Velozes e Furiosos 9

Crítica – Velozes e Furiosos 9

Velozes e Furiosos novo! Ninguém pediu, mas ninguém se importa!

Sinopse (filmeB): Dom Toretto está levando uma vida tranquila fora das pistas com Letty e seu filho, o pequeno Brian, mas sabem que a qualquer momento, isso pode mudar. Desta vez, uma ameaça forçará Dom a confrontar os pecados de seu passado e salvar aqueles que ele mais ama. Sua equipe se une contra uma trama mundial liderada por um assassino e motorista de alto desempenho: um homem que também é o irmão abandonado de Dom, Jakob.

Antes de tudo, preciso explicar a frase da introdução. na época do spin off Hobbes & Shaw a gente gravou um Podcrastinadores sobre a franquia, e durante a gravação a gente repetia diversas vezes “ninguém se importa”, porque a saga tem vários momentos onde tudo é feito de qualquer maneira, porque afinal, “ninguém se importa”. Foi uma gravação muito divertida, recomendo pra quem não ouviu!

Dito isso, preciso dizer que gosto da franquia – a partir do quarto filme. O primeiro Velozes e Furiosos é bom, mas é quase um plágio de Caçadores de Emoção. O segundo é fraco; o terceiro, pior ainda. Aí, no Velozes e Furiosos 4, abraçaram a galhofa, e os filmes passaram a ser absurdos e divertidos. São filmes de ação bem feitos, que nunca se levam a sério, e, principalmente, divertidos. E sempre lembro do lema da rede Luis Severiano Ribeiro: “cinema é a maior diversão”. Se sentei na poltrona do cinema e me diverti, tá valendo.

(Pra mim, Velozes e Furiosos é semelhante a 007 – bons filmes de ação, cheios de mentira e todos parecidos entre si. Mas isso é um assunto polêmico pra outro momento).

A direção está nas mãos de Justin Lin, que dirigiu o 3, o 4 e o 6, e que aqui entrega um filme tão absurdo e tão divertido quanto os últimos. Logo na parte inicial a gente tem uma sequência que mostra bem o tom do filme: uma perseguição que envolve carros, motos, helicópteros, artilharia pesada, e quando um carro vai passar por uma daquelas pontes suspensas, a ponte arrebenta e ele segue acelerando. Não faz sentido, mas… Ninguém se importa!

O novo vilão é o “irmão perdido” do Dominic Toretto. Por um lado isso é meio incoerente, porque um dos temas sempre repetidos na franquia é a importância da família – por que Dom não seguiria o próprio conselho? Bem, a justificativa dada pelo filme me convenceu. Mas, na verdade, o real motivo pra ter um irmão é porque Paul Walker faleceu, mas seu personagem não. Qual seria uma justificativa convincente pra trazer a Jordana Brewster de volta? Ora, o irmão sumido também é irmão dela. Assim ela tem motivo pra querer participar da aventura.

Agora, posso dizer que isso me convenceu, mas não dá pra dizer que o roteiro é bom. Nada faz muito sentido, eles precisam achar um artefato que está com um vilão malvadão, e tem um exército particular e também tem a Charlize Theron presa, e… É, nada faz muito sentido. Sorte que ninguém se importa!

Pelo menos as sequências de ação são bem feitas. A parte final, com os eletroímãs, é exagerada e também não faz muito sentido, mas é empolgante e muito bem filmada.

Preciso falar mal de duas coisas. A primeira é a duração do filme, são quase duas horas e meia, e tem umas partes cansativas no meio. Ok, entendo que a família é uma coisa importante, mas não precisa repetir tantas vezes, perdemos muito tempo nos dramas ligados ao tema.

A outra não sei se é spoiler, acho que não, porque está até no poster. Achei a volta do Han desnecessária. Nada contra o personagem, mas, na minha humilde opinião, se um personagem morreu, deixa ele morto. Sou contra essa ideia de ressuscitar personagens, porque acho que desvaloriza o fator morte. Han morreu no 3, mas ainda apareceu no 4 e no 5, que se passam antes do 3. E vamos combinar que a volta dele não era nada essencial para a trama, se ele não aparecesse, não só o filme não perdia nada como ainda seria um pouco mais curto.

