Dupla Jornada

Crítica – Jornada Dupla

Sinopse (imdb): Um caçador de vampiros tem uma semana para conseguir dinheiro para pagar as despesas da filha. E ele vai lutar com unhas e dentes para garantir o sustento da família.

Novo filme de vampiros da Netflix, Jornada Dupla (Day Shift, no original) é o filme de estreia do diretor J.J. Perry. Estreia como diretor, mas Perry tem uma longa carreira como dublê. E aí a gente vê que Jornada Dupla foi produzido pela 87Eleven / 87 North, produtora fundada por David Leitch, e que esteve por trás de filmes como todos os John Wick, além de Atômica, Anônimo, Trem Bala, Kate… Ou seja, estamos diante de uma galera que sabe fazer boas cenas de ação.

O filme tem pelo menos três sequências de ação muito boas: a perseguição de carros, o momento quando invadem o covil dos vilões na parte final, e quando se unem a outros caçadores de vampiros para invadir a casa onde tem uma “colmeia” – essa, na minha humilde opinião, é a melhor parte do filme.

Agora, se as cenas de ação são boas, o roteiro deixa a desejar.

O roteiro é cheio de problemas. Mas antes, vou deixar um elogio. É filme de vampiros, né? Tem várias citações a outros filmes de vampiros. Citam a saga Crepúsculo; falam do Brad Pitt em Entrevista com o Vampiro; citam a “rave de sangue” de Blade; e a frase “That’s what I love about LA: all the damn vampires” é uma referência à cena final de Garotos Perdidos, quando o Grandpa fala “One thing about living in Santa Carla I never could stomach is all the damn vampires.”

Feito o elogio, vamos aos problemas. Vou citar pelo menos três. Primeiro, algumas coisas não fazem sentido, tipo um vampiro perder a cabeça mas continuar “vivo”. Em outras cenas, vampiros morrem quando são decapitados, por que esse não morreu?
Além disso, o roteiro entra em assuntos que não são concluídos, tipo quando entram na casa e o personagem do Dave Franco fala que são vampiros de estilos diferentes que nunca estariam juntos. Pra que serve saber que existem vampiros diferentes se o filme não usa isso?

Por fim, toda a sequência final é cheia de clichês. Faça uma lista de clichês de filmes de ação, e pode ir ticando a cada um: tem o personagem que estava sumido que reaparece como uma solução deus ex machina, tem um personagem que fica pra trás e se sacrifica pelos outros, tem um vilão que manda o chefe dos capangas para pegar personagens importantes, tem um vilão que tem tudo em mãos e mesmo assim não executa o planejado…

No elenco, Jamie Foxx e Dave Franco funcionam bem na dinâmica da dupla improvável (outro clichê…). Também no elenco, Snoop Dogg, Natasha Liu Bordizzo, Meagan Goog, Karla Souza, Scott Adkins e Peter Stormare.

Achei bem divertido. Mas, precisa de paciência pra relevar o fim.

 

Anjos da Lei 2

0-Anjos da Lei 2-posterCrítica – Anjos da Lei 2

Uma comédia “bromântica”!

Continuação do Anjos da Lei de 2012. Os policiais Schmidt e Jenko têm uma nova missão: se infiltrarem em uma faculdade, mais uma vez atrás de drogas. O problema é que, em meio à investigação, Jenko conhece sua alma gêmea na equipe de atletismo, e Schmidt começa a questionar a dupla. Em meio aos inevitáveis problemas de relacionamento, eles precisam encontrar um meio de desvendar o caso.

Ok, admito que não curti muito o primeiro Anjos da Lei. É um filme divertido, mas a idade dos atores me incomodou – era um marmanjo de 29 e outro de 31 se passando por garotos de 17 anos.

Desta vez os atores são os mesmos, e ainda estão dois anos mais velhos. Mas, num ambiente universitário, às vezes temos colegas de vinte e muitos anos na mesma aula. Além disso, a idade dos dois protagonistas gera várias piadas ao longo da projeção.

