Os Caçadores da Arca Perdida

Indiana Jones e os Caçadores da Arca PerdidaCrítica – Os Caçadores da Arca Perdida

Gravei um podcast sobre Indiana Jones com os podcrastinadores. Aproveitei a oportunidade pra rever os quatro filmes. O Reino da Caveira de Cristal já foi comentado por aqui, vou então falar dos outros três.

Em 1936, o professor Indiana Jones, arqueologista e aventureiro, é contratado pelo governo americano para encontrar a Arca da Aliança antes dos nazistas.

Todo mundo já viu, né? Os Caçadores da Arca Perdida, lançado em 1981, é, possivelmente, o melhor filme de aventura de todos os tempos. George Lucas e Steven Spielberg, amigos há anos, tinham um projeto de recuperar o espírito dos seriados de aventura que passavam nos cinemas quando eles eram novos, e então criaram o arqueólogo Indiana Jones e suas aventuras no mesmo clima dos seriados.

Lucas escreveu a história, roteirizada por Lawrence Kasdan (que tinha acabado de escrever o roteiro de O Império Contra-Ataca); Spielberg dirigiu. O personagem Indiana Jones é muito bom, é um cara humano, que se machuca e tem medos, e que se mete em enrascadas. O filme não é comédia, mas tem momentos engraçadíssimos.

No elenco existe um ícone da cultura pop contemporânea. Até hoje Harrison Ford é lembrado pelo seu Indiana Jones (um caso raro de um ator ligado a dois personagens icônicos, Ford também tem o Han Solo no currículo). Ainda no elenco, Karen Allen, Paul Freeman, Ronald Lacey e Denholm Elliott. Alfred Molina, em início de carreira, está na primeira cena. Curiosidade: Salah, o amigo de Indy, é interpretado por John Rhys-Davis, que, apesar de ter 1,85, faz o anão Gimli na saga O Senhor dos Aneis.

Alguns efeitos especiais perderam a validade, mas nada muito grave. E os efeitos usados quando a Arca é aberta impressionam até hoje. Os Caçadores da Arca Perdida continua divertidíssimo, mesmo visto mais de trinta anos depois.

Space Camp – Aventura no Espaço

Crítica – Space Camp – Aventura no Espaço

Vamos revisitar um clássico da ficção científica oitentista pouco conhecido?

Uma turma do programa “Space Camp” – onde jovens vão durante as férias para aprender como trabalham os astronautas – se vê no espaço quando um foguete é lançado acidentalmente.

Na década de 80, tínhamos bem menos filmes por ano do que hoje. A gente conseguia acompanhar quase todos os lançamentos. Assim, arrisco dizer: acho que Space Camp – Aventura no Espaço nunca foi lançado aqui no Brasil, nem nos cinemas, nem em home video. Heu vi na época, um amigo tinha uma cópia pirata em vhs (coisa bastante comum na segunda metade dos anos 80, quando muitos já tinham videocassetes em casa, mas muitos filmes não tinham distribuição por aqui).

Hoje, analisando a história, é fácil entender por que o filme foi deixado no limbo. Space Camp – Aventura no Espaço é de 1986, mesmo ano do acidente da Challenger – um foguete que explodiu segundos depois do lançamento, matando toda a tripulação enquanto milhões de pessoas assistiam pela tv. Provavelmente pelo trauma, muita gente evitou o filme na época…

Pena, porque Space Camp – Aventura no Espaço, apesar de estar longe de ser uma obra prima, é um filme bem simpático – apesar de parecer uma produção Disney: tecnicamente muito bem feito, mas com uma trama bobinha e inocente.

Esse lado bobinho é o ponto fraco do filme. Além de ser previsível e da trama toda ser muito inverossímil (o cara troca de turma só porque pega um crachá diferente, uma criança entra na turma dos mais velhos só porque enche o saco da instrutora), tem um robozinho que enche o saco. Toda vez que o robozinho aparecia, dava vontade de desligar o filme… O que salva é que o filme ainda é agradável de se ver.

