Maligno

Crítica – Maligno

Sinopse (imdb): Madison fica paralisada por visões chocantes de assassinatos terríveis, e seu tormento piora quando ela descobre que esses sonhos acordados são, na verdade, realidades aterrorizantes.

Dentre as várias vertentes do terror, duas são mais populares hoje em dia. Uma é o terror cabeça, de títulos como Babadook, It Follows, A Bruxa, Hereditário e Midsommar. A outra é o que chamo de “trem fantasma de parque de diversões”, onde o principal objetivo é a diversão do espectador, mesmo que use fórmulas repetidas. E nesta vertente, James Wan é o cara.

Sou muito fã do James Wan. Gosto muito do primeiro Jogos Mortais, dos dois primeiros Sobrenatural e dos dois primeiros Invocação do Mal, todos dirigidos por ele. O problema é que Wan saiu do terror e foi ganhar dinheiro em blockbusters – ele dirigiu Velozes e Furiosos 7 (que é uma das dez maiores bilheterias da história do cinema) e Aquaman, um dos melhores filmes da DC (e, segundo o imdb, está no momento dirigindo o Aquaman 2). E todos os outros filmes do Waniverso (continuações, prequels e spin-offs) dirigidos por outras pessoas são mais fracos. Filmes divertidos, mas esquecíveis.
Claro que vê-lo de volta na cadeira de diretor de um filme de terror era algo aguardado. E, vou te falar, Wan não decepcionou!

Sobrenatural e Invocação do Mal são filmes diferentes, mas ambos usam conceitos parecidos, de casa mal assombrada. Aqui em Maligno (Malignant, no original), Wan muda um pouco o conceito. Tem algo de possessão, um pouco de investigação policial, e tem uma criatura / entidade / vilão que é um grande achado. Mais tarde volto a falar deste personagem.

Precisamos falar da câmera de Wan. O cara sabe filmar. Você pode até não curtir o estilo, mas é preciso reconhecer que Wan sabe muito bem posicionar sua câmera como poucos no cinema atual. Ângulos, movimentos de câmera, cada cena é bem cuidada – chega a ter uma cena filmada de cima, dentro da casa, por vários cômodos, como se fosse uma casa de bonecas. Ver um filme bem dirigido assim é uma delícia!

Os efeitos especiais são outro destaque. Adorei os efeitos para mudar o cenário nas visões da protagonista, o cenário se dissolve e se reconstrói, com a câmera rodando em volta da personagem. O visual disso ficou muito legal. Outro destaque está na criatura, vou falar mais na parte com spoilers.

A fotografia aproveita a câmera sempre bem posicionada e os efeitos especiais, e, junto com uma boa trilha sonora do habitual colaborador Joseph Bishara, dão a Maligno um resultado visual muito bom.

Aliado a tudo isso, Maligno traz um plot twist de explodir cabeças! Sério, quando acabou o filme, conversei com um amigo, que comentou a mesma coisa!

Quero falar dos efeitos especiais da criatura, mas, isso pode entrar no terreno de spoilers, então vou deixar um aviso. Mas, quem quiser seguir, só vou falar da parte técnica, nada sobre a trama.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

A criatura / entidade se movimenta de maneira diferente do normal. Logo de cara a gente pensa que é cgi, mas nem tudo nessa movimentação é digital. Quem está debaixo da maquiagem é a bailarina / contorcionista Marina Mazepa. O trabalho dela deu um upgrade no visual do filme!

FIM DOS SPOILERS!

No elenco, o papel principal é de Annabelle Wallis, que está muito bem, e já esteve no Waniverse, é uma das principais atrizes em Annabelle. Fora ela, ninguém digno de nota no elenco principal. Agora, queria fazer 3 comentários sobre o elenco secundário. A personagem principal, quando adolescente, é interpretada por McKenna Grace, de A Maldição da Residência Hill, Eu, Tonya e Annabelle 3. A enfermeira (que acho que só aparece uma vez) é Patricia Velasquez, dos filmes A Múmia com o Brandon Fraser. Por fim, a loira que briga na cadeia é Zoë Bell, figurinha frequente nos filmes do Tarantino, como dublê ou como atriz.