E isso é o melhor de Anjos da Lei 2 (22 Jump Street, no original): o filme não se leva a sério em momento algum. O humor presente no filme é leve, bobo e um com um pé no politicamente incorreto. Algumas cenas são impagáveis, como aquela quando Channing Tatum descobre quem é a namorada de Jonah Hill e sai gritando pela sala, ou a briga final de Jonah Hill contra uma garota. Ah, assim como acontece no primeiro filme, o momento que eles tomam drogas é um dos pontos altos do filme.

A estrutura de Anjos da Lei 2 segue as comédias românticas, mas em vez de ter um casal, são dois amigos – por isso usei o neologismo “bromântico” lá de cima. Aliás, o roteiro é feliz quando usa os clichês de brigas de casal entre os amigos.

A boa química entre o “casal” de atores principais garante bons momentos ao filme, que também conta com Ice Cube, Peter Stormare, Amber Stevens e Wyatt Russell, e pontas de Queen Latifah, Dave Franco e Rob Riggle. Seth Rogen faz uma participação especial em uma rápida cena, justamente a melhor piada do filme, na minha humilde opinião. (Li no imdb que Anna Faris também participa da sequência, mas confesso que não reparei nela).

A direção é dos mesmos Phil Lord e Christopher Miller, dupla que dirigiu o primeiro filme, e que este ano fez o divertido Uma Aventura Lego. O roteiro de Anjos da Lei 2 não é tão maluco quanto o de Lego (escrito pela dupla). Já a cena dos créditos – de longe a melhor parte do filme – foi escrita por Lord e Miller. Não saia do cinema assim que acabar o filme: rola uma sequência com várias piadas sobre possíveis continuações e outros modos de explorar a franquia, como jogos, videogames e desenhos animados.

Ah, último aviso: além da “cena dos créditos”, tem cena “após” os créditos…

João e Maria: Caçadores de Bruxas

Crítica – João e Maria: Caçadores de Bruxas

Vocês se lembram do conto de fadas dos irmãos João e Maria, crianças que foram atraídas para uma casa feita de doces e foram capturadas por uma bruxa? E se os irmãos crescessem e virassem caçadores de bruxas?

Depois de matar a bruxa da historinha clássica, os irmãos João e Maria viram caçadores profissionais de bruxas. São contratados por uma pequena cidade onde crianças estão desaparecendo, e se deparam com uma bruxa mais poderosa do que a média.

Dirigido pelo norueguês Tommy Wirkola (Dead Snow), João e Maria: Caçadores de Bruxas (Hansel & Gretel: Witch Hunters, no original) segue a nova onda de adaptações de histórias infantis sob uma nova ótica. Já tivemos bons (Alice no País das Maravilhas, Branca de Neve e o Caçador) e maus (A Garota da Capa Vermelha, Espelho, Espelho Meu) exemplares do estilo.

Se você acha que uma história ambientada em uma vila medieval não combina com roupas de couro e armas de fogo de grosso calibre, então você não vai gostar do filme. Mas se você se deixar levar pelas “liberdades poéticas”, vai se divertir. João e Maria: Caçadores de Bruxas não se leva a sério em nenhum momento. Além das armas de fogo e das roupas de couro, temos um “taser” que dá choques, injeções para tratar diabetes, e aparece até uma vitrola!

A ambientação e os efeitos especiais têm um “pé” no filme B, tornando tudo ainda mais divertido, pelo menos para aqueles no clima certo (não sei por que, me lembrei do Sam Raimi – é ele quem está dirigindo o novo Mágico de Oz, tomara que não nos decepcione). Tudo é meio tosco, e o gore é abundante – não se esqueçam que o filme mais famoso de Wirkola é um terror com zumbis nazistas. O 3D também ajuda o clima B: são várias coisas atiradas na direção da câmera, como um bom 3D de parque de diversões.

A quantidade de gore e de pedaços de corpos arrancados é um problema para a faixa etária do filme – os mais novos podem achar o filme um pouco forte, enquanto os “adultos” não vão se interessar pelo tema. Isso deve ser uma das causas da bilheteria fraca.