Space Camp – Aventura no Espaço tinha Steven Spielberg na produção, mas um diretor desconhecido: Harry Winer. Fui ver no imdb, o cara fez muita coisa, mas quase tudo para a tv. Acho que este foi seu único filme para o cinema.

Por outro lado, o elenco é impressionante para um filme semi desconhecido. O trio principal feminino tem Lea Thompson logo depois de De Volta Para o Futuro, Kelly Preston logo depois de Admiradora Secreta e A Primeira Transa de Jonathan, e Kate Capshaw pouco antes de casar com Steven Spielberg, mas pouco depois de Indiana Jones e o Templo da Perdição. Ainda tem Tom Skerrit (Alien – O Oitavo Passageiro) e Larry B. Scott (A Vingança dos Nerds), além de ser a estreia cinematográfica de Joaquin Phoenix, criança, ainda creditado como Leaf Phoenix. Ah, também tem Terry O’Quinn, o Locke de Lost, num papel pequeno.

Hoje não sei se existe em dvd ou blu-ray. Mas sei que passa de vez em quando na tv aberta…

E.T. – O Extraterrestre

Crítica – E.T. – O Extraterrestre

Hora de pegar as crianças pra rever E.T. – O Extraterrestre!

Alguém não conhece a história? Um garoto encontra um pesquisador botânico alienígena, e desafia as autoridades para ajudá-lo a voltar para o seu planeta.

Todo mundo viu E.T., né? Não tem muito o que falar sobre um filme desses. Clássico contemporâneo, marcou a vida de um um montão de gente, consolidou o diretor Steven Spielberg como um dos maiores nomes de sua geração, foi o maior recordista de bilheteria por mais de uma década, etc., etc., etc.

O que ainda funciona? A trilha sonora é uma das melhores da longa e rica carreira de John Williams. O boneco, criado por Carlo Rambaldi (Alien, Possessão), também é muito bem feito, e consegue ao mesmo tempo assustar e cativar. E os efeitos especiais, top de linha na época, continuam bons – a cena dos garotos andando de bicicleta pelos céus ainda arrepia.

É curioso ver o elenco hoje. Henry Thomas, o protagonista, nunca mais fez nada digno de nota; já sua irmãzinha é a Drew Barrymore, então com sete anos de idade, em seu segundo papel no cinema. Entre os coadjuvantes infantis, temos C. Thomas Howell na “gang das bicicletas”, e a futura coelhinha da Playboy Erika Eleniak como a menininha que dá mole pro Elliott. Acho que Peter Coyote é o único adulto reconhecível.

Agora, rever um filme icônico 30 anos depois tem seus problemas. Muito da magia do filme se perdeu. Hoje, adulto, vi um monte de defeitos que passaram batido quando heu era criança. Tem umas falhas bizarras no roteiro, como quando todos ignoram a quarentena no meio do procedimento e tiram suas máscaras, ou quando deixam o Elliott sozinho com o E.T. Além disso, tem uns momentos do roteiro onde claramente o único objetivo é criar sentimentalismo barato – qual outra razão para a conexão entre Elliott e o E.T.?

Tem outro problema. O dvd que tenho é a versão alterada digitalmente. Esta versão tem uma das duas alterações mais bisonhas da história do cinema digital, na cena onde armas foram apagadas das mãos dos policiais e foram substituídas por walkie talkies (a outra alteração digital bisonha foi o Greedo atirando antes do Han Solo em Guerra nas Estrelas). Ainda tem uma cena bem tosca com o E.T. mexendo com pasta de dente que me parece novidade, mas não tenho certeza.

Mesmo assim ainda é um grande filme. Só que hoje digo que é um filme supervalorizado. Hoje, depois de três décadas, Contatos Imediatos do Terceiro Grau me parece um Spielberg absurdamente melhor…

Lincoln

Crítica – Lincoln

Quando soube da existência deste filme, nem me empolguei pra assistí-lo, parecia que seria apenas mais uma patriotada norte-americana. Mas o diretor é Steven Spielberg, então a gente tem que ver, né?

