Um Dia Para Viver

Um dia para viverUm Dia Para Viver

Sinopse (filmeb): Um assassino tem 24 horas para realizar uma missão e se redimir quando ganha uma segunda chance de seu empregador que o traz de volta à vida temporariamente, logo após ter sido morto no trabalho.

Dá pra desconfiar da divulgação de certos filmes. O cartaz de Um Dia Para Viver (24 Hours to Live, no original) fala “dos mesmos produtores de John Wick“. E quem são esses produtores? Isso é garantia de algo?

A direção é do cara de sobrenome impronunciável Brian Smrz. Fui ver o imdb do cara, taí mais uma semelhança com John Wick: Smrz também tem background como dublê. Infelizmente o resultado ficou bem abaixo dos filmes dos colegas ex dublês David Leitch e Chad Stahelski (John Wick, Atômica, Deadpool 2). Um Dia Para Viver é apenas um filme de ação genérico e esquecível. Bem, se podemos dizer uma coisa boa é que temos algumas sequências de ação bem filmadas, pelo menos isso.

Tudo é meio vagabundo, partindo da premissa básica de se trazer uma pessoa de volta à vida só para fazer uma pergunta – e deixar o cara escapar da maneira mais besta possível. E, na boa, ele nunca teria um relógio com contagem regressiva implantado no braço. E, na boa de novo, nenhum procedimento médico conseguiria a precisão de exatas vinte e quatro horas. Posso continuar com mais alguns “e na boa”, mas não precisa, né?

Assim, Um Dia Para Viver segue. Clichê atrás de clichê, tudo muito previsível. Ethan Hawke é um cara maneiro, mas não tem como salvar um filme desses. E Rutger Hauer aparece pouco, não vale ver o filme só por ele.

Resumindo, um filme genérico. Vai distrair apenas quem não for exigente.

Valerian e a Cidade dos Mil Planetas

ValerianCrítica – Valerian e a Cidade dos Mil Planetas

Uma força misteriosa ameaça Alpha, uma vasta metrópole espacial, lar de espécies de mil planetas. Os militares Valerian e Laureline devem correr para identificar a ameaça e salvar não apenas Alpha, mas o futuro do universo.

Sabe O Quinto Elemento? Luc Besson apresentando uma saga espacial com uma boa história, bons personagens e um visual alucinante? Poizé. Besson aqui acertou no visual alucinante. Só.

Valerian e a Cidade dos Mil Planetas (Valerian and the City of a Thousand Planets, no original) é a adaptação dos quadrinhos franceses “Valerian e Laureline”, da década de 60 – diz a lenda que um tal Guerra nas Estrelas usou esta HQ como inspiração. Nunca li os quadrinhos, meus comentários serão só pelo filme em si.

Antes de tudo, preciso falar que sou fã do Luc Besson, desde os anos 80, quando vi Nikita no Estação Botafogo, e minha cabeça explodiu – um bom filme de ação pode ser em outra língua diferente do inglês! Desde aquela época, acompanho tudo o que Besson faz: Subway, Imensidão Azul, O Profissional, O Quinto Elemento, o fraco Joana D’Arc

Boa parte das pessoas não acompanhou sua carreira de diretor depois de Joana D’Arc, quando ele escreveu roteiros pra vários filmes de ação (Carga Explosiva, B13, Busca Implacável, Dupla Implacável…). Mas heu vi tudo. Vi o esquisito Angel-A (2010) no cinema e tenho o dvd (autografado pela atriz principal, Rie Rasmussen). Vi a divertida trilogia Arthur e os Minimoys (06, 09, 10). Vi a boa aventura As Múmias do Faraó (10); o drama Além da Liberdade; a comédia fraquinha A Família (13). E, claro, Lucy (14), a volta do diretor ao cinema de ação / ficção científica.

Claro que a expectativa era alta. Principalmente porque vi o trailer, e já sabia que teríamos mais uma vez imagens de encher os olhos, num visual que lembrava O Quinto Elemento!

Mas assim como Lucy é inferior a Niklita e O Profissional, Valerian não é O Quinto Elemento. Não adianta um visual elaborado se o roteiro (também escrito por Besson) é fraco. O roteiro de Valerian não tem fluidez. A história é previsível, e mesmo assim explicada demais (tem até um “momento Scooby Doo”, quando os mocinhos revelam o plano do vilão). E algumas partes são inúteis à trama – por exemplo, se você tirar toda a participação da Rihanna e do Ethan Hawke, o filme não perde nada.