Ah, sim, tem cena de carro no espaço. Absurdo, mas coerente com a saga. Quem reclamar disso tem que reclamar de todos os outros absurdos dos outros filmes.

Observações sobre o elenco. Vin Diesel, Michelle Rodriguez e Jordana Brewster fazem o de sempre. Dwayne Johnson e Jason Statham não aparecem no filme, mas John Cena serve como o grandão da vez (não, ele não atua bem, apenas disse que ele serve pro papel). Charlize Theron está maravilhosa como sempre, apesar de pouco aproveitada aqui. Kurt Russell aparece pouco, Gal Gadot aparece menos ainda (aparentemente a cena dela é tirada de outro filme). O destaque é pra Hellen Mirren, maravilhosa, que aparece em uma única cena, e transforma essa em uma das melhores cenas do filme. Também no elenco, Tyrese Gibson, Ludacris, Nathalie Emmanuel, Sung Kang e Thue Ersted Rasmussen

(Pra quem não sabe, Jordana Brewster é filha de uma brasileira, apesar de nunca ter feito nenhum filme aqui. Achei legal vê-la falando português em uma cena no fim do filme.)

Ah, tem uma cena durante os créditos, com gancho pro décimo filme. Claro que vai ter, né. Se vai ser bom? Ninguém se importa!

Era Uma Vez em… Hollywood

Crítca – Era Uma Vez em… Hollywood

Sinopse (imdb): Um ator ultrapassado e seu dublê se esforçam para alcançar a fama e o sucesso na indústria cinematográfica durante os anos finais da Era de Ouro de Hollywood, em 1969, em Los Angeles.

Finalmente o novo Tarantino!

Era Uma Vez em… Hollywood (Once Upon a Time… in Hollywood, no original) é uma declaração de amor ao cinema. A gente sabe que o Tarantino é um grande fã da sétima arte, e aqui vemos várias referências bem sacadas ao cinema e à tv, misturando personagens reais e fictícios nos bastidores das produções.

A reconstituição de época é um primor. Tarantino não tem cara de alguém que usa muito cgi, e vemos vários planos abertos, com carros e cenários da época (o filme se passa em 1969). E a parte técnica é impecável, acho que essa é sua produção mais grandiosa. Isso ajuda na metragem, o filme tem duas horas e quarenta minutos, mas você nem sente o tempo passar.

Claro que tem violência. Mas, comparado com a filmografia do diretor, tem até pouca – acho que só tem sangue duas vezes. A cena final é que é muito violenta, mas não só pelo que aparece na tela – a sugestão às vezes é mais forte (que nem a cena da orelha cortada em Cães de Aluguel).

Como sempre, a trilha sonora é um destaque, assim como o humor. Era Uma Vez em… Hollywood não é comédia, mas tem momentos muito engraçados, como a genial cena do Bruce Lee (interpretado pelo desconhecido Mike Moh) – que gerou polêmicas, mas é porque os fãs de Lee não admitem tirá-lo do pedestal. A cena é excelente, um dos melhores momentos do filme.

Ah, o elenco! Que elenco! Vai ser difícil comentar em apenas um parágrafo, mas vamos lá. O trio principal, Leonardo DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie, claro, está ótimo, com destaque maior para DiCaprio (não será surpresa uma indicação ao Oscar). Mas queria falar mais do elenco secundário. Al Pacino rouba a cena em um papel pequeno; e temos Kurt Russell e Zoë Bell como dublês (Tarantino se auto referenciando!). Não tem Samuel L. Jackson, mas Michael Madsen bate o ponto. Se 25 anos atrás Tarantino trabalhou com Uma Thurman e Bruce Willis, agora ele trabalha com Maya Hawke (filha de Uma Thurman com Ethan Hawke) e Rumer Willis (filha de Bruce Willis com a Demi Moore) – e ainda tem a Harley Quinn Smith, filha do Kevin Smith. Clu Gulager (A Volta dos Mortos Vivos) faz o vendedor de livros; Rebecca Gayheart (Lenda Urbana) faz a esposa do Brad Pitt. E ainda tem Emile Hirsch, Margaret Qualley, Timothy Olyphant, Dakota Fanning, Bruce Dern, Luke Perry, Damian Lewis, Nicholas Hammond, Lorenza Izzo, Victoria Pedretti…

Agora, infelizmente, preciso admitir que não gostei do filme. Uma coisa comum nos filmes do diretor são plot twists inesperados, daqueles que explodem a cabeça do espectador (e, às vezes, também do personagem) e mudam a direção que a trama estava andando, surpreendendo o público. Era Uma Vez em… Hollywood não tem nenhum momento assim, a trama vai do ponto A ao ponto B sem nenhum desvio.