Abraham Lincoln, o presidente dos EUA, recém eleito para o segundo mandato, tem que administrar a Guerra da Secessão enquanto briga nos bastidores para aprovar a emenda constitucional que libertaria os escravos.

O forte do diretor Spielberg são os filmes pop. Não é qualquer um que tem no currículo títulos como Contatos Imediatos do Terceiro Grau, E.T., Tubarão, Parque dos Dinossauros, Tintim e os quatro Indiana Jones. Mas não é novidade que ele de vez em quando faz um filme “sério”. Já foram vários, como A Cor Púrpura, Amistad, A Lista de Schindler e Cavalo de Guerra. Seus filmes sérios são bons. Mas, na minha humilde opinião, são bem inferiores àqueles onde ele se preocupa primeiro com a diversão.

Lincoln confirma que Spielberg é melhor quando pensa na diversão. Tecnicamente, o filme é perfeito. Mas é looongo. E chaaato…

Acho que só os fanáticos pela história dos EUA vão curtir o filme. A longa duração atrapalha – são intermináveis duas horas e meia de muito falatório e pouca ação. Tem uma cena que ilustra a falta de paciência: Lincoln começa a contar mais uma história, e um personagem se retira do ambiente, falando “eu não acredito que possa suportar ouvir outra de suas histórias nesse momento!”. Olha, sou fã do Spielberg, reconheço as qualidades do filme, mas concordo com este personagem…

Tem outro problema, este previsível. Spielberg quase sempre coloca problemas de relacionamento entre pais e filhos em seus filmes. A trama paralela com o filho de Lincoln que quer ir para a guerra é completamente dispensável. E o pior: um bom ator (Joseph Gordon-Levitt) é sub aproveitado.

O melhor de Lincoln é sem dúvida o seu protagonista. Lembro de Daniel Day-Lewis em filmes como O Último dos Moicanos, Gangues de Nova York e Em Nome do Pai. E posso afirmar: não consegui ver o ator na tela do cinema, só via o personagem. Acho que desde o Jim Morrison de Val Kilmer em The Doors não vejo um ator incorporar tão bem seu papel que apenas conseguimos ver o personagem na tela.

O resto do elenco também está bem. Claro, ninguém tão impressionante quanto Daniel Day-Lewis, mas temos muitos bons atores, todos bem – desde Tommy Lee Jones, também indicado ao Oscar; até Sally Field, um pouco mais velha do que o papel pedia, mas mesmo assim confortável como a sra. Lincoln. Ainda no elenco, David Strathairn, Joseph Gordon-Levitt, Jackie Earle Haley, Tim Blake Nelson, James Spader, Hal Holbrook, Jared Harris e Michael Stuhlbarg.

Sobre o Oscar, que será entregue no domingo, arrisco meus palpites. Daniel Day-Lewis é barbada, seu Lincoln provavelmente será o seu terceiro Oscar de melhor ator. O mesmo digo sobre Spielberg, que também deve levar sua terceira estatueta – ele tem a seu favor a não indicação de Quentin Tarantino, Kathryn Bigelow e Ben Affleck, a concorrência ficou mais fácil. Sobre melhor filme, arrisco entre este e Argo, sobre melhor ator coadjuvante, fico entre o Tommy Lee Jones daqui e o Christoph Walz de Django Livre. Não acho que Sally Field leva (estou entre Jessica Chastain e Jennifer Lawrence); já o roteiro de Tony Kushner tem boas chances. Lincoln ainda concorre a trilha sonora, fotografia, figurino, edição, direção de arte e mixagem de som.

Cavalo de Guerra

Crítica – Cavalo de Guerra

Oba! Dois filmes simultâneos de Steven Spielberg em cartaz nos cinemas!

