Um Lugar Silencioso – Dia Um

Crítica – Um Lugar Silencioso – Dia Um

Sinopse (imdb): Uma mulher vive os aterrorizantes primeiros minutos de uma invasão alienígena na cidade de Nova York.

Hollywood gosta de franquias. Um terceiro filme de Um Lugar Silencioso não chega a ser surpresa. A Paramount disse que seria um prequel, mas pra mim Um Lugar Silencioso – Dia Um é um spin off, já que vemos outros personagens no mesmo universo.

Meu medo era a troca de diretor. John Krasinski deu lugar a Michael Sarnoski (que dirigiu Pig, um dos melhores filmes recentes do Nicolas Cage). Mas podemos dizer que Sarnoski fez um bom trabalho.

Somos apresentados à protagonista, interpretada pela Lupita Nyong’o (não me lembro se ela tem nome), que está numa clínica tratando um câncer terminal. Os pacientes vão até a cidade de Nova York pra assistir a uma peça de teatro, quando chegam os monstros alienígenas e começam a destruir tudo.

Essa parte “filme catástrofe” é muito boa. São sequências tensas, e a parte técnica é perfeita. Lembrei da franquia Alien: no primeiro filme, mal vemos o monstro, mas nas continuações temos uma grande quantidade deles. Aqui e o mesmo, são dezenas de monstros espalhados, destruindo tudo. Tem uma cena em plano sequência, da Lupita andando meio sem destino no meio do caos, que é talvez a melhor sequência do filme.

Mas aí acabam as sequências de catástrofe e o filme muda. Caímos num momento drama que achei meio arrastado. E então algumas conveniências de roteiro começaram a me incomodar. Vou citar duas delas aqui.

A primeira é sobre como funciona a audição dos monstros. Parece que a audição é mais ou menos apurada dependendo do que o roteiro pede. Um exemplo: em uma cena, o som de uma roupa se rasgando é suficiente pra rapidamente atrair o monstro. Mas em outra cena vemos centenas, talvez milhares de pessoas andando, e os monstros demooooram pra aparecer… Tem uma outra cena onde um personagem está quebrando vidros de carros pra disparar alarmes e atrair os monstros, e outro personagem chuta uma latinha – e TODOS os monstros param de seguir os alarmes pra irem na direção da latinha!

(Tem um detalhe que parece que não viram os filmes anteriores. As pessoas andam descalças e pisam de um modo a fazer menos barulho. Aqui o personagem do Joseph Quinn anda de sapato social por mais da metade do filme. Não era melhor alguém ter dito pra ele andar descalço?)

Outra conveniência de roteiro é o gato. Tem um gato que acompanha a Lupita ao longo de todo o filme. Mas tem cenas onde o gato não está. Então a gente combina assim: se der pra aparecer, a gente coloca o gatinho. Mas se for complicado, tipo uma cena debaixo d’água, a gente deixa de lado e depois mostra o gatinho molhado. Ah, detalhe: o gato não mia!!!

Tem um outro probleminha, nada grave, mas, nós, espectadores, sabemos que os monstros são extremamente sensíveis aos sons, então é importantíssimo que se fique em silêncio. Mas, os personagens do filme “ainda” não sabem. Achei que o início foi meio abrupto nesse sentido, podiam ter desenvolvido melhor esse novo perigo desconhecido.

Assim como nos outros filmes, o elenco é pequeno e funciona bem. Quase todo o filme fica em cima da Lupita Nyong’o e do Joseph Quinn, e tem pequenas participações de Alex Wolff e Djimon Hounsou.

Apesar dessas “roteirices”, Um Lugar Silencioso – Dia Um não é de todo ruim. Vai agradar os menos exigentes.

Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes

Crítica – Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes

Sinopse (imdb): Kora e os guerreiros sobreviventes se preparam para defender Veldt, seu novo lar, ao lado de seu povo contra o Realm. Os guerreiros enfrentam seus passados, revelando suas motivações antes que as forças do Realm ataquem.

Em 1991, Pauline Kael, crítica do The New York Times, ao se aposentar, declarou que estava aliviada de não precisar ver mais nenhum filme do Oliver Stone. Quando vi que a Netflix tinha lançado a segunda parte de Rebel Moon, lembrei da Pauline Kael. Porque se não fosse o heuvi, heu não veria o novo Zack Snyder.

