Quero Matar Meu Chefe

Crítica – Quero Matar Meu Chefe

Três amigos, desapontados com seus chefes, pensam na possibilidade de matá-los.

Quero Matar Meu Chefe (Horrible Bosses, no original) é aquilo o que a gente espera. Uma comédia com um pé no politicamente incorreto e outro pé no previsível. E com um bom elenco, que salva o filme de cair na mediocridade.

A trama do filme dirigido pelo pouco conhecido Seth Gordon cai em todos os clichês previsíveis. Tá tudo lá: desencontros que causam situações embaraçosas, piadas politicamente incorretas e uma pitada de humor grosseiro. Não é o meu estilo preferido de comédia, mas, dentro do que se propõe, até que o filme funciona “redondinho”.

O melhor aqui sem dúvida é o elenco, principalmente os secundários. O trio principal Jason Bateman, Jason Sudeikis e Charlie Day está bem – tá, talvez Day esteja um pouco acima do tom, mas nada que atrapalhe a fluência do filme. Mas Quero Matar Meu Chefe é dos coadjuvantes Kevin Spacey, Collin Farrell, Jennifer Aniston e Jamie Foxx, principalmente Spacey e Foxx. E o elenco ainda tem Donald Sutherland, Julie Bowen (Modern Family) e Ioan Gruffudd (Quarteto Fantástico)!

Talvez o ponto fraco seja a personagem de Jennifer Aniston. Não pela atriz, que está bem, mas ninguém consegue levar a sério o problema de Day com sua chefa gostosona e ninfomaníaca. Até os outros personagens zombam deste “problema”!

No fim, fica a conclusão que Quero Matar Meu Chefe não é ruim, afinal tem coisa bem pior sendo lançada por aí. Mas também tem coisa melhor…

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A Hora do Espanto (2011)

Crítica – A Hora do Espanto (2011)

Refilmagem do clássico oitentista, um dos meus preferidos filmes de vampiro!

A trama é a mesma: jovem desconfia que seu novo vizinho é um vampiro. E claro que ninguém leva isso a sério.

Este novo A Hora do Espanto não é ruim. Mas sofre de um grave problema: por ser refilmagem, a comparação com o original é inevitável. E, na comparação, o filme novo perde em quase todos os aspectos.

Acho que a pior coisa do novo filme é o novo Peter Vincent. O original era um veterano apresentador de tv e entusiasta de filmes de terror antigos, tudo a ver com a trama. O atual é um mágico ilusionista de Las Vegas com cara de David Blaine ou Criss Angel – ou seja, o que diabos o cara tem a ver com vampiros? Pra piorar, nada contra o ator David Tennant, o Peter Vincent atual – mas Roddy McDowall tinha muito mais carisma!

Outra coisa que não funcionou foi terem mudado a personalidade do protagonista Charley Brewster (Anton Yelchin, dos novos Exterminador do Futuro e Star Trek). O original era um fã de filmes de terror; o atual é um “ex-nerd”, agora popular na escola. O antigo tinha mais a ver com o contexto, aliás, o antigo era quem desconfiava do vizinho, o atual parece levado pelo amigo Ed.

O vampiro Jerry de Colin Farrell não é ruim. Prefiro o estilo do original, de Chris Sarandon (que faz uma ponta como o motorista que é atacado depois do acidente), mas Farrell, eficiente como sempre, não faz feio e cria um bom vampiro, sanguinário e sedutor ao mesmo tempo. O mesmo digo do Evil Ed, amigo do protagonista, aqui interpretado pelo ótimo Christopher Mintz-Plasse (Kick-Ass, Superbad) – o novo Ed é diferente, mas não é pior. Ainda no elenco, Toni Collette, Imogen Poots e Dave Franco (que é igualzinho ao irmão mais velho James Franco).

Apesar de perder na comparação, o novo A Hora do Espanto não chega a ser ruim. Além do bom elenco, de uma boa trilha sonora e de eficientes efeitos especiais, o filme tem seus bons momentos, como o plano-sequência onde a família foge de carro. Outra coisa positiva é mostrar vampiros à moda antiga, que queimam no sol – rola até uma piada com a série Crepúsculo!

O filme original tinha um bom equilíbrio entre terror e comédia – nos anos 80, tivemos uma onda de filmes assim, como Os Caça-Fantasmas e Uma Noite Alucinante. A refilmagem tem menos ênfase na comédia, mas mesmo assim é um filme bem humorado. Acho que quem não viu o filme original e não tem um parâmetro de comparação vai curtir esta nova versão.

A Hora do Espanto tem uma versão em 3D, mas não vi, então não posso julgar. Algumas cenas têm objetos jogados na direção da câmera, mas são poucas. E boa parte do filme é escura, então desconfio que o 3D não deve ter sido muito bom.

Por fim, preciso falar que heu queria ter visto A Hora do Espanto nos cinemas, mas o circuito não permitiu. A estreia foi no mesmo dia que começou o Festival do Rio 2011, e só ficou em cartaz por duas semanas, exatamente a duração do Festival – a partir da terceira semana, só estava em cartaz em cinemas na periferia. Pena, tive que baixar um filme que heu pretendia pagar o ingresso!

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Coração Louco

Coração Louco

Atrasado, mas vi Coração Louco, o filme que deu o Oscar em 2009 para o grande Jeff Bridges!

Com 57 anos, o cantor de country Bad Blake vive à sombra do próprio passado, tocando em buracos quase sempre indignos do seu talento, acompanhado de muito cigarro e muito álcool. O orgulho o impede de se aproximar de Tommy Sweet, um cantor mais novo que no passado foi seu pupilo, e hoje goza de grande fama e prestígio. Apesar de vários casamentos frustrados, Bad ainda faz uma nova tentativa com a jovem jornalista Jean.