O que se salva é o visual do filme. Desde as cenas iniciais, quando somos apresentados ao conceito de Alpha, a “cidade dos mil planetas”, passando por todos os mundos e espécies alienígenas. Aliás, gostei tanto de Alpha, que veria uma série inteira baseada nos seus mundos e submundos.

Alguns comentários sobre o elenco. Dane DeHaan nem é um ator ruim, mas o seu personagem é um galã conquistador. Na boa, DeHaan não tem o physique du rôle pra um papel assim! E, pra piorar, ele não tem o carisma necessário ao personagem. Cara Delevigne não está tão mal quanto em Esquadrão Suicida, mas ainda não dá pra elogiá-la como atriz. Mas o ponto é que ninguém vai se importar com os personagens principais.

(Isso porque não estou falando da atual tendência de personagens femininas fortes. Laureline combina bem com o estilo “donzela em perigo”, que era frequente no cinema décadas atrás…)

Ainda no elenco, além dos já citados Rihanna e Hawke, temos Clive Owen, Herbie Hancock, a voz de John Goodman, e uma participação rápida de Rutger Hauer no início do filme.

No fim, depois de mais de duas horas de história vazia, fica a sensação de que valeria mais a pena ter revisto O Quinto Elemento. Ei, seu Luc, ainda tô aguardando a sua volta, hein?

Sin City – A Cidade do Pecado

Crítica – Sin City – A Cidade do Pecado

Comprei uma edição dupla gringa de Sin City – A Cidade do Pecado em blu-ray, com duas versões do filme – além da versão que passou nos cinemas, tem a “extended”, “uncut” e “recut”. Revi a original, assim que ver a outra, compará-las-ei no TBBT. Mas, antes disso, vou falar do filme aqui.

Adaptação da graphic novel de Frank Miller, Sin City – A Cidade do Pecado mostra três histórias interligadas, envolvendo policiais corruptos, mulheres sedutoras e marginais durões, uns em busca de vingança, outros em busca de redenção.

Sin City – A Cidade do Pecado é uma das melhores adaptações da história do cinema. Aliás, nem sei se dá pra chamar de adaptação, porque às vezes nem parece filme, parece que estamos vendo na tela os quadrinhos da graphic novel.

A história disso vale ser contada. Um dos maiores nomes da história dos quadrinhos, Frank Miller não tinha um bom currículo em Hollywood. O convidaram para escrever os roteiros do fraco Robocop 2 e do ainda mais fraco Robocop 3. Miller deve ter ficado traumatizado, já que se afastou do cinema – pra que se aventurar num terreno onde não conseguiu bons resultados?

Aí apareceu Robert Rodriguez, que já tinha alguns sucessos na filmografia (A Balada do Pistoleiro, Um Drink no Inferno, Prova Final, Era Uma Vez no México). Rodriguez chamou Josh Hartnett e Marley Shelton e fez, sem ter a aprovação de ninguém, um filminho de poucos minutos, capturando o estilo da graphic novel. E perturbou Miller até conseguir mostrá-lo. Com esse curto filme, convenceu Miller a acompanhá-lo ao set e dividir com ele a cadeira de diretor. Miller pensaria nos quadrinhos da sua graphic novel, enquanto Rodriguez se preocuparia com a parte técnica.

Antes avesso a adaptações cinematográficas, Miller agora sabia que sua graphic novel tinha boas chances de virar um bom filme e finalmente aprovou o projeto.

O visual é todo estilizado. Rodriguez filmou tudo em estúdio, e acrescentou os cenários em chroma-key. O filme é preto e branco, com alguns detalhes coloridos (olhos azuis de uma personagem aqui, tênis vermelho de outro personagem ali). Mais: o preto é realmente preto, e o branco é realmente branco, criando contrastes pouco comuns no cinema (mas comuns nos quadrinhos) – o sangue é quase sempre branco em vez de vermelho (e olha que tem muito sangue, o filme é bem violento). Até alguns movimentos de câmera são como se uma câmera estivesse passando sobre a revista. Como disse, a adaptação foi fantástica, como poucas vezes vista na história do cinema.