O fim do filme traz espaço pra uma nova franquia, o que não surpreende ninguém. Tomara que o diretor seja o mesmo. Se trocar, a gente sabe que a qualidade deve cair.

Por fim, cuidado com os nomes. Teve um filme mal lançado aqui em 2019, que tem o mesmo nome em português, apesar de no original ter o nome The Prodigy. Cuidado!

Era Uma Vez em… Hollywood

Crítca – Era Uma Vez em… Hollywood

Sinopse (imdb): Um ator ultrapassado e seu dublê se esforçam para alcançar a fama e o sucesso na indústria cinematográfica durante os anos finais da Era de Ouro de Hollywood, em 1969, em Los Angeles.

Finalmente o novo Tarantino!

Era Uma Vez em… Hollywood (Once Upon a Time… in Hollywood, no original) é uma declaração de amor ao cinema. A gente sabe que o Tarantino é um grande fã da sétima arte, e aqui vemos várias referências bem sacadas ao cinema e à tv, misturando personagens reais e fictícios nos bastidores das produções.

A reconstituição de época é um primor. Tarantino não tem cara de alguém que usa muito cgi, e vemos vários planos abertos, com carros e cenários da época (o filme se passa em 1969). E a parte técnica é impecável, acho que essa é sua produção mais grandiosa. Isso ajuda na metragem, o filme tem duas horas e quarenta minutos, mas você nem sente o tempo passar.

Claro que tem violência. Mas, comparado com a filmografia do diretor, tem até pouca – acho que só tem sangue duas vezes. A cena final é que é muito violenta, mas não só pelo que aparece na tela – a sugestão às vezes é mais forte (que nem a cena da orelha cortada em Cães de Aluguel).

Como sempre, a trilha sonora é um destaque, assim como o humor. Era Uma Vez em… Hollywood não é comédia, mas tem momentos muito engraçados, como a genial cena do Bruce Lee (interpretado pelo desconhecido Mike Moh) – que gerou polêmicas, mas é porque os fãs de Lee não admitem tirá-lo do pedestal. A cena é excelente, um dos melhores momentos do filme.

Ah, o elenco! Que elenco! Vai ser difícil comentar em apenas um parágrafo, mas vamos lá. O trio principal, Leonardo DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie, claro, está ótimo, com destaque maior para DiCaprio (não será surpresa uma indicação ao Oscar). Mas queria falar mais do elenco secundário. Al Pacino rouba a cena em um papel pequeno; e temos Kurt Russell e Zoë Bell como dublês (Tarantino se auto referenciando!). Não tem Samuel L. Jackson, mas Michael Madsen bate o ponto. Se 25 anos atrás Tarantino trabalhou com Uma Thurman e Bruce Willis, agora ele trabalha com Maya Hawke (filha de Uma Thurman com Ethan Hawke) e Rumer Willis (filha de Bruce Willis com a Demi Moore) – e ainda tem a Harley Quinn Smith, filha do Kevin Smith. Clu Gulager (A Volta dos Mortos Vivos) faz o vendedor de livros; Rebecca Gayheart (Lenda Urbana) faz a esposa do Brad Pitt. E ainda tem Emile Hirsch, Margaret Qualley, Timothy Olyphant, Dakota Fanning, Bruce Dern, Luke Perry, Damian Lewis, Nicholas Hammond, Lorenza Izzo, Victoria Pedretti…

Agora, infelizmente, preciso admitir que não gostei do filme. Uma coisa comum nos filmes do diretor são plot twists inesperados, daqueles que explodem a cabeça do espectador (e, às vezes, também do personagem) e mudam a direção que a trama estava andando, surpreendendo o público. Era Uma Vez em… Hollywood não tem nenhum momento assim, a trama vai do ponto A ao ponto B sem nenhum desvio.

Mas, ok, reconheço que foi um problema meu, meu “head canon”, não necessariamente o filme é ruim por causa disso. Preciso rever para pegar uma segunda opinião.

