Loucos e Perigosos / Once Upon a Time in Venice

Once upon a time in veniceCrítica – Loucos e Perigosos / Once Upon a Time in Venice

Um detetive veterano de Los Angeles busca a implacável gangue que roubou seu cachorro.

Outro dia vi no filmeb que este filme estava pra estrear. Claro que um filme com Bruce Willis, John Goodman, Jason Momoa e Famke Janssen entra no radar, né? Mas a estreia foi adiada, e agora está sem previsão de entrar em cartaz. Então vamos logo ao texto?

Depois de ver o filme, entendi por que está sendo adiado indefinidamente. Once Upon a Time in Venice (que, segundo o imdb, vai se chamar Loucos e Perigosos aqui no Brasil) é uma grande decepção – principalmente se a gente lê a lista de nomes no elenco.

Dirigido por Mark Cullen, Once Upon a Time in Venice tem cara daquelas comédias meio sem graça que, na época das videolocadoras, serviam pra encher os catálogos como “filmes de apoio” – filmes com menos “star power”, que eram vendidos ao lado dos grandes lançamentos. Ou seja, um filme dispensável.

A edição e a trilha sonora ainda tentam criar um ar “cool”, mas tudo é tão bobo que o filme não decola nunca. Além de muitas piadas sem graça, são várias situações forçadas e sem sentido – tipo, se o amigo tem dinheiro pra pagar o empréstimo feito com o agiota russo, por que não pedir antes a ele no lugar do agiota? E, na boa, o Bruce Willis pelado andando de skate não ficou engraçado, ficou constrangedor.

O filme é tão esquisito que o personagem principal era pra ser o do Bruce Willis, mas o filme tem uma narração em off feita pelo desconhecido Thomas Middleditch (o nome do cara é o oitavo na página do filme no imdb!).

Sobre o elenco: se Bruce Willis parece estar no piloto automático, pelo menos John Goodman está bem, quase faz o filme valer a pena (heu disse “quase”!). Jason Momoa até está engraçado, mas aparece pouco; Famke Janssen tem um papel minúsculo. Ainda no elenco, Jessica Gomes, Adam Goldberg e Emily Robinson, além do já citado Middleditch.

O final do filme tem um gancho pra continuação, que espero que não venha.

Terminado o filme, fico com a impressão de que Loucos e Perigosos não vai chegar nunca aos cinemas. Mas daqui a pouco deve aparecer nos Telecines da vida.

Atômica

AtomicaCrítica – Atômica

Em 1989, uma agente do MI6 é enviada a Berlim para investigar o assassinato de um colega e recuperar uma lista desaparecida de agentes duplos.

Quando vi os dois John Wick, reparei que as sequências de ação eram extremamente bem filmadas. Os diretores do primeiro filme, Chad Stahelski e David Leitch, têm uma vasta carreira como dublês e como coordenadores de dublês. Atômica (Atomic Blonde, no original), o primeiro projeto solo de Leitch, é uma adaptação da HQ “The Coldest City”, escrita por Antony Johnston e ilustrada por Sam Hart (que é inglês, mas vive no Brasil). E, se John Wick já era empolgante, agora temos cenas de ação com a mesma veracidade e violência, mas dentro de um pacote muito mais elaborado. Bom elenco, boa fotografia, boa trilha sonora, cenas de ação de tirar o fôlego… Estamos diante de um dos melhores filmes do ano!

As cenas de “tiro porrada e bomba” são excelentes. Como o diretor manja dos paranauês no que diz respeito a dublês, tomou cuidado com detalhes que normalmente passam despercebidos, como o modo dos personagens portarem suas armas, ou um personagem que leva uma facada nas costas e depois sente a dor desta facada (já repararam que nos filmes os personagens “se esquecem” das dores?).