Como falei no meu texto anterior Rebel Moon Parte 1 não é exatamente ruim, mas é fraco, parece um fan film escrito por um adolescente que acabou de ver, pela primeira vez, Guerra nas Estrelas e Mercenários das Galáxias. Pelo menos é um filme bonito, mas só isso. Um fan filme vazio e bonito.

Mas, chega, né? Pra que fazer um segundo filme se você não tem história que justifique isso?

Parece que Zack Snyder não conhece esse conceito, e assim temos mais um Rebel Moon. E pior, ele quer mais, no fim do texto volto a esse assunto.

Rebel Moon Parte 2 se resume a duas partes. Primeiro “o vilãozão vai atacar, precisamos nos preparar”, depois tem o “ataque do vilãozão contra os fazendeiros ajudados pelos mercenários recrutados no primeiro filme”. Só. Não tem nada que mereça um destaque. Não tem uma trama cativante, nenhum personagem interessante ou carismático, nenhuma cena memorável, nada. Apenas um filme genérico. Tecnicamente bem feito, mas genérico.

E com MUITA câmera lenta, como era de se esperar. Tem tanta câmera lenta que banalizou o efeito. Se ele queria que a câmera lenta simbolizasse algo, esse símbolo se diluiu, porque todo o filme e em câmera lenta. Mas, vou repetir uma coisa que falei no outro texto: “Reclamar de câmera lenta em filme do Zack Snyder é a mesma coisa que reclamar de lens flare em filme do JJ Abrams, ou de closes nos pés das atrizes em filme do Tarantino, ou de tudo estar simétrico em filme do Wes Anderson. Faz parte do pacote.”

Agora, preciso criticar algumas coisas. Tem uma cena em particular que achei tão ruim que posso criticá-la em três camadas. É quando o Djimon Hounsou fala sobre seu passado e pede pra cada um fazer o mesmo. Em primeiro lugar, é uma cena ruim porque deveria estar no primeiro filme, que era o recrutamento da galera. Este segundo filme já era pra ser a ação, não precisa voltar para motivações. Mas, ok, seguimos, até o segundo problema: um personagem fala “o vilãozão malvadão matou minha família e meus amigos e destruiu o meu mundo”, aí depois outro personagem fala “o vilãozão malvadão matou minha família e meus amigos e destruiu o meu mundo”, aí um terceiro fala “o vilãozão malvadão…” CHEGA! Se as histórias são iguais, pra que repetir? Ou seja, é uma cena sem propósito e desnecessária. Mas, tem uma terceira camada: a cena podia ser sem propósito e desnecessária se fosse boa. Mas a cena é chaaaata. Nessa cena, juro, quase avancei o filme.

Heu ainda queria reclamar de duas coisas. Uma delas é que tem uma das cenas mais sem sentido que vi nos últimos tempos: a heroína organiza o plano, diz pra todos os fazendeiros enfrentarem o vilãozão, mas na hora de executar o plano ela desiste. Oi?!?!?!?

A outra é sobre o duelo de sabres de luz. Sim, tem sabres de luz aqui, falei que é um Star Wars genérico. Sr. Snyder, mocinhos não usam sabres vermelhos! Você errou na cor dos sabres!

Agora, se Rebel Moon Parte 2 fosse apenas uma cópia genérica e despretensiosa de Star Wars, heu até aceitava. Mas não, tem algo bem pior: é um projeto pretensioso. Primeiro, Zack Snyder disse que quer fazer mais vários filmes neste universo – tem um gancho pra Parte 3, apesar de NINGUÉM querer mais um filme. E ainda tem outro problema, tão grave quanto o anterior: Snyder disse que essas versões não são boas, porque ele vai lançar versões estendidas. Cara, na boa, ninguém quer ver um terceiro filme, e ninguém quer ver uma versão estendida!

Espero, sinceramente, que não tenha um terceiro filme. Pelo menos enquanto heu ainda escrever aqui no heuvi.

Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo

Crítica – Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo

Sinopse (imdb): Uma jovem sai em busca de guerreiros de outros planetas para enfrentar um exército de invasores que aterrorizam a pacífica colônia onde vive.