Os créditos do filme trazem os nomes dos dois como co-diretores, mas o filme é a cara do Robert Rodriguez, que aqui fez o de sempre: além de dirigir, editou, contribuiu com a trilha sonora, coordenou os efeitos especiais, a fotografia… o cara foi até operador de câmera! Robert Rodriguez é um workaholic do cinema!

(Ainda falando de direção, Sin City – A Cidade do Pecado tem uma participação especial de Quentin Tarantino, que dirigiu a cena no carro com Clive Owen e Benicio Del Toro.)

O elenco também chama a atenção: Mickey Rourke, Clive Owen, Rosario Dawson, Jessica Alba, Elijah Wood, Rutger Hauer, Bruce Willis, Carla Gugino, Michael Madsen, Brittany Murphy, Benicio Del Toro, Michael Clarke Duncan, Devon Aoki, Jaime King, Alexis Bledel, Powers Boothe, além de Josh Hartnett e Marley Shelton (o curta feito antes por Rodriguez foi aproveitado, e abre o filme). Nada mal, não?

Claro, o filme não é para qualquer um. O ritmo quase sempre com narração em off pode cansar. Outra coisa que pode desagradar são os personagens, quase todos no limite da caricatura – todos os homens são durões, todas as mulheres são fatais e gostosonas. Pelo menos essas duas coisas ajudam a criar um clima de filme noir diferente…

Desde a época do lançamento (2005), rola um boato sobre uma continuação. Mas até hoje, sete anos depois, não há nada confirmado. Se vier, que mantenha a qualidade!

p.s.: Frank Miller tentou de novo, e, três anos depois, dirigiu The Spirit. Mas foi um fracasso. Senti falta do Robert Rodriguez.

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O Ritual

Crítica – O Ritual

O seminarista Michael Kovac, em crise com a própria fé, vai para o Vaticano fazer um “curso de exorcismo”, e cria um elo com o padre Lucas, um famoso exorcista.

Filmes de exorcismo têm um problema sério: é inevitável a comparação com o clássico O Exorcista, de 1973 – logo um dos melhores filmes de terror da história.

Mas, dentre os diversos filmes de exorcismo que apareceram nos últimos tempos, O Ritual não faz feio. O filme tem pelo menos duas coisas dignas de destaque. Uma delas é o realismo do roteiro. O próprio personagem padre Lucas fala que não devemos esperar por “cabeças girando e sopa de ervilha” – uma clara referência à escatologia d’O Exorcista. Além disso, o cético padre Michael vive questionando a veracidade dos casos de exorcismo que enfrenta.

A outra coisa boa é o elenco acima da média. Ok, o ator principal, o desconhecido Colin O’Donoghue, não faz nada demais (só heu achei ele igualzinho a Jared Padalecki, o Sam Winchester de Supernatural?). Mas, por outro lado, Anthony Hopkins arrebenta! Só a sua atuação na parte final do filme já vale o ingresso / aluguel / download. Completam o elenco Alice Braga, Rutger Hauer, Ciarán Hinds, Toby Jones e Maria Grazia Cucinotta.

A direção é de Mikael Håfström, que recentemente fez o bom 1408, com John Cusack. O roteiro, baseado em fatos reais, não é perfeito, tem alguns clichês aqui e alguns escorregões acolá, mas acerta no geral.

O Ritual não ameaça o posto de “melhor filme de exorcismo da história”. Mas vai agradar os fãs do gênero.

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Hobo With a Shotgun

Crítica – Hobo With a Shotgun

Há alguns meses começou a circular pelos youtubes da vida um sensacional trailer de um filme ultra violento com um Rutger Hauer grisalho interpretando um mendigo vingativo. O filme ficou pronto!

Hobo With a Shotgun é isso aí: um mendigo chega em uma cidade onde o crime manda em tudo – até na polícia. Ele compra uma espingarda calibre 12 e sai pelas ruas matando pessoas ruins. Simples, não?

Na verdade, já existia um trailer fake desde 2007, mas sem Rutger Hauer no elenco. Assim como Machete, existia um trailer fake que fazia parte da sessão dupla do Grindhouse, o projeto em homenagem ao cinema exploitation que contava com Planeta Terror (de Robert Rodriguez) e À Prova de Morte (de Tarantino). Hobo With a Shotgun é muito legal, mas, na comparação com Machete, sai perdendo. Também é covardia, né? Machete tinha Robert Rodriguez na direção e elenco cheio de estrelas. Mas isso não significa que Hobo With a Shotgun seja ruim!