São várias sequências antológicas. Mas uma delas chama a atenção: um plano sequência de mais de dez minutos, onde personagens entram num prédio: tiro, porrada, porrada, tiro, sangue, mortes, mais tiro, mais porrada, gente rolando escada abaixo, mais tiro, mais porrada, mais sangue, mais mortes, personagens saem do prédio, entram num carro, começa a perseguição, carro batendo, carro capotando… Tudo sem corte!!! Ok, houve cortes. Li no imdb que foram cerca de 40 planos, emendados digitalmente. Mas não tiro o mérito da concepção de uma cena assim. Sr. Leitch, antes você tinha a minha curiosidade; agora você tem a minha atenção. ;-)

A trilha sonora merece um parágrafo à parte. Como o filme se passa em 1989, a trilha só traz clássicos oitentistas. New Order, Depeche Mode, George Michael, David Bowie, Siouxsie and the Banshees, The Clash… Todas bem inseridas no contexto.

Charlize Theron já tinha mostrado que é muito boa em filmes de ação (ela foi o highlight do último Mad Max, e ainda entrou pra franquia Velozes e Furiosos). Mas este é o seu melhor momento no estilo. Ela está linda – como sempre – e sai na porrada de um modo que ninguém vai sentir falta dos velhos “action heroes”. Aliás, já existe a expressão “action heroin”? Se ainda não existe, pode ser inaugurada aqui.

Falei da Charlize Theron, o grande nome aqui. Mas ainda não falei do resto. James McAvoy mostra mais uma vez no mesmo ano (pouco depois de Fragmentado) que é um dos melhores atores da atualidade. Sofia Boutella não está mal, mas heu esperava mais de seu personagem (afinal, não podemos nos esquecer que ela mostrou habilidades em KingsmanStar Trek). O elenco ainda conta com John Goodman, Toby Jones, Eddie Marsan, Bill Skarsgård e Til Schweiger.

Atômica: um filme para ver e rever, e depois comprar o blu-ray.

Valerian e a Cidade dos Mil Planetas

ValerianCrítica – Valerian e a Cidade dos Mil Planetas

Uma força misteriosa ameaça Alpha, uma vasta metrópole espacial, lar de espécies de mil planetas. Os militares Valerian e Laureline devem correr para identificar a ameaça e salvar não apenas Alpha, mas o futuro do universo.

Sabe O Quinto Elemento? Luc Besson apresentando uma saga espacial com uma boa história, bons personagens e um visual alucinante? Poizé. Besson aqui acertou no visual alucinante. Só.

Valerian e a Cidade dos Mil Planetas (Valerian and the City of a Thousand Planets, no original) é a adaptação dos quadrinhos franceses “Valerian e Laureline”, da década de 60 – diz a lenda que um tal Guerra nas Estrelas usou esta HQ como inspiração. Nunca li os quadrinhos, meus comentários serão só pelo filme em si.

Antes de tudo, preciso falar que sou fã do Luc Besson, desde os anos 80, quando vi Nikita no Estação Botafogo, e minha cabeça explodiu – um bom filme de ação pode ser em outra língua diferente do inglês! Desde aquela época, acompanho tudo o que Besson faz: Subway, Imensidão Azul, O Profissional, O Quinto Elemento, o fraco Joana D’Arc

Boa parte das pessoas não acompanhou sua carreira de diretor depois de Joana D’Arc, quando ele escreveu roteiros pra vários filmes de ação (Carga Explosiva, B13, Busca Implacável, Dupla Implacável…). Mas heu vi tudo. Vi o esquisito Angel-A (2010) no cinema e tenho o dvd (autografado pela atriz principal, Rie Rasmussen). Vi a divertida trilogia Arthur e os Minimoys (06, 09, 10). Vi a boa aventura As Múmias do Faraó (10); o drama Além da Liberdade; a comédia fraquinha A Família (13). E, claro, Lucy (14), a volta do diretor ao cinema de ação / ficção científica.

Claro que a expectativa era alta. Principalmente porque vi o trailer, e já sabia que teríamos mais uma vez imagens de encher os olhos, num visual que lembrava O Quinto Elemento!

Mas assim como Lucy é inferior a Niklita e O Profissional, Valerian não é O Quinto Elemento. Não adianta um visual elaborado se o roteiro (também escrito por Besson) é fraco. O roteiro de Valerian não tem fluidez. A história é previsível, e mesmo assim explicada demais (tem até um “momento Scooby Doo”, quando os mocinhos revelam o plano do vilão). E algumas partes são inúteis à trama – por exemplo, se você tirar toda a participação da Rihanna e do Ethan Hawke, o filme não perde nada.