Puxa, que tarefa “ruim”. Ter que rever um filme do Tarantino. Ok, “it’s a dirty job, but someone has to do it”. 😉

Os Oito Odiados

Os-Oito-Odiados-posterCrítica – Os Oito Odiados

O novo Tarantino!

Pouco depois da Guerra Civil americana, um caçador de recompensas e sua prisioneira, procuram abrigo contra uma tempestade de neve que está chegando. Ao chegarem num armazém, encontram uma coleção de personagens nefastos.

Hoje, Quentin Tarantino já é um nome consagrado, e o anúncio de um novo filme seu sempre vai gerar comparações com seus trabalhos anteriores. Sendo um bom filme ou não, vai ter gente dizendo “ah, mas não é tão bom quanto x” (coloque aqui o seu favorito). Não vou comparar com seus outros filmes. Mas vou afirmar que Os Oito Odiados (The Hateful Eight, no original) é mais um grande filme no currículo deste que é um dos principais nomes do cinema contemporâneo.

A divulgação diz que este é o oitavo filme dirigido por Quentin Tarantino. Preciso dizer que não concordo com essa contagem: na minha humilde opinião, Kill Bill são dois filmes… Isso porque não estou contando o Grave Danger, o CSI que ele dirigiu, que – pra mim – conta como um filme (tenho até o blu-ray na prateleira). E a sua participação em Grande Hotel, não conta por que?

Quando soube que o novo filme seria outro western (assim como seu último, Django Livre), confesso que rolou uma decepção. É que achei que depois de filme de artes marciais, exploitation, filme de guerra e faroeste, Tarantino ia continuar variando estilos – imaginem um terror ou ficção científica dirigidos por ele? Pelo menos podemos dizer que ele fez mais um grande filme, e que não é parecido com Django Livre.

Sobre o nome, acho que o diretor quis fazer uma brincadeira com o faroeste clássico “The Magnificent Seven”, aproveitando que se tratava de seu oitavo filme. Porque, se a gente contar direito, não são exatamente oito, né?

Segundo o imdb, as maiores influências de Os Oito Odiados são O Enigma do Outro Mundo e Cães de Aluguel. A trama é por aí, tensões crescentes, dentro de um ambiente fechado, e muita neve em volta. Reconheço que a primeira metade do filme é meio arrastada. Mas depois que engrena, não dá pra desgrudar o olho!

Tarantino insistiu em filmar no formato Ultra Panavision 70. Decisão complicada nos tempos digitais que vivemos, afinal, quase não existem mais projetores neste formato. Mas ele insistiu, e algumas dezenas de cinemas ao redor do mundo substituíram seus projetores digitais por projetores analógicos com lentes para filmes em 70 milímetros (nenhum no Brasil, infelizmente). Pelo menos o resultado ficou excelente, a fotografia é belíssima – e é filme pra se ver no cinema, na tela da tv a imagem vai perder muito. Outro destaque é a trilha sonora, de Ennio Morricone, que compôs talvez o tema mais icônico da história do gênero faroeste (Três Homens em Conflito). Aliás, é a primeira vez que um filme do Tarantino tem um tema inédito, ele sempre foi famoso por reaproveitar músicas (inclusive, tem dois temas “reciclados”, do próprio Morricone, dos filmes O Enigma do Outro Mundo e O Exorcista 2).

O elenco está ótimo. Num filme mais contemplativo, com menos ação (boa parte da trama se passa num único ambiente fechado), Tarantino mostra que é um excelente diretor de atores. Digo mais: pra mim, Jennifer Jason Leigh é indicação certa ao Oscar de melhor atriz – e não me espantarei com outras indicações (como Kurt Russell e Samuel L. Jackson). De um modo geral, todo o elenco está bem. Além dos já citados, Os Oito Odiados ainda conta com Walton Goggins, Tim Roth (num papel com a cara do Christof Waltz), Michael Madsen, Demian Bichir, Bruce Dern, James Parks, Zoë Bell e Channing Tatum.

(Existe uma cena, de um flashback do personagem do Samuel L. Jackson, que vai gerar polêmica. Não vou entrar em spoilers, mas digo que concordo com a cena).

