Oxigênio

Crítica – Oxigênio

Sinopse (imdb): Uma mulher acorda em uma câmara criogênica sem se lembrar de como chegou lá. Como ela está ficando sem oxigênio, ela deve reconstruir sua memória para encontrar uma maneira de sair de seu pesadelo.

Antes de tudo, é importante falar: Oxigênio (Oxygen, no original) é um filme que vale ser visto sem você saber nada. A protagonista acorda sem saber o que está acontecendo, e o espectador vai aos poucos descobrindo junto com ela. E as informações são bem dosadas, proporcionando alguns plot twists bem colocados.

Oxigênio é um filme pequeno. Quase todo o filme tem um cenário diminuto e uma única atriz em tela (interagindo com a voz de uma Inteligência Artificial). Até tem algumas poucas cenas mostrando outros cenários e outros personagens em flashbacks, mas é pouca coisa – quase tudo se passa dentro da câmera criogênica, e em tempo real.

A ideia lembra Enterrado Vivo, aquele onde Ryan Reynolds passa o filme todo dentro de um caixão (um filme ainda mais radical, porque, se não me falha a memória, não tem nenhuma cena fora do caixão).

O diretor é Alexandre Aja – gosto dele, ele dirigiu Alta Tensão, da onda do cinema francês ultra violento; a refilmagem de Viagem Maldita; Piranha, que é galhofa mas divertido. Aja também escreveu os roteiros de P2 Sem Saída e Maníaco, aquele do assassino serial em câmera pov. Ok, reconheço que não tem nenhum filmaço, mas são vários bons filmes, digamos que ele passa na média.

Oxigênio é uma produção bem mais modesta, e mesmo assim tem um resultado melhor que o último do diretor (Predadores Assassinos). Aliás, esse é um filme com a cara da pandemia – mesmo nos poucos flashbacks, não vemos muitas pessoas juntas. Dá pra filmar se aglomerar!

Ok, entendo que a gente precisa de uma suspensão de descrença pra aceitar tudo o que a IA consegue fazer. Mas, se a gente embarcar na premissa que sim, a IA tem aquele poder, Oxigênio flui bem.

O grande lance aqui é a claustrofobia e a tensão – o oxigênio está acabando a cada minuto que passa! Apesar de ser um espaço minúsculo, Aja consegue vários ângulos dentro da câmara criogênica, e o filme nunca cai no marasmo.

Claro que a atuação da Mélanie Laurent (Bastardos Inglórios, Truque de Mestre) ajuda. Com vários closes no seu rosto, Mélanie passa o desespero de quem tem pouco tempo pra descobrir o que está acontecendo. O único outro ator que precisa ser citado é Mathieu Almaric (O Som do Silêncio), que não aparece, mas empresta a sua voz pra IA que conversa com ela durante todo o filme.

Heu poderia falar mais, mas, como falei no início, Oxigênio é daqueles filmes que é bom a gente não saber muito, então, como propus fazer comentários sem spoilers, vou ficando por aqui. Mas confirmo: pra mim foi uma agradável surpresa ver cada pequeno plot twist.

O Grande Hotel Budapeste

0-grandehotel budapesteCrítica – O Grande Hotel Budapeste

Outro dia falei que o cinema contemporâneo tem poucos “autores”, e citei como exemplos o Tim Burton e o Terry Gilliam. Olha, a gente precisa incluir o Wes Anderson (Moonrise Kingdom) neste seleto clubinho.

O Grande Hotel Budapeste conta as aventuras de Gustave H, um lendário concierge de um famoso hotel europeu entre as as duas grandes guerras; e Zero Moustafa, o lobby boy que vira o seu melhor amigo.

O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel, no original) parece uma fábula. Wes Anderson tem um estilo de filmar onde todas suas cenas parecem mágicas. Parece que estamos lendo um livro de contos infantis!

A fotografia de seus filmes chama a atenção. Arrisco a dizer que o diretor deve ter TOC, cada plano é bem cuidado, tudo simétrico, sempre com o objeto centralizado no meio da tela. Isso, somado a cenários meticulosamente escolhidos e à boa trilha sonora de Alexandre Desplat, torna O Grande Hotel Budapeste um espetáculo visual belíssimo de se ver.

E não é só o visual que chama a atenção. O filme é repleto de personagens exóticos – e, detalhe importante: todos têm sua importância na trama, nenhum parece forçado. E o elenco é impressionante, sugiro checar os nomes no poster – é tanta gente que fica até difícil reconhecer todos ao longo do filme: F. Murray Abraham, Mathieu Almaric, Adrien Brody, Willem Dafoe, Jeff Goldblum, Harvey Keitel, Jude Law, Bill Murray, Edward Norton, Saoirse Ronan, Jason Schwartzman, Léa Seydoux, Tilda Swinton, Tom Wilkinson e Owen Wilson. Curiosamente, o protagonista é interpretado pelo desconhecido Tony Revolori. Bem, o filme é centrado em dois personagens, não sei exatamente qual do dois seria o principal. Mas sendo que o outro é o Ralph Fiennes, claro que Revolori será chamado de coadjuvante…

Pelo estilo visual de Wes Anderson, talvez O Grande Hotel Budapeste não agrade a todos. Outro problema é que o filme está sendo vendido como uma comédia, e o humor do filme é um humor peculiar, porque diverte mas não causa risadas.

Mas quem entrar no espírito da fábula vai se divertir com a aventura!

007 – Quantum of Solace

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007 – Quantum of solace

Bond, James Bond, é um velho conhecido de qualquer cinéfilo. Já teve vários rostos diferentes desde o início dos anos 60, e desde que Daniel Craig assumiu o papel, em Cassino Royale (2006), o personagem se reinventou: Bond agora é mais violento, menos mulherengo, usa menos “invenções de professor pardal” e luta contra vilões mais realistas – afinal, o cientista-louco-que-quer-conquistar-o-mundo é um conceito que não cola mais nos dias de hoje…

Bond aqui está vingativo, violento e rebelde como nunca. Ao procurar os responsáveis pela morte de Vesper (Eva Green), sua namorada em  Cassino Royale, ele esbarra numa perigosa organização internacinal secreta. E, como disse lá em cima, vai colecionando e matando inimigos ao longo do filme.

No elenco, além de Judi Dench repetir seu papel como M, ainda temos Mathieu Amalric de vilão e Olga Kurilenko de bond girl.

Curiosidade: Quantum of Solace não foi traduzido ao redor do mundo, por exigências da matriz. Aliás, acho que é a primeira vez que um filme do 007 não tem título em português…

A franquia 007 é sempre competente quando se fala de filme de ação: tiros, explosões, perseguições de carro e à pé, temos tudo isso, e sempre bem feito. Mas este novo filme tem um defeito para aqueles que, que nem heu, não são fãs ferrenhos. Diferente dos filmes antigos, que tinham histórias fechadas dentro deles mesmos, este aqui é uma continuação de Cassino Royale. E temos pistas que a história também continuará… Resumindo: Quantum of Solace é um bom filme “intermediário”…