O que se salva é o visual do filme. Desde as cenas iniciais, quando somos apresentados ao conceito de Alpha, a “cidade dos mil planetas”, passando por todos os mundos e espécies alienígenas. Aliás, gostei tanto de Alpha, que veria uma série inteira baseada nos seus mundos e submundos.

Alguns comentários sobre o elenco. Dane DeHaan nem é um ator ruim, mas o seu personagem é um galã conquistador. Na boa, DeHaan não tem o physique du rôle pra um papel assim! E, pra piorar, ele não tem o carisma necessário ao personagem. Cara Delevigne não está tão mal quanto em Esquadrão Suicida, mas ainda não dá pra elogiá-la como atriz. Mas o ponto é que ninguém vai se importar com os personagens principais.

(Isso porque não estou falando da atual tendência de personagens femininas fortes. Laureline combina bem com o estilo “donzela em perigo”, que era frequente no cinema décadas atrás…)

Ainda no elenco, além dos já citados Rihanna e Hawke, temos Clive Owen, Herbie Hancock, a voz de John Goodman, e uma participação rápida de Rutger Hauer no início do filme.

No fim, depois de mais de duas horas de história vazia, fica a sensação de que valeria mais a pena ter revisto O Quinto Elemento. Ei, seu Luc, ainda tô aguardando a sua volta, hein?

Kong: A Ilha da Caveira

KongCrítica – Kong: A Ilha da Caveira

Uma equipe de cientistas explora uma ilha desconhecida no Pacífico, e se aventura no domínio do poderoso Kong.

Existem filmes que se propõem a ser complexos. E existem filmes que apenas querem divertir. Kong: A Ilha da Caveira (Kong: Skull Island, no original) faz parte do segundo grupo: uma boa (e despretensiosa) aventura em cartaz nos cinemas.

No cenário atual de grandes produções envolvendo franquias e releituras, um filme novo do King Kong era algo até previsível – principalmente depois do boato que o estúdio pretendia criar um “monsterverse” para unir grandes monstros como Godzila e o próprio Kong.

Assim, em vez de mais uma refilmagem da mesma história (já contada em 33, 76 e 2005), Kong: A Ilha da Caveira conta uma história diferente. O filme se passa em 1973, e toda a trama acontece na ilha onde o gorila gigante foi encontrado. (Aliás, o filme se passar nos anos 70 fez bem pra trilha sonora, que traz alguns bons clássicos do rock.)

Kong: A Ilha da Caveira confirma uma tendência do cinema contemporâneo: um diretor pouco conhecido é capaz de fazer um grande filme (a gente vê isso direto na Marvel). O diretor Jordan Vogt-Roberts só tinha feito um longa pro cinema, o indie Os Reis do Verão, além de alguns trabalhos pra tv. E não é que o cara mandou bem numa super produção?

Tem gente dizendo que este seria um “King Kong meets Apocalipse Now”, por causa da ambientação no fim da Guerra do Vietnã. Olha, uma cena de helicópteros voando com o sol ao fundo é uma referência explícita… Aliás, o visual do filme é bem legal.

Sobre os efeitos especiais: a tecnologia de captura de movimento chegou a um nível onde as expressões de um gorila gigante chegam perto da perfeição. Além dele, as outras criaturas fantásticas que habitam a ilha também estão bem.

O elenco é muito bom, e o roteiro consegue equilibrar bem a falta de um personagem central (afinal, o filme é do Kong!). Se fosse escolher um “mocinho”, seria Tom Hiddleston. Também no elenco, Brie Larson, Samuel L. Jackson, John Goodman, John C. Reilly, Jing Tian, Corey Hawkins e Toby Kebell. E temos que reconhecer que foi engraçado ver Samuel L. Jackson num papel “bad motherf*” mas sem falar o palavrão característico…

Por fim, como quase sempre, o 3D não vale a pena. Ah, tem cena pós créditos..

Rua Cloverfield 10

RuaCloverfield10-posterCrítica – Rua Cloverfield 10

Depois de um acidente de carro, uma mulher acorda em um abrigo, com um homem que afirma que o mundo exterior foi afetado por um ataque nuclear ou químico – ou algo ainda pior.

