Strange Darling

Crítica – Strange Darling

Sinopse (imdb): Nada é o que parece quando um caso de uma noite se transforma em uma violenta onda de assassinatos cometidos por um serial killer.

Estou com vários filmes do circuito pra comentar, mas quando aparece um filme como Strange Darling, ele fura a fila!

Escrito e dirigido por JT Mollner, Strange Darling está longe de ser um filme convencional. Antes de começar, aparece escrito na tela que é uma história dividida em 6 capítulos. E começa pelo capítulo 3!

Essa ordem não cronológica é uma sacada genial do roteiro, porque nada é o que parece ser. Fui genuinamente surpreendido mais de uma vez ao longo do filme. A gente acha que a história está indo pra uma direção, mas na verdade vai pra outro caminho completamente diferente. Aliás, é bom avisar: evite spoilers sobre Strange Darling. A única coisa que você deve saber é que é um filme de serial killer. Só.

(E por isso o meu texto vai ser enxuto, não quero dar spoilers.)

As atuações estão ótimas. Kyle Gallner está bem, e Willa Fitzgerald está ainda melhor. Pena que Strange Darling não tem o perfil que chama a atenção de grandes premiações, porque ela poderia tranquilamente ser indicada a um prêmio de melhor atriz. O elenco também traz uma curiosidade: o casal de velhinhos hippies é interpretado pelos veteranos Barbara Hershey e Ed Begley Jr.

Ah, falando de um ator, mas que não está atuando, Giovanni Ribisi (O Dom da Premonição) aqui trabalha como diretor de fotografia.

Por fim, antes de começar o filme tem uma cartela avisando que o filme foi filmado em 35mm. Bacana ver que temos uma escolha tradicional e analógica. Mas, achei inútil pra um filme que não será visto nos cinemas aqui no Brasil.

Filmaço. Grandes chances de entrar no top 10 do ano aqui no heuvi.

A Nona Vida de Louis Drax

Nona Vida de Louis DraxCrítica – A Nona Vida de Louis Drax

Sinopse tirada do site do Festival do Rio: “Louis Drax é um garoto brilhante, mas com sérias dificuldades sociais. Os colegas o consideram estranho e vários acidentes sombrios acontecem a seu redor. Eletrocussão, picadas de aranha e afogamento são apenas alguns dos episódios de risco vivenciados em sua ainda curta vida. Quando completa nove anos, Louis sofre uma queda violenta que o deixa em coma. Ninguém sabe explicar o motivo do acidente, até que o médico Allan Pascal começar a suspeitar que os eventos associados a Louis são mais do que uma simples coincidência. Do diretor Alejandro Aja (Alta tensão, Amaldiçoado).​

O diretor francês Alexandre Aja chamou a atenção do mundo com o ultra violento (e bom) Alta Tensão, de 2003. Depois disso, foi pra Hollywood e ficou no terror com um pé no filme B (mas admito que gosto de Piranha). A Nona Vida de Louis Drax (The 9th Life of Louis Drax, no original) tenta mudar um pouco este cenário.

Baseado no livro homônimo escrito por Liz Jensen, A Nona Vida de Louis Drax começa como uma fantasia infantojuvenil – me lembrei do menino T.S. Spivet de Uma Viagem Extraordinária, dirigido por Jean Pierre Jeunet. Mas o filme logo cai numa arrastada mistura entre drama e suspense. A parte do meio do filme, quando o foco é o insosso romance do médico com a mãe, é interminável. O casal de atores não tem nenhuma química, o romance não convence ninguém – o roteiro deveria incluir algo para mostrar por que o médico se interessou pela mãe do menino, já que a sua esposa era muito mais bonita e interessante.

Pra piorar, o mistério sobre quem é o “monstro” fica óbvio a partir da metade do filme. Pelo menos admito que gostei do plot twist final, heu não esperava aquele fim.

O elenco também não ajuda. O menino Aiden Longworth nem é ruim, mas quando a narrativa acompanha o casal Jamie Dornan (50 Tons de Cinza) e Sarah Gadon (Drácula: A História Nunca Contada), o filme perde muito. Aaron Paul, Oliver Platt, Molly Parker e Barbara Hershey têm papeis menores.

No fim, fica a impressão de que Aja estava perdido. Talvez fosse melhor deixar o romance de lado e ficar só na fantasia. Ou então permanecer no terror B e deixar o filme nas mãos de um diretor que sabe dosar estilos diferentes.

Sobrenatural Capítulo 2

Crítica – Sobrenatural Capítulo 2

Opa! Continuação do ótimo Sobrenatural, uma das melhores surpresas de 2010!

A família Lambert continua assombrada. Agora eles precisam descobrir o mistério que os conecta ao mundo espiritual.