Cavalo de Guerra mostra a saga do cavalo Joey, criado por um adolescente às vésperas da Primeira Guerra Mundial, depois vendido para o exército inglês, depois usado pelos alemães e mais algumas pessoas pelo meio do caminho.

Assim como em 1994, Steven Spielberg lançou dois filmes no mesmo ano. Naquela ocasião, ele foi muito bem sucedido – enquanto Jurassic Park bateu todos os recordes de bilheteria, A Lista de Schindler lhe deu os primeiros Oscars de melhor filme e melhor diretor (ele voltaria a ganhar melhor diretor em 98, com O Resgate do Soldado Ryan). Pena que este ano ele não vai nem chegar perto, Cavalo de Guerra só está concorrendo a seis Oscar (e não está bem cotado); enquanto As Aventuras de Tintim é legal, mas não está tão bem nas bilheterias.

Cavalo de Guerra é a adaptação do livro infantil escrito por Michael Morpurgo. Então, que ninguém espere um novo O Resgate do Soldado Ryan. A violência é bem discreta, apesar de ser um filme de guerra.

Trata-se de um filmão à moda antiga. Um épico sobre a saga de um cavalo que se separa de seu dono. Sim, o personagem central é Joey, o cavalo. Todos os outros são coadjuvantes, inclusive Albert, o seu dono.

Como um bom épico, Cavalo de Guerra traz imagens belíssimas e algumas sequências muito boas, como o primeiro ataque dos ingleses aos alemães, ou o cavalo fugindo pelas trincheiras na parte final. O filme é um pouco longo, quase duas horas e meia. Mas a condução de Spielberg é boa, e o ritmo não é cansativo.

Infelizmente, nem tudo é perfeito. Vemos uma clara tendência para se dramatizar tudo de maneira excessiva, várias cenas foram feitas para tirar lágrimas do espectador. Aí o filme fica meloso demais, desnecessariamente. Precisa de um aviso para os diabéticos: “cuidado com o excesso de açúcar!” E o excesso de açúcar ainda traz outro problema: certos trechos tornam-se previsíveis demais.

No elenco, rola uma grande injustiça nos créditos. O verdadeiro protagonista é Finders Key, o cavalo! O resto é coadjuvante. Bons atores, como Emily Watson, Tom Hiddleston e David Thewlis dividem o espaço na tela com os menos conhecidos Jeremy Irvine, Benedict Cumberbatch e Peter Mullan. Mas todos em papeis secundários, o filme é centrado no cavalo.

(Falando nisso, me bateu uma dúvida: com o nível atual dos efeitos especiais, não dá pra saber quais cenas usaram um cavalo real e quais foram cgi…)

Cavalo de Guerra sofre com mais um problema: o extenso (e bem sucedido) currículo de seu diretor. Se fosse feito por outra pessoa, talvez a expectativa fosse menor. Mas Spielberg é um dos maiores nomes do cinema contemporâneo. E Cavalo de Guerra, apesar de ser um bom filme, está longe dos seus melhores filmes.

Enfim, bom filme, mas Spielberg pode ser melhor que isso. Sorte a nossa que ele mostrou, com As Aventuras de Tintim, que ainda tem fôlego na carreira.

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As Aventuras de Tintim

Crítica – As Aventuras de Tintim

Estreou a aguardada adaptação dos quadrinhos franceses belgas!

Junto com o Capitão Haddock e o cachorrinho Milu, o intrépido repórter Tintim sai em uma caça a um tesouro em um navio no fundo do mar.

A história desse filme vem de longe. Quando Steven Spielberg lançou Caçadores da Arca Perdida em 1981, um crítico comparou o filme com os livros do Tintim, do desenhista Hergé. Spielberg não conhecia Tintim, comprou os livros e virou fã. A admiração foi recíproca: Hergé declarou que Spielberg seria o nome certo para uma possível adaptação cinematográfica. Quando Hergé faleceu em 83, Spielberg comprou os direitos e quase rolou um filme em 84 (Jack Nicholson foi cogitado para ser o Capitão Haddock!).