Recentemente Tarantino declarou que pretende se aposentar depois do décimo filme. Claro que fico triste, sou fã do cara. Mas, se ele parar, pelo menos não veremos seu declínio – me lembro dos filmes recentes do Brian de Palma (Passion) e John Carpenter (Aterrorizada), e penso que seria melhor se eles tivessem tomado decisões parecidas…

Mercenaries

mercenariesCrítica – Mercenaries

Uma produção da Asylum com várias atrizes “B” do cinema de ação? Claro que não vai ser bom. Mas claro que quero ver!

Durante uma visita a uma zona de guerra, a filha do presidente dos EUA é capturada e aprisionada. Uma equipe feminina de elite é montada para o resgate.

Vamulá: em primeiro lugar, expliquemos qualé a da Asylum. É uma produtora assumidamente picareta, mais famosa hoje em dia por filmes ruins de tubarões (a franquia Sharknado e outros de títulos divertidos como 3 Headed Shark ou Mega Shark vs Mecha Shark), mas que tem uma tradição de lançar filmes com títulos e sinopses parecidas, para tentar enganar o espectador. Cito alguns exemplos: lançaram Transmorphers pra pegar o público de Transformers, ou Atlantic Rim na mesma época de Pacific Rim, ou ainda San Andreas Quake ao mesmo tempo que San Andreas (tem muito mais exemplos na página deles na wikipedia!). Este Mercenaries “pega carona” na franquia Expendables (com o nome em português, Mercenários, fica ainda mais claro).

Mas desta vez, a ideia foi boa, afinal, é divertido ver, juntas, Zoe Bell, Kristanna Loken, Brigitte Nielsen, Vivica A. Fox e Cynthia Rothrock. A única que heu sou fã é a Zoe Bell, afinal, ela está em vários filmes do Tarantino, mas heu pegaria autógrafos de todas elas, se tivesse oportunidade!

Mas, como era esperado, o resultado decepcionou. Ok, heu já sabia que a produção era vagabunda – os efeitos especiais de sangue em cgi são tosquérrimos! Ok, heu já sabia que as atrizes são fracas – são todas canastronas, atuação nunca foi e nunca será o forte de nenhuma delas. Mas heu esperava um pouco mais de coerência em certos pontos do roteiro – tipo, a Brigitte Nielsen atira na Zoe Bell, mas não checa se seu tiro foi certeiro, e diz para seus capangas que não precisa verificar. Ou capangas que chegam para pegar a Zoe Bell, todos armados, mas ninguém atira. Poxa, será que eles não podiam ter tido escrito um roteiro menos desleixado?

Não, a Asylum não se preocupa com esses detalhes. Pena. Mercenaries podia ser um “bom filme ruim”. Mas é apenas um “filme ruim”…

Oblivion

Crítica – Oblivion

Filme novo do Tom Cruise! Mais: filme novo de Joseph Kosinski, o diretor de Tron – O Legado!

Décadas depois de uma guerra contra alienígenas, o planeta Terra está devastado. Quase toda a população foi transferida para uma lua de Saturno, os poucos que ficaram trabalham cuidando da exploração dos últimos recursos do planeta. Neste ambiente, o técnico de reparos Jack é assombrado por misteriosos sonhos.

Joseph Kosinski tem uma carreira curta – este é apenas seu segundo longa. Por enquanto, o cara tá bem: mais uma vez, ele apresenta um filme acima da média. Oblivion tem uma trama que foge do óbvio, um bom elenco, excelentes efeitos especiais, uma boa trilha sonora e efeitos sonoros que faziam tremer as poltronas do cinema.

Tom Cruise, como de costume, lidera bem o elenco. É impressionante como Cruise sabe administrar bem sua carreira, com muitos blockbusters e poucos fracassos no currículo. Sua interpretação não foge ao habitual, é o mesmo feijão com arroz de quase sempre – mas ninguém pode negar que ele faz muito bem este feijão com arroz. Ainda no elenco, Olga Kurilenko, Andrea Riseborough, Morgan Freeman, Melissa Leo, Nicolaj Coster-Waldau e Zoe Bell.

