Ghostbusters: Apocalipse de Gelo

Crítica – Ghostbusters: Apocalipse de Gelo

Sinopse (imdb): Quando a descoberta de um artefato antigo libera uma força do mal, os Caça-Fantasmas originais e os novos precisam unir forças para proteger Nova York e salvar o mundo de uma segunda Era do Gelo.

Tivemos dois Caça Fantasmas nos anos 80, um muito bom em 1984, e uma continuação bem mais fraca em 1989. Em 2016 fizeram um reboot completamente isolado dos outros dois filmes, e que não agradou muito. Aí lançaram um “requel” em 2021, que é um reboot, com personagens novos, mas com elementos dos filmes da década de 80. Claro que teria continuação, né?

Mas, na minha humilde opinião, o pior problema de Ghostbusters: Apocalipse de Gelo (Ghostbusters: Frozen Empire, no original) é que este novo filme, na dúvida entre usar o elenco novo ou usar a galera dos filmes originais, resolveu usar todos ao mesmo tempo. E ainda traz personagens novos. Aí tem MUITA gente em tela, e o filme definitivamente não consegue equilibrar bem toda essa galera.

Um exemplo simples: Dan Aykroyd tem um papel importante, seu personagem tem uma função na trama. Ernie Hudson tem uma importância secundária, o personagem dele é o dono da parada, ele tem uma função, ainda que pequena. Agora, Bill Murray e Annie Potts não têm nenhuma importância na trama. Zero. Tire esses dois personagens e o filme não muda absolutamente nada. “Ah, mas e legal ver o Bill Murray de novo com o uniforme dos Caça-fantasmas!” Concordo, é legal. Mas não adianta trazer o cara e ele ser apenas “mais um”. Aqui ele tem a mesma importância de um figurante.

O mesmo posso dizer sobre “a nova geração”. Paul Rudd começa o filme parecendo que vai ser o protagonista, mas seu personagem some na metade do filme. E parece que a única função do Finn Wolfhard é interagir com o Geleia. E isso porque não estou falando do “segundo escalão”, de personagens inúteis como Lucky e Podcast!

Ghostbusters: Apocalipse de Gelo repete o trio de roteiristas de 2021: Ivan Reitman, Jason Reitman e Gil Kenan. Em 2021 a direção foi de Jason Reitman, agora é Gil Kenan que assume a cadeira. Falecido ano passado, Ivan Reitman (diretor dos dois filmes da década de 80), é homenageado nos créditos.

Tecnicamente, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo é bem feito – o mínimo, já que estamos falando de uma superprodução blockbuster. O filme de estreia do diretor Gil Kenan foi a boa animação A Casa Monstro, e tem um trechinho aqui em animação bem legal, contando a história do monstro. E tem algumas piadas muito boas, ri alto no cd player com Spin Doctors. E, mais uma vez, os pequenos bonecos de marshmellow Stay Puft são as melhores piadas do filme. Pena que aparecem pouco!

Por outro lado, tudo demora muito pra se desenvolver. Quase nada acontece na primeira hora do filme. E o tal monstro só aparece na cena final, é um vilão muito pouco aproveitado. E a cena da cidade congelando, que está no trailer, é bem legal, mas é muito curta.

Tem outro problema, mas como vou comentar o destino de alguns personagens, preciso colocar um aviso de spoilers.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Tem uma cena na biblioteca onde eles explicam como o monstro age: ele congela o sangue, bla bla bla, mata a pessoa de frio. Um tempo depois, o monstro está solto, ataca a Phoebe, que é salva pela Lucky, que solta um raio em cima do monstro. O monstro então congela a Lucky. Mas, ela não morre! Pra que serve uma cena explicando o modus operandi do monstro, se quando ele entra em ação aquilo não vale nada?

Na verdade, na cena final, todos deveriam morrer, menos a Phoebe e o “Mestre do Fogo”. O resto estaria morto antes do monstro ser derrotado.

FIM DOS SPOILERS!

No elenco, além dos já citados Dan Aykroyd, Ernie Hudson, Bill Murray, Annie Potts, Paul Rudd e Finn Wolfhard, temos Mckenna Grace, Carrie Coon, Kumail Nanjiani, Patton Oswalt, Celeste O’Connor, Logan Kim, Emily Alyn Lind e James Acaste. Muita gente…

Ghostbusters: Apocalipse de Gelo não chega a ser ruim, mas é bem mais fraco que o anterior.

Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania

Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania

Sinopse (filmeB): Os parceiros e super-heróis Scott Lang e Hope Van Dyne retornam às aventuras como Homem-Formiga e Vespa. Com os pais de Hope, Hank Pym e Janet Van Dyne, e a filha de Scott, Cassie Lang, eles exploram o Reino Quântico, interagindo com novas criaturas estranhas, em uma aventura que os levará além dos limites do que eles pensavam ser possível.

Outro dia a gente debateu no Podcrastinadores sobre o tema “já cansamos de filmes de super heróis?”. Olha, heu sempre achei que, mantendo a qualidade, nenhum gênero cansa. Mas parece que a Marvel está chegando no limite. Dirigido pelo mesmo Peyton Reed dos dois filmes anteriores do Homem-Formiga, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (Ant-Man and the Wasp: Quantumania no original) tem seus méritos. Mas a gente sai do cinema levemente decepcionado.

Vamos primeiro ao que funciona. Gostei muito do visual do “reino quântico”, tanto dos cenários quanto dos inúmeros seres que lá habitam – mesmo sabendo que é tudo CGI. Aliás, mesmo não se passando no espaço, várias coisas lembram o universo de Star Wars. Se o Episódio 4 fosse feito hoje em dia, teria um monte daqueles seres na cena da cantina!

Agora, o roteiro tem falhas. Vou começar pelos personagens. Um exemplo claro é a guerreira Jantorra, que quando aparece, passa a impressão de que terá algum protagonismo nas cenas de batalha, mas que some, e só aparece ao fim do filme. O espectador nunca vai se importar com uma perosnagem assim! E a Janet da Michelle Pfeiffer na primeira parte do filme está tão perdida que a gente fica com raiva da personagem. Ou ainda a cena do Bill Murray, que é divertida, mas apenas por causa do Bill Murray. Tire esta cena e o filme fica exatamente o mesmo.

Outro exemplo são as cenas confusas, como a batalha onde prendem o Scott Lang e a filha. Tiros e explosões pra todos os lados, tudo muito colorido, mas ninguém entende nada do que está acontecendo! E isso porque não falei das conveniências de roteiro, tipo num momento o vilão Kang é muito poderoso, mas em outro ele não faz nada – tudo depende do quanto o roteiro pede. A Marvel nos apresentou alguns bons vilões, mas Kang não faz parte deste time.

Com um roteiro mal estruturado, não adianta nada ter um visual de encher os olhos. Pelo menos o filme não é muito longo, duas horas e cinco minutos.

Sobre o elenco, a sorte é que Paul Rudd é um cara carismático, então é sempre agradável vê-lo em tela. Porque não consigo encontrar nenhum destque no resto do elenco. Evangeline Lilly, Kathryn Newton, Michelle Pfeiffer e Michael Douglas apenas “cumprem tabela”, mas pelo menos não estão tão mal quanto Jonathan Majors e seu vilão ruim. Ah, gostei do alívio cômico Veb, com a voz do David Dastmalchian (O Esquadrão Suicida). Aparece pouco, mas sempre é divertido. Por outro lado, achei o MODOK um personagem besta.

Por fim, o tradicional Marvel: duas cenas pós créditos, uma depois dos créditos principais, e outra lá no finzinho dos créditos. Fiquem até o fim!

p.s.: Fiquei frustrado de não ver nenhuma referência ao “Homem Tia” / “Aunt Man”…

Ghostbusters: Mais Além

Crítica – Ghostbusters: Mais Além

Sinopse (filmeb): Quando uma mãe solteira e seus filhos se mudam para uma pequena cidade, eles começam a descobrir sua conexão com os caça-fantasmas originais e o legado secreto que seu avô deixou para trás.

O primeiro Caça Fantasmas é de 1984, e teve uma continuação em 1989. Em 2016 fizeram um reboot, mas não agradou muito, e parecia que tinham deixado de lado. Mas agora temos um novo filme, e, como diria o meu amigo Eduardo Miranda, do canal Cinevisão, “este filme tem o DNA da franquia”, diferente da versão de 2016.

Ghostbusters: Mais Além (Ghostbusters: Afterlife no original) foi dirigido por Jason Reitman, filho de Ivan Reitman, diretor dos filmes de 1984 e 89. Jason já é um diretor experiente, concorreu ao Oscar duas vezes (por Juno e Amor Sem Escalas), mas acho que até agora não tinha trabalhado com o pai. Mas agora Ivan está na produção, e deve ter ajudado Jason a fazer um filme com a cara do filme de 84.

