Asteroid City

Crítica – Asteroid City

Sinopse (google): Asteroid City decorre numa cidade ficcional em pleno deserto americano, por volta de 1955. O itinerário de uma convenção de Observadores Cósmicos Jr./Cadetes Espaciais (organizada com o objetivo de juntar estudantes e pais de todo o país para uma competição escolar com oferta de bolsas escolares) é espetacularmente perturbado por eventos que mudarão o mundo.

Filme novo do Wes Anderson!

Já comentei aqui que Wes Anderson é um dos últimos “autores” do cinema atual. Um filme dele tem cara de filme dele. O cara é obcecado por enquadramentos perfeitos, tudo em cena está milimetricamente posicionado – o tempo todo. Cada enquadramento do seu filme é perfeito, cada movimento de câmera é perfeito. Claro que reconheço o valor de um filme assim.

Vou além: o filme traz uma metalinguagem, um “filme dentro do filme”, tem um dramaturgo contando uma história, e essa história é o Asteroid City. E Anderson usa formatos diferentes pra cada momento. O filme alterna entre uma imagem p&b meio quadrada (parece o antigo 4×3) quando está com o dramaturgo e o tradicional letterbox colorido quando conta o filme em si.

O visual é fantástico. Mas, por outro lado, quase não tem história. Tirando um evento lá pelo meio do filme, nada acontece. E assim o filme fica cansativo. Fui até checar a metragem, Asteroid City tem 1h45min, mas parece ser mais longo!

Talvez o problema seja não ter um protagonista com uma história principal. Parece que estamos o tempo todo vendo personagens secundários em tramas paralelas.

O elenco é fantástico. Raras vezes a gente vê tantos atores famosos juntos. Foi assim com Oppenheimer, é assim de novo em Asteroid City: Tom Hanks, Edward Norton, Adrien Brody, Tilda Swinton, Steve Carell, Bryan Cranston, Willem Dafoe, Matt Dillon, Jeff Goldblum, Scarlett Johansson, Margot Robbie, Jason Schwartzman, Maya Hawke, Jeffrey Wright, Hope Davis, Liev Schreiber, Sophia Lillis, Tony Revolori – entre outros. Ainda tem uma participação especial do Seu Jorge, ele está no grupo do cowboy Montana. Mas… Diferente de Oppenheimer, que tem um grande elenco e grandes atuações, aqui todas as atuações parecem propositalmente robóticas – combina com o estilo do diretor, mas torna o filme ainda mais cansativo.

Ok, reconheço que vou soar um pouco incoerente agora, porque sempre defendi que a forma vale mais que o conteúdo, sempre defendi que prefiro filmes com visuais fantásticos mesmo que as histórias fossem fracas. Mas, aqui em Asteroid City isso não funcionou. É um filme indubitavelmente bonito. Mas seria melhor se fosse um curta metragem.

Viúva Negra

Crítica – Viúva Negra

Sinopse (imdb): Em missões entre os filmes Guerra Civil e Guerra Infinita, Natasha Romanoff precisa lidar com seu passado como espiã e os relacionamentos rompidos deixados em seu rastro, muito antes de se tornar uma Vingadora.

A Marvel deu sorte com timing da pandemia. Quando os cinemas fecharam, a Marvel tinha acabado de fechar a fase 3 com Vingadores Ultimato e Homem Aranha Longe de Casa – imagina se tivessem fechado antes do Vingadores Ultimato?

Sem os cinemas, a Marvel se adaptou ao streaming e lançou 3 séries, Wandavision, Falcão e o Soldado Invernal e Loki – enquanto Falcão e o Soldado Invernal segue o formato dos filmes, Wandavision e Loki pegaram caminhos diferentes e mostraram que a Marvel ainda pode ir muito longe quando se fala de audiovisual de super heróis.

Mas… Cinemas estão aos poucos voltando, e ao mesmo tempo o streaming tá aí firme e forte, e finalmente chegou a hora de um novo lançamento de filme do MCU. Viúva Negra estreia nos cinemas e ao mesmo tempo no Disney+.