Sobrenatural foi uma agradável surpresa. James Wan e Leigh Whannell, diretor e roteirista de Jogos Mortais, mostraram talento em um excelente terror à moda antiga, sem nada de gore. E este ano eles repetiram a dose com outro bom filme no mesmo estilo, A Invocação do Mal.

Sobrenatural Capítulo 2 segue esta mesma linha. Boa ambientação de “casa mal assombrada”, excelente uso de câmera, trilha sonora eficiente e – principalmente – bons sustos.

Claro, temos muitos clichês. Mas, na minha humilde opinião, são clichês bem utilizados. Comparo este filme com um trem fantasma de parque de diversões: sabemos que os sustos estão lá, mas mesmo assim pode ser um programa divertido. E digo mais: nem todos os sustos de Sobrenatural Capítulo 2 são previsíveis.

Sobrenatural Capítulo 2 ainda tem uma coisa bem legal que quase não vemos por aí. Revemos uma cena do primeiro filme, agora de outro ângulo. Boa sacada de Wan e Whannell!

O elenco repete todos que estavam no primeiro filme. Patrick Wilson está muito bem num papel com citações ao Jack Torrance de O Iluminado. Rose Byrne, Barbara Hershey e Lin Shaye também estão bem. Angus Sampson e o roteirista Leigh Whannell fazem o alívio cômico, que gerou algumas risadas na sala do cinema.

Claro que rola um gancho pra parte 3. Mas não sei se vai existir um terceiro filme, o diretor James Wan deu declarações dizendo que não faria mais filmes de terror, e está fazendo o sétimo Velozes e Furiosos. Ou seja, se tiver um terceiro filme, deve ser com outro diretor – o que quase sempre significa queda de qualidade. Assim, torço pra terminar neste segundo filme!

p.s.: Sobrenatural Capítulo 2 estreou no Rio, mas só na zona norte e zona oeste. Por que não na zona sul? Por que o preconceito? Depois reclamam da pirataria! Sorte que viajei pra outra cidade no fim de semana e consegui ver o filme ainda no cinema!

Cisne Negro

Cisne Negro

Nina Sayers (Natalie Portman), uma obcecada bailarina, ganha o papel principal na montagem de Lago dos Cisnes, de Tchaikovisky. Nina é perfeita para o papel da delicada Cisne Branca, mas tem problemas para compor a personagem de sua irmã gêmea, a malvada Cisne Negra.

Vou falar sobre um pé atrás que tenho (ou tinha) com o diretor Darren Aronofsky. Vi seus dois primeiros filmes na mesma época, Pi e Réquiem Para um Sonho. Não são ruins, mas são “cabeça” demais, e confesso que não gostei, achei ambos bem chatos. Fiquei tão traumatizado que ainda não vi Fonte da Vida e O Lutador

Mas Aronofsky acertou a mão desta vez, Cisne Negro é muito bom. Aronofsky foi muito eficiente ao mostrar toda a paranoia que envolve Nina, usando a trilha sonora aliada a rápidos movimentos de câmera. E o clima do filme começa a mudar mais pra perto do fim, o filme vira quase um terror! Aliás, gostei de como o filme resolveu a dubiedade de Nina, entre a graça e suavidade da rainha Cisne Branca e a sensualidade agressiva da Cisne Negra.

Natalie Portman está sensacional. Se heu for apostar em apenas um Oscar para 2011, é o de melhor atriz para ela. Portman encarna com perfeição toda a obsessão e loucura que a personagem pede.

Digo mais: todo o elenco está inspirado, o filme não é só de Portman. Mila Kunis está excelente como a bailarina antagonista, sensual e imperfeita, ideal para o cisne negro. Idem sobre Vincent Cassel, Barbara Hershey e Winona Ryder.

(Me senti velho. Lembro de Winona Ryder com quatorze ou quinze anos em Inocência do Primeiro Amor. E agora ela faz uma bailarina veterana, se aposentando…)

Preciso falar da famosa e polêmica cena de sexo lésbico. A cena é sensacional, e já circulou por toda a internet. Sem mostrar nada de nudez, a cena consegue ser mais erótica que muito filme pornô! Mas é só uma cena, o filme não toma esse caminho GLS!

Sobre os eficientes e quase invisíveis efeitos especiais, tenho dúvidas sobre o quanto as meninas dançam de verdade. Vemos de perto, muito perto, a montagem do balé. Portman e Kunis têm formação de balé clássico?

Enfim, grande filme, deve ganhar várias indicações ao Oscar 2011. A estreia nacional só vai rolar em fevereiro, mas Cisne Negro já está disponível nos sites de torrent.