Sinopse (catálogo do Festival do Rio): A história real de um herói americano. Nos anos 70, Ron Stallworth é o primeiro detetive afro-americano a servir no Departamento de Polícia de Colorado Springs. Determinado a se destacar, ele parte em uma missão perigosa: se infiltrar e expor a Ku Klux Klan. O jovem detetive logo recruta um colega mais experiente, Flip Zimmerman. Juntos, eles pretendem derrubar a organização que espalha o discurso de ódio pelo país.
O último filme do Spike Lee que me lembro de entrar no circuito foi a refilmagem de Oldboy, de 2013 (ele fez muita coisa de lá pra cá, mas não me lembro de ter passado aqui). Oldboy tinha uma proposta bem diferente do cinema que ele fazia no início da carreira – o racismo era tema frequente, em títulos como Faça a Coisa Certa (1989), Mais e Melhores Blues (90), Febre da Selva (91) e Malcom X (92). Com este Infiltrado Na Klan, podemos usar aquela frase clichê “Spike Lee está de volta!”.
Infiltrado Na Klan (BlacKkKlansman, no original), é um grande filme. Elenco afiado, personagens bem construídos, bom ritmo, reconstituição de época primorosa e uma forte denúncia racista, aproveitando a época que o filme se passa para incluir a Ku Klux Klan e cutucar os EUA de hoje em dia.
A princípio achei a história meio estranha – por que usar dois policiais, um negro ao telefone e um branco ao vivo? Não seria mais fácil ser um só? Mas aí descobri que o filme é baseado no livro escrito pelo próprio Ron Stallworth, ele realmente existe e realmente viveu essa história maluca.
Teve crítico chamando Infiltrado na Klan de comédia. Olha, o filme não é um drama sério, mas está bem longe da comédia, na minha humilde opinião. Outra coisa: achei o filme muito maniqueísta. Ok, como estamos falando da Ku Klux Klan, não tem nem como defender, mas acho que poderiam ter mais personagens “dentro dos tons de cinza” na trama.
Como falei, o elenco é muito bom. O papel principal é de John David Washington, filho de Denzel Washigton. Adam Driver (o Kylo Ren!) faz seu “par”; Laura Harrier (Homem Aranha de Volta ao Lar) tem o principal papel feminino. Topher Grace, o eterno Forman de That 70s Show, não convence muito como David Duke, um dos líderes da KKK, mas aí quando acaba o filme, vemos o David Duke original e entendemos por que chamaram o ator. Gostei dos coadjuvantes Michael Buscemi, Jasper Pääkkönen e Paul Walter Hauser. Alec Baldwin faz uma ponta na introdução do filme; Harry Belafonte está no centro de um dos momentos mais fortes, quando conta a um grupo sobre um caso bárbaro que ele presenciou no passado.
Do jeito que a última premiação do Oscar teve um forte pé na política, não será surpresa se Infiltrado na Klan aparecer no Oscar no início do ano que vem.
p.s.: Com este filme, me despeço do Festival do Rio 2018. Só seis filmes, acho que foi o meu pior ano desde que o Festival começou. Tomara que ano que vem tudo volte ao normal.