Vários fatores aproximam este novo filme do filme original de 84. Heu poderia dizer que alguns atores daquele filme aparecem aqui, mas, o filme de 2016 também tinha participações de alguns deles. A diferença é que lá eles faziam papeis diferentes, e aqui eles voltam aos seus papeis originais. Só não vou entrar em detalhes aqui porque poderia ser um spoiler, prefiro que você descubra na hora (dica: não veja o elenco na página do imdb!).

Vou além: quando digo que este novo filme tem o DNA do antigo não é só pelo sobrenome do diretor, ou pela participação de atores do elenco anterior. É porque este filme consegue manter o mesmo clima de aventura infanto-juvenil que a gente tinha nos anos 80, protagonizados por adolescentes. Tudo aqui lembra este clima de aventura sessão da tarde, do visual à trilha sonora. E ainda tem vários easter eggs espalhados aqui e ali!

Sobre os easter eggs “caçafantasmianos”, preciso falar do boneco de marshmellow Stay Puft. Tem uma cena genial e engraçadíssima envolvendo bonequinhos de marshmellow. O clima lembra gremlins!

O roteiro traz algumas forçadas de barra (tipo um carro abandonado há sei lá quantos anos ainda ter pneus cheios), mas, ora, falei que o filme te cara de anos 80 – naquela época, conveniências no roteiro eram comuns. O lance é relaxar e curtir a nostalgia sem parar pra analisar detalhes.

Sobre o elenco: o protagonismo é dividido entre Mckenna Grace e Finn Wolfhard. Já falei aqui antes e vou repetir: é um prazer enorme ver um talento jovem como a Mckenna Grace na tela. Hoje ela tem 15 anos, não sei que idade ela tinha durante as filmagens. Mas já tem currículo melhor que muita adulta. Ela mandou muito bem em Eu, Tonya, e era uma dos destaques da série Maldição da Residência Hill. E ela ainda estava em Annabelle 3 e Maligno! E aqui ela está sensacional, Mckenna é a melhor coisa do elenco. Finn Wolfhard está bem, mas ele parece que não saiu de Stranger Things. Parece que em vez de ser “o ator de Stranger Things“, é “o personagem de Stranger Things“. O elenco também conta com Paul Rudd, Carrie Coon, Celeste O’Connor e Logan Kim. Claro, como falei, tem participações de gente do filme de 84, mas não digo quem.

(Aliás, um breve comentário sobre isso: adorei as participações, mas acho que erraram no timing. Pena que não posso desenvolver, porque seria um spoiler pesado).

O filme pega pesado no saudosismo, recomendo rever o filme de 84 pra reavivar as memórias. A parte final do filme vai emocionar muitos espectadores, eles fazem uma bela homenagem à franquia.

São duas cenas pós créditos, fique até o fim das letrinhas!

Ilha dos Cachorros

Ilha dos CachorrosCrítica- Ilha dos Cachorros

Sinopse (imdb): Um surto de gripe canina se espalhou pela cidade de Megasaki, no Japão, e o prefeito Kobayashi exigiu que todos os cães fossem mandados para a Ilha do Lixo. Na ilha, um jovem rapaz chamado Atari sai em busca do seu cão perdido, Spots, com a ajuda de cinco outros cães … com muitos obstáculos ao longo do caminho.

Nove anos depois de O Fantástico Sr. Raposo, Wes Anderson volta ao stop motion, com esse Ilha dos Cachorros (Isle of Dogs, no original).

Antes de tudo, é preciso avisar que Ilha dos Cachorros não é filme para criança. Aliás, é curioso observar como boa parte dos longas em stop motion de hoje em dia não têm crianças como principal público alvo. A Laika (Kubo, Paranorman, Coraline) faz filmes que agradam mais os adultos que as crianças; Tim Burton (Frankenweenie, Noiva Cadáver) tem uma pegada dark; acho que só a Aardman (Fuga das Galinhas, Piratas Pirados, Shaun: o Carneiro) faz stop motion para o público infantil.

Ilha dos Cachorros é uma fábula contada por cachorros – e o que é curioso é que o público só entende os diálogos caninos, todos os diálogos humanos estão sem legendas! E a trama traz críticas ao totalitarismo, à limpeza étnica e ainda cita políticos corruptos. Ou seja, não é um filme infantil!