O filme foi escrito e dirigido por Jason Eisener, também autor do trailer fake. Hobo With a Shotgun tem uma vantagem: é um filme honesto, e cumpre o que promete: violência exagerada e muito gore. Bom roteiro e boas interpretações? Ninguém espera coisas assim em um filme chamado “mendigo com uma espingarda”…

Sobre o roteiro, heu faria apenas algumas mudanças. O monólogo de Hauer na maternidade do hospital me pareceu longo demais. Aqueles caras de armadura poderiam ser melhor aproveitados. E poderia ter mais nudez gratuita – a “mocinha” Molly Dunsworth não tira a roupa…

O filme exagera no gore. É uma quantidade enorme de gente morta, de várias maneiras engraçadas. Cabeças explodindo, fraturas expostas, pedaços de gente, tudo isso contribui pra vocação trash do filme.

O elenco é curioso. Rutger Hauer, que fez grandes filmes nos anos 80 (Blade Runner, Ladyhawke, Falcões da Noite, Conquista Sangrenta), mas depois fez um monte de filmes de qualidade duvidosa, funciona perfeitamente aqui, como o mendigo bruto que quer “limpar” a cidade. Ele passa o tom exato pedido: nem caricatural, nem sério. Já o resto do elenco é uma piada: várias caricaturas, cada uma maior que a outra. Aqueles vilões são tão exagerados que parecem tirados de uma história em quadrinhos…

(Preciso falar que gostei muito da escolha de Hauer para o papel principal, mas fiquei me perguntando: cadê David Brunt, o ator principal do trailer fake? Ele aparece aqui, numa ponta…)

Claro que Hobo With a Shotgun não é pra qualquer um. Mas, pra quem está curtindo esta onda de novos filmes em homenagem ao cinema exploitation, Hobo With a Shotgun é um prato cheio!

Agora a gente tem que ver se vão rolar filmes baseados nos outros trailers fakes de Grindhouse. Ainda faltam o terror Don’t; Thanksgiving, dirigido por Eli Roth; e Werewolf Women of the SS, do Rob Zombie, com o Nicolas Cage no elenco!

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Blade Runner – O Caçador de Andróides

Blade Runner – O Caçador de Andróides

Aproveitei o domingo sem filhos em casa (filha na casa da mãe, filho passeando com os avós) pra fazer algo que heu me prometia há tempos: rever Blade Runner – O Caçador de Andróides, clássico de Ridley Scott. Mais de uma versão!

Los Angeles, novembro de 2019. Rick Deckard é um Blade Runner, um policial especialista em “aposentar” replicantes – perfeitos andróides usados para trabalho braçais em outros planetas. Quando seis replicantes fogem para a Terra, Deckard é chamado para encontrá-los.

Foi lançado aqui no Brasil um dvd triplo com QUATRO diferentes versões do filme, além de um monte de extras. Pesquisei na internet, na verdade, não precisava de tanta. Duas são do ano original de 1982, quase idênticas, a única diferença é que a “versão de cinema” tem algumas cenas violentas censuradas (por exemplo, a morte de Tyrell; ou o prego atravessando a mão de Roy), enquanto a “versão internacional” está completa. Já a “versão final”, de 2007, é quase igual à “versão do diretor”, de 1992, teve uma cena refilmada e a imagem remasterizada. Resumindo: um dvd com duas versões (a “internacional de 82” e a “final de 07”) seria suficiente…

(Heu particularmente não curto esse negócio de versões diferentes do mesmo filme. Um filme é uma obra pronta, finalizada, não precisa ser refeito – principalmente quando estamos falando de uma obra prima, um dos melhores filmes da década de 80. Mas parece que Ridley Scott gosta de novas versões, li na internet sobre uma nova versão de Alien…)

Voltando ao filme…

Blade Runner foi inspirado no livro “Do Androids Dream of Electric Sheep”, de Philip K. Dick, escritor de ficção científica que escreveu obras que geraram alguns filmes legais, como O Vingador do Futuro, Minority Report, O Pagamento, O Homem Duplo e O Vidente. Blade Runner foi o primeiro longa metragem baseado em K. Dick, e, na minha humilde opinião, um dos dois melhores (ao lado de O Vingador do Futuro).