Mas o projeto foi deixado de lado, sabe-se lá por qual motivo. Até que, recentemente, Spielberg resolveu retomar os trabalhos, e entrou em contato com Peter Jackson, para ver a viabilidade de fazer um cãozinho Milu digital através da WETA (companhia de efeitos especiais de Jackson). Jackson já era fã do Tintim, e resolveram então fazer uma parceria e produzir três filmes em animação por captura de movimento – atores usam sensores pelo corpo, que são interpretados pelo computador.

Além de ter dois grandes nomes na produção, o roteiro de As Aventuras de Tintim (baseado nos livros O Caranguejo das Pinças de Ouro e O Segredo do Licorne) também tem pedigree: foi escrito pelo trio britânico Edgar Wright (Todo Mundo Quase Morto, Scott Pilgrim), Steven Moffat (Doctor Who, Sherlock BBC) e Joe Cornish (Attack The Block). Spielberg dirigiu este primeiro filme e Jackson está dirigindo o segundo – não achei no imdb qual será a previsão de estreia.

Há anos que Spielberg deixou o seu auge, mas mesmo assim ele não costuma decepcionar. Seus últimos 15 anos foram mais fracos que o início de sua carreira, mas ele ainda manteve uma média bem melhor do que a maioria em volta dele (com filmes como O Resgate do Soldado Ryan ou O Terminal). E aqui Spielberg está novamente em boa forma. As Aventuras de Tintim é muito bom. Não sei se vai se tornar um clássico e figurar ao lado de Contatos Imediatos do Terceiro Grau, Caçadores da Arca Perdida, ET, Tubarão ou Parque dos Dinossauros. Mas com certeza é melhor que Minority Report e Guerra dos Mundos

Tecnicamente, o filme é impressionante. O sistema de captura de movimento não é novidade, já vimos antes em filmes como Expresso Polar e Beowulf. Mas aqui a qualidade está muito superior. Ainda mais em 3D. A qualidade da imagem é algo poucas vezes visto – pena que o Oscar não aceita captura de movimentos no Oscar de animação, senão acho que As Aventuras de Tintim seria a grande barbada (além do mais porque o filme da Pixar este ano foi o fraco Carros 2).

(O novo Planeta dos Macacos usa o mesmo sistema para os macacos do filme. A diferença é que em As Aventuras de Tintim é o filme inteiro, e não alguns personagens. Coincidência ou não, Andy Serkis teve papeis centrais em ambos os filmes.)

Uma das sequências sozinha já valeria o ingresso, mesmo se As Aventuras de Tintim fosse ruim (o que não é). Sabe plano-sequência, quando a câmera acompanha uma cena sem cortes? Bem, em uma animação, um corte e uma emenda podem facilmente ser feitos. E mesmo assim, As Aventuras de Tintim traz um dos planos-sequência mais sensacionais que heu já vi, na cena da perseguição aos três pergaminhos. A “câmera” passeia por ângulos que seriam impossíveis de ser usados se fosse uma filmagem real.

Com relação ao elenco, é complicado falar do trabalho de atores que não aparecem na tela. Mas deu pena de ver o filme dublado e descobrir que a dupla de detetives atrapalhados Dupon e Dupon é feita por Simon Pegg e Nick Frost, de Todo Mundo Quase Morto, Chumbo Grosso e Paul – aposto como isso está mais engraçado no som original. No resto do elenco, Jamie Bell e Daniel Craig se juntam ao “veterano” Andy Serkis no sistema de captura de movimento.

O filme, propositalmente, não tem fim, rola um gancho para a continuação. Aguardemos o filme de Peter Jackson!

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Jurassic Park – Parque dos Dinossauros

Crítica – Jurassic Park – Parque dos Dinossauros

Férias, aproveitei pra rever um recente clássico com a criançada.

O Jurassic Park era um parque temático, habitado por dinossauros reais, clonados a partir do DNA extraído de insetos preservados em âmbar pré-histórico. Mas coisas dão errado durante uma visita de especialistas, convidados a conhecerem o parque antes da inauguração.