O visual do filme chama a atenção, os cenários pós apocalípticos são extremamente bem feitos. Foram usadas locações na Islândia, fiquei imaginando o que era real e o que era computador. São belíssimas paisagens, a Nova York destruída de 2070 é impressionante.

Um parágrafo para falar da trilha sonora. Kosinski chamou o grupo eletrônico Daft Punk para a trilha de Tron O Legado e o resultado ficou excelente. Agora, outro grupo eletrônico foi chamado, o M83 (confesso que nunca tinha ouvido falar), e mais uma vez a trilha é um dos destaques do filme. Trilha sonora forte e presente, com bons temas ao longo de todo o filme. E além da trilha sonora, outra coisa que chama a atenção são os efeitos sonoros. O ruído dos drones se destaca, um ruído grave e forte que chega a dar medo.

O roteiro é bom, com uns toques de Matrix, 2001, Prometheus, Moon e pelo menos uma referência explícita a Guerra nas Estrelas (impossível não nos lembrarmos da cena do ataque à Estrela da Morte e da “manobra Millenium Falcon”). As reviravoltas estão bem colocadas no roteiro, mas este não é perfeito – algumas coisas soam forçadas, principalmente na parte final (certa cena me lembrou de ID4). O fim do filme é hollywoodiano, deve agradar a maioria dos espectadores. Heu preferia que tomassem outro caminho, mas não é nada tão grave que atrapalhe o bom conjunto do filme.

Enfim, bom filme. Sr. Kosinski, mantenha o bom trabalho!

Django Livre

Crítica – Django Livre

Alvíssaras! Filme novo do Quentin Tarantino na área! Depois de reinventar a Segunda Guerra Mundial, é hora do velho e bom faroeste!

Com a ajuda de seu mentor Dr. King Schultz, o ex-escravo e atual caçador de recompensas Django quer agora resgatar sua esposa, que foi vendida para o cruel fazendeiro Calvin Candie.

Não nego para ninguém, sou fã do Tarantino – quem me lê sempre aqui sabe disso. Por isso, posso afirmar que Django Livre (Django Unchained) tem tudo o que os seus fãs apreciam: um tema que inclui vingança, diálogos afiados, personagens muito bem construídos, muita violência e uma trilha sonora que foge do óbvio. Outra coisa: Tarantino gosta de brincar com clichês – vide os vários zooms rápidos ao longo do filme.

(A falta de linearidade cronológica também está presente, mas discreta, diferente de outras obras do diretor e roteirista.)

Tarantino não faz comédias (pelo menos até hoje nunca fez), mas quase sempre usa um senso de humor peculiar. Acredito que este Django Livre seja o seu filme mais engraçado até então. Em alguns momentos (principalmente na primeira parte), parece que estamos vendo uma comédia de humor negro. Mas logo Tarantino mostra o seu estilo – Django Livre está perfeitamente encaixado na filmografia deste que é um dos nomes mais importantes de Hollywood dos últimos 20 anos.

A violência sempre esteve presente em seus filmes, mas aqui está diferente. Cada tiro gera exagerados esguichos de sangue – acho que nunca vimos tanto sangue jorrando em simples tiroteios.

A trilha sonora pode não ser memorável quanto a de um Pulp Fiction, mas mesmo assim é muito boa, Tarantino tem boa mão para escolher suas músicas “inesperadas”. Comentei aqui outro dia, no post sobre The Man With The Iron Fists, que um rap não encaixava numa cena de luta de espadas, né? Pois bem, Tarantino conseguiu um duelo de faroeste com um rap ao fundo…

Não sou um grande conhecedor de faroestes, então provavelmente perdi algumas referências a outros filmes do gênero. Peguei só duas: o ator Franco Nero, que interpretou o Django no faroeste clássico de 1966, aparece para um breve diálogo com o “novo Django”; e no fim do filme, um personagem grita “son of a…”, assim como acontece em O Bom, o Mau e o Feio. Mas deve ter mais referências…

Se existe uma crítica a ser feita é sobre a duração. Django Livre tem 2 horas e 45 minutos de duração, dava pra cortar uns 20 minutos, talvez 30, de “gordura” (aliás, como Tarantino engordou, hein?). Mesmo assim, o filme não cansa, Tarantino tem um bom ritmo pra conduzir seus filmes – a longa cena na mesa de jantar me lembrou da também longa cena da taverna de Bastardos Inglórios. Cenas longas, mas nunca cansativas.