Em primeiro lugar, vamos esclarecer a dúvida: não é uma continuação de Cloverfield Monstro, de 2008, produzido pelo mesmo JJ Abrams. Rua Cloverfield 10 (10 Cloverfield Lane, no original) é um filme novo, com uma história independente, que pode (ou não) se passar no mesmo universo do outro filme.

Pra começar, Rua Cloverfield 10 nem segue o formato found footage. O filme foca mais no suspense em volta do personagem paranoico e seu relacionamento conturbado com os outros personagens.

Falemos mais deste personagem paranoico. John Goodman está ótimo, num personagem que você não sabe se é “mocinho” ou “bandido” – numa hora ele está bonachão e amigável, noutra ele está com ar de psicopata. O roteiro sabe dosar o que mostrar, e o espectador fica sem saber qualé a do personagem. Mary Elizabeth Winstead também está bem.

Outro trunfo do filme é o clima criado dentro do bunker. O diretor estreante Dan Trachtenberg acerta a mão no clima tenso e claustrofóbico.

Pena que o filme escorrega no final. O roteiro pega alguns caminhos tortos, que deixam um sabor estranho na boca do espectador. Mas nada grave, Rua Cloverfield 10 ainda é um bom programa.

Claro, tem gancho pra continuação – que nem o filme de 2008. Mas nada muito grave se a continuação não acontecer. Ou se vier um terceiro filme no mesmo universo (ou não).

Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum

insidellewyndavisCrítica – Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum

O novo irmãos Coen!

Greenwich Village, Nova York, 1961. Acompanhamos uma semana na vida de Llewyn Davis, um cantor folk que está passando por uma maré de azar e não consegue administrar os seus próprios problemas.

Os irmãos Joel e Ethan Coen não precisam provar mais nada pra ninguém. Donos de quatro Oscars cada um (roteiro original por Fargo, filme, direção e roteiro adaptado por Onde os Fracos Não Têm Vez), os irmãos mostraram ao longo de sua rica carreira que gostam de variar o estilo. Depois de uma comédia (Queime Depois de Ler), um drama (Um Homem Sério) e um faroeste (Bravura Indômita), fizeram agora um filme com um pé no musical e outro na cinebiografia (apesar de apenas se inspirar na vida de uma pessoa real, o músico Dave Van Ronk) – sempre com uma pitada de humor negro.

O maior problema de Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum é ao mesmo tempo o seu maior atrativo: a trilha sonora. Pra quem gosta de música folk, deve ser um prato cheio. Mas confesso que folk não faz a minha cabeça. Achei tudo muito chato, algumas músicas são intermináveis. Deu um sono…

O que salva é que os Coen são excepcionais na construção dos personagens. A galeria de personagens secundários interessantes de Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum é fantástica – como acontece muitas vezes nos filmes da dupla. É até difícil separar um destaque, acho que todos são importantes para a trama, apesar de nenhum ter muito tempo de tela. Gostei muito da Jean de Carey Mulligan, mas seria injustiça não citar John Goodman e F. Murray Abraham.

Ah, quase esqueci. O papel principal coube ao pouco conhecido Oscar Isaac, que está muito bem como “o cara das atitudes erradas”. Ainda no elenco, Justin Timberlake, Garret Hedlund, Jeanine Serralles, Adam Driver e Stark Sands.

A sequência final traz um pequeno lance genial, que mostra como Llewyn Davis é “o cara certo, na hora errada”. No fim, Inside Llewyn Davis – Balada de um Homem Comum nem é ruim. Mas precisa aturar o folk.

Caçadores de Obras Primas

0-cacadores1Crítica – Caçadores de Obras Primas

Filme novo escrito, dirigido e estrelado por George Clooney!

Durante a Segunda Guerra Mundial, um pelotão formado por conhecedores de arte é formado para tentar recuperar e proteger obras de arte cobiçadas pelos nazistas. Baseado numa história real.

O melhor de Caçadores de Obras Primas (The Monuments Men, no original) é o elenco. Arrisco a dizer que o mesmo filme com atores desconhecidos ia passar desapercebido.

O elenco vale o ingresso. Não é sempre que temos George Clooney, Matt Damon, John Goodman, Bill Murray, Cate Blanchett, Jean Dujardin, Hugh Bonneville e Bob Balaban. E, felizmente, todos estão inspirados.