Quem conhece o estilo do Wes Anderson, sabe que o visual do filme vai ser bem trabalhado. Anderson é um dos poucos diretores contemporâneos que mantém uma identidade visual. Seus filmes são sempre cheios de detalhes visuais bem cuidados, e lha dos Cachorros não é diferente. A animação enche os olhos! E a boa trilha sonora de Alexandre Desplat ainda melhora a experiência.

Outro dia falei aqui do elenco de Hotel Transilvânia 3, né? O elenco de vozes aqui é muito mais impressionante: Bryan Cranston, Edward Norton, Bill Murray, Jeff Goldblum, Greta Gerwig, Frances McDormand, Scarlett Johansson, Harvey Keitel, F. Murray Abraham, Tilda Swinton, Liev Schreiber, Courtney B. Vance e Yoko Ono – e ainda tem Anjelica Huston num papel mudo, seja lá o que isso significa numa dublagem…

Boa opção diferente do comum!

Mogli: O Menino Lobo

Mogli-posterCrítica – Mogli: O Menino Lobo

Criado por lobos, o “filhote de homem” Mogli, tenta fugir da selva depois da ameaça de um tigre. Guiado por uma pantera e um urso, Mogli embarca em uma jornada de autodescoberta, onde encontra outros bichos, nem sempre com os mesmos interesses.

Seguindo a onda de adaptações “live action” dos clássicos Disney, a bola da vez é Mogli: O Menino Lobo (The Jungle Book, no original), dirigido por Jon Favreau, o ex ator mediano que virou diretor de blockbusters (Homem de Ferro 1 e 2, Cowboys & Aliens). Sim, a história original foi baseada no livro de Rudyard Kipling, mas este filme é claramente uma versão do desenho animado da década de 60. A trama segue o mesmo caminho. Criado pelos lobos, Mogli é levado por Baloo e Bagheera para a aldeia dos homens, e no caminho encontra personagens como a cobra Kaa, o orangotango Rei Louie e a manada de elefantes, enquanto foge do tigre Shere Khan. Tem até duas músicas que estavam no desenho. Foi delicioso ouvir mais uma vez o Baloo cantando “Eu digo – necessário, somente o necessário / o extraordinário é demais”.

O que mais chama a atenção neste Mogli: O Menino Lobo é a parte técnica. Tudo foi filmado em estúdio, todos os cenários e animais são bonecos ou digitais. E olha, posso dizer que nunca vi algo tão real! Realmente, depois deste filme, pensamos que falta pouco para termos atores digitais…

Praticamente o único ator em cena, o garoto Neel Sethi manda bem como o menino lobo. A dublagem brasileira é muito boa, mas, lendo o elenco original, fiquei triste porque a sessão de imprensa foi dublada. Afinal, não ouvi as vozes de Bill Murray, Ben Kingsley, Idris Elba, Scarlett Johansson, Lupita Nyong’o e Giancarlo Esposito – e Christopher Walken cantando! Droga, tenho que rever, com o som original…

Preciso dizer que não gostei do tamanho do Rei Louie. Mas claro que isso não é um defeito grave.

Mogli: O Menino Lobo não tem cena pós-créditos, mas têm umas animações impressionantes e engraçadas durante os créditos principais, enquanto ouvimos mais uma vez a música do Rei Louie. Não saia sem ver!

Ah, o 3D. Blé, como quase sempre.

Boa opção para crianças pequenas e crianças grandes!

p.s.: na dublagem, chamam o lobo chefe de “Akíla”. Protesto! Como ex-escoteiro, sempre falarei “Akelá”!

O Grande Hotel Budapeste

0-grandehotel budapesteCrítica – O Grande Hotel Budapeste

Outro dia falei que o cinema contemporâneo tem poucos “autores”, e citei como exemplos o Tim Burton e o Terry Gilliam. Olha, a gente precisa incluir o Wes Anderson (Moonrise Kingdom) neste seleto clubinho.

O Grande Hotel Budapeste conta as aventuras de Gustave H, um lendário concierge de um famoso hotel europeu entre as as duas grandes guerras; e Zero Moustafa, o lobby boy que vira o seu melhor amigo.

O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel, no original) parece uma fábula. Wes Anderson tem um estilo de filmar onde todas suas cenas parecem mágicas. Parece que estamos lendo um livro de contos infantis!

A fotografia de seus filmes chama a atenção. Arrisco a dizer que o diretor deve ter TOC, cada plano é bem cuidado, tudo simétrico, sempre com o objeto centralizado no meio da tela. Isso, somado a cenários meticulosamente escolhidos e à boa trilha sonora de Alexandre Desplat, torna O Grande Hotel Budapeste um espetáculo visual belíssimo de se ver.