Mas, ok, reconheço que foi um problema meu, meu “head canon”, não necessariamente o filme é ruim por causa disso. Preciso rever para pegar uma segunda opinião.

Puxa, que tarefa “ruim”. Ter que rever um filme do Tarantino. Ok, “it’s a dirty job, but someone has to do it”. 😉

Guardiões da Galáxia vol. 2

Guardiões 2Crítica – Guardiões da Galáxia vol. 2

Enquanto o heterogêneo grupo formado no filme anterior foge de vários inimigos, Peter Quill descobre informações sobre seu pai.

Em 2014, o primeiro Guardiões da Galáxia foi uma boa surpresa. Ninguém esperava nada de um filme onde um dos protagonistas era um guaxinim, e outro, uma árvore. E foi um dos melhores filmes do ano! Claro que agora já existia expectativa. E aí, será que mantiveram a qualidade?

Boa notícia! Guardiões da Galáxia Vol. 2 (Guardians of the Galaxy Vol. 2, no original) é tão bom quanto o primeiro!

Logo de cara já vemos o tom do filme, na melhor sequência de créditos iniciais desde Deadpool. Enquanto o Baby Groot dança em primeiro plano, uma briga violenta acontece ao fundo. Sequência muito bem filmada (plano sequência!) e muito divertida, que dá vontade de rever várias vezes. E que já diz que não é pra levar o filme a sério.

(Parênteses pra falar do Baby Groot. Rolava um certo receio: será que vai funcionar um filhote de Groot, ou vai encher o saco? Respondo com convicção: o Baby Groot é um personagem excelente, que vai ganhar vários fãs a cada exibição do filme!)

Assim como o primeiro filme, Guardiões da Galáxia Vol. 2 é uma divertida aventura espacial. É Marvel, faz parte do MCU, mas nem parece um filme de super heróis. Aliás, é curioso como a Marvel sabe construir seu universo cinematográfico sem nenhuma pressa. Todo mundo sabe que daqui a alguns anos os Guardiões vão se unir aos outros heróis da Marvel. Mas este segundo filme continua completamente independente dos outros. Palmas para a organização do MCU!

A direção e o roteiro estão novamente com James Gunn, que mais uma vez entrega um filme redondinho. Trama bem amarrada, personagens carismáticos, efeitos especiais de primeira, tudo funciona bem. Ah sobre os efeitos, temos, de novo, um ator “coroa” rejuvenescido digitalmente. Impressionante!

Se no primeiro filme tivemos as apresentações dos personagens, agora temos o aprofundamento de cada personalidade. Conhecemos melhor suas peculiaridades e seus problemas. E vemos que, no fundo, Guardiões da Galáxia Vol. 2 é um filme sobre a família. Não necessariamente uma família careta de pai, mãe e filho; mas qualquer tipo de relação familiar, consanguínea ou não. Steven Spielberg deve ter gostado (ou ficado com inveja, sei lá).

No elenco, temos a volta de todos os atores principais do primeiro filme. Claro que o protagonista é o Peter Quill de Chris Pratt, hoje uma estrela do primeiro time; mas o resto do elenco principal tem maior importância: Zoe Saldana, Dave Bautista e as vozes de Bradley Cooper e Vin Diesel (aliás, é curioso ver como Bautista está muito bem como Drax!). Michael Rooker, Karen Gillan e Sean Gunn têm mais espaço nesta segunda parte; e, de novidades, temos Kurt Russell, Elizabeth Debicki e Pom Klementieff. Também temos pontas de Sylvester Stallone e David Hasselhof, e, claro, Stan Lee. Por fim, cameos de Ving Rhames, Michelle Yeoh e Miley Cyrus me fazem acreditar que teremos um spin off…

Assim como no primeiro filme, a trilha sonora é essencial para a trama. As músicas são boas, e se encaixam perfeitamente na narrativa. Agora, na minha humilde opinião, a seleção musical do primeiro filme é melhor… Ah, além das músicas, temos outras referências à cultura pop, como Pac Man, Mary Poppins e a série Cheers.