O elenco é acima da média para um filme B. Gemma Arterton (Fúria de Titãs, O Príncipe da Pérsia) e Jeremy Renner (Os Vingadores, O Legado Bourne) estão muito bem como os irmãos Hansel e Gretel (por que será que a geração dos nossos pais traduziu para “João e Maria”?). Famke Janssen e Peter Stormare também estão bem como os coadjuvantes.

Enfim, João e Maria: Caçadores de Bruxas não é para todos os gostos. Mas quem curtir uma aventura / terror / fantasia com ar de filme B vai se divertir, e muito.

O Último Desafio

Crítica – O Último Desafio

Filme novo do Arnold Schwarzenegger!

Um perigoso lider de um cartel do narco-tráfico consegue fugir da prisão e está a caminho da fronteira do México. E a única coisa que pode pará-lo é o velho xerife de uma cidadezinha com o seu inexperiente staff.

O Último Desafio (The Last Stand, no original) está sendo vendido como “a volta de Schwarzenegger”. Ué, mas ele não estava em Mercenários 2, que passou há pouco? Sim. Mas neste filme ele fazia um papel pequeno. Agora Arnoldão está de volta ao papel de principal – seu último filme como protagonista foi O Exterminador do Futuro 3, de 10 anos atrás (Schwarza passou oito anos como governador da California, longe das telas).

Podemos dizer que quem gostava dos seus filmes nos anos 80 e 90 (e gostou dos dois Mercenários) vai curtir O Último Desafio. Já quem nunca curtiu este estilo deve procurar algo diferente em cartaz…

Para a direção, foi chamado o coreano Kim Jee-woon, pouco conhecido por aqui – ele fez o faroeste O Bom, o Mau e o Bizarro (lançado aqui em dvd como Os Invencíveis); fez o terror oriental A Tale of Two Sisters, que deu origem a O Mistério das Duas Irmãs; fez também o terror I Saw The Devil; fez ainda uma das histórias de O Livro do Apocalipse. Só vi dois desses quatro, e nem achei grandes coisas. Por mim, esta estreia hollywoodiana é seu ponto alto na carreira.

O Último Desafio é um eficiente filme de ação. Boas perseguições de carro, vários tiroteios de diversos calibres, lutas “no braço”, um vilão malvadão e um super mocinho, tá tudo lá. Ok, o filme é meio previsível – com menos de meia hora, a gente já sabe tudo o que vai acontecer. Mas pelo menos O Último Desafio esbanja bom humor – um filme desses não pode se levar a sério, né?

Aliás, é bom avisar: O Último Desafio não é uma comédia, mas às vezes parece. Rolam momentos hilários envolvendo os personagens de Luiz Guzmán e, principalmente, Johnny Knoxville – a cena do tiro de sinalizador é uma das mortes mais engraçadas dos últimos tempos!

O elenco é bem acima da média – além de Schwarza, Guzmán e Knoxville, o filme conta com Forest Whitaker, Eduardo Noriega, Peter Stormare, Jaimie Alexander, Genesis Rodriguez e uma ponta de Harry Dean Stanton. E o “nosso” Rodrigo Santoro no único papel que tem algo de galã.

Por fim, gostaria de ressaltar que este é mais um daqueles casos de nome nacional equivocado. “The Last Stand” seria “a última barreira” – que faz muito mais sentido do que “o último desafio”…

Lockout – Sequestro no Espaço

Lockout – Sequestro no Espaço

Produção e roteiro de Luc Besson, nomes famosos no elenco… Mas apesar disso, não se deixe enganar, Lockout – Sequestro no Espaço é mais um filme “B”!

Ano 2079. Um homem acusado de um crime que não cometeu é convocado para resgatar a filha do presidente dos EUA, que está sequestrada em uma cadeia que fica em órbita.

Dirigido pela dupla estreante Stephen St. Leger e James Mather (que escreveram o roteiro junto com Luc Besson) Lockout – Sequestro no Espaço é uma produção B que, se vista no espírito certo, é até divertida. Parece uma versão espacial de Fuga de Nova York – que já tinha cara de filme B (mas era beeem melhor…), com uma pitada de Duro de Matar.