E não é só o visual que chama a atenção. O filme é repleto de personagens exóticos – e, detalhe importante: todos têm sua importância na trama, nenhum parece forçado. E o elenco é impressionante, sugiro checar os nomes no poster – é tanta gente que fica até difícil reconhecer todos ao longo do filme: F. Murray Abraham, Mathieu Almaric, Adrien Brody, Willem Dafoe, Jeff Goldblum, Harvey Keitel, Jude Law, Bill Murray, Edward Norton, Saoirse Ronan, Jason Schwartzman, Léa Seydoux, Tilda Swinton, Tom Wilkinson e Owen Wilson. Curiosamente, o protagonista é interpretado pelo desconhecido Tony Revolori. Bem, o filme é centrado em dois personagens, não sei exatamente qual do dois seria o principal. Mas sendo que o outro é o Ralph Fiennes, claro que Revolori será chamado de coadjuvante…

Pelo estilo visual de Wes Anderson, talvez O Grande Hotel Budapeste não agrade a todos. Outro problema é que o filme está sendo vendido como uma comédia, e o humor do filme é um humor peculiar, porque diverte mas não causa risadas.

Mas quem entrar no espírito da fábula vai se divertir com a aventura!

Caçadores de Obras Primas

0-cacadores1Crítica – Caçadores de Obras Primas

Filme novo escrito, dirigido e estrelado por George Clooney!

Durante a Segunda Guerra Mundial, um pelotão formado por conhecedores de arte é formado para tentar recuperar e proteger obras de arte cobiçadas pelos nazistas. Baseado numa história real.

O melhor de Caçadores de Obras Primas (The Monuments Men, no original) é o elenco. Arrisco a dizer que o mesmo filme com atores desconhecidos ia passar desapercebido.

O elenco vale o ingresso. Não é sempre que temos George Clooney, Matt Damon, John Goodman, Bill Murray, Cate Blanchett, Jean Dujardin, Hugh Bonneville e Bob Balaban. E, felizmente, todos estão inspirados.

O ponto fraco é o roteiro, escrito por Clooney e seu parceiro Grant Heslov (este é o terceiro filme que escrevem juntos), livremente baseado no livro de Robert M. Edsel e Bret Witter (os personagens não estão no livro), que não se decide entre o drama e uma comédia no estilo de 11 Homens e um Segredo (que também tinha um elenco excelente, mas tinha um roteiro melhor). O filme se arrasta entre os vários núcleos de personagens, e só se sustenta pelo carisma dos atores.

A produção é bem cuidada, filme de época, segunda guerra mundial, etc. Caçadores de Obras Primas é um filme tecnicamente “correto”, Clooney tem prestígio perante os estúdios. Pena que isso não é o suficiente para se fazer um filme “bom”.

Por fim, o título nacional. Não é um título ruim. Mas meu amigo Oswaldo Lopes Jr., crítico da finada revista Cinemin, fez um ótimo comentário: “perderam a chance de chamar o filme de ‘Os Caçadores da Arte Perdida’…” Realmente, ia ser uma boa piada interna…

A Pequena Loja dos Horrores – Versão Estendida

A Pequena Loja dos Horrores – Edição Estendida

Sou muito fã deste A Pequena Loja dos Horrores desde que vi no cinema na época do lançamento, na segunda metade dos anos 80. É um musical sobre uma planta carnívora, dirigido pelo Frank Oz (o Yoda!), baseado no musical da Broadway que por sua vez se baseou num filme de terror do Roger Corman feito em 1960.  Comprei o LP importado com a trilha sonora em 88 (não tinha aqui no Brasil); e este foi o primeiro vhs que pirateei, ainda nos anos 80, antes do filme ser lançado oficialmente por aqui – era bem mais difícil, a gente tinha que levar o videocassete pra casa de um amigo! (depois comprei o vhs “selado”). Já tenho o dvd oficial há anos, mas nunca tinha saído em blu-ray. Até agora…

Comprei o blu-ray gringo assim que saiu (sei lá quando vão lançar por aqui). Comprei pelo filme, para ter o filme na minha coleção, nem sabia de extra nenhum, muito menos de um final diferente. Foi uma agradabilíssima surpresa descobrir o final estendido. E que final estendido!

Trata-se de um filme de 27 anos atrás, mas mesmo assim cabem os avisos de spoilers. Vou falar do novo fim do filme!

SPOILERS!!!

SPOILERS!!!

SPOILERS!!!