Finalmente temos o filme solo da Natasha Romanoff – tivemos filmes solo de vários outros, por que nunca tinham feito o dela? Dirigido pela quase desconhecida Cate Shortland (mais uma vez mostrando que a Marvel faz “filme de produtor” e não “filme de diretor”), Viúva Negra é o filme que estava faltando. Pena que talvez tenha vindo tarde demais. Tarde demais porque a Natasha morreu no último Vingadores, e a princípio sua personagem não voltará mais. Será que não era melhor ter esse filme antes?

Enfim, antes tarde do que nunca. Viúva Negra é um “legítimo Marvel”. Cenas de ação excelentes, algumas piadinhas aqui e ali, inclusive satirizando os clichês de super herói – em determinado momento a Yelena pergunta por que a Natasha sempre cai fazendo pose. E, principalmente, um filme sólido e coeso com um grande universo cinematográfico cada vez mais complexo.

Não li nada antes de assistir, achava que era o “filme de origem”, mas, na verdade, Viúva Negra se passa entre Guerra Civil e Guerra Infinita. Mas, ok, o filme ficou coerente com o MCU.

Claro que temos vários novos personagens. Rachel Weisz e David Harbour estão bem – Harbour faz um alívio cômico que beira a caricatura, mas heu gostei do personagem. Mas, a melhor coisa do elenco é Florence Pugh, que já tinha mandado bem em Midsommar, e aqui quase rouba o protagonismo da Scarlett Johansson. Ela é uma excelente personagem, não só na parte física (ela é muito boa nas cenas de briga). mas também no pouco espaço que o filme deixa pro drama – a personagem dela, Yelena, é quem mais sofreu as consequências dos atos praticados no início do filme.

Sobre os vilões, duas críticas. Gostei do Taskmaster, que parece meio um robô – e tem olhos de cylon! Mas o plot twist sobre quem é debaixo da armadura é meio óbvio. Já o outro vilão, Dreykov, vivido por Ray Winstone, é bem clichê. Sabe aquele vilão que conta o plano todo para o mocinho no momento chave do filme? Poizé. Ok, entendo que metade dos filmes de ação têm esse clichê, mas, da Marvel, a gente espera mais, né? (Pô, tá rolando a série do Loki! Que vilão!)

A mesma crítica falo sobre o terceiro ato do filme. Muita correria e muita explosão, a gente até se perde no meio daquilo tudo. Mas, repito, metade dos filmes de ação têm isso, não é uma crítica à Viúva Negra em particular… Agora, vou te falar que a cena final é de tirar o fôlego. Não falo aqui por causa de spoilers, mas é quando a Natasha consegue escapar.

(Um pequeno parênteses pra reclamar de uma cena em particular: quando a avalanche alcança a prisão, as montanhas não estavam meio longe? Uma avalanche avança tanto em terreno plano?)

Apesar desses clichês, curti o filme. A Marvel continua mostrando porque virou referência quando se fala de filme de super heróis. Aguardemos os próximos, ainda estão previstos mais 3 filmes ainda este ano: Shang Chi, Eternos e o novo Homem Aranha.

Ah, tem uma cena pós créditos. Boa cena. Mas só quem estiver em dia com a Marvel que vai pegar.

Jojo Rabbit

Crítica – Jojo Rabbit

Sinopse (Festival do Rio): O diretor e roteirista Taika Waititi traz seu estilo de humor para o seu mais recente filme, uma sátira da Segunda Guerra Mundial que acompanha um garoto alemão solitário. A visão de mundo de Jojo vira de cabeça para baixo quando ele descobre que sua mãe solteira está escondendo uma jovem judia em seu sótão. Com a ajuda apenas de seu amigo imaginário idiota, Adolf Hitler, Jojo deve confrontar seu nacionalismo cego.

Fico imaginando as reuniões de executivos de estúdio para aprovarem este filme. “Então, vamos bancar uma comédia onde Hitler é um dos personagens principais?” Devem ter sido reuniões tensas…

Escrito e dirigido por Taika Waititi (Thor Ragnakok), Jojo Rabbit (idem, no original) faz humor com um tema delicado. Na Alemanha nazista, durante a guerra, temos um protagonista de dez anos de idade, que tem como amigo imaginário ninguém menos que o próprio Hitler. Acho que muita gente deve ter se sentido incomodada – “será que posso rir disso?”. Mas o filme consegue ser engraçado sem cair no mau gosto. Pelo menos na sessão onde heu estava presente, muita gente riu alto em uma cena onde “Heil Hitler!” é repetido diversas vezes.