Estou atrasado. Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo (Rebel Moon – Part One: A Child of Fire, no original) foi lançado no fim de dezembro, na época que heu estava montando minhas listas. Mas, depois de ver o filme, fiquei pensando se a estratégia foi exatamente essa, acho que lançaram numa época onde boa parte dos críticos estaria fazendo listas…

Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo é uma tentativa do Zack Snyder de fazer um filme de Star Wars. Segundo o imdb, Snyder teria apresentado o roteiro pra Lucasfilm em 2012, mas o projeto acabou cancelado. Anos depois, Snyder levou pra Netflix e conseguiu sinal verde.

Mas, diferente da maioria, não vou falar muito mal de Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo. Não, não é um bom filme, mas também não é esse lixo todo que estão falando. Como comentei aqui semana passada, as expectativas podem influenciar positiva ou negativamente, e as minhas expectativas para esse filme eram zero, heu já sabia que ia ver um filme genérico. E Rebel Moon é exatamente isso, um Star Wars genérico – e cheio de câmera lenta.

Na verdade, o roteiro de Rebel Moon parece um fan film escrito por um adolescente que acabou de ver, pela primeira vez, Guerra nas Estrelas e Mercenários das Galáxias. Porque tudo no filme lembra Guerra nas Estrelas (tem até uma espada luminosa pra ser o sabre de luz!), e o desenrolar da história é o mesmo de Mercenários das Galáxias (que é a mesma história de Os Sete Samurais – uma vila pobre é atormentada por cruéis vilões, e uma pessoa da vila sai atrás de ajuda de samurais de outros lugares).

Em defesa de Rebel Moon, o visual do filme é muito bonito. A protagonista mora numa lua de um planeta com anéis, é muito legal em vez de ter uma lua no céu, ter um planeta enorme. É um filme vazio, mas pelo menos é bonito. Snyder deveria desistir de roteiro e focar só na direção de fotografia. Fica a dica!

Ah, sim, tem câmera lenta. Muitas vezes. Exageradamente. Mas, é uma das características do diretor. Reclamar de câmera lenta em filme do Zack Snyder é a mesma coisa que reclamar de lens flare em filme do JJ Abrams, ou de closes nos pés das atrizes em filme do Tarantino, ou de tudo estar simétrico em filme do Wes Anderson. Faz parte do pacote.

O elenco é ok. Sofia Boutella faz a protagonista, gosto dela, torço pra que ela consiga filmes melhores. Anthony Hopkins faz a voz do robô que aparece no início. Jena Malone faz a aranha gigante, está difícil de reconhecer. Uma curiosidade: é a primeira que Ed Skrein e Michiel Huisman trabalham juntos, desde que o segundo substituiu o primeiro como o Daario Naharis em Game Of Thrones. Também no elenco, Djimon Hounsou, Doona Bae, Ray Fisher, Charlie Hunnam, Cary Elwes e Cleopatra Coleman.

Rebel Moon – Parte 1: A Menina do Fogo tem um problema bem comum hoje em dia, que é ter uma história sem fim. Parece que o filme inteiro é sobre o recrutamento dos “sete samurais”, e a história em si só deve começar no próximo filme. Acho ruim, mas é uma tendência cada vez mais recorrente. E o pior é que rolam boatos de que serão vários filmes e seriados nesse unviverso.

Agora, um problema que não é recorrente é essa mania de se fazer “versão do diretor”. Snyder já anunciou que em breve lançará outra versão. Caramba, se ele tinha luz verde da Netflix, por que não fazer uma única e definitiva versão???

Gran Turismo – De Jogador a Corredor

Crítica – Gran Turismo – De Jogador a Corredor

Sinopse (imdb): A história real da realização de um sonho de um jogador de Gran Turismo, cujas habilidades no jogo o levaram a vencer uma série de competições da Nissan e a se tornar um piloto profissional de corrida. Baseado em uma história real.

Desconfio que a maior parte do público alvo deste Gran Turismo – De Jogador a Corredor (Gran Turismo, no original) vai ao cinema por causa do videogame. A minha motivação era outra: é o novo filme de Neill Blomkamp. O que diabos o Blomkamp está fazendo em um filme de corridas de carro?