No fim “oficial”, depois de salvar Audrey, Seymour levanta dos escombros, pega um cabo de energia elétrica e eletrocuta a planta. Ok, final feliz. Neste “novo” final, Audrey morre, e Seymour a leva para a planta comer. Não satisfeita, a planta também come o Seymour. Ouvimos uma música nova (que não estava na trilha sonora nem vinil nem em cd), e vemos várias mudas sendo vendidas nas lojas. E depois vemos várias “Audrey 2” gigantescas destruindo a cidade!

Peguei no google uma cena da destruição. Vejam:

FIM DOS SPOILERS!

Não sei se A Pequena Loja dos Horrores vai ser lançado em blu-ray no Brasil. Tampouco sei se vai ser lançado com esta opção de final alternativo. Então fica a recomendação: se você é fã do filme como heu, encomende o seu blu-ray na “amazon mais próxima”. Mesmo sem legendas em português, vale a pena!

Moonrise Kingdom

Crítica – Moonrise Kingdom

Não sei por que, mas heu nunca tinha visto nenhum filme do Wes Anderson. Aproveitei o Festival pra consertar esta “falha”!

Verão de 1965. Em uma pequena ilha na costa da Nova Inglaterra, Sam e Suzy, que se conheceram um ano antes, combinam de fugir juntos – ela, da casa dos pais; ele, do acampamento escoteiro.

Gostei muito do estilo do diretor. Como disse, este foi o meu primeiro Wes Anderson, mas pelo que li, o estilo dele é sempre assim – Anderson é um daqueles raros casos da Hollywood contemporânea que mantém um estilo próprio (assim como Tim Burton ou Terry Gilliam). Os enquadramentos são sempre bem cuidados – existe uma simetria impressionante em quase todos os planos – e os movimentos de câmera são pensados milimetricamente. Essas características, combinadas com uma trilha sonora fora do lugar comum, uma bela fotografia e personagens muito bem construídos, dão a Moonrise Kingdom um ar delicioso.

O clima deste mezzo drama mezzo comédia é meio fantástico, às vezes parece que estamos vendo um filme de fantasia infanto-juvenil. Aliás, diria que poucas vezes vi no cinema um romance entre adolescentes de uma maneira tão bonita e delicada. Acho que vai ter muito marmanjo saindo do cinema com inveja de uma experiência adolescente dessas.

Claro que o elenco ajuda. Dois adolescentes estreantes fazem o casal principal, Kara Hayward e Jared Gilman – ambos estão ótimos. E eles tem um excelente time de coadjuvantes: Bruce Willis, Edward Norton, Bill Murray, Frances McDormand, Tilda Swinton, Harvey Keitel e Jason Schwartzman.

Como disse, gostei do filme, assim como gostei do estilo do diretor. Em breve vou procurar os seus outros filmes.

Passion Play

Crítica – Passion Play

Um trompetista com problemas com um gangster encontra uma mulher com asas e resolve ficar com ela.

Passion Play tem tanta coisa errada que nem sei por onde começar a falar.

O filme foi dirigido por Mitch Glazer, estreante na função, mas roteirista experiente (Grandes Experanças, O Novato). Curiosamente, o roteiro é uma das piores coisas aqui. A trama é um amontoado de situações forçadas e incoerentes, como, por exemplo, o primeiro encontro entre Lily e Nate – por que diabos uma menina nova e bonita convidaria um velho feio para entrar no seu trailer para tomar um drink?

E não é só isso. Os três personagens principais são péssimos. Entre um loser bêbado e drogado, um mafioso assassino e uma mulher esquisita que vai com qualquer um, qual é o pior?

Por incrível que pareça, um dos poucos acertos do filme está no elenco. Mickey Rourke e Megan Fox nos dão o que se espera: personagens rasos, coerentes com suas carreiras. Por outro lado, Bill Murray está bem como o gangster Happy.

Fora o Bill Murray, pouca coisa se salva. Algumas paisagens são bonitas, e rola uma cena de nudez gratuita interessante, com a desconhecida e super-tatuada Liezl Carstens. (Megan Fox fica com pouca roupa, mas não mostra nada).

Mas é pouco, muito pouco. O ritmo do filme é leeento, paraaado, chega a dar sono. E a trilha sonora com um soft jazz de elevador ajuda. Pra fechar com chave de ouro, os efeitos especiais são péssimos, as asas em cgi são dignas de uma produção pobre de tv, e de anos atrás.

Enfim, só para os fãs radicais da Megan Fox…