Tokyo Revengers 2, Arco Halloween de Sangue – Parte 2: Confronto

Crítica – Tokyo Revengers 2, Arco Halloween de Sangue – Parte 2: Confronto

Sinopse (imdb): Impulsionado pela determinação resoluta de proteger seus amigos e salvar Hinata, Takemichi Hanagaki entra em uma briga entre gangues com a esperança de alterar o curso do destino e criar um futuro melhor para todos.

Fiquei na dúvida se valia a pena falar deste Tokyo Revengers 2, Arco Halloween de Sangue – Parte 2: Confronto, visto no Festival do Rio. Afinal, acho que vi a terceira parte de uma história, e não vi as duas primeiras. Então, meus comentários serão feitos com isso em mente.

Tokyo Revengers é um mangá, segundo a wikipedia são 31 volumes lançados entre 2017 e 2022. Em 2021 estrearam uma adaptação em anime e uma em live action. Pelo que entendi lendo o imdb, teve um primeiro filme Tokyo Revengers em 2021, e o segundo filme, de 2023, foi dividido em duas partes. Este Tokyo Revengers 2, Arco Halloween de Sangue – Parte 2: Confronto é a segunda parte de uma continuação. O problema não foi do Festival do Rio, os três filmes estavam na programação, foi minha a escolha de ver só este…

Enfim, pra mim foi um filme confuso, onde alguns personagens aparecem e não consegui entender exatamente o que estava acontecendo com eles – como o personagem Baji, que a princípio parece ser do grupo “dos mocinhos”, mas depois está no grupo rival. Por que? Sei lá, dei mole e não vi… 😛

Pelo menos alguns personagens são interessantes e tem algumas boas cenas de luta. Mas não consigo julgar o filme só tendo visto parte dele.

Mas, fica aqui o registro, e com este filme encerro o Festival do Rio 2024. Já tenho novos filmes pra comentar, semana que vem o heuvi volta ao normal!

Godzilla Minus One

Crítica – Godzilla Minus One

Sinopse (imdb): Em um Japão social e economicamente devastado após o término da Segunda Guerra Mundial, a situação chega a um nível ainda mais crítico quando uma gigantesca e misteriosa criatura surge do mar para assolar o país.

Heu preciso confessar que eu não sou muito fã de “filme de monstro gigante”. Vejo porque gosto de filmes de ação e de blockbusters. Mas nem sabia que ia ter um filme novo do Godzilla. Só depois é que fui descobrir que essa é uma versão japonesa. E posso dizer que gostei bastante do resultado final, gostei mais deste Godzilla Minus One do que dos últimos hollywoodianos do “monsterverse”, lançados em 2014 (Godzilla), 2019 (Godzilla Rei dos Monstros) e 2021 (Godzilla vs Kong).

Fui catar na internet, segundo a wikipedia já são 40 títulos desde 1954. Segundo o que me disseram, este Godzilla Minus One seria para comemorar os 70 anos do Godzilla, mas como ano que vem tem filme novo do “monsterverse”, lançaram este em 2023 pra não confundir.

Diferente dos últimos filmes do Godzilla, esse se passa no Japão, logo depois da Segunda Guerra Mundial. Boa sacada, o país acabara de sair arrasado de uma guerra. Aliás, o nome do filme é relativo a isso: com a devastação causada pela guerra, o Japão foi reduzido a zero. Um monstro gigante reduziria ainda mais, por isso virou “menos um”.

Ainda aproveitando a ambientação da Segunda Guerra Mundial, o filme traz um piloto kamikaze como protagonista. Ele não era para estar lá, era para ter morrido durante a guerra, mas ele teve questionamentos e carrega esses questionamentos ao longo do filme inteiro. Foi uma ideia legal, não costumamos ver esse tipo de personagem sob este ângulo.