O conceito do futuro criado por K. Dick e por Ridley Scott é muito interessante. Tudo escuro, muita sujeira, muita poluição visual. Chove o tempo todo, e as pessoas usam pesados casacos. Várias propagandas convidam as pessoas para uma vida melhor fora do planeta. É, muito antes de “aquecimento global” entrar na moda, Blade Runner já falava disso…

O visual do filme é fantástico. Parece que Ridley Scott tratou cada cena, cada plano, cada ângulo, para ter uma imagem visualmente bonita. Muito contra-luz, muita fumaça, muito neon, muita água. Fotogramas do filme fariam uma bela exposição de fotografias.

(Aliás, detalhe curioso: os cenários são cheios de propagandas publicitárias. Logomarcas famosas como Coca Cola e Budweiser dividem espaço com marcas falidas, como Pan Am; e marcas ligadas diretamente aos anos 80, como Atari e TDK…)

É curioso falar sobre o elenco do filme quase trinta anos depois. Harrison Ford, o protagonista Rick Deckard, era “o cara” na época, ele era o Han Solo de Guerra nas Estrelas e o Indiana Jones de Caçadores da Arca Perdida! E ele está aí até hoje. Falem o que quiser das suas habilidades como ator, mas o star power do cara é inegável. O grande vilão Roy foi interpretado por Rutger Hauer, recém chegado da Holanda, também estava com a carreira em alta na época – curiosamente, se especializou em filmes vagabundos dez anos depois. Outra que sumiu foi Sean Young, que fez Rachael, a protagonista feminina – não tenho nada contra ela, mas acho que outra atriz melhor poderia ter o papel. Daryl Hannah, a replicante Pris, era feinha, ela melhorou nos anos seguintes. E é curioso ver Edward James Olmos, o almirante Adama de BSG, parecendo um oriental de lentes de contato claras. Ainda no elenco, M. Emmet Walsh, William Sanderson, Brion James e Joanna Cassidy.

Outro ponto alto do filme é a inspirada trilha sonora do tecladista grego Vangelis. As músicas são muito boas, até hoje ouço o cd com os temas. Curiosidade: na época, Vangelis não liberou os fonogramas para o disco da trilha sonora. As músicas foram então regravadas por uma orquestra. Os fonogramas originais só foram disponibilizados anos depois.

Agora vou falar sobre as diferentes versões. Li na internet que a cena da morte de Zhora, a replicante que atravessa várias vitrines, foi refilmada. Olha, sinceramente, não vi necessidade. A suposta cena refilmada é tão igual à original que não descobri o que mudou! A não ser que o meu dvd não tenha esta cena refilmada…

Sendo assim, repito o que disse lá no começo: só duas versões valem ser vistas. E digo mais: as diferenças entre ambos não são tão grandes como nos fazem acreditar. Sinceramente, acho que não precisava de mais de uma versão…

Blade Runner é um filme tão bom, e tão importante pra história do cinema, que heu poderia continuar falando dele aqui. Mas chega, o post tá ficando grande demais. Terminarei com uma história pessoal minha envolvendo este filme:

Quando Blade Runner passou, não me lembro se era censura 16 anos ou 18 anos. Mas lembro que heu não tinha idade para ver – nasci em 71, o filme é de 82. Ou seja, não vi na época, mas ouvi falar muito. Principalmente porque heu já era fã de Guerra nas Estrelas e de ficção científica. Então, na minha cabeça, Blade Runner deveria ser mais uma ficção científica de naves espaciais, perseguições intergaláticas e tiros com armas laser, com o mesmo ator que fez o Han Solo. Consegui finalmente ver o filme numa reprise na segunda metade dos anos 80, e… achei uma porcaria! Que filme chato! Que filme ruim! Aí, anos depois, resolvi dar uma segunda chance ao filme, já despido de pré-concepções, e consegui ver o filme que toda a crítica idolatrava… Concluindo: nunca crie expectativas sobre um filme antes de assistí-lo!

Conquista Sangrenta

Conquista Sangrenta

Outro dia, numa lista de discussão, estávamos conversando sobre filmes medievais. Aí veio a lembrança deste Conquista Sangrenta, de 1985, primeiro filme americano do diretor holandês Paul Verhoeven. Como heu já tinha o dvd em casa, aproveitei para rever.