Sou fã do Neill Blomkamp desde Distrito 9 (seu filme de estreia, e também seu melhor filme até hoje). Mas, ok, concordo que a carreira dele é bastante irregular. Depois de Distrito 9, de 2009, ele fez Elysium (2013) e Chappie (2015), e depois sumiu. Segundo o imdb, entre 2016 e 2020 ele só fez curtas – vários deles estão na coletânea Oats Studios. Aí em 2021 ele lançou Demonic, que foi muito abaixo de tudo o que ele já tinha feito até então, mas pelo menos ele se mantinha dentro do cinema fantástico. Será que Blomkamp funcionaria dentro de um esquema de superprodução blockbuster completamente fora do fantástico?

Olha, podemos dizer que sim.

Gran Turismo é cheio de clichês e extremamente previsível. A gente sabe que o cara vai ganhar, se ele perdesse não teria filme. Mais: é um desfile de product placement. Mas, quando a gente vê que um filme assim vai ser lançado, a gente já sabe que o formato vai ser assim. O importante é: dentro dos clichês e da previsibilidade, Blomkamp fez um filme tecnicamente muito eficiente. E posso dizer que as corridas são emocionantes.

Heu não conhecia a história do Jann Mardenborough, que era um jogador de videogame que passou por uma academia e virou piloto profissional. É uma história muito boa, e a produção teve a inteligente escolha de adaptar essa história para o cinema, em vez de criar uma história fictícia baseada no videogame.

As cenas de corrida são muito bem filmadas, com drones passeando por cima da plateia e por entre os carros. Vemos tudo com muita precisão, e com um detalhe curioso que ajuda o espectador a se situar: o carro do Jann sempre tem um número em cima, como se fosse um videogame (os outros carros não têm números porque ninguém se importa com os outros). Ah, o verdadeiro Jann Mardenborough foi dublê de piloto.

Tem uma cena bem legal onde os efeitos especiais mostram a transição da corrida real para o videogame – vemos um carro sendo desmontado peça a peça, ficando só o console do jogo. Provavelmente tem muito cgi, mas é um cgi bem feito e o espectador nem consegue identificar.

Nem tudo funciona dentro dos clichês. Existe uma equipe que foi escolhida para ser antagonista, e o piloto é péssimo! A subtrama da namorada dele também não leva a nada. E as cenas com o criador do videogame poderiam facilmente ser cortadas do filme.

Para plateia brasuca: os brasileiros: nenhum dos personagens principais é brasileiro, mas vemos um poster do Senna no quarto do Jann, e bandeiras brasileiras ao longo do filme. A produção entende que o Brasil tem sua relevância no mundo das corridas de carro.

Sobre o elenco, Archie Madekwe funciona no papel principal, mas é um ator pouco expressivo – fui ver no imdb, já tinha visto vários outros filmes com ele e nunca tinha reparado no ator (Midsommar, Beau Tem Medo, Agente Stone). David Harbour está muito bem (e de vez em quando ele coloca o protetor de ouvidos na testa e lembra o Hellboy). Também no elenco, Orlando Bloom, Djimon Hounsou, Thomas Kretschmann e Geri Halliwell – e preciso admitir que não reconheci a Ginger Spice como mãe do protagonista!

Shazam! Fúria dos Deuses

Crítica – Shazam! Fúria dos Deuses

Sinopse (filmeB): Agraciado com os poderes dos deuses, Billy Batson e seus irmãos adotivos ainda estão aprendendo a conciliar a vida adolescente com alter egos de super-heróis adultos. Mas quando as Filhas de Atlas, um trio vingativo de deusas antigas, chegam à Terra em busca da magia roubada deles há muito tempo, Billy – também conhecido como Shazam – e sua família são lançados em uma batalha por seus superpoderes, suas vidas e o destino de seu mundo.

O primeiro Shazam!, lançado em 2019, foi uma divertida bobagem, com um herói adolescente num corpo de um adulto. Não era um grande filme, mas o resultado ficou divertido. Claro que iam fazer uma continuação. Shazam! Fúria dos Deuses (Shazam! Fury of the Gods no original) segue a mesma proposta do primeiro filme: um super herói bobinho e inseguro, num clima mais colorido e divertido que o “padrão DC”.