A direção é de Takashi Yamazaki, não vi nenhum outro filme dele. Mas achei curioso o nome bem parecido com a brasileira Tizuka Yamasaki, que fez alguns títulos “sérios” nos anos 80, como Gaijin Os Caminhos da Liberdade (1980) ou Parahyba Mulher Macho (1983) e depois fez vários filmes com a Xuxa. Cheguei a achar que podiam ser parentes, mas vi que a grafia é diferente, não devem ser parentes.

É uma produção japonesa, até onde entendi não tem a grana de um grande estúdio hollywoodiano. Não sei qual foi o orçamento, tampouco sei quais são os recursos que o estúdio japonês tem. Mas preciso dizer que existe uma cena de destruição de cidade aqui que é sensacional, é uma das melhores cenas de destruição de cidade que heu já vi no cinema! Essa cena da destruição da cidade só tem um problema: o ponto alto do filme acontece na primeira metade. Claro que existe uma batalha final, que é até boa, mas inferior à sequência da destruição.

Aliás é bom dizer que os efeitos do monstro são excelentes. É cgi, mas foi feito pra parecer uma pessoa dentro de uma fantasia, como os Godzillas clássicos. E o bichão é assustador!

Nem tudo funciona. Achei os momentos dramáticos um pouco acima do tom. O cinema oriental tem essa característica de ter atuações muito exageradas, isso acontece aqui, e, na minha humilde opinião o filme dedica tempo demais aos momentos dramáticos.

Felizmente isso não atrapalha o bom resultado final. Godzilla Minus One é um filme empolgante, e a plateia não vai sair decepcionada das salas de cinema. E a boa trilha sonora que lembra batalhas épicas vai ajudar na empolgação da plateia.

Não tem exatamente uma cena pós créditos, mas vale ficar até o final, fica a dica!

Kubi

Crítica – Kubi

Sinopse (Festival do Rio): Com o objetivo de controlar o Japão, o Lorde Nobunaga Oda se envolve em duras batalhas contra os exércitos Mouri, Takeda e Uesugi, encarando ainda as forças dos templos e santuários em Kyoto. Enquanto isso, seu vassalo Araki Murashige incita uma rebelião e desaparece. Nobunaga reúne os outros vassalos e ordena que procurem Murashige em troca de sua herança. Hideyoshi, junto com o irmão Hidenaga e o estrategista militar Kanbei Kuroda, elabora um plano e pretende aproveitar a desordem para tomar o poder.

Filme japonês mostrando samurais brigando entre si atrás de poder. Ok, parecia ser uma boa.

Mas, Kubi tem um problema: são muitos personagens, e muitas traições entre eles. Fica difícil de acompanhar todos os detalhes, a história é muito enrolada. E não fui o único a achar isso, depois fui catar informações e achei um texto de um cara que viu o filme no Festival de Cannes e ele comentou a mesma coisa: são muitos personagens e a história é quase impossível de se acompanhar.

E o que heu faço quando não consigo acompanhar a história quando estou vendo um filme no cinema? Simplesmente relaxo e “deixo o filme me levar”. E, pra minha sorte, tecnicamente falando Kubi é um belo espetáculo visual. Tudo, figurinos, maquiagem, cenários, tudo é bonito e bem cuidado. E são várias batalhas, cheias de detalhes violentos. Sim, tem muita violência gráfica, cheias de detalhes que muitas vezes beiram o gore.

Um breve parágrafo para falar das legendas eletrônicas. Em alguns filmes, colocam um painel debaixo da tela onde passam legendas, acionadas manualmente ao longo do filme. Antigamente isso fazia mais sentido porque eram rolos de filmes, rolos físicos. Para você trazer um filme para cá e legendá-lo, às vezes você tinha que fazer uma cópia – em rolo – de um filme que talvez não fosse exibido depois. Existia um custo para fazer uma cópia, para exibir três, quatro vezes no Festival, e depois nunca mais. (Anos atrás, heu usava isso como norte em Festivais do Rio. Se o filme já tinha cópia legendada, significava que ele ia entrar no circuito. Se eram legendas eletrônicas, ele talvez não entrasse, esse era o filme que heu escolhia.) Hoje em dia, acho que não existe mais o rolo de filme, são só cópias digitais. Não sei se pra cópia digital ainda faz sentido você ter um arquivo com uma pessoa lá botando a legenda na hora, durante a exibição, talvez fosse mais fácil você fazer uma cópia digital já com as legendas.