Jojo Rabbit consegue te cativar e te fazer rir, pra depois te derrubar de cara no chão. Lembrei do genial curta Ilha das Flores (quem não conhece, tem no youtube). É um humor ágil e rápido, te distrai e coloca um sorriso no seu rosto, pra logo depois jogar a realidade na sua cara como um soco no estômago.

O elenco está muito bem. O garoto Roman Griffin Davis é ótimo, é um nome pra se anotar e acompanhar seu futuro. E é o próprio diretor Taika Waititi quem interpreta Hitler! Também no elenco, Thomasin McKenzie, Scarlett Johansson, Sam Rockwell, Alfie Allen e Archie Yates. A única bola fora é Rebel Wilson, que insiste em repetir o mesmo papel sem graça que sempre faz.

Escolhi poucos filmes no Festival do Rio, mas pelo menos uma delas foi uma escolha excelente. Jojo Rabbit é um dos melhores filmes do ano!

p.s.: Jojo Rabbit foi indicado a seis Oscars, e Taika Waititi ganhou a estatueta de melhor roteiro adaptado! As outras indicações foram melhor filme, atriz coadjuvante, edição, figurino e design de produção.

Vingadores: Ultimato (COM SPOILERS!)

Crítica – Vingadores: Ultimato (COM SPOILERS!)

Vingadores: Ultimato (COM SPOILERS!)

Falei aqui o texto sem spoilers. Mas tenho alguns comentários a mais. Bora pra um texto com spoilers?

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Vamos a alguns pontos:

– Genial a ideia de matar o Thanos logo no início do filme!

– Achei que 5 anos é muito tempo para o luto do planeta. Ok, entendo que todo mundo perdeu gente importante, e que um tempo de luto é necessário. Mas em 5 anos acho que boa parte das pessoas já teria seguido em frente. E isso causaria problemas para muitas famílias no fim do filme. Imagina uma pessoa que perdeu seu parceiro(a), e, depois de, sei lá, dois ou três anos, seguiu em frente e encontrou um novo par. Aí passa mais um tempo e o seu antigo cônjuge volta… Sei lá, acho que se fosse um ano, seria melhor para o roteiro do filme.

– Um ponto que tem gerado muitas discussões é a viagem no tempo. No cinema, estamos acostumados a dois formatos de viagem no tempo: De Volta para o Futuro, onde algo alterado no passado altera também o presente; ou Exterminador do Futuro, onde a linha temporal é imutável. Aqui a proposta é outra, viagem no tempo usando universos paralelos. Acho que esse foi o tema da maior parte das conversas nerds dos últimos dias…

– Rever alguns trechos icônicos de filmes sob outro ângulo foi um belo presente para os fãs!

– O Thor Lebowski é um excelente personagem!

– Claro que fiquei triste com a morte da Viúva Negra. Mas entendo a opção por ela no roteiro. E achei a morte do Homem de Ferro emocionante.

– Pra mim, o Capitão América voltou no tempo, entregou todas as jóias e o Mjolnir, e depois foi viver uma vida anônima com a Peggy Carter, pra envelhecer ao lado dela. Assim: ele nasceu lááá atrás, virou um super soldado, ficou 70 anos congelado, voltou, viveu uns 10 anos como super herói, e depois voltou pra viver uma vida normal – enquanto tinha outro dele congelado. De qualquer maneira, que fim bonito que ele teve!

– Não sei de onde veio o escudo que o Capitão entregou pro Falcão no fim do filme. O escudo dele quebrou na briga com o Thanos. Achei um furo de roteiro, mas nada grave.

Agora vamos aguardar o que vem por aí. In Marvel we trust!

Vingadores: Ultimato (sem spoilers)

Crítica – Vingadores: Ultimato

Sinopse (imdb): Depois dos eventos devastadores de Vingadores: Guerra Infinita (2018), o universo está em ruínas. Com a ajuda de aliados remanescentes, os Vingadores se reúnem novamente para desfazer as ações de Thanos e restaurar a ordem no universo.