Shazam! Fúria dos Deuses (por que não “Shazam 2”?) repete o diretor David F. Sandberg do filme anterior. Sandberg tem passado no cinema de terror – procurem uma boneca Annabelle no consultório do pediatra! A primeira sequência do filme, no museu, é bem violenta (mesmo sem sangue). Se o filme fosse nessa pegada até o fim, ia ser bem legal, pena que larga esse caminho logo depois.

Como falei, é DC, mas tem um pé muito forte na comédia. Algumas piadas são meio sem graça, mas admito que ri alto em algumas cenas (a piada que encerra a primeira cena pós créditos é muito boa!). Além disso, Shazam! Fúria dos Deuses tem várias referências à cultura pop, são citados inúmeros filmes, como Star Wars, Senhor dos Anéis e Game of Thrones – e fazer uma citação a Velozes e Furiosos com a Helen Mirren presente foi genial!

Agora, precisamos reconhecer que o roteiro é cheio de “roteirices”, tipo um dragão que solta raios mortais pela boca, mas que tem um raio inofensivo quando está diante de um dos personagens principais. E aquela redoma segue as regras que o roteiro pede no momento.

Achei as vilãs bem ruins. Hellen Mirren é a menos pior, ela nem está tão mal como as outras duas, mas, caramba, é a Hellen Mirren, está bem aquém do esperado, trazer alguém do porte da Hellen Mirren só pra isso é um enorme desperdício. As outras duas estão realmente ruins: Rachel Zegler só faz a mesma cara de espanto ao longo de todo o filme; e Lucy Liu, caricata ao extremo, está ainda pior. (Aliás, a personagem da Rachel Zegler não faz o menor sentido, ela tem seis mil anos e se envolve romanticamente com um adolescente. Isso é errado em tantos níveis…)

Ainda sobre o elenco, tem uma coisa que ficou esquisita. São seis irmãos, crianças e adolescentes. No filme anterior, eram seis atores adultos diferentes quando eles viravam super. Mas agora uma atriz, Grace Caroline Currey, faz as duas versões, “adolescente” e super (ela já tem 26 anos, já não mais adolescente há algum tempo). Nada contra a mesma atriz ficar nas duas versões da personagem, mas destoa do resto. Todos os outros cinco ficam completamente diferentes, mas ela tem a mesma cara.

Já que estou falando dos irmãos… São seis, e o filme só foca em três: Billy, Freddy e Mary. A Darla tem alguma relevância só no “momento unicórnio”, e o Pedro só serve pra fazer uma piada (que pareceu inspirada em Quase Famosos). O sexto irmão é tão inútil que a gente nem sabe o nome dele (catei no imdb, é Eugene). Enfim, roteiro mal escrito, não sabe equilibrar os personagens.

Um último comentários sobre o elenco. Heu sei que é uma referência muito específica, que poucos vão pegar, mas… Achei que o Djimon Hounsou está igual ao Daminhão Experiença.

A parte final do filme é meio confusa, mas, quem gostou do primeiro e se deixar levar, vai curtir o segundo. Só recomendo não parar pra pensar muito.

Ah, importante: são duas cenas pós créditos, tem uma lá no finzinho.

King’s Man: A Origem

Crítica – King’s Man: A Origem

Sinopse (imdb): Um spinoff da franquia Kingsman sobre essa organização de espiões no início do século XX.

Ah, a expectativa. Já falei aqui diversas vezes, quando a gente cria expectativas, a chance de uma decepção é grande.

Gosto muito do primeiro Kingsman, um excelente filme com cenas de ação insanas e um humor no ponto exato. O segundo é mais galhofa, mas ainda é muito divertido. Fui ao cinema querendo ver algo nessa pegada. Mas esse terceiro filme é muito mais sério. Poucas cenas de ação, e quase nada de humor. E, pra piorar, o filme demora muito tempo no setup inicial, quase uma hora até as coisas começarem a acontecer.

E aí vem a minha dúvida: o problema foi do filme, ou heu que queria ver uma coisa e me foi apresentada outra? Pelo meu head canon, afirmo: achei uma decepção. Talvez vendo uma segunda vez heu mude de ideia, mas, dessa primeira vez, não curti.

Uma coisa que achei estranha foi que é do mesmo Matthew Vaughn que dirigiu os outros dois. Se tivesse mudado o diretor, dava pra entender a mudança de estilo, mas, sendo escrito e dirigido pelo mesmo cara, por que ele resolveu mudar?