(Curiosidade sobre esta cena: Leonardo DiCaprio machucou a mão e começou a sangrar de verdade. Mas DiCaprio não reclamou, Tarantino nao parou de filmar e a cena ficou no corte final do filme.)

Sobre o elenco: todos sabem que Jamie Foxx e Leonardo DiCaprio são grandes atores, e aqui eles estão muito bem, como previsto. Mas uma boa interpretação fica apagada quando colocada ao lado de uma interpretação fenomenal. E isso acontece aqui: Christoph Waltz está sensacional com o seu Dr. King Schultz e seu jeito peculiar de conduzir as situações. E ainda tem Samuel L. Jackson num papel menor, mas não menos importante, em talvez a sua melhor interpretação até hoje.

Tem mais pra falar sobre o elenco. Assim como já fez em outras ocasiões, Tarantino “resgatou” alguém que estava esquecido. Foi o caso de Don Johnson, aquele que era galã na série Miami Vice e que há tempos não emplaca um bom filme (tá, ele esteve em Machete, mas nem heu lembrava disso!). Kerry Washington repete o par romântico com Foxx, com quem contracenou em Ray. E ainda temos pontas de Jonah Hill, Bruce Dern, Michael Parks (que fez o xerife Earl McGraw nos dois Kill Bill e nos dois Grindhouse) e do próprio Tarantino. E, para os fãs mais hardcore: procurem Zoe Bell (À Prova de Morte), Tom Savini (Um Drink no Inferno), Robert Carradine (A Vingança dos Nerds) e Ted Neeley (o próprio Jesus Christ Superstar) no meio dos capangas de Calvin Candie (Zoe Bell é fácil de reconhecer, é a única mulher, e está o tempo todo com um lenço cobrindo o rosto).

O ano mal começou e já temos um forte candidato ao Top 10 de melhores de 2013. Tomara que a Academia se lembre dele mês que vem na premiação do Oscar (se bem que Lincoln nem estreou e já tem “cara” de ganhador de Oscar…)

Última dica: fique até o fim! Depois dos créditos tem uma curta e divertida cena!

Bitch Slap

Bitch Slap

Quando surgiu a divulgação deste Bitch Slap, já virei fã logo de cara. Três mulheres gostosas, com cara de bad girls, de peitos grandes escondidos por enormes decotes, saindo de um carro, em câmera lenta. Digo mais: elas brigam entre si, rolam tiros e explosões, e até um lesbianismo leve. Precisa de mais?

A história mostra as três bad girls no deserto, e, através de divertidos flashbacks, conhecemos a história de cada uma delas e entendemos o que elas estão fazendo lá.

Sim, é tudo muito caricato. Mas será que alguém achava que esse seria um filme sério? Claro que não! Ou seja, aqui é tudo muito engraçado!

As três meninas estão caricatas, como o filme pede, cada uma no estilo que de sua personagem. Julia Voth como a frágil stripper Trixie; Erin Cummings como a líder Hel; e America Olivo (Sexta Feira 13 – 2009) como a exagerada Camero. Bem, talvez America Olivo pudesse estar um pouco menos exagerada, mas mesmo assim, é coerente com o resto do filme. Como crítica está o fato de que nenhuma das três tira a roupa durante o filme!

O elenco ainda traz algumas surpresas, como participações especiais de Kevin Sorbo e Lucy Lawless – o Hércules e a Xena dos seriados de tv; e ainda uma ponta de Zoe Bell, uma das atrizes principais de À Prova de Morte, do Tarantino.

