Crítica – Um Lugar Silencioso – Dia Um
Sinopse (imdb): Uma mulher vive os aterrorizantes primeiros minutos de uma invasão alienígena na cidade de Nova York.
Hollywood gosta de franquias. Um terceiro filme de Um Lugar Silencioso não chega a ser surpresa. A Paramount disse que seria um prequel, mas pra mim Um Lugar Silencioso – Dia Um é um spin off, já que vemos outros personagens no mesmo universo.
Meu medo era a troca de diretor. John Krasinski deu lugar a Michael Sarnoski (que dirigiu Pig, um dos melhores filmes recentes do Nicolas Cage). Mas podemos dizer que Sarnoski fez um bom trabalho.
Somos apresentados à protagonista, interpretada pela Lupita Nyong’o (não me lembro se ela tem nome), que está numa clínica tratando um câncer terminal. Os pacientes vão até a cidade de Nova York pra assistir a uma peça de teatro, quando chegam os monstros alienígenas e começam a destruir tudo.
Essa parte “filme catástrofe” é muito boa. São sequências tensas, e a parte técnica é perfeita. Lembrei da franquia Alien: no primeiro filme, mal vemos o monstro, mas nas continuações temos uma grande quantidade deles. Aqui e o mesmo, são dezenas de monstros espalhados, destruindo tudo. Tem uma cena em plano sequência, da Lupita andando meio sem destino no meio do caos, que é talvez a melhor sequência do filme.
Mas aí acabam as sequências de catástrofe e o filme muda. Caímos num momento drama que achei meio arrastado. E então algumas conveniências de roteiro começaram a me incomodar. Vou citar duas delas aqui.
A primeira é sobre como funciona a audição dos monstros. Parece que a audição é mais ou menos apurada dependendo do que o roteiro pede. Um exemplo: em uma cena, o som de uma roupa se rasgando é suficiente pra rapidamente atrair o monstro. Mas em outra cena vemos centenas, talvez milhares de pessoas andando, e os monstros demooooram pra aparecer… Tem uma outra cena onde um personagem está quebrando vidros de carros pra disparar alarmes e atrair os monstros, e outro personagem chuta uma latinha – e TODOS os monstros param de seguir os alarmes pra irem na direção da latinha!
(Tem um detalhe que parece que não viram os filmes anteriores. As pessoas andam descalças e pisam de um modo a fazer menos barulho. Aqui o personagem do Joseph Quinn anda de sapato social por mais da metade do filme. Não era melhor alguém ter dito pra ele andar descalço?)
Outra conveniência de roteiro é o gato. Tem um gato que acompanha a Lupita ao longo de todo o filme. Mas tem cenas onde o gato não está. Então a gente combina assim: se der pra aparecer, a gente coloca o gatinho. Mas se for complicado, tipo uma cena debaixo d’água, a gente deixa de lado e depois mostra o gatinho molhado. Ah, detalhe: o gato não mia!!!
Tem um outro probleminha, nada grave, mas, nós, espectadores, sabemos que os monstros são extremamente sensíveis aos sons, então é importantíssimo que se fique em silêncio. Mas, os personagens do filme “ainda” não sabem. Achei que o início foi meio abrupto nesse sentido, podiam ter desenvolvido melhor esse novo perigo desconhecido.
Assim como nos outros filmes, o elenco é pequeno e funciona bem. Quase todo o filme fica em cima da Lupita Nyong’o e do Joseph Quinn, e tem pequenas participações de Alex Wolff e Djimon Hounsou.
Apesar dessas “roteirices”, Um Lugar Silencioso – Dia Um não é de todo ruim. Vai agradar os menos exigentes.