos).

Vejam bem, não estou falando de head canon. Conheço gente que não gostou porque pelo trailer a série seria com o jovem Luke, e na verdade foi foi com a jovem Leia. Gosto de ser surpreendido, não trouxe nenhum head canon para a série.

Também não estou falando de decisões burras dos personagens, como por exemplo o Bail Organa mandar uma mensagem que poderia facilmente ser interceptada. Boa parte do cinema como conhecemos hoje é baseada em decisões burras de personagens.

Meu problema foram detalhes toscos. Gostei da série, gostei de vários momentos, todas as cenas com o Darth Vader nos dois últimos episódios são muito boas. Mas ao lado tinham vários detalhes que a gente pensava “seriously?”.

Vou listar os seis que achei mais toscos. Claro, spoilers liberados.

6- A gente vê uns 50, talvez 100 Stormtroopers, esperando pra entrar na caverna. Tem um canhão lá fora, o ideal seria dar uns tiros de canhão antes, pra dar uma limpada, mas, deixa pra lá. O problema é depois. Ok, a gente sabe que stormtroopers não são bons de mira, a gente sempre viu isso. Mas, é um corredor estreito e eles estão muito perto. Essa cena, pra funcionar, teria que ser num espaço mais amplo, ou com menos gente. Colocar esse monte de gente aglomerada atirando ficou muito ruim. Será que não tinha um estúdio maior?

5- Essas naves menores parecem os snow speeders do Império Contra Ataca. Ok, elas chegam atirando. Mas… Saem atirando de qualquer maneira, acertaram vários stormtroopers, poderiam ter acertado Obi Wan e Leia! E outra coisa: pela velocidade que chegam, não teriam como manobrar e fazer a volta.

4- Os caras têm uma porteira laser. Isso faz sentido para a estrada, para impedir veículos. Por que o Obi Wan precisava atirar e interromper a barreira? Não era só dar a volta?

3- A perseguição na floresta que acontece no primeiro episódio tem que ser citada aqui. Os sequestradores são os mais incompetentes da história, parece até que estávamos vendo um filme dos Trapalhões.

2- A cena do fogo é intrigante. Darth Vader resolve queimar Obi Wan, para se vingar. Aí ele mostra que facilmente pode apagar o fogo. Mas, logo depois, não pode mais? Pra piorar: essa “parede” de fogo tem uns 50 metros. Por que os stormtroopers não deram a volta?

1- Em primeiro lugar, não tem como não ser a fuga da base imperial com a Leia escondida debaixo do roupão. Sim, debaixo do roupão. Sem precisar de muito esforço, qualquer um consegue pensar em vários jeitos melhores dessa fuga acontecer.

Pra terminar, não é exatamente um detalhe, mas achei que a Reva não deveria estar no último episódio. Ela levou um golpe de sabre de luz na barriga – por que Quin Gon Jin morreu, se aqui dois personagens levaram exatamente o mesmo golpe e estão serelepes pela série? Mas, ok, ela sobreviveu. Não estou reclamando disso, estou reclamando dela ir pra Tatooine sem motivo – pra que ela queria o Luke? E aquela redenção dela ficou ruim, muito ruim. Tire a Reva do sexto episódio, o episódio cresce em qualidade.

Vingança a Sangue Frio

Crítica – Vingança a Sangue Frio

Sinopse (imdb): Um motorista de removedor de neve procura vingança contra os traficantes que mataram seu filho.

Vingança a Sangue Frio (Cold Pursuit, no original) é refilmagem do norueguês O Cidadão do Ano (Kraftidioten), curiosamente dirigido pelo mesmo diretor Hans Petter Moland (o mais comum é ter a versão hollywoodiana feita por um americano). Hans Petter Moland fez igual ao francês George Sluizer (O Silêncio do Lago, de 1988 e 1993); ao alemão Michael Haneke (Funny Games – Violência Gratuita de 1997 e 2007); ao dinamarquês Ole Bornedal (Nightwatch, de 1994 e 1997); ao japonês Takashi Shimizu (O Grito, de 2002 e 2004, O Grito 2, de 2003 e 2006); e ao francês Jean-Marie Poiré (Os Visitantes, de 1993 e Os Viajantes do Tempo, de 2001 – inclusive repetindo os dois atores principais, Jean Reno e Christian Clavier). Deve ter outros, mas o mais comum quando o gringo vai pra Hollywood é filmar algo diferente.

Não vi O Cidadão do Ano, então não posso comparar. Mas posso comparar com o que Liam Neeson fez de lá pra cá. Vingança a Sangue Frio não é um grande filme, mas é melhor que Legado Explosivo, Na Mira do Perigo, The Ice Road, Agente das Sombras e Assassino Sem Rastro.

Vingança a Sangue Frio começa como um filme normal de vingança. Um homem mais velho descobre que seu filho foi assassinado, e resolve sair à caça dos responsáveis. Mas o grande lance é que um outro elemento é incluído na trama e começa a acontecer uma briga de gangues paralela à caça aos assassinos. Essa triangulação fez bem ao roteiro, porque a gente já viu várias vezes esse filme do cara sozinho em busca de vingança pessoal.

O roteiro ainda traz alguns pequenos detalhes para sair do óbvio, como alguns diálogos que falam de coisas aleatórias. Outra coisa curiosa é colocar uma tela em “homenagem” a cada morto no filme. E tem muita gente morrendo… O visual do filme também é bem legal, as paisagens na neve foram bem aproveitadas.