É complicado falar de um filme como Jurassic Park hoje em dia, quase vinte anos depois de seu lançamento, em 1993. Na época, os efeitos especiais impressionaram o mundo: pela primeira vez, tínhamos dinossauros “reais” nas telas, interagindo com atores humanos. Rolou uma perfeita mistura entre efeitos digitais (cgi), animatronics (robôs) e stop motion (a famosa “animação de massinha”), criando dinossauros de uma credibilidade nunca vista anteriormente. Digo mais: revendo o filme hoje, 18 anos depois, os efeitos não perderam a validade!

Mas Jurassic Park não é só baseado nos efeitos. O filme em si é bom. Se hoje o talento de Steven Spielberg é questionado por conta de alguns filmes de qualidade duvidosa nos últimos dez anos (tipo Guerra dos Mundos), no início dos anos 90 ele ainda tinha moral. E caprichou: tudo aqui funciona redondinho. O roteiro de Michael Crichton, baseado no seu próprio livro, tem um bom equilíbrio entre o drama, a fantasia e o terror – as cenas com os velociraptors e com o tiranossauro rex são sensacionais.

(1993 foi um ano excelente para Spielberg. Não só o seu Jurassic Park bateu recordes de bilheteria e revolucionou os efeitos especiais, como ele ainda ganhou Oscars pelo seu outro filme lançado no mesmo ano, A Lista De Schindler.)

Preciso comentar que achei que o roteiro podia ser um pouco mais enxuto. Várias tramas paralelas são abertas, parece que já fizeram o filme pensando na(s) continuação(ões). Por exemplo, achei que o dilofossauro podia ter sido melhor explorado, assim como o triceratops, que só aparece uma vez. Ou ainda poderiam desenvolver mais a trama da espionagem industrial. Nada que torne o filme ruim, felizmente.

O elenco está ok – este é o tipo de filme onde os atores estão em segundo plano, são menos importantes. Mesmo assim, o prestígio da produção conseguiu um excelente elenco: Sam Neill, Laura Dern, Jeff Goldblum, Richard Attenborough, Samuel L. Jackson e Wayne Knight.

Ainda preciso falar da trilha sonora. Sou muito fã do John Williams, mas reconheço que há tempos que ele não faz uma trilha com um tema marcante. Vejam bem, ele continua na ativa, fazendo boas trilhas – Harry Potter, por exemplo. Mas a gente não sai mais do cinema cantarolando os temas, como fez com Tubarão, Superman, Contatos Imediatos do Terceiro Grau, Guerra nas Estrelas, E.T., Caçadores da Arca Perdida… Em Jurassic Park são dois temas marcantes e “assobiáveis”. Pena que hoje em dia ninguém mais faça trilhas assim…

Até agora, já rolaram duas continuações, infelizmente sem manter a qualidade. Rolam boatos sobre um quarto filme a ser lançado em breve. Aguardemos…

Os Goonies

Crítica – Os Goonies

Empolgado com o elenco infanto-juvenil de Super 8, chamei minha filha de dez anos pra rever Os Goonies!

Todos conhecem a sinopse, não? Um grupo de garotos embarca em uma aventura atrás do tesouro do pirata Willie Caolho, pra tentar levantar dinheiro para salvar suas casas da hipoteca.

Lançado em 1985, Os Goonies é simplesmente uma das melhores aventuras do cinema na década de 80. Mesmo revendo hoje, o filme continua delicioso!

Dirigido pelo grande Richard Donner (Superman, Máquina Mortífera), Os Goonies tem um ótimo roteiro escrito por Chris Columbus (que depois dirigiria filmes como Percy Jackson e o Ladrão de Raios e os dois primeiros Harry Potter), baseado em uma genial história de Steven Spielberg. Qual a criança ou adolescente que não se empolgaria com uma caça ao tesouro de um pirata, andando por cavernas cheias de armadilhas, tendo perigosos bandidos seguindo seus passos?