Jeff Bridges está ótimo, como sempre. Admito que sou fã do cara, caramba, ele é o Dude Lebowski! E não só isso, é só olhar o currículo dele pra virar fã: Tron, Starman, O Pescador de Ilusões… Ele estava até em Homem de Ferro! Confesso que Bad Blake não é o meu personagem preferido de sua carreira recente – ele merecia um prêmio por Os Homens Que Encaravam Cabras, isso sim! Mas pelo menos o Oscar foi para a pessoa certa.

O resto do elenco também está ok. Colin Farrell, sei lá por que, não está nos créditos principais, mas tem um dos principais papeis como Tommy Sweet. E Maggie Gyllenhaal, feinha mas simpaticíssima, está perfeita como Jean, a mulher que sabe que precisa manter distância do homem que ama. E ainda tem Robert Duvall num papel pequeno.

Preciso falar da parte musical. Por um lado, é legal ver Bridges e Farrell cantando e tocando, gosto muito quando os atores “colocam a mão na massa” e conseguimos vê-los cantando e tocando (confira nos créditos: eles não foram dublados!). Mas, por outro lado, não sou chegado em música country… Mesmo assim, reconheço o bom trabalho – e não estou sozinho, a Academia deu à canção “The Weary Kind” o outro Oscar de Coração Louco.

Coração Louco é o filme de estreia do diretor Scott Cooper, que também escreveu o roteiro. O filme é interessante, mas é o tipo de filme que não tem muito como ser criativo. É aquilo, cantor veterano tem problemas com álcool, com mulheres, com ego… e depois tem problemas com álcool, com mulheres, com ego… Não sou muito fã do estilo, então não virei fã do filme. Mas é sempre um prazer ver Jeff Bridges atuando bem!

Ondine

Ondine

Syracuse (Colin Farrell) é um pescador irlandês pouco acostumado com a sorte. Mas isso muda quando ele encontra uma misteriosa mulher em sua rede de pesca. Ele desconfia que ela possa ser uma sereia, mas sua filha de dez anos – que, por causa de um problema de saúde vive numa cadeira de rodas – acha que ela é uma Selkie, uma espécie de mulher foca da mitologia local.

Colin Farrell voltou à sua Irlanda natal para esta simpática fábula, escrita e dirigida por Neil Jordan, outro irlandês ilustre. O que é mais legal em Ondine é a dúvida que o filme levanta: seria Ondine uma Selkie de verdade?

Além de Farrell, dois nomes se destacam no elenco: a bela e pouco conhecida Alicja Bachleda (mexicana, descendente de poloneses) como Ondine, e Alison Barry como a esperta filha do pescador. Claro, como é um filme do Neil Jordan, Stephen Rea, seu ator favorito, também está lá.

Neil Jordan é um grande diretor e já fez grandes filmes, como Entrevista Com um Vampiro, Traídos Pelo Desejo e Fim de Caso. Aqui, é um filme mais modesto, uma história romântica no formato de um conto de fadas moderno.

O roteiro anda por um caminho perigoso, mas consegue resolver de maneira satisfatória o mistério de Ondine. Pelo menos heu gostei da solução do filme!

Enfim, nada essencial. Mas um filme leve e agradável, quem for assistir não vai se arrepender.

O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus

O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus

Ontem fui naquele evento onde colocam uma tela gigante no Jóquei Clube, na Gávea, Rio de Janeiro. (Cada ano eles mudam de nome, ano passado era Vivo Open Air, este ano virou Vale Open Air. Qual será o nome ano que vem?) Era a pré estreia do novo filme do diretor Terry Gilliam, “O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus”!

A trama: nos dias de hoje, uma trupe teatral no estilo daquelas que a gente vê em filmes medievais circula por aí. É dirigida pelo Doutor Parnassus, que tem um misterioso pacto com o diabo.

Terry Gilliam tem um estilo visual único – aliás, foi por isso que escolhi este filme para ver na tela gigante. As imagens de sonho, no tal “mundo imaginário” do título, são fantásticas. Figurinos, fotografia, direção de arte, efeitos especiais, o cuidado do diretor neste sentido é enorme, vide obras como “Brazil”, “As Aventuras do Barão Munchausen”, “Os 12 Macacos” e “Medo e Delírio”. Os efeitos especiais de seus filmes já nos tiravam o fôlego numa era pré-computador, e agora, com os ilimitados poderes dos cgi, a sua criatividade atinge patamares nunca antes imaginados.

Gilliam é muito talentoso, mas é um cara azarado. Frequentemente, seus filmes têm problemas na produção. Se “Munchausen” chegou a ser cancelado antes de finalizado, e o filme sobre Dom Quixote que ele tentou fazer nem mesmo ficou pronto, “Doutor Parnassus” perdeu um de seus atores principais. Heath Ledger, que faz Tony, morreu durante as filmagens. Mas a solução encontrada foi muito boa: chamaram outros três atores diferentes, e cada vez que Tony entrava no “mundo imaginário”, ele mudava de cara. Talvez em outro tipo de filme isso não funcionasse, mas aqui, ficou genial! Assim, temos, além de Ledger, outros três Tonys, interpretados por Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell. Além deles, o elenco conta com Christopher Plummer como o Doutor Parnassus, Tom Waits, Lily Cole, Verne Troyer e Andrew Garfield.

O resultado final do filme é meio confuso, não sei se a morte de Ledger teve algo a ver com isso. Mesmo assim, o filme merece ser visto, nem que seja só pelo visual deslumbrante.

Por fim, acredito que todos aqui sabem que Terry Gilliam é ex-membro do Monty Python, lendário grupo de humor inglês. Pois bem, uma das cenas é a cara do Monty Python, aquela que mostra policiais cantando e dançando. Muito boa esta cena!