No imdb o filme está classificado como “Ação / Policial / Comédia”. Não sei onde está a comédia. Acho que só achei graça na última morte, que foi a única acidental no filme.

Sobre o elenco, Liam Neeson faz o de sempre, mas ele é bom nisso, não reclamo. Achei um desperdício trazer a Laura Dern para um papel tão pequeno. Tom Bateman faz um vilão caricato, mas gostei do personagem. Ah, o ator que faz o filho do protagonista é Micheál Richard, filho de Liam Neeson na vida real.

No fim, fica a pergunta: será que Neeson voltará a fazer filmes bons?

Top Gun – Ases Indomáveis

Crítica – Top Gun – Ases Indomáveis (1986)

Sinopse (google): A escola naval de pilotos é onde os melhores dos melhores treinam para refinar suas habilidades de voo de elite. Quando o piloto Maverick é enviado para a escola, sua atitude irresponsável e comportamento arrogante o colocam em desacordo com os outros pilotos, especialmente Iceman. Porém Maverick não está apenas competindo para ser o piloto superior de caça, ele também está lutando pela atenção de sua bonita instrutora de voo, Charlotte Blackwood.

Maior bilheteria de 1986, desbancando Jornada Nas Estrelas IV: A Volta Para A Terra , Platoon e Curtindo A Vida Adoidado. Foi um dos primeiros grandes sucessos de Tom Cruise, um dos maiores star power de Hollywood nas últimas décadas. E ainda tem uma das trilhas sonoras mais marcantes da história. Este é Top Gun – Ases Indomáveis.

Top Gun talvez seja o filme mais famoso do diretor Tony Scott. Lembro que na época rolava uma piadinha que Tony Scott era o “irmão menos talentoso do Ridley Scott”. Maldade. Tony é talentoso, só pegou um caminho mais pop naquela época – a gente não pode esquecer de Dias de Trovão, um “sub Top Gun lançado poucos anos depois. Mas, Tony Scott foi um grande diretor e tem um currículo com alguns grandes filmes (como Fome de Viver e Amor À Queima Roupa). Pena que faleceu cedo, aos 68 anos, em 2012.

Ok, a gente precisa reconhecer que várias sequências de Top Gun parecem videoclipes de propaganda militar norte americana. Mas, também precisamos reconhecer que as cenas aéreas são muito boas – apesar de hoje, em 2022, ficar claro que as cenas filmadas dentro do cockpit foram feitas em estúdio (mas, caramba, estávamos em 1986!).

E, já que falamos em videoclipe, a trilha sonora do filme é excelente, foi um disco que vendeu muito, e que as músicas imediatamente remetiam ao filme (como Footloose ou Dirty Dancing). Além disso, o tema Top Gun Anthem, de Harold Faltermeyer, é excelente!

Já comentei aqui no canal sobre filmar em ruas e calçadas molhadas – prática aliás bastante utilizada por Ridley Scott. Aqui em Top Gun tem uma certa variação: vemos pessoas suadas, muitas pessoas suadas. Não estou falando da famosa cena do vôlei de praia, estou falando de cenas de tensão, como acontece na sala de comando quando todos estão acompanhando pelo rádio as manobras aéreas. Para acentuar a tensão, todos estão com gotículas de suor espalhadas pelo rosto. E isso acontece várias vezes ao longo do filme.

Já que falei do vôlei de praia, bora falar da “teoria Tarantino”. No filme Vem Dormir Comigo, de 1994, Tarantino faz uma ponta, aparece numa festa dizendo que Top Gun seria um filme gay. Maverick seria um gay no armário, e que Iceman e seus amigos seriam os gays que estariam tentando trazer Maverick para o lado deles. Charlie estaria tentando trazer Maverick de volta para a heterossexualidade, por isso só ela coloca uma jaqueta e um boné escondendo o cabelo para “parecer um homem” e chamar a atenção de Maverick, na cena do elevador. Anos depois, em entrevistas, o produtor Jerry Bruckheimer e o roteirista Jack Epps Jr. disseram que o filme não foi feito pensando neste aspecto, mas que o público tem a liberdade de interpretá-lo como quiser.

Na minha humilde opinião, isso sempre foi uma piada (assim como outras teorias do Tarantino, como a da música Like a Virgin da Madonna). Mas é uma piada bem bolada, e que ganhou força com o passar do tempo. E sim, se a gente tiver isso em mente, Top Gun funciona bem como um filme gay, podemos sentir o clima que rola entre Maverick e Iceman.

(Curioso a gente pensar que Vem Dormir Comigo é de 1994, e que um ano antes Tony Scott lançou Amor À Queima Roupa, com roteiro do Tarantino. Provavelmente eles tiveram essa conversa ao vivo…)

No elenco, esse deve ter sido o primeiro grande sucesso de Tom Cruise – antes disso ele tinha feito A Lenda, Negócio Arriscado, uma ponta em Vidas sem Rumo e mais um ou outro filme irrelevante. Mas a partir daqui, sua carreira decolou e hoje ele é um dos maiores nomes de Hollywood. Também no elenco, Val Kilmer, Kelly McGillis, Anthony Edwards, Tom Skerritt, Michael Ironside, Tim Robbins, Rick Rossovich e Meg Ryan. O elenco de um modo geral funciona bem, mas preciso dizer que a relação entre o casal principal não me convenceu, faltou química.

Datado, mas ainda diverte.