Este filme traz uma coisa curiosa. Assim como Tarantino fez em Bastardos Inglórios e Era uma Vez em Hollywood, este King’s Man: A Origem traz personagens históricos reais dentro da trama do filme. Li uma crítica onde falavam que isso era um problema, porque você já sabe o destino de alguns personagens. Mas, admito, falha minha, conheço pouco sobre a história da primeira guerra mundial, então não sabia de nenhum dos acontecimentos.

O primeiro filme tem uma sequência sensacional, que poderia estar em listas de melhores sequências da história do cinema, a cena da igreja. A cena é extremamente bem filmada, e além disso ela tem uma importância muito grande na narrativa, porque o espectador se pergunta “e agora, pra onde a história vai?” Neste novo filme, não tem nenhuma cena que chama a atenção tecnicamente falando, mas tem um desses momentos de “pra onde a história vai?”. Sem spoilers, mas a parte na guerra me causou essa boa estranheza.

O elenco é bom. Como esse filme se passa cem anos antes do primeiro Kingsman, claro que não tem ninguém dos outros filmes – tive a impressão de ter visto Mark Strong na cena final, mas precisaria rever pra ter certeza, no imdb não fala nada. Ralph Fiennes manda bem como o protagonista, e se tiver que dar um destaque, vou de Rhys Ifans (irreconhecível) como Rasputin. Também no elenco, Gemma Arterton, Harris Dickinson, Djimon Hounsou, Matthew Goode, Charles Dance, Alexandra Maria Lara, Daniel Brühl, Tom Hollander e participações menores de Aaron Taylor-Johnson e Stanley Tucci.

King’s Man: A Origem estreia nos cinemas esta semana. Vou tentar rever pra ter uma segunda opinião.

Um Lugar Silencioso Parte 2

Crítica – Um Lugar Silencioso Parte 2

E vamos para um dos filmes mais aguardados desde o início da pandemia!

Sinopse (imdb): Após os acontecimentos em casa, a família Abbott agora enfrenta os terrores do mundo exterior. Forçados a se aventurar no desconhecido, eles percebem que as criaturas que caçam pelo som não são as únicas ameaças à espreita além do caminho de areia.

Explico a introdução. A sessão de imprensa de Um Lugar Silencioso Parte 2 (A Quiet Place Part 2, no original) estava marcada, em março de 2020. Veio a pandemia, cancelaram a sessão. E, diferente de outros títulos, Um Lugar Silencioso Parte 2 nunca foi para os streamings, estavam guardando para a volta dos cinemas. Ou seja, pelo menos pra mim, esta estreia foi um marco – o cinema está voltando!

Antes de entrar nesta segunda parte, um rápido comentário sobre o primeiro filme. É um bom filme, reconheço suas qualidades, mas… tem uma coisa naquele filme que me incomoda. Me incomoda tanto que não consigo relevar. Vamulá. Eles vivem num mundo onde monstros atacam guiados pelo som, então tudo precisa ser no máximo de silêncio possível. E vai nascer um bebê, não tem como controlar o silêncio com um bebê recém nascido. Mas… Eles descobrem que podem falar alto ao lado da cachoeira. Como a cachoeira faz um barulho constante, as falas ficam “camufladas”.

ENTÃO POR QUE NÃO FAZER UMA CASA AO LADO DA CACHOEIRA???

Achei isso uma atitude tão burra que nem cogitei o primeiro filme no meu top 10 daquele ano…

Mas, vamos ao segundo filme!

Mais uma vez co-escrito e dirigido por John Krasinski, que também co-escreveu e dirigiu o primeiro, Um Lugar Silencioso Parte 2 segue a vida da mesma família, logo depois dos eventos do primeiro filme.

Na verdade, o filme tem uma sequência inicial que é um prólogo, sequência muito boa, diga-se de passagem. Não li em lugar nenhum, é um palpite meu, me parece que John Krasinski queria aparecer como ator, e como o seu personagem morreu no primeiro filme, ele precisava de um flashback. Sei lá se isso é verdade ou não, mas posso dizer que a sequência é boa, mostra o momento que os monstros chegaram e começam a atacar. Os bichos são rápidos e assustadores, e as cenas são extremamente bem filmadas.