E finalmente chega aos cinemas o fim de uma das mais impressionantes sagas cinematográficas da história!

Falei no texto sobre Vingadores Guerra Infinita, repito aqui. o plano da Marvel será estudado no futuro em escolas de marketing como um case de sucesso. E Vingadores: Ultimato (Avengers: Endgame, no original) encerra este ciclo com chave de ouro.

Goste ou não do nicho “filme de super heróis”, é preciso tirar o chapéu. Não me lembro de outro caso onde um filme fecha de maneira tão brilhante uma saga tão longa e tão rica (foram vinte e dois filmes ao longo de onze anos). Vingadores: Ultimato demora um pouco pra engrenar, mas é porque se preocupa com cada um dos personagens principais. Outro detalhe bacana para quem acompanhou: ao longo da projeção, vários dos outros filmes são citados.

Mais uma vez dirigido pelos irmãos Anthony e Joe Russo (Capitão América Soldado Invernal, Guerra Civil e Vingadores Guerra Infinita), Vingadores: Ultimato é recheado de momentos memoráveis e emocionantes, e vai arrancar lágrimas dos espectadores mais envolvidos com o MCU. A esperada batalha final é sensacional!

Nem sei se preciso mencionar aqui, mas os efeitos especiais são absurdos. Efeitos de ponta não são exatamente uma novidade num filme deste porte. Alcançamos a perfeição?

O elenco é um absurdo. Não tem nenhuma novidade, todo mundo já esteve em outro(s) filme(s). Mas, convenhamos, não é todo dia que temos um filme com tanta gente relevante. Claro que temos Robert Downey Jr., Chris Evans, Mark Ruffalo, Chris Hemsworth, Scarlett Johansson, Jeremy Renner, Bradley Cooper, Don Cheadle, Paul Rudd, Brie Larson, Karen Gillan, Tessa Thompson, Gwyneth Paltrow e Josh Brolin. E claro que temos a volta de Tom Holland, Zoe Saldana, Evangeline Lilly, Chris Pratt, Samuel L. Jackson, Chadwick Boseman, Elizabeth Olsen, Anthony Mackie, Sebastian Stan, Danai Gurira, Dave Bautista, Benedict Wong, Pom Klementieff, Letitia Wright, Cobie Smulders e Vin Diesel. Agora, é muito legal ter coadjuvantes de luxo do porte de Tom Hiddleston, Rene Russo, Angela Bassett, Michael Douglas, William Hurt, Robert Redford, John Slattery, Tilda Swinton, Jon Favreau e Hayley Atwell. Digo mais: não é um filme qualquer que convoca Natalie Portman, Marisa Tomei e Michelle Pfeiffer para uma simples figuração!

Claro, tem participação do Stan Lee. A novidade é não ter cena pós créditos.

Vai ter gente falando que este não é o melhor dos vinte e dois filmes do MCU. Talvez não seja mesmo. Mas não imagino um encerramento mais bem construído que este. Vingadores: Ultimato é o final perfeito para uma saga impressionante.

Por fim, queria falar do trailer. Diferente da maioria dos trailers, que traz pontos chave dos filmes (tipo mostrar o Homem Aranha no trailer de Guerra Civil), o trailer oficial de Vingadores: Ultimato traz cenas de outros filmes, e não entrega absolutamente nada do que veremos. Mais uma vez, parabéns à Marvel!

Ave, César!

Crítica – Ave César

Sinopse (imdb): Um executivo de Hollywood nos anos 50, especializado em resolver problemas, trabalha para manter as estrelas do estúdio na linha.

Perdi esse filme dos irmãos Coen quando passou no cinema, hora de colocar em dia.

Em Ave, César! (Hail, Caesar!, no original), Ethan e Joel Coen fazem uma homenagem ao cinema clássico dos anos 50. Enquanto rola uma trama de sequestro, vemos bastidores de produções de estilos diferentes.