E por que estou dizendo isso? Porque a cópia de Kubi era com o áudio em japonês e com legendas na tela em inglês, e com legendas em português embaixo da tela. Nossos olhos estão acostumados a irem direto nas legendas, e, em um filme bastante enrolado, ler em inglês e ao mesmo tempo em português, dificultou ainda mais. Será que não era mais fácil procurar uma cópia digital sem legendas em inglês?

A direção é de Takeshi Kitano, veterano, com mais de 4 décadas como ator e diretor. Mas, falha minha, nunca tinha visto nenhum filme dirigido por ele, não tenho como comparar. (Vi alguns filmes dele como ator, mas preciso reconhecer que não me lembro dele: Ghost in the Shell, Battle Royale, Johnny Mnemonic e Furyo Em Nome da Honra.)

Sobre o elenco, heu não conhecia ninguém. Atuações em filmes orientais muitas vezes são exageradas. Aqui, gostei de quase todo o elenco, menos do personagem Nobunaga. Esse está muito mais exagerado do que o normal. Duas curiosidades sobre o elenco: o diretor Takeshi Kitano tem um papel, ele é o samurai Hideyoshi. E um dos personagens é Hattori Hanzo, sim, o mesmo de Kill Bill.

Por causa das legendas eletrônicas, acho difícil Kubi chegar ao circuito…

O Chamado 4: Samara Ressurge

Crítica – O Chamado 4: Samara Ressurge

Sinopse (Paris Filmes): Pessoas que assistem a um vídeo amaldiçoado subitamente morrem. Essas mortes ocorrem em todo o Japão. Ayaka Ichijo é uma estudante de pós-graduação extremamente inteligente e com um QI acima de 200. Sua irmã mais nova assiste a um vídeo amaldiçoado por diversão. Ayaka Ichijo tenta revelar o mistério que envolve o tal vídeo.

Tenho muitas coisa pra falar mal aqui. Preciso começar falando da divulgação brasileira. Porque, infelizmente, o nome do filme no Brasil é uma enganação. Este não é o quarto filme da Samara, e sim o oitavo filme da Sadako!

Voltemos um pouco no tempo. Em 2002 foi lançado O Chamado (The Ring), com a Naomi Watts. Era uma refilmagem de um terror japonês, Ringu, de 1998, que chegou no mercado de home vídeo pra aproveitar a onda. Com o sucesso da franquia, tivemos uma continuação americana em 2005, e me lembro que algumas continuações japonesas que chegavam aqui pelas locadoras (se não me engano, também teve um prequel). Passei uns anos sem ouvir falar da franquia, até que em 2017 foi lançado o terceiro filme americano, O Chamado 3. Nessa época vi pela internet que a franquia japonesa continuou lançando filmes, mas não vi nenhum desses. Mas agora com o lançamento deste novo filme, achei um link na wikipedia que fala de toda a franquia. São 13 longas no total: 8 filmes japoneses, 3 americanos, um sul coreano, e um crossover com a franquia Ju-On (que aqui no Brasil foi chamada de O Grito).

Resumindo: O Chamado 4, ou Sadako DX no original, é o oitavo filme da franquia japonesa! Não tem nada a ver com a franquia americana! Não tem Samara, é a Sadako! Chamar de “4” é querer enganar o espectador!

Dito isso, a boa notícia é que a história contada aqui não é continuação direta de nenhum outro filme. É uma história independente, que se passa no mesmo universo dos filmes anteriores. Ou seja, não precisa rever nada antes.