O elenco é ótimo. Era o primeiro filme para cinema do protagonista Sean Astin (Mikey), hoje mais conhecido como o Sam de O Senhor dos Aneis. Josh Brolin (Brand), também estreante, passou vários anos fazendo filmes de menor importância, mas, de 2007 pra cá, a carreira do cara deslanchou, e ele fez, entre outros, filmes como Planeta Terror, Onde os Fracos Não Têm Vez, W., Wall Street, Você Vai Conhecer o Homem dos seus Sonhos e Bravura Indômita – chegou a ser indicado ao Oscar de melhor ator cadjuvante por Milk. Corey Feldman (Bocão) já tinha feito outros filmes, incusive Gremlins, um ano antes – e depois se firmaria como uma das grandes estrelas jovens de Hollywood nos anos 80, com títulos como Conta Comigo e Garotos Perdidos. Ke Huy Quan (Dado) nunca foi um grande nome, mas tinha feito um dos principais coadjuvantes de Indiana Jones e o Templo da Perdição um ano antes. Só Jeff Cohen (Bolão) que nunca fez nada mais relevante. (As meninas Kerri Green e Martha Plimpton tiveram algum sucesso na época, mas nada tão importante quanto Goonies).

O roteiro é muito bom, mas não o acho perfeito. Não gostei da perseguição dos Fratelli, no fim do filme. Acho que hoje em dia estamos acostumados com um maior realismo, por isso o tom cartunesco me pareceu caricato demais. Mas nada que atrapalhe o resultado final: um dos filmes mais divertidos da década!

Se você já viu, reveja. E se não viu, faça um favor a si mesmo e alugue / compre / baixe!

p.s.: A bola fora é a edição nacional do dvd e do blu-ray. Nenhum dos dois tem dublagem em português! Custava deixar a dublagem como opção?

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Super 8

Crítica – Super 8

1979. Um grupo de crianças, fazendo um filme de zumbis com uma câmera Super 8, testemunha um grande acidente de trem. Mas, quando estranhos eventos começam a acontecer na cidade, eles desconfiam que pode não ter sido exatamente um acidente.

Trata-se do novo e incensado projeto que reune Steven Spielberg (na produção) e JJ Abrams (no roteiro e direção). Vou te falar que heu estava com o pé atrás, primeiro porque há anos que o Spielberg não faz filmes com a qualidade de décadas atrás; segundo, porque sempre achei JJ Abrams superestimado.

Mas não é que desta vez eles acertaram? Super 8 é muito bom!

O grande barato de Super 8 é ser um “filme homenagem” – não só o filme tem cara de “feito nos anos 80”, como fãs de cinema vão se deliciar com inúmeras referências. O grupo de crianças parece uma mistura de Goonies com Conta Comigo, e podemos ver claras citações a E.T., Parque dos Dinossauros, Contatos Imediatos do Terceiro Grau e Guerra dos Mundos, todos do produtor / padrinho Spielberg – a cena das lanternas vindo na direção dos meninos é muito E.T.! (Isso porque não estou citando a semelhança na filosofia de “não mostrar quase nada”, como em Alien – O Oitavo Passageiro…) Isso tudo, aliado a uma boa reconstituição de época, deixa Super 8 com um delicioso ar oitentista!

Já falei aqui, no meu post sobre Cloverfield, do meu pé atrás com JJ Abrams. Felizmente, ele está se redimindo e me provando que tem talento atrás do hype. Antes heu desconfiava, por causa do fraco seriado Alias, do irregular Lost, e do Missão Impossível 3, que apesar de não ser ruim, é mais fraco que os dois primeiros. Mas aí JJ fez um bom trabalho com o Star Trek de 2009, e agora, acertou de novo.