À primeira vista, parece que tem personagens demais e subtramas demais. Realmente, o elenco tem muitos bons nomes – Josh Brolin, George Clooney, Alden Ehrenreich, Ralph Fiennes, Scarlett Johansson, Tilda Swinton, Channing Tatum, Frances McDormand, Jonah Hill, Christopher Lambert, Clancy Brown, Fisher Stevens e Michael Gambon, entre outros. Claro que alguns viram coadjuvantes de luxo.

Mas como reclamar de participações que homenageiam o cinema? A primeira vez que vemos alguns dos personagens é quando vemos bastidores de filmagens. Alden Ehrenreich está filmando um faroeste daqueles onde o mocinho se veste de branco e cavalga um cavalo branco; Scarlett Johansson, um número de balé aquático; Chaning Tatum, um musical com direito a sapateado. Preciso dizer: só este número musical do Chaning Tatum já vale o ingresso!

Mas, no fim, achei o resultado meio vazio. Leve, divertido, mas um filme “menor” na rica filmografia dos irmãos Coen.

Ilha dos Cachorros

Ilha dos CachorrosCrítica- Ilha dos Cachorros

Sinopse (imdb): Um surto de gripe canina se espalhou pela cidade de Megasaki, no Japão, e o prefeito Kobayashi exigiu que todos os cães fossem mandados para a Ilha do Lixo. Na ilha, um jovem rapaz chamado Atari sai em busca do seu cão perdido, Spots, com a ajuda de cinco outros cães … com muitos obstáculos ao longo do caminho.

Nove anos depois de O Fantástico Sr. Raposo, Wes Anderson volta ao stop motion, com esse Ilha dos Cachorros (Isle of Dogs, no original).

Antes de tudo, é preciso avisar que Ilha dos Cachorros não é filme para criança. Aliás, é curioso observar como boa parte dos longas em stop motion de hoje em dia não têm crianças como principal público alvo. A Laika (Kubo, Paranorman, Coraline) faz filmes que agradam mais os adultos que as crianças; Tim Burton (Frankenweenie, Noiva Cadáver) tem uma pegada dark; acho que só a Aardman (Fuga das Galinhas, Piratas Pirados, Shaun: o Carneiro) faz stop motion para o público infantil.

Ilha dos Cachorros é uma fábula contada por cachorros – e o que é curioso é que o público só entende os diálogos caninos, todos os diálogos humanos estão sem legendas! E a trama traz críticas ao totalitarismo, à limpeza étnica e ainda cita políticos corruptos. Ou seja, não é um filme infantil!

Quem conhece o estilo do Wes Anderson, sabe que o visual do filme vai ser bem trabalhado. Anderson é um dos poucos diretores contemporâneos que mantém uma identidade visual. Seus filmes são sempre cheios de detalhes visuais bem cuidados, e lha dos Cachorros não é diferente. A animação enche os olhos! E a boa trilha sonora de Alexandre Desplat ainda melhora a experiência.

Outro dia falei aqui do elenco de Hotel Transilvânia 3, né? O elenco de vozes aqui é muito mais impressionante: Bryan Cranston, Edward Norton, Bill Murray, Jeff Goldblum, Greta Gerwig, Frances McDormand, Scarlett Johansson, Harvey Keitel, F. Murray Abraham, Tilda Swinton, Liev Schreiber, Courtney B. Vance e Yoko Ono – e ainda tem Anjelica Huston num papel mudo, seja lá o que isso significa numa dublagem…

Boa opção diferente do comum!

Vingadores: Guerra Infinita – COM SPOILERS!

Vingadores Guerra Infinita 2Vingadores: Guerra Infinita – COM SPOILERS!

A crítica convencional está aqui. Este segundo texto é porque quero comentar coisas spoilerentas, e não quero estragar o programa de ninguém.

Então, vamos aos avisos de spoilers!

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Em primeiro lugar, precisamos reconhecer que Vingadores: Guerra Infinita é um filme corajoso. Muito se fala da mania ruim de não se matar personagens em filmes de super heróis. Claro, o personagem tem que voltar para a(s) continuação(ões). Isso gera uma previsibilidade chata.