Por fim, são cinco cenas pós créditos, além de várias piadinhas inseridas no texto dos créditos. Não saia do cinema antes de acabar tudo!

Velozes e Furiosos 8

Velozes 8Crítica – Velozes e Furiosos 8

Quando uma mulher misteriosa seduz Dom a entrar no mundo do terrorismo e trair aqueles mais próximos a ele, seus amigos enfrentarão desafios que irão testá-los como nunca antes

Preciso confessar que sou fã da franquia Velozes e Furiosos. Sei que tem muita coisa forçada nos roteiros, sei que tem muitos clichês, mas curto as bobagens exageradas na tela. Principalmente porque são bobagens divertidas e muito bem feitas!

Dirigido por F. Gary Gray (Straight Outta Compton) Velozes e Furiosos 8 (The Fate of the Furious, no original) já mostra na cena inicial que não é pra se levar a sério. Num pega de rua, o “carro mais rápido da ilha” perde pra um calhambeque caindo aos pedaços, andando de marcha ré. E o resto do filme segue esta lógica (ou falta de), temos até uma cena que mostra “carros zumbis” que lembra Guerra Mundial Z! Só achei forçado coisas voltarem a funcionar depois de uma bomba de pulso eletromagnético… Forçou, né? 😉

Hoje em dia é comum vermos personagens femininas fortes (que bom!). Em filmes de ação temos visto várias mulheres entrando na porrada. Aqui é ainda melhor: a vilã é uma personagem forte, mas que usa a inteligência e não precisa brigar fisicamente com ninguém para ser temida.

Aliás, é curioso notar que uma franquia considerada “descerebrada” por boa parte da crítica, e que está lançando o seu oitavo filme, ainda tem moral pra incluir duas boas novidades no elenco: duas atrizes ganhadoras do Oscar. Charlize Theron, maravilhosa como sempre, é a grande vilã; Helen Mirren tem um papel pequeno, mas rouba todas as (poucas) cenas que aparece. É muito bom ver uma atriz veterana não se levando a sério!

Sobre o resto do elenco, é mais do mesmo. Velozes e Furiosos 8 reúne os três carecas fortões mais carismáticos de Hollywood. Mas se for pra destacar um, escolho Dwayne Johnson, que está no limite da galhofa o tempo todo, e é responsável por alguns dos melhores momentos do filme (e aí incluo uma partida de futebol feminino infantil!) – Vin Diesel e Jason Statham completam o trio principal. Também no elenco, Michelle Rodríguez, Kurt Russell, Nathalie Emmanuel, Tyrese Gibson, Ludacris, Elsa Pataky, Scott Eastwood e Luke Evans.

Ouvi críticas sobre a entrada de Jason Statham no grupo ao lado dos protagonistas – até o último filme, ele era o inimigo. Ok, realmente a transformação de inimigo para amigo podia ter um desenvolvimento melhor. Mas as justificativas do roteiro foram o suficiente pra mim.

Velozes 9 está previsto pra 2019. Tomara que tenha mais Helen Mirren!

Os Oito Odiados

Os-Oito-Odiados-posterCrítica – Os Oito Odiados

O novo Tarantino!

Pouco depois da Guerra Civil americana, um caçador de recompensas e sua prisioneira, procuram abrigo contra uma tempestade de neve que está chegando. Ao chegarem num armazém, encontram uma coleção de personagens nefastos.

Hoje, Quentin Tarantino já é um nome consagrado, e o anúncio de um novo filme seu sempre vai gerar comparações com seus trabalhos anteriores. Sendo um bom filme ou não, vai ter gente dizendo “ah, mas não é tão bom quanto x” (coloque aqui o seu favorito). Não vou comparar com seus outros filmes. Mas vou afirmar que Os Oito Odiados (The Hateful Eight, no original) é mais um grande filme no currículo deste que é um dos principais nomes do cinema contemporâneo.