Krasinski consegue fazer um bom trabalho na construção da tensão que permeia toda a projeção. O filme é muito tenso, e rolam uns bons jump scares aqui e ali.

Aliás, a parte técnica do filme é primorosa. Pelo lado dos efeitos especiais, desta vez vemos os monstros com muito mais detalhes, e o cgi está perfeito. Mas, não podemos ignorar o minucioso trabalho de som. É um filme que usa muito o silêncio, tanto em cenas onde os personagens precisam ser silenciosos, quanto em cenas onde o som é cortado, para mostrar o ponto de vista de uma personagem que é surda.

No elenco, Cillian Murphy se junta à familia de Emily Blunt, Millicent Simmonds e Noah Jupe, e também temos um Djimon Hounsou num papel menor, quase uma ponta de luxo. Todos estão muito bem. A personagem de Millicent Simmonds ganha uma importância maior e ela quase vira uma protagonista. Nada contra, principalmente se a gente lembrar que, além de boa atriz, ela é surda, então esse papel é perfeito pra ela. Minha única reclamação é mimimi de fã chato, então podem ignorar: sou fã da Emily Blunt, queria vê-la mais tempo na tela.

Ouvi falar de boatos sobre um vindouro terceiro filme. Que mantenha a qualidade!

As Panteras (2019)

Crítica – As Panteras (2019)

Sinopse (imdb): Quando uma jovem engenheira de sistemas alerta sobre uma tecnologia perigosa, as Panteras são acionadas, colocando suas vidas em risco para proteger todos nós.

Lá se vão vinte anos daquele As Panteras com Cameron Diaz, Drew Barrymore e Lucy Liu. Claro que Hollywood tem espaço pra outro reboot.

E uma coisa legal deste reboot é que não ignoraram o passado. As Panteras (Charlie’s Angels, no original) mostra rapidamente fotos da série de TV dos anos 70 e umas montagens (meio toscas) com as três atrizes da versão cinematográfica dos anos 00 (além de uma rápida participação surpresa numa cena durante os créditos). Prefiro assim, a história é nova, mas respeita o que já foi feito.

O filme em si é aquilo que se espera. Correria, confusão, piadinhas aqui e ali, e muito girl power. Nada de novo, mas pelo menos cumpre o seu papel: diverte o espectador. A não ser que seja um espectador esperando uma obra prima – e alguém precisa avisar pra esse cara que ele está procurando o filme no lugar errado.

O elenco é bom. O trio novo (Kristen Stewart, Naomi Scott e Ella Balinska) tem química, Elizabeth Banks (que também é a diretora do filme) funciona como a chefe, e ainda tem Patrick Stewart, Djimon Hounsou e Sam Claflin. Ah, não sei se fui o único, mas o Jonathan Tucker me pareceu uma versão mais letal do personagem do Crispin Glover no filme de 2000.

Enfim, uma bobagem divertida.

Shazam!

Crítica – Shazam!

Sinopse (imdb): Todos nós temos um super-herói dentro de nós, basta um pouco de mágica para trazê-lo para fora. No caso de Billy Batson, gritando uma palavra – SHAZAM! – esse garoto adotado de quatorze anos de idade pode se transformar no super-herói adulto Shazam.

A DC decepcionou quando usou os dois maiores nomes do seu catálogo. Mas, depois de um resultado positivo com Aquaman, agora acerta de novo com outro personagem “lado B”, o Shazam.

Shazam! (idem no original) esquece toda a sisudez de Homem de Aço e Batman V Superman e apresenta uma comédia leve e divertida. O grande mérito do filme é que ele nunca se leva a sério – e ter um protagonista adolescente num corpo de adulto só reforça essa ideia.

(Sim, parece Marvel. E isso não é nada negativo, na minha humilde opinião.)

Shazam! é uma comédia assumida, mas o diretor David F. Sandberg veio do terror (ele dirigiu Quando as Luzes se ApagamAnnabelle 2). Assim, temos uma cena de acidente de carro onde mostra mais sangue que em todo o MCU, e os demônios são assustadores. Aliás não sei se foi coincidência, mas o diretor de Aquaman, James Wan, também tem extenso currículo no terror…

O filme tem um problema no desenvolvimento dos personagens, mas me parece que a culpa é do roteiro e não dos atores. Billy Batson e Shazam são a mesma pessoa mas em corpos diferentes. E a personalidade dos dois é muito diferente. Acho que os atores deveriam ter se estudado, para terem um comportamento semelhante.