Em 1501, na Europa, o nobre Arnolfini usa um grupo de mercenários, liderados por Martin (Rutger Hauer), para recuperar seu castelo, mas depois os manda embora sem a recompensa prometida. Sem ter para onde ir, o grupo acaba atacando uma caravana que está sob o comando de Arnolfini. Escondida em uma das carroças, está Agnes (Jennifer Jason Leigh), noiva de Steven, filho de Arnolfini. Depois de estuprada por todo o grupo, Agnes vira a companheira de Martin. O grupo invade um castelo, sem saber que os Arnolfinis estão à espreita, assim como a peste negra, que ronda o local.

Conquista Sangrenta é realmente muito bom. O filme é violento e amoral – o mocinho não é bonzinho, é um assassino e estuprador, ora! E, até onde sei, foi a primeira vez que o cinema mostrou a Idade Média como deve ter sido: pessoas feias e sujas, e não belos rostos hollywoodianos como era de praxe. Aliás, é interessante olhar a diferença entre os nobres e os mercenários, sujos, com dentes podres e roupas rasgadas. Mais: Martin é um protagonista ignorante, suas atitudes são baseadas em instinto, o contrário de Steven, um homem que tem estudos.

Gosto muito do ar cínico que o filme tem – aliás, Verhoeven fez isso outras vezes nos anos seguintes. O primeiro beijo dos futuros noivos acontece debaixo de dois corpos putrefatos! E, em determinado momento do filme, Martin pergunta a Agnes quem ela prefere, ele ou Steven, e, ao ouvir a resposta “tanto faz”, Martin fala “Se ele ganhar, comeaçará a vida de casado como um viúvo”.

O grande nome do elenco é Rutger Hauer, com a carreira ainda em alta (Blade Runner, A Morte Pede Carona, Lady Hawke – O Feitiço de Áquila) – aliás, é curioso ver como sua carreira foi ladeira abaixo nos anos seguintes… Jennifer Jason Leigh, novinha e desinibida, também manda bem como a dúbia heroína – a cena do banquete dos mercenários, com ela usando garfo e faca, é genial. Tom Burlinson, que faz Steven, parece um Rutger Hauer mais novo, e fez pouca coisa digna de nota além deste filme. E, no meio dos mercenários, reparem em Brion James, companheiro de Hauer três anos antes em Blade Runner.

Paul Verhoeven já tinha um certo nome na sua Holanda natal, e teve uma excelente estreia hollywoodiana com este filme. Sua carreira coleciona grandes filmes, como O Vingador do Futuro, Instinto Selvagem e Robocop; mas também traz filmes de qualidade duvidosa – Showgirls é considerado por muitos um dos piores filmes da história. Em 2000 ele lançou seu último filme americano, O Homem Sem Sombra, e ficou um bom tempo sem lançar nada. Até que em 2006, de volta à Holanda, ele fez A Espiã – mas esse heu ainda não vi…

Enfim, Conquista Sangrenta é obrigatório para fãs de filmes medievais, e também para quem curte filmes violentos e de moral duvidosa. Ora, também para quem curte bons filmes!

Falcões da Noite

Falcões da Noite

Eficiente filme de ação do início dos anos 80, Falcões da Noite (Nighhawks no original), de 1981, mostra dois policiais de Nova York lutando contra um perigoso terrorista europeu.

Os três principais nomes do elenco são conhecidos. O protagonista é Sylvester Stallonne, badalado na época, tinha acabado de fazer Rocky 2, e o primeiro Rambo viria no ano seguinte. Seu parceiro é Billy Dee Williams, recém saído da pele de Lando Calrissian, em O Império Contra-Ataca (80). E o terrorista é Rutger Hauer, recém chegado da Holanda natal, e que no ano seguinte faria o clássico Blade Runner.

Aliás, a carreira de Hauer é interessante. No início dos anos 80, ele era badaladíssimo, famoso por filmes como Blade Runner, Ladyhawk, O Casal Osterman, Conquista Sangrenta e A Morte Pede Carona. Mas, e depois? O que aconteceu com o cara? Nunca mais fez nada que preste…

E agora vou confessar uma coisa para vocês: sou fã deste filme, mas não é por causa do elenco, nem pela direção de Bruce Malmuth. É por causa da trilha sonora, composta pelo gênio Keith Emerson, o melhor tecladista do mundo, da banda ELP! Sou muito fã do cara, e só conheço dois filmes para os quais ele fez a trilha sonora, este e Inferno, do Dario Argento – nem preciso falar que tenho as duas trilhas, né?