Felizmente Vingadores: Guerra Infinita tomou outro caminho. Logo na primeira cena, temos a morte de dois personagens importantes, Heimdal e Loki. Sou fã do Loki, e mesmo assim bato palmas pela decisão de sacrificar um personagem para a história seguir em frente.

Essas não são as únicas mortes de personagens importantes, ainda tem a Gamora e o Visão. Esses são eventos dentro da narrativa do filme.

E aí temos aquele fim que deixou os fãs com o coração na boca, com a morte de vários heróis. Sobre isso, tenho dois comentários, um passional, outro racional. O passional é que fiquei muito triste pelo Groot, meu personagem favorito.

Agora, analisando friamente, por todo o plano da Marvel nos últimos dez anos, a gente podia acreditar que isso podia ser pra renovar o elenco. Mas isso se tivessem morrido outros personagens! Já tivemos o Homem de Ferro em oito filmes, e o Capitão América e o Thor em seis cada um. Mas eles ficaram vivos, enquanto personagens mais recentes no MCU se foram – como Pantera Negra e Homem Aranha (três filmes) e Doutor Estranho (dois filmes).

Como mataram os personagens “errados”, isso é quase uma certeza que os personagens vão voltar – e aí questiono aquele “corajoso” que falei no início início do texto. Não vou falar mal antes de ver o filme novo, mas posso dizer que isso desanimou um pouco. Vingadores: Guerra Infinita continua excelente, um dos melhores filmes de super heróis de todos os tempos – mas tô com o pé atrás para a continuação. Espero ser surpreendido positivamente…

Ah, só mais um comentário: o Thor é “o cara”!

Vingadores: Guerra Infinita (sem spoilers)

Vingadores Guerra InfinitaVingadores: Guerra Infinita (sem spoilers)

Sinopse (imdb): Os Vingadores e seus aliados devem estar dispostos a sacrificar tudo em uma tentativa de derrotar o poderoso Thanos, antes que sua explosão de devastação e ruína ponha fim ao universo.

E a Marvel conseguiu!!!

Vamos a um pequeno resumo para aqueles que estiveram desligados do mundo nos últimos anos. Dez anos atrás, em 2008, a Marvel lançou o primeiro Homem de Ferro, que tinha uma cena pós créditos onde aparecia o Samuel L. Jackson falando da “Iniciativa Vingadores”. A partir daí, tivemos 18 filmes, independentes entre si, mas todos inseridos no mesmo universo cinematográfico. E agora, dez anos depois, temos o início do desfecho da primeira parte deste universo – juntando (quase) todos os personagens até agora.

O plano da Marvel é algo tão impressionante que certamente virará “case” de sucesso a ser estudado no futuro. Vale lembrar que, dez anos atrás, as “marcas” Homem de Ferro e Capitão América eram muito inferiores a Batman e Superman, seus correspondentes na rival DC. Nunca acompanhei esta rivalidade nos quadrinhos, mas posso afirmar que, no audiovisual, a DC estava bem à frente, com as reprises do Batman barrigudo dos anos 60, o desenho animado da Liga da Justiça e os filmes do Superman com o Christopher Reeve. Hoje já não dá pra saber, mas aparentemente os personagens da Marvel valem mais que os da DC.

Isso falando do universo “cultura pop”. Porque, no cinema, A Marvel está léguas à frente. E Vingadores: Guerra Infinita comprova isso.

Vamos ao filme? Dirigido pelos mesmos irmãos Russo de Soldado Invernal e Guerra CivilVingadores: Guerra Infinita (Avengers: Infinity War, no original) consegue algo difícil: supera as expectativas – que já eram altas. Sim, caros leitores, este é possivelmente o melhor de todos os filmes da Marvel até hoje. Quiçá o melhor filme de super heróis já feito!

Vingadores: Guerra Infinita tem um roteiro muito bem escrito. O filme é tenso, e, ao mesmo tempo, muito engraçado. Temos vários personagens “principais”, e o filme consegue dosar bem a importância e o tempo de tela de cada um – e ainda tem espaço para conhecermos um personagem novo. Cada personagem visto antes individualmente consegue manter sua identidade, e a reunião de vários heróis não soou forçada. A trama se divide em várias frentes, e nenhuma é menos interessante que as outras. E todas as lutas são criativas.