A divulgação diz que este é o oitavo filme dirigido por Quentin Tarantino. Preciso dizer que não concordo com essa contagem: na minha humilde opinião, Kill Bill são dois filmes… Isso porque não estou contando o Grave Danger, o CSI que ele dirigiu, que – pra mim – conta como um filme (tenho até o blu-ray na prateleira). E a sua participação em Grande Hotel, não conta por que?

Quando soube que o novo filme seria outro western (assim como seu último, Django Livre), confesso que rolou uma decepção. É que achei que depois de filme de artes marciais, exploitation, filme de guerra e faroeste, Tarantino ia continuar variando estilos – imaginem um terror ou ficção científica dirigidos por ele? Pelo menos podemos dizer que ele fez mais um grande filme, e que não é parecido com Django Livre.

Sobre o nome, acho que o diretor quis fazer uma brincadeira com o faroeste clássico “The Magnificent Seven”, aproveitando que se tratava de seu oitavo filme. Porque, se a gente contar direito, não são exatamente oito, né?

Segundo o imdb, as maiores influências de Os Oito Odiados são O Enigma do Outro Mundo e Cães de Aluguel. A trama é por aí, tensões crescentes, dentro de um ambiente fechado, e muita neve em volta. Reconheço que a primeira metade do filme é meio arrastada. Mas depois que engrena, não dá pra desgrudar o olho!

Tarantino insistiu em filmar no formato Ultra Panavision 70. Decisão complicada nos tempos digitais que vivemos, afinal, quase não existem mais projetores neste formato. Mas ele insistiu, e algumas dezenas de cinemas ao redor do mundo substituíram seus projetores digitais por projetores analógicos com lentes para filmes em 70 milímetros (nenhum no Brasil, infelizmente). Pelo menos o resultado ficou excelente, a fotografia é belíssima – e é filme pra se ver no cinema, na tela da tv a imagem vai perder muito. Outro destaque é a trilha sonora, de Ennio Morricone, que compôs talvez o tema mais icônico da história do gênero faroeste (Três Homens em Conflito). Aliás, é a primeira vez que um filme do Tarantino tem um tema inédito, ele sempre foi famoso por reaproveitar músicas (inclusive, tem dois temas “reciclados”, do próprio Morricone, dos filmes O Enigma do Outro Mundo e O Exorcista 2).

O elenco está ótimo. Num filme mais contemplativo, com menos ação (boa parte da trama se passa num único ambiente fechado), Tarantino mostra que é um excelente diretor de atores. Digo mais: pra mim, Jennifer Jason Leigh é indicação certa ao Oscar de melhor atriz – e não me espantarei com outras indicações (como Kurt Russell e Samuel L. Jackson). De um modo geral, todo o elenco está bem. Além dos já citados, Os Oito Odiados ainda conta com Walton Goggins, Tim Roth (num papel com a cara do Christof Waltz), Michael Madsen, Demian Bichir, Bruce Dern, James Parks, Zoë Bell e Channing Tatum.

(Existe uma cena, de um flashback do personagem do Samuel L. Jackson, que vai gerar polêmica. Não vou entrar em spoilers, mas digo que concordo com a cena).

Recentemente Tarantino declarou que pretende se aposentar depois do décimo filme. Claro que fico triste, sou fã do cara. Mas, se ele parar, pelo menos não veremos seu declínio – me lembro dos filmes recentes do Brian de Palma (Passion) e John Carpenter (Aterrorizada), e penso que seria melhor se eles tivessem tomado decisões parecidas…

Vanilla Sky

vanilla_skyCrítica – Vanilla Sky

Depois do original, vamos à refilmagem!

Um jovem, bonito e rico herdeiro de uma revista conhece a mulher de seus sonhos, mas pouco depois se envolve num acidente de carro, fica com o rosto desfigurado e vê sua vida entrar em parafuso.