Pena que é a única boa notícia de hoje. Porque O Chamado 4 é bem ruim.

Pra começar, é um filme de terror que não assusta. Acho que eles tentaram criar jump scares com toques de celular! E só me lembro de duas mortes, as duas bem toscas – a vítima dá uma cambalhota e cai morta de olho aberto. Só.

Mas o pior é o roteiro, que é péssimo. Em todos os outros filmes quem vê o vídeo depois recebe uma ligação. Cadê a ligação? Por que não ligam mais? Ninguém se importa.

Em todos os outros filmes quem vê o vídeo morre sete dias depois. Aqui o tempo cai pra 24 horas. Qual é o motivo? Ninguém se importa.

A maioria das pessoas morre exatamente quando batem as 24 horas – nem um minuto a mais, nem a menos. Mas se você correr, a Sadako não te alcança. Como assim? Ninguém se importa!

Calma que piora. As pessoas morrem em 24 horas, a não ser que sejam importantes pro roteiro. Porque se forem importantes, o tempo conta diferente. Ah, ninguém se importa!

O roteiro é um lixo, mas tem uma coisa que poderia ter dado certo. A protagonista, inteligente, que quer ciência no lugar de negacionismo, quer dizer, no lugar de maldição, quer provar que tudo tem uma explicação dentro da ciência, e começa a comparar a disseminação da maldição com a disseminação de um vírus. Ok, poderia ter dado certo, se soubessem desenvolver. Mas não souberam.

Mas calma, que ainda pode ficar pior. A Samara / Sadako aparece como pessoas conhecidas da vítima (mais um ninguém se importa, porque não tem nenhuma lógica). A maquiagem é bem tosca, um camisolão branco e a cara pintada de branco, e tá bom. Mas, claro que pode piorar ainda mais um pouco, aí o cabelo começa a crescer. Céus, acho que nunca vi um efeito digital tão ruim quanto esse cabelo crescendo!

Ainda posso reclamar de uma coisa? Era pra ser um filme de terror. Terror ruim, mas terror. Aí chega nos créditos, o filme continua, e vira uma comédia! Piadinhas rolando junto com os créditos! De onde surgiu essa ideia???

Se heu precisar salvar uma única coisa desse filme, gostei da última cena, pós créditos. Ok, foi uma boa sacada. Mas não vale ver o filme só por causa disso.

Floresta de Sangue

Crítica – Floresta de Sangue

Sinopse (Netflix): Um vigarista e uma equipe de filmagem entram na vida de duas jovens com profundas cicatrizes. Mas nada é o que parece ser.

Um amigo mandou uma mensagem com um link que dizia “Perturbador e brutal, filme da Netflix para quem tem coração forte prende o espectador do início ao fim”. Fui ver, era um filme do Sion Sono. Opa, furou a fila!

Mas… Preciso dizer que não gostei desse. Floresta de Sangue (Ai-naki mori de sakebe, no original) é maluco, como todos os filmes do diretor, mas diferente dos outros que vi, não é divertido (esse é o sexto filme do Sion Sono que tem crítica aqui no site). Sono usa muitos elementos fora da caixinha em seus filmes, como a tartaruga gigante de Love and Peace, ou as gangues cantando rap em Tokyo Tribe, ou mesmo o Nicolas Cage sem um testículo em Prisioners of the Ghostland, elementos malucos mas ao mesmo tempo divertidos. Floresta de Sangue também tem suas doideiras, mas tem um clima pesado e me deu uma bad trip. Principalmente quando acaba o filme e a gente vê que aquilo foi baseado numa história real!

Mas, Floresta de Sangue não é ruim. Vamulá.