No início do filme rola uma perseguição de carros com cara de videogame. Sério, as ruas não parecem reais, nem os carros, muito menos as pessoas. Achei que seria proposital, um estilo, algo a ser repetido ao longo do filme. Nada, foi só naquela cena. Ficou tosco. As cenas espaciais que acontecem mais pra frente no filme não são nenhuma maravilha, mas pelo menos não têm cara de videogam.

As cenas de ação do resto do filme podem não ter muito sentido em questão de roteiro, mas pelo menos são bem feitas, o ritmo de Lockout – Sequestro no Espaço é o suficiente para chegarmos ao fim do filme sem desistir no meio do caminho.

O elenco tem pelo menos três nomes conhecidos: Guy Pearce, Maggie Grace e Peter Stormare. Não sei se propositalmente ou não, mas Lennie James e Vincent Regan fazem versões genéricas de Don Cheadle e Gerard Butler, respectivamente – James chegou a me enganar, procurei o nome de Cheadle nos créditos…

Resumindo: Lockout – Sequestro no Espaço não é um grande filme, mas acho que nunca almejou tal feito – tem cara de filme que é lançado direto em home video. Mas é divertido pra quem entrar no clima.

 

Plano de Fuga

Crítica – Plano de Fuga

Mel Gibson está de volta!

Um criminoso americano é preso no México, perto da fronteira dos EUA. A cadeia parece uma grande favela, onde todo e qualquer comércio é liberado, e um poderoso traficante manda em tudo. Dentro da cadeia, ele faz amizade com um garoto de nove anos de idade, enquanto faz planos para fugir.

Gibson foi um grande astro em Hollywood nos anos 80 e 90, com personagens marcantes como o Martin Riggs de Máquina Mortífera e o Mad Max. Mas ele se envolveu em polêmicas, como comentários anti-semitas e um divórcio complicado, e foi meio que deixado de lado pela indústria – hoje ele faz bem menos filmes do que anos atrás.

Um dos caminhos que ele encontrou para continuar na ativa foi produzir os próprios filmes. Além de estrelar Plano de Fuga (Get The Gringo, no original), ele também produtor co-roteirista. A direção ficou sob responsabilidade do estreante Adrian Grunberg, que antes foi assistente de direção de vários filmes, inclusive Apocalypto e O Fim da Escuridão, onde trabalhou com Gibson.

E a grande dúvida: o filme presta?

Plano de Fuga não é nenhuma obra prima, mas é bem divertido. Algumas boas sequências de ação, alguns bons diálogos, alguns bons momentos politicamente incorretos. Claro, rolam alguns clichês e cenas previsíveis, além de situações mal explicadas – coisas títicas de filmes de ação, onde o mocinho às vezes parece um super-heroi. Mas nada que desabone o filme.

Aos 56 anos, Mel Gibson mostra que está em boa forma, tanto como ator, quanto na parte física. Tomara que deixe as polêmicas de lado e faça mais filmes!

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A Ilha – Uma Prisão Sem Grades / Boot Camp

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A Ilha – Uma Prisão Sem Grades / Boot Camp

Jovens rebeldes são enviados para um acampamento em um remoto campo nas Ilhas Fiji. Para os pais desses jovens, o acampamento é uma instituição de luxo em um lugar calmo e perto da natureza. Mas na verdade trata-se de uma prisão com disciplina militar e castigos físicos e morais, com o objetivo de se fazer uma lavangem cerebral e então devolver o “ex-rebelde” à sociedade.

Esta é a história de Boot Camp, filme estrelado por Mila Kunis, a patricinha chata de That 70’s Show.

Apesar da presibilidade da história – não existem muitas possibilidades para um roteiro com esse tema em Hollywood, né? – o filme não é chato. As situações no “campo escola” vão acontecendo, a tensão funciona sempre. Peter Stormare interpreta um eficiente “visionário idealizador” do projeto, realmente acreditamos que ele crê no que diz.

Uma outra coisa digna de nota são as belíssimas paisagens na praia. Pode ser uma “prisão sem grades”, mas é uma prisão muito bonita!

Ficamos nos perguntando se lugares como esse realmente ainda existem – o filme se diz “baseado em fatos reais”. Não vai mudar a vida de ninguém, mas pode valer o aluguel / download.