Aliás, falando em caricato e exagerado, algumas das cenas são descaradamente em estúdio com um fundo em chroma-key por trás. E os efeitos especiais são tosquérrimos! Claro, aqui, tudo funciona!

E, falando em tosqueiras, os créditos iniciais e finais são com imagens vintage de mulheres rebolando. Genial!

Achei o fim um pouco forçado – aquilo nunca aconteceria num filme sério. Mas não estamos falando de um filme sério, não?

À Prova de Morte

a prova de morte

À Prova de Morte

Já tinha visto À Prova de Morte, do Quentin Tarantino, há mais de um ano. Mas heu estava esperando a ocasião certa para falar dele: o lançamento brasileiro! Bem, isso não aconteceu até hoje, numa das maiores provas recentes da incompetência das distribuidoras nacionais. E agora vemos na mídia um monte de propagandas sobre o lançamento do novo Tarantino, Bastardos Inglórios. Sim, ao que parece, À Prova de Morte não será exibido no Brasil.

Resumindo a história para quem está chegando agora: Quentin Tarantino e Robert Rodriguez, que antes já tinham feito outros projetos juntos, como o genial Um Drink no Inferno, ou o irregular Grande Hotel, resolveram fazer Grindhouse, uma homenagem aos cinemas vagabundos que passavam sessões duplas de filmes também vagabundos, repletos de violência e sexo. Cada um dos dois dirigiu um filme propositalmente tosco (Planeta Terror e À Prova de Morte), e a ideia era passar os filmes em sessões duplas – eles até convidaram outros diretores para filmarem uns trailers falsos para passar entre os longas.

Lá nos EUA foi assim, mas não funcionou muito bem comercialmente falando, então, para o lançamento mundial, resolveram separar os filmes e exibí-los independentes um do outro. E, aqui no Brasil, inexplicavelmente, só o primeiro filme foi lançado.

Ruim, não? Bem, ainda fica pior. No Festival do Rio de 2007, ambos os filmes estavam programados. Heu reservei minha agenda para vê-los. Mas as poucas sessões de À Prova de Morte foram antecipadas, e perdi a chance de ver no cinema (vi todos os outros Tarantinos na tela grande!). Contei essa história no meu fotolog, aqui.

Quase dois anos depois das únicas sessões cariocas do filme, À Prova de Morte ainda não foi lançado por aqui. Consegui comprar um dvd original importado, com uma amiga que foi aos EUA. E aproveitei pra rever o filme antes do Festival do Rio 2009 começar, semana que vem.

(Já Planeta Terror heu vi no festival, revi quando passou no circuito, e depois comprei o dvd nacional…).

Vamos ao filme? A trama é simples, muito simples: Stuntman Mike (Kurt Russell) é um misterioso ex-dublê que tem um carro “à prova de morte”, e persegue grupos de garotas em diferentes cidades.

O filme tem um grande problema: são muitos os diálogos longos e desinteressantes. Isso torna o filme chato às vezes. Muito papo e pouca ação. Acredito que isso tenha acontecido porque esta é uma versão estendida do filme. Quando rolou a ideia inicial, o filme era mais curto, para ser dentro da sessão dupla Grindhouse. Quando os filmes foram separados, este ganhou uma nova metragem, de quase duas horas. Provavelmente a versão mais curta era mais interessante…

Por outro lado, existe um detalhe genial, não só neste filme, mas em todo o projeto Grindhouse: os filmes têm defeitos incluídos de propósito, justamente para parecerem os tais filmes velhos e vagabundos. Falhas e riscos na projeção, cortes repentinos como se a fita estivesse danificada, cores alteradas… este filme tem inclusive um boa parte em preto e branco, devido a uma destas “falhas”!

No fim, ficamos com a impressão que Rodriguez soube aproveitar melhor a sua chance, Planeta Terror é melhor que À Prova de Morte. Mas este não vai decepcionar os fãs de Tarantino, todos os elementos “tarantineanos” estão lá: muitos diálogos “espertos”, personagens cool, muitas referências pop, e, claro, muitos pés femininos. Pena que a ação é pouca e às vezes o filme fica lento demais…