Conheço o estilo do Sion Sono, sei que não devemos esperar nada convencional num de seus filmes. Aqui a gente tem colegiais japonesas lésbicas em um pacto suicida, um assassino serial misterioso, um violento charlatão que cria uma seita e ainda muita metalinguagem com uma equipe que quer filmar tudo, e isso tudo numa trama não linear, que ainda traz um momento musical e vários momentos de tortura física e psicológica, além de bastante gore. São mais de duas horas de filme, numa mistureba que vai afastar boa parte do público.

Tecnicamente falando, o filme é muito bem feito. Sono traz alguns detalhes bem legais. Gostei muito de uma cena onde ele usa o silêncio pra mostrar um delírio da Mitsuko.

O filme é um pouco longo demais, são duas horas e trinta e um minutos. E com tanta mistura de temas e estilos ao longo do filme, Floresta de Sangue se torna um filme cansativo. (Me parece que existe uma outra versão na Netflix, a mesma história como série com sete episódios, me pareceu uma versão estendida do filme. Mas não chequei este outro formato).

Sobre o elenco, acho complicado falar, porque as atuações no cinema oriental são muito intensas, tudo muito gritado, muito exagerado, comentei isso outro dia quando falei de Bala na Cabeça. Não curto o estilo, mas sei que é algo comum, então não vou criticar. No elenco, Kippei Shîna, Kyoko Hinami, Eri Kamataki e Shinnosuke Mitsushima – nenhum nome conhecido aqui no Brasil.

Como falei, Floresta de Sangue não é ruim. Mas saber que isso foi inspirado em uma história que realmente aconteceu não me fez bem. Fiquei imaginando a seita da vida real…

Antiporno

antipornoCrítica – Antiporno

Sinopse (Catálogo do Festival do Rio): Kyoko tem 21 anos e é uma artista promissora, repleta de autoconfiança. Quando algo não sai como o esperado, ela desconta sua frustração em Noriko, sua assistente de 36 anos. Imatura, Kyoko se comporta como uma rainha absoluta e faz Noriko passar por humilhações sexuais diante do resto da equipe.

O Festival do Rio tem umas mostras paralelas. Este ano teve uma mostra “pornochanchada à japonesa”. Queria ver pelo menos um deles. Quando vi que tinha um filme do Sion Sono, não tive dúvidas sobre qual seria o escolhido.

Explico: já tinha visto outros três filmes do Sion Sono em outras edições do Festival do Rio – Paz e Amor em 2015; Tokyo Tribe em 2014; e Por Que Você Não Vai Brincar no Inferno? em 2013. Os três são esquisitos. Já tinha ideia do que ia encontrar.

E, claro, Antiporno (Anchiporuno, no original) é um filme esquisito. Cenários bizarros, personagens bizarros, situações bizarras… Quem gosta de filmes bizarros vai curtir.

Não quero falar muito sobre a trama pra não dar spoilers, até cortei parte do que estava na sinopse do catálogo (apesar de desconfiar que NENHUM dos meus leitores vai ver este filme). Só digo que Antiporno faz umas brincadeiras bem legais com metalinguagem. Quando a trama começa a cansar, rola um plot twist bizarro e tudo muda de rumo.

Esses plot twists mudam completamente a personalidade das personagens principais, o que faz o trabalho das duas atrizes principais ficar muito mais complexo e interessante. Gostei muito das performances de Ami Tomite e Mariko Tsutsui. Aliás, segundo a wikipedia, Mariko Tsutsui tem 57 anos. Acho que nunca vi uma cinquentona tão bem conservada. Parabéns, sra. Mariko!

Não foi o melhor Sion Sono que já vi (Tokyo Tribe é imbatível!), mas me diverti. Que venha outro filme dele em um festival futuro.

Apocalipse Yakuza

Apocalipse-Yakuza-1Crítica – Apocalipse Yakuza

(Como vai ser quase impossível de se ver este filme fora de festivais, incluí um spoiler leve.)

Filme novo do Takashi Miike que mistura a Yakuza com vampiros. Olha lá outro daqueles filmes que só passam em festivais!