Vanilla Sky é uma refilmagem quase quadro a quadro do original Abre los Ojos. A maior parte das cenas é exatamente igual! Acho que as duas sequências diferentes são a do bar (melhor construída no filme espanhol) e a parte final (mais explicada aqui). Aliás, essa é uma crítica que muitos fazem: nem sempre tudo precisa ser explicado…

Apesar da falta de originalidade, gosto muito deste Vanilla Sky. Se a história já não é novidade, pelo menos a forma é muito bem cuidada. A fotografia é ótima, e a trilha sonora é bem melhor. O produto final hollwoodiano ficou bem palatável – pelo menos isso, né?

A direção ficou com Cameron Crowe (logo depois do genial Quase Famosos), que cinco anos antes tinha feito Jerry Maguire com Tom Cruise. Aqui, denuncio uma injustiça: nos créditos iniciais, o roteiro aparece como se fosse escrito só por Crowe, não vemos o nome de Almenábar! Por que, se os roteiros são quase iguais?

A direção é de Crowe, mas este é um “filme do Tom Cruise”. E é legal ver como o “star power” funciona. Sabe aquela cena inicial, onde vemos Cruise correndo pela Times Square completamente vazia? Não foi cgi! Cruise FECHOU a Times Square para filmar a cena!!!

(Aliás, nada contra Eduardo Noriega, o ator do original, mas achei que o papel combinava mais com o Tom Cruise…)

Uma coisa curiosa, e até onde sei, única na história do cinema: Penelope Cruz fez o mesmo papel nas duas versões! E admito, não gostei… Ainda no elenco, Cameron Diaz, Jason Lee, Kurt Russell, Timothy Spall, Noah Taylor e Tilda Swinton. Johnny Galecki, hoje famoso por The Big Bang Theory, faz uma ponta como o assistente de Cruise.

Mesmo sendo uma refilmagem quase igual ao original, Vanilla Sky é uma boa opção. Mas recomendo ver ambos.

Velozes e Furiosos 7

0-Velozes 7Crítica – Velozes e Furiosos 7

Depois de derrotar um terrorista inglês, Dominic Toretto e seus amigos deixaram a vida marginal de lado. Mas agora o irmão do terrorista quer vingança.

Duas grandes expectativas acompanhavam este sétimo filme da franquia Velozes e Furiosos: como fariam com o personagem de Paul Walker, que faleceu antes do filme ser concluído; e como o diretor James Wan se sairia fora do terror.

Primeiro, um aviso aos fãs do Paul Walker: Brian, seu personagem, está presente em todo o filme. Caleb Walker e Cody Walker, irmãos de Paul, serviram de dublês, e a produção usou cgi para colocar o seu rosto nos dublês. O filme já estava mais da metade filmado, nem dá para saber quais cenas foram feitas pelo ator e quais são com os dublês. A única cena que a gente sabe que foi com dublê é a última, a cena da despedida do personagem, uma bonita homenagem ao ator.

Sobre James Wan (o diretor de Jogos Mortais, A Invocação do Mal e os dois Sobrenatural): o cara mostra que também tem boa mão em cenas de ação. Com sequências repletas de adrenalina e bom humor, Velozes e Furiosos 7 (Furious 7, no original) é um dos melhores filmes da franquia.

Aliás, a franquia Velozes e Furiosos é curiosa. O primeiro filme é legalzinho, mas nada demais; o segundo é maomeno; e o terceiro chega a ser dispensável. O quarto filme melhorou o nível, mas ainda era muito sério; e a partir do quinto, não só manteve a qualidade como ainda rumou para a galhofa, tornando tudo mais divertido.

Wan confirma a tendência para a galhofa e o seu Velozes 7 às vezes parece uma comédia – carros voam mais de uma vez ao longo do filme! Os fãs vão se divertir, além de várias sequências absurdas, temos perseguições de carros, brigas, tiros e explosões, como nos outros filmes da série.

Outro destaque deste sétimo filme é Jason Statham, que apareceu para ser o melhor de todos os vilões da franquia. Statham é um vilão sensacional, o “ultimate badass” – não é qualquer um que convence dando porrada num cara do tamanho do Dwayne Johnson!