A parte técnica é um absurdo, como era de se esperar. O cgi do vilão Thanos é de cair o queixo (com trocadilho, por favor). O filme é colorido, vários mundos exóticos são bem retratados. A trilha sonora de Alan Silvestri consegue pegar a essência de cada herói.

O elenco traz quase todo mundo de volta – só o Gavião Arqueiro e o Homem Formiga não aparecem. Vingadores: Guerra Infinita conta com Robert Downey Jr., Chris Hemsworth, Mark Ruffalo, Chris Evans, Scarlett Johansson, Don Cheadle, Benedict Cumberbatch, Tom Holland, Chadwick Boseman, Zoe Saldana, Karen Gillan, Tom Hiddleston, Paul Bettany, Elizabeth Olsen, Anthony Mackie, Sebastian Stan, Idris Elba, Danai Gurira, Benedict Wong, Pom Klementieff, Dave Bautista, Gwyneth Paltrow, Benicio Del Toro, Josh Brolin, Chris Pratt, William Hurt, Vin Diesel, Bradley Cooper e Peter Dinklage, além, claro, da ponta de Stan Lee.

É complicado falar mais de Vingadores: Guerra Infinita sem entrar em spoilers, por isso vou escrever outro texto com spoilers liberados. Mas fica aqui o meu parabéns aos estúdios Marvel, que mostraram como fazer um universo cinematográfico de qualidade. E, claro, a recomendação: vá ao cinema!

A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell

A Vigilante do AmanhãCrítica – A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell

Num futuro próximo (2029), Major é a primeira da sua espécie: um cérebro humano dentro de um robô, um soldado perfeito para parar os criminosos mais perigosos do mundo.

Imagine uma mistura de Matrix, Blade Runner, Robocop e Johnny Mnemonic, com uma Scarlett Johansson “chutando traseiros”? A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell (Ghost in the Shell, no original) é mais ou menos isso.

Trata-se da adaptação do mangá “Ghost in the Shell”, que depois virou o anime homônimo de 95 (que aqui ganhou o título de “O Fantasma do Amanhã”). Não li o mangá, nem vi o anime, então não posso comparar. Mas conheço duas pessoas que viram e disseram que a animação é muito sonolenta. Ok, talvez seja melhor continuar sem ver…

O nome original é explicado logo no início do filme: é um espírito (ghost) numa casca vazia (shell). Só que o estúdio resolveu mudar o nome, com medo do público achar que era um filme de terror. Foi daí que surgiu “O Fantasma do Amanhã”.

A história contada no filme dirigido por Rupert Sanders (que até agora, só tinha feito um longa, Branca de Neve e o Caçador) não é muito original, a gente já viu isso antes. O que é legal aqui é o visual. Desde a concepção da própria Major até as coreografias das lutas, passando por todos os cenários, temos um filme onde cada cena enche os olhos.

Existe um mimimi na internet sobre o “white washing”, que seria a mania americana de colocar um ator branco num papel que deveria ser oriental (rolou o mesmo papo sobre o Matt Damon em A Grande Muralha). Neste caso em particular, acho que as reclamações não têm fundamento por dois motivos: 1- O personagem é um robô, não precisa parecer uma pessoa oriental; 2- Boa parte do marketing do filme é em cima da Scarlett Johansson. Se fosse uma atriz oriental menos conhecida, o filme certamente teria menos público!

Aliás, o filme não deixa claro onde a história se passa, mas existem referências ao Japão em todos os cantos. Inclusive, alguns personagens falam japonês! Taí, uma crítica que posso fazer é que certos diálogos poderiam ser inteiramente em japonês – em vez disso, um personagem fala em japonês e o outro responde em inglês.

No elenco, claro que o nome mais importante é a Scarlett Johansson – que consegue construir outro personagem que sabe brigar, diferente da Viúva Negra. Outros dois nomes que merecem ser citados são Juliette Binoche (musa cult dos anos 80) e Takeshi Kitano, que tem uma carreira paralela como diretor. Também no elenco, Pilou Asbæk e Michael Pitt.

Agora resta ver a bilheteria pra sabermos se será uma nova franquia…