“Filme novo do Takashi Miike” é um conceito meio abstrato. O cara faz MUITOS filmes – o imdb do cara diz que ele dirigiu 99 filmes em 25 anos de carreira! Vi poucos, não sei inserir este Apocalipse Yakuza (Gokudou Daisensou, no original) na sua filmografia.

Porque, comparando com o cinema mundial, Apocalipse Yakuza é um filme beeem fora do padrão. O fato de misturar máfia com vampirismo é o de menos. Temos uma espécie de “Van Helsing” que só fala em inglês (todo o resto do elenco fala japonês), temos um Kappa (figura mística da cultura japonesa), e temos um elemento ainda mais bizarro do que tudo isso junto: um lutador que anda de bicicleta, vestido com uma fantasia de sapo muito, muito tosca! E que quando tira a fantasia, tem cabeça de sapo!!!

Apocalipse-Yakuza-2Sobre as lutas, reconheci o nome do Yayan Ruhian no elenco, o cara estava nos 3 filmes do Gareth Evans (The Raid). Ruhian é um exímio lutador de artes marciais. O “homem sapo” também luta bem. Aliás, na parte da violência, Takashi Miike sempre manda bem.

Agora, o roteiro é preguiçoso. Várias coisas são deixadas de lado, como, por exemplo, determinada hora vemos uma horda de vampiros que mais parecem zumbis, mas todos eles somem quando é conveniente para o roteiro.

Enfim, filme maluco. Mesmo, muito maluco. E tem gancho para uma continuação. Tenham medo! Tenham muito medo!

p.s.: Quem quiser conhecer um bom filme do Takashi Miike, recomendo Ichi The Killer. Bom, violento, e nada maluco.

Kiri: Profissão Assassino

KiriCrítica – Kiri: Profissão Assassino

Um site que promove leilões para contratos de assassinos de aluguel funciona sob uma determinada ética. Até que um dia, um assassino contratado por apenas um centavo quebra regras básicas, e agora as pessoas que trabalham para o site têm que descobrir quem é o novo assassino.

Às vezes patroa implica comigo porque vivo fuçando o imdb atrás de dados sobre os filmes que vejo. Este Kiri: Profissão Assassino (Kiri: Shokugyô Koroshiya, no original) apareceu no Festival do Rio, com muito pouca informação sobre ele. Fui ver, o diretor Koichi Sakamoto tem vááários filmes dos Power Rangers no currículo. Viu só? Assim dá pra gente saber o que esperar do filme desconhecido…

Kiri: Profissão Assassino é uma divertida bobagem. Curtinho (77 minutos!), traz diversas lutas bem coreografadas, protagonizadas por belas japonesas – isso sim, algo difícil de se ver. A história é besta, mas o filme passa tão rápido que nem incomoda.

Enfim, nada demais, mas pelo menos me diverti durante a projeção. E esse é daqueles que NUNCA mais vou ter chance de ver…

Ah, não tem nada de pessoas que vestem uniformes coloridos para lutarem juntos…

p.s.: O filme é tão underground que não achei um poster no google imagens!

Paz & Amor

Love_&_PeaceCrítica – Paz e Amor

Um músico frustrado que sofre bullying por seus colegas de trabalho compra uma tartaruga, mas acaba se desfazendo dela, e se arrepende por isso. Mas sua tartaruga cresce e aprende a cantar.

No Festival do Rio do ano passado, uma das melhores surpresas foi Gangues de Tokyo, um musical hip hop em japonês. Claro que guardei o nome do diretor, Sion Sono. E claro que, quando li seu nome na programação deste ano, nem pensei duas vezes e garanti o meu ingresso.

Paz & Amor (Love and Peace em inglês) é divertidíssimo, apesar de ser um dos mais estranhos da programação deste ano. E por este motivo, não é um filme recomendado pra qualquer um, tem que ter a cabeça aberta para ver algo completamente fora da curva. Temos atuações à beira da caricatura (algo comum no cinema japonês), criaturas animadas toscamente e uma tartaruga gigante que parece o Baby da Silva Sauro.