O elenco de garotos desconhecidos funciona muito bem. Tirando Elle Fanning, conhecida por filmes como O Curioso Caso de Benjamin Button e Um Lugar Qualquer (e também por ser irmã de Dakota Fanning), o resto do elenco infanto-juvenil é desconhecido – é o filme de estreia da dupla principal, Joe Lamb (o protagonista) e Riley Griffiths (o cineasta). Guardemos os nomes do jovem elenco, quem sabe daqui a alguns anos eles não se firmarão como estrelas, como aconteceu com Jerry O’Connel, que estreou com Conta Comigo, ou Sean Astin, que teve como primeiro papel nos cinemas o de protagonista de Goonies?

A parte técnica também é muito boa. O filme tem cara de anos 80, mas os efeitos especiais são de primeira linha.

Na minha humilde opinião, o ponto fraco é o fim do filme. Não vou falar pra não entregar spoilers, mas posso dizer que o final quase põe tudo a perder.

Enfim, apesar do fim ter escorregado, Super 8 vale a pena. Nem que seja pra matar as saudades de como era o cinema nos anos 80.

Ah, não vá embora antes dos créditos! Passa o filme de zumbis que eles fizeram, com referências, claro, a George A. Romero…

p.s.: A “onda oitentista” foi tão forte que chegou a ser veiculado pela internet um poster com cara de década de 80. Olha ele aqui, que legal:

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Paul
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Transformers 3: O Lado Oculto da Lua

Crítica – Transformers 3: O Lado Oculto da Lua

Confesso que não sou fã da franquia Transformers – aliás, nunca achei graça no brinquedo, nem no desenho animado. Mas a crítica falou que este era melhor que o segundo, aí resolvi dar uma chance.

Neste terceiro filme, os Autobots descobrem que existe uma nave de Cybertron no lado escuro da Lua, e precisam pegar antes dos Decepticons.

Não há muito o que se falar aqui. Transformers 3 é tudo o que se espera de um filme dirigido pelo Michael Bay sobre carros-robôs: muita ação e pouco cérebro. E o resultado final fica devendo, assim como nos dois primeiros filmes…

Talvez o filme não fosse tão ruim se se preocupasse com alguns “pequenos” detalhes, como a duração – ninguém merece duas horas e quarenta minutos de uma história fraca.

Aliás, acho que a “história fraca” é pior que a “duração excessiva”. O roteiro tem tantas inconsistências que se heu fosse listar, não acabava hoje. Por exemplo: como é que um cara recém formado, cheio de contatos, que acabou de ganhar uma medalha do presidente, está desempregado?

Mas tem mais, muito mais. Toda a sequência onde Shia Labeouf conhece Frances McDormand no galpão é patética. Se a Frances McDormand fosse tão poderosa, o casal seria preso imediatamente. E aquele diálogo entre ela e o Sentinel Prime é completamente sem sentido.

Pra piorar, o filme é repleto de personagens secundários com alívios comicos sem graça: os dois robôzinhos, o John Turturro, o Ken Jeong (Se Beber Não Case)…

Mesmo assim, nem tudo se joga fora. Os efeitos especiais são de primeira linha. Algumas sequências são boas – gostei da parte do prédio “caindo”. Gostei também do esquema meio Forest Gump pra mostrar presidentes antigos no início do filme.

Sobre o elenco, o nome de Steven Spielberg na produção ajuda a trazer bons nomes para os papeis secundários – além dos já citados Turturro, McDormand, LaBeouf e Jeong, o filme ainda tem John Malkovich, Patrick Dempsey, Josh Duhamel e as vozes de Hugo Weaving e Leonard Nimoy em robôs. E ainda tem Rosie Huntington-Whiteley como a “bonitinha da vez” – como Megan Fox brigou com a produção, tinham que arranjar outra pra vaga dela. Rosie é tão bonita quanto, e tem uma característica parecida: lábios grossos – na minha humilde opinião, grossos demais…

Pra finalizar, preciso dizer que não entendi o nome original: “The Dark of The Moon” – que bom que não traduziram ao pé da letra, “O Escuro da Lua”…