O ponto fraco é o roteiro, escrito por Clooney e seu parceiro Grant Heslov (este é o terceiro filme que escrevem juntos), livremente baseado no livro de Robert M. Edsel e Bret Witter (os personagens não estão no livro), que não se decide entre o drama e uma comédia no estilo de 11 Homens e um Segredo (que também tinha um elenco excelente, mas tinha um roteiro melhor). O filme se arrasta entre os vários núcleos de personagens, e só se sustenta pelo carisma dos atores.

A produção é bem cuidada, filme de época, segunda guerra mundial, etc. Caçadores de Obras Primas é um filme tecnicamente “correto”, Clooney tem prestígio perante os estúdios. Pena que isso não é o suficiente para se fazer um filme “bom”.

Por fim, o título nacional. Não é um título ruim. Mas meu amigo Oswaldo Lopes Jr., crítico da finada revista Cinemin, fez um ótimo comentário: “perderam a chance de chamar o filme de ‘Os Caçadores da Arte Perdida’…” Realmente, ia ser uma boa piada interna…

Universidade Monstros

Crítica – Universidade Monstro

O primeiro prequel da Pixar!

Na época da faculdade, Mike Wazowski era um cara estudioso, mas não muito assustador; enquanto Sulley era popular e arrogante, graças ao talento inerente para o susto. Após um incidente durante um teste, os dois são obrigados a participarem da mesma equipe na olimpíada dos sustos.

Estamos de volta ao delicioso mundo de Monstros S.A., um dos meus desenhos animados favoritos. Agora, vemos os personagens do outro longa de animação na época da faculdade.

Confesso que rolava um certo receio, já que os dois últimos filmes da Pixar ficaram devendo – Valente foi fraquinho, e Carros 2 é de longe o pior longa do estúdio. Medo infundado: Universidade Monstros (Monsters University, no original), é divertidíssimo!

Digo mais: a Pixar é genial. Em vez de pegarem o caminho mais fácil, o roteiro foge do óbvio – por exemplo, o companheiro de quarto de Mike Wazowski é Randall e não Sulley. Aliás, Sulley nem é amigo do Mike… Outra coisa legal foi a inversão dos protagonistas: agora, Mike é o principal enquanto Sulley é coadjuvante.

Temos um novo personagem bem legal, a diretora Hardscrabble, que no original tem a voz da Helen Mirren (o trio principal de dubladores continua sendo John Goodman, Billy Crystal e Steve Buscemi). O pessoal da fraternidade Oozma Kappa também é interessante, gostei do Art, que parece um muppet com defeito. Aliás, rola um clima de A Vingança dos Nerds

A parte técnica, como era esperado, é impecável. Cada detalhe é bem cuidado, mesmo aqueles de fundo, que quase ninguém repara. E como é um filme no “mundo dos monstros”, a imaginação da equipe de arte podia correr solta.

Como acontece no primeiro filme, Universidade Monstros traz uma mensagem. E a mensagem aqui também foge do lugar comum – em vez do clichê “acredite nos seus sonhos”, está mais para “nem todos conseguem alcançar seus sonhos, mas mesmo assim podem ser felizes”. Gostei!

Vi a versão dublada. Fiquei com pena de não ouvir as vozes originais, mas senti um grande orgulho quando vi que Sergio Stern, meu amigo há mais de vinte anos, é o primeiro nome no elenco de dubladores nacionais. Aliás, reparei num detalhe muito interessante: várias coisas escritas na tela estão em português. Ponto pra Pixar, que deve ter feito cópias específicas para países de línguas diferentes. Legal!

Evitei o 3D. Nada contra, mas também nada a favor, cansei de pagar mais caro por óculos desconfortáveis e efeitos desnecessários. Consegui ver em 2D, mas tive que ir até a Barra – todos os cinemas da Zona Sul carioca têm cópia em 3D.

No fim dos créditos rola uma cena extra, continuação de uma piada. Pena que o cinema onde vi, o UCI do New York City Center, não respeitou os poucos espectadores que ficaram para ver a tal cena. Não só todas as luzes da sala estavam acesas, como tinham alguns refletores iluminando a tela. Lamentável…

p.s.: Sou o único que acha que o título em português está com erro de concordância? Não seria “Universidade Monstro” ou “Universidade dos Monstros“?