Aliás, o elenco é um dos pontos fortes do filme. Quase todos do sexto filme estão de volta aqui – Vin Diesel, Paul Walker, Dwayne Johnson, Jordana Brewster, Michelle Rodriguez, Ludacris, Tyrese Gibson e Elsa Pataky – Gal Gadot e Sung Kang só aparecem em fotos e imagens de arquivo. E, além de Statham, o novo filme conta com outras boas adições ao elenco: Kurt Russell, Tony Jaa, Djimon Hounsou e Ronda Rousey. É quase um novo Mercenários

(É curioso notar que os três atores carecas e fortões são os mais carismáticos. Jason Statham, Vin Diesel e Dwayne Johnson são as melhores coisas do elenco.)

Não sei se teremos um oitavo filme. Mas olha, se mantiverem este nível, não me incomodo de ver mais!

 

Tango & Cash – Os Vingadores

Tango.and.CashCrítica – Tango & Cash – Os Vingadores

Não sei por que, mas nunca tinha visto Tango & Cash, apesar de ter visto quase todos os filmes de ação da década de 80. Depois do podcast de Rocky, resolvi catar o filme pra ver.

Tango e Cash são os dois melhores policiais da divisão de narcóticos, mas têm estilos completamente diferentes – e nutrem uma grande rivalidade por causa disso. Um chefão do crime consegue incriminar ambos, que acabam presos, e agora precisam trabalhar juntos para sobreviver e provar sua inocência.

Tango & Cash – Os Vingadores (Tango & Cash, no original) trazia uma parceria interessante entre Sylvester Stallone e Kurt Russell, ambos em boa fase na carreira (no ano anterior, Stallone tinha feito Rambo III e Russell, Conspiração Tequila). A dupla teve boa química e rendeu bons momentos na tela – curiosamente, a ideia inicial era ter Patrick Swayze, que largou o projeto para fazer Matador de Aluguel.

O filme é uma mistura de comédia e ação, cheia de frases de efeito, divertida e exagerada como boa parte dos filmes do estilo feitos nos anos 80 (lançado em 22 de dezembro de 1989, este é, segundo o imdb, oficialmente o “último filme lançado nos anos 80”). Mas o filme, como um todo, tem seus problemas. O diretor Andrei Konchalovsky foi demitido do projeto pelos produtores (porque queria um tom mais sério) e o filme foi terminado por Albert Magnoli (que não foi creditado). Ainda teve problemas na montagem, os produtores não gostaram do primeiro corte, e chamaram um outro editor para “salvar” o filme. O resultado final ficou divertido, mas irregular.

O elenco é bom. Além da dupla Stallone / Russell, Tango & Cash conta com Teri Hatcher, Jack Palance, Brion James e James Hong. Outro destaque é a trilha sonora de Harold Faltermeyer (Um Tira da Pesada, Top Gun, O Sobrevivente).

Por fim, um comentário sobre os anos 80 e a sua mania de subtítulos nacionais aleatórios: de onde eles tiraram “Os Vingadores”?

p.s.: Ver Stallone sacaneando o seu Rambo (“Rambo is a pussy”) é genial!

O Enigma de Outro Mundo

Crítica – O Enigma de Outro Mundo

Clássico oitentista do cinema fantástico!

No início do inverno na Antártica, um grupo de pesquisadores tem que enfrentar um misterioso e mortal ser alienígena que muda de forma e pode se parecer com qualquer uma de suas vítimas.

O Enigma de Outro Mundo (The Thing, no original) é simplesmente um dos melhores exemplos de boa mistura entre ficção científica e terror da história do cinema. Na minha humilde opinião, figura entre os tops do gênero, ao lado de filmes como Alien, o Oitavo PassageiroForça Sinistra e Invasores de Corpos.

O Enigma de Outro Mundo é baseado no clássico O Monstro do Ártico, de 1951. Não conheço ninguém que viu o primeiro filme, nem consegui descobrir se é uma refilmagem ou uma releitura.

Sou muito fã do diretor, John Carpenter. Mesmo tendo frequentemente um pé no filme trash, Carpenter foi o responsável por alguns dos melhores momentos do cinema fantástico dos anos 70 aos 90, como Halloween, Fuga de Nova York, Christine – O Carro Assassino, Eles Vivem e À Beira da Loucura. Achei que ele tinha se aposentado, mas em 2011 ele lançou um novo filme, Aterrorizada (que é legal, mas está longe dos seus melhores filmes).