Explicando melhor: existe uma trama paralela (que traz um belo plot twist, diga-se de passagem) onde temos brinquedos quebrados e animais abandonados que falam. E, em vez de serem animatronics ou cgi, são marionetes toscas! E a tartaruga, quando cresce, com grandes olhos e voz fina, lembra muito o personagem caçula da família Dinossauro.

Agora, mesmo com toda a tosqueira, a produção é muito bem feita. Temos grandes shows de música, e cenas bem feitas de destruição no fim. Falta de dinheiro não era um problema, a tosqueira deve ter sido uma opção da produção.

Agora aguardemos o festival de 2016, onde vou direto na programação procurar se tem algo novo do Sion Sono. E enquanto isso, passei o dia cantarolando a música tema do filme – impossível não sair do cinema com a música na cabeça!

p.s.: No trailer que tem no youtube tem a música, mas não aparece a tartaruga…

Gangues de Tóquio / Tokyo Tribe

tokyotribe

Crítica – Gangues de Tóquio / Tokyo Tribe

Começou o Festival do Rio! Como fiz nos anos anteriores, vou focar no lado mais underground do Festival. Então, preparem-se para, nos próximos dias, ler sobre alguns filmes que ninguém ouviu falar!

Que tal começarmos com um filme de brigas de gangues da yakuza? Mas… Brigas cantadas – em hip hop – e em japonês!

Adaptação do mangá Tokyo Tribe, de Santa Inoue. Em uma Tóquio futurista, a cidade é composta por favelas, guetos e boates, além de ruas dominadas por jovens rebeldes. A cidade é dividida entre várias gangues, que vivem em uma relativa paz – que será em breve colocada de lado.

Tive a sorte de ver no Festival do Rio de 2013 Por Que Você Não Vai Brincar no Inferno, filme anterior do diretor Sion Sono. Ou seja, heu já tinha ideia do que iria encontrar. E mesmo assim, me surpreendi!

Tokyo Tribe é um dos filmes mais malucos que heu já vi – e olha que já vi muito filme maluco. É uma mistura de musical, ação, comédia e trash, com muita violência gráfica, boa dose de nudez e muitas referências à cultura pop (como Laranja MecânicaKill Bill), repleto de sequências absurdas e de personagens muito, muito bizarros.

Admito que não dou bola pra rap e hip hop. Mas reconheço que a narrativa ficou bem legal – a maior parte dos diálogos são “cantados”, tudo funciona como uma colagem de videoclipes. Sono consegue criar vários planos-sequência inspirados, no meio de várias brigas bem coreografadas. E o fato de Tokyo Tribe ter uma excelente coleção de personagens estranhos ajuda ainda mais no clima esquisitão do filme – o diretor escalou rappers reais, tatuadores e dublês para os papéis principais.

Tokyo Tribe tem menos gore que Por Que Você Não Vai Brincar no Inferno, mas tem uma boa quantidade de sangue fake. Os japoneses são exagerados, e a violência segue esse estilo exagerado, tornando o filme uma comédia – não sei se proposital ou não. O cinema inteiro gargalhava!

Pena que o roteiro é cheio de furos básicos – tipo, que fim levaram os dois lutadores enviados para ajudar? Além disso, tem coisa desnecessária, como aquele tanque de guerra num dos cgis mais mal feitos que vi nos últimos tempos – e o tanque é deixado de lado logo depois, ou seja, era melhor nem ter aparecido.

Tokyo Tribe tem outro problema, mas não é culpa do filme. É que tem MUITA legenda, e, pelo formato do festival, as legendas ficam fora do filme, embaixo da tela. Fica difícil acompanhar o rap em japonês…

Enfim, não é pra qualquer um. Mas quem curte algo “fora da caixa” vai se divertir!