O Vôo / The Flight

Crítica – O Vôo / Flight

Um habilidoso piloto faz uma manobra arriscada, mas consegue para salvar um avião que estava caindo, salvando a vida de quase todos os passageiros e tripulantes. O problema é que ele estava sob efeito de álcool e drogas, o que faz com que ele vire alvo de uma investigação.

O melhor de O Vôo / Flight é o seu ator principal. Denzel Washington mais uma vez prova que é um dos melhores atores da atualidade – ele está concorrendo ao Oscar mês que vem por este filme. Seu papel é difícil, seu Whip Whitaker é um anti-heroi alcoólatra, daqueles que a gente torce ao mesmo tempo contra e a favor. E Denzel não está sozinho, todo elenco está muito bem. John Goodman pouco aparece, mas consegue roubar todas as suas cenas como uma espécie de mistura de melhor amigo com traficante. Ainda no elenco, Kelly Reilly, Don Cheadle, Melissa Leo e Nicole Velasquez.

Achei estranho que este filme seja dirigido pelo Robert Zemeckis, o mesmo cara que fez Forrest Gump, Roger Rabbit e a trilogia De Volta Para o Futuro. Digo mais: de um tempo pra cá, Zemeckis só fazia animações com captura de movimento (Expresso Polar, Beowulf, Os Fantasmas de Scrooge). Mas, mesmo em um estilo diferente, Zemeckis mostra boa mão. E tem uma vantagem do filme ser dirigido por um cara acostumado com efeitos especiais de ponta. A cena do acidente do avião é sensacional!

Só que abrir o filme com a sequência do acidente causou um problema. O filme tem um ritmo excelente até a queda do avião – desde Whip acordando e indo para o serviço, passando pela decolagem complicada e culminando na aterrissagem de emergência. Mas aí o ritmo cai, e o filme parece arrastado.

Uma coisa atrapalha: a longa duração. Precisava ter duas horas e dezoito minutos? Isso fica nítido em algumas cenas, como por exemplo a entediante cena na escada do hospital…

Mesmo com a longa duração, O Vôo / Flight ainda vale ser visto. Nem que seja pelo Denzel!

p.s.: O imdb ainda não tem título em português para este filme, por isso estou citando também pelo nome original – “O Vôo / The Filght”.

Argo

Crítica – Argo

Filme novo dirigido (e também estrelado) por Ben Affleck.

Teerã, Irã, 4 de Novembro de 1979. A embaixada norte-americana é tomada de assalto por um grupo revolucionário iraniano que faz mais de cinquenta reféns. Seis americanos conseguem fugir e são acolhidos na casa do embaixador canadense. A CIA então pocura um agente especialista em fugas que arquiteta um plano literalmente hollywoodiano para tirá-los do país. Baseado em uma história real.

Ben Affleck já tinha mostrado talento na direção de Atração Perigosa. Agora ele confirma isso com Argo, filmão hollywoodiano, do jeito que a indústria cinematográfica curte.

Tudo aqui funciona redondinho. Super produção, história emocionante e bem conduzida, grandes atores e um “tema político baseado em fatos reais”. E a ambientação na virada dos anos 70 para os 80 só ajuda Argo a ter cara de “clássico dos anos 70”.

Preciso falar mais sobre a ambientação de época. O trabalho foi minucioso, cada detalhe do filme remete à época retratada. Digo mais: ao fim do o filme, vemos várias fotos das pessoas reais ao lado dos personagens – as caracterizações ficaram perfeitas.

O elenco é outro destaque. Ben Affleck deixa o ar de galã e o jeito engraçadinho e assume o papel com seriedade. Alan Arkin e John Goodman não têm grandes papeis, mas a dupla ganhou os melhores diálogos. Bryan Cranston confirma a boa fase da carreira e tem um personagem que parece ter saído dos grandes filmes políticos feitos nos anos 70. Ainda no elenco, Clea DuVall, Victor Garber, Adrienne Barbeau, Titus Welliver, Kerry Bishé e Tate Donovan.

Argo está passando no Festival do Rio, mas com certeza vai entrar em cartaz em breve!