Aqui Carpenter está em grande forma. O Enigma de Outro Mundo é um dos seus melhores trabalhos. Um filme sério, sem espaço pra alívio cômico – e sem nada de trash. O filme traz grandes momentos de tensão – a cena do teste de sangue é de fazer rolar na poltrona!

A boa trilha sonora de Ennio Morricone ajuda os momentos de tensão. É curioso notar que a trilha de O Enigma de Outro Mundo se assemelha com outras trilhas monocórdicas compostas pelo próprio Carpenter. Será que Carpenter copiou o estilo de Morricone, ou será que foi Morricone que se inspirou no estilo de Carpenter? Taí uma pergunta que não sei responder…

No elenco, só um rosto conhecido: Kurt Russell – que devia ser amigo de Carpenter, já que eles fizeram outros quatro filmes juntos (Fuga de Nova York, Os Aventureiros do Bairro Proibido, Fuga de Los Angeles e o desconhecido telefilme Elvis).

Os efeitos especiais de Rob Bottin (Um Grito de Horror, Robocop, O Vingador do Futuro) envelheceram, claro – 30 anos se passaram, né? O stop motion “perdeu a validade”, mas ainda funciona pro que o filme pede. O Enigma de Outro Mundo ainda é um filme assustador!

Ainda queria falar da ambientação gelada do filme. Situar a trama num local inóspito como a Antártica foi uma boa, isso ajuda o clima tenso que reina ao longo da projeção.

Ano passado foi lançado um prequel, A Coisa, (lá fora, acho que aqui só passou em festivais). O novo filme conta o que houve logo antes dos acontecimentos de O Enigma de Outro Mundo. Bom filme, dá pra fazer uma boa sessão dupla. A única coisa que achei estranha foi que ambos os filmes têm exatamente o mesmo título em inglês: The Thing. Por que será?

Filme obrigatório!

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Se você gostou de O Enigma de Outro Mundo, o Blog do Heu recomenda:
Força Sinistra
Prometheus
Alien, o Oitavo Passageiro

Aventureiros do Bairro Proibido

Aventureiros do Bairro Proibido

Jack Burton (Kurt Russell) é um caminhoneiro tipicamente americano, que se vê envolvido com uma milenar batalha sobrenatural entre o bem e o mal no bairro chinês.

Dirigido por John Carpenter em 1986, Aventureiros do Bairro Proibido (Big Trouble in Little China no original) é um filme vagabundo, com cara de filme vagabundo. E mesmo assim, divertidíssimo!

John Carpenter é um nome normalmente ligado a filmes de terror e suspense – afinal, o cara dirigiu clássicos como Halloween (o primeiro!), O Enigma de Outro Mundo e Eles Vivem. Mas ele tem outra característica, ainda mais presente em sua obra: seus filmes sempre têm clima de filme B. Por isso, ele era o cara certo pra este projeto.

O filme é muito trash. Se a gente levar a sério, o roteiro tem um monte de falhas e situações forçadas. E Kurt Russell é perfeito para protagonizar um anti herói como o protagonista de Aventureiros do Bairro Proibido. Russell tem um jeito marrento, meio canastrão, que é a cara de Jack Burton.

Aliás, falando em Kurt Russell… Você já ouviu a expressão “ator assinatura”? Alguns diretores revelam uma certa preferência por um determinado ator. Assim como Tim Burton e Johnny Depp já fizeram sete filmes juntos, John Carpenter e Kurt Russell têm uma parceria de cinco filmes até agora!

No resto do elenco, só um rosto conhecido: Kim Cattrall, hoje famosa como uma das mulheres de Sex And The City, mas que na época ainda fazia filmes de qualidade duvidosa como Porky’s e Loucademia de Polícia

Além das atuações exageradas e das forçações de barra no roteiro, Aventureiros do Bairro Proibido ainda traz cenários com cara de parque de diversões de beira de estrada (o templo na parte final do filme tem neon em volta do ídolo e uma escada rolante – sim, isso mesmo, uma escada rolante!). Somam-se a isso efeitos especiais que já nos anos 80 pareciam fracos e personagens coadjuvantes completamente caricatos.

E, apesar disso tudo, sou muito fã deste filme! Diversão garantida!