Levando em conta o problema citado acima, o elenco é bom. Zachary Levi parece se divertir muito como o adolescente no corpo de um adulto com super poderes. Asher Angel não está mal, apenas destoa da personalidade da sua versão adulta. Por outro lado, Jack Dylan Grazer faz um coadjuvante mais interessante que o protagonista. Mark Strong está no limite da caricatura como o vilão com nome de banda lado B de rock nacional anos 80; Djimon Hounsou, sob pesada maquiagem, faz um mago engraçado. Por fim, queria falar da Faithe Herman, que faz a irmãzinha – a menina é adorável, quero vê-la em mais filmes!

A parte final teve uma coisa que me incomodou um pouco, nada grave, mas não vou falar aqui por causa de spoilers. Mas falarei tudo no Podcrastinadores sobre Shazam!, em breve no ar!

p.s.: Como sempre na Marvel, são duas cenas pós créditos. Não, péra…

Capitã Marvel

Crítica – Capitã Marvel

Sinopse (imdb): Carol Danvers se torna um das heroínas mais poderosas do universo quando a Terra se encontra no meio de uma guerra galáctica entre duas raças alienígenas.

Finalmente é chegada a hora de conhecermos a Capitã Marvel, a grande surpresa da cena pós créditos de Vingadores Guerra Infinita!

Era impossível não criar expectativas. Depois de uma sequência final devastadora, Guerra Infinita terminava com uma cena pós créditos citando uma nova personagem, a Capitã Marvel. Claro que todo espectador “não leitor de HQ” ficou se perguntando quem é ela, e como ela conseguiria se encaixar no MCU.

Mais uma vez, a Marvel / Disney mostra que estamos diante de um filme “de produtor”. A direção ficou a cargo da desconhecida dupla Anna Boden e Ryan Fleck. Mas, como aconteceu outras vezes, isso não afetou a qualidade. Capitã Marvel (Captain Marvel, no original) segue o alto padrão de qualidade MCU.

O filme se passa nos anos 90 (o que gera uma nostalgia boa, a quantidade de elementos “noventistas” é enorme), e isso abre espaço para mais um passo rumo ao “ator digital”. Já vimos antes, inclusive na Marvel, atores rejuvenescidos digitalmente (Robert Downey Jr, Kurt Russell, Michelle Pfeiffer), mas até agora era em algumas cenas rápidas. Aqui vemos Samuel L Jackson como Nick Fury, aparecendo quase tanto quanto a protagonista Brie Larson – ou seja, boa parte do filme. E em momento nenhum parece artificial.

Aliás, é bom falar: os efeitos especiais são ótimos. Não só o rejuvenescimento digital, como toda a ambientação em outros planetas é excelente. O mesmo podemos dizer sobre as batalhas, todas enchem os olhos. Não gostei do visual da Capitã Marvel no “modo ultra badass”, com o cabelo moicano saindo do capacete, mas parece que é assim nos quadrinhos, então deixa pra lá.

O elenco, como era de se esperar, é ótimo. Além dos já citados Samuel L Jackson e Brie Larson, Capitã Marvel ainda conta com Jude Law, Anette Benning, Ben Mendelsohn, Lashana Lynch e Clark Gregg. Djimon Hounsou e Lee Pace voltam a seus papéis apresentados em Guardiões da Galáxia. Claro, tem uma ponta do Stan Lee (aliás, o logo da Marvel faz uma bela homenagem a Stan Lee, vai ter muito nerd chorando antes do filme começar).

Para surpresa de ninguém, são duas cenas pós créditos, uma ligando ao MCU, outra com uma piadinha. Fiquem até o fim dos créditos!

Capitã Marvel é um filme de origem de super herói. É curioso notar que funciona como um filme “solo”, independente dos outros; e ao mesmo tempo se encaixa perfeitamente na linha temporal entre os dois Guerra Infinita (pela cena pós créditos).

Que venha Vingadores Ultimato!