Burke And Hare

Burke And Hare

Quando heu soube de uma nova comédia de humor negro, dirigida por John Landis e estrelada por Simon Pegg e Andy Serkis, pensei “pára* tudo, preciso baixar este filme!”

Edimburgo, Escócia, início do sec 19. Os amigos William Burke (Simon Pegg) e William Hare (Andy Serkis) descobrem um  novo meio de ganhar dinheiro: vender cadáveres para a universidade de medicina. O problema é que nem sempre o cadáveres estavam mortos antes de encontrar a dupla…

Ok, mas… não devemos ver Burke And Hare com expectativas elevadas. O filme é divertido, mas não é nada demais…

Heu não sabia disso, só descobri depois: a história é real, Burke e Hare realmente existiram e mataram um monte de gente. Por isso esta história era difícil de ser contada: mostrar com humor dois assassinos reais!

O elenco está muito bom. Sou fã do Simon Pegg, desde Todo Mundo Quase Morto vejo tudo o que ele faz. Andy Serkis, mais conhecido como “o cara que estava debaixo do equipamento que fez a marcação digital do Gollum” na trilogia O Senhor dos Aneis, é um comediante de primeira linha, e tem uma ótima química com Pegg. E o elenco ainda traz Tim Curry, Tom Wilkinson, Isla Fisher, uma ponta de Christopher Lee, e a família do diretor Costa-Gavras posando para uma foto. E, como se não bastasse, Jenny Agutter e John Woodvine voltam a trabalhar com Landis quase 30 anos depois de Um Lobisomem Americano Em Londres. Quer ainda mais? Tem uma ponta de Ray Harryhausen, o maior nome da história dos efeitos especiais em stop motion.

John Landis é um grande diretor, com um grande currículo. Ele fez vários filmes clássicos, como Irmãos Cara de Pau e Um Lobisomem Americano Em Londres. Também fez algumas coisas desnecessárias, como Um Tira da Pesada 3… Este Burke And Hare, feito 12 anos depois de seu último filme para cinema (Susan’s Plan) não é um dos seus melhores, mas está longe dos seus piores.

Para os apreciadores de um bom humor negro!

* Sei que o “para” do verbo “parar” perdeu o acento. Mas “para tudo”, além de ser ambíguo, não tem a mesma força que “pára tudo!”
😉

Crimewave – Dois Herois Bem Trapalhões

Crimewave – Dois Herois Bem Trapalhões

Às vezes acho que tem uns filmes que só heu conheço e mais ninguém no mundo. Crimewave – Dois Herois Bem Trapalhões, comédia que o Sam Raimi fez em 1985, logo após o primeiro Evil Dead, é assim. Vi no cinema, numa sessão única numa maratona diurna do Estação Botafogo, e tempos depois comprei o vhs original. Detalhe: não conheço mais ninguém que viu este filme!

Claro que Crimewave não foi lançado em dvd no Brasil. Achei num site americano e encomendei um pra mim. O dvd é chinês! E olha que estamos falando de um filme dirigido por Sam Raimi e com roteiro dos irmãos Coen!

Esta estranha comédia de humor negro conta história de Vic, um típico loser que está prestes a ir para a caderia elétrica por um crime que não cometeu. Ele conta em flashbacks a sua história bizarra, envolvendo personagens ainda mais bizarros.

Mas o mais importante aqui não é a história, e sim como ela é contada. Crimewave – Dois Herois Bem Trapalhões tem cara de desenho animado! O humor negro, o estilo caricato dos personagens, tudo aqui lembra aqueles desenhos antigos como Tom & Jerry e Pica Pau.

Claro que este filme não é para qualquer um. Precisa estar no clima de ver um filme com atores de carne e osso, mas com humor de desenho animado. Mas, no clima certo, Crimewave – Dois Herois Bem Trapalhões é divertidíssimo!

O elenco está todo propositalmente caricato – já viu desenho animado neste estilo com personagens “reais”? No elenco principal, nenhum nome de ponta. Bruce Campbell, claro, faz um papel canastrão, e Brion James, que fizera Blade Runner três anos antes, é um dos assassinos. Mas, entre as participações especiais, dá pra gente ver os roteiristas Joel e Ethan Coen como dois repórteres, e Frances McDormand é uma das freiras mudas.

Por fim, preciso falar que o nome em português é uma das piores traduções da história do cinema. Brasileiro. Como assim, “dois herois”??? Só tem um! Ou será que o título se refere aos dois vilões? Tudo bem que “Onda de Crimes” não é o melhor dos nomes, mas pelo menos é coerente com a trama…

p.s.: A capa do dvd que comprei é tão horrorosa quanto o título em português.Também não tem nada a ver com o filme! Olhem aqui embaixo:

Zombies Of Mass Destruction

Zombies Of Mass Destruction

Mais um filme de zumbis…

A trama é o de sempre. Uma epidemia de zumbis acontece numa ilha, e o resto todo mundo já viu. O que este Zombies Of Mass Destruction tenta ter de diferente é que cria uma suspeita de atentado terrorista e tem uma árabe (no caso, iraniana) como personagem principal. Mas a suspeita não é confirmada – afinal, como é que terroristas conseguiriam criar zumbis? Então este detalhe pode ser ignorado.

O que tem de legal aqui são uma duas ou três boas piadas de humor negro ao longo da trama (gostei do cara sendo atacado no carro e da menininha atropelada). Os efeitos especiais também são simples porém eficientes. Mas, no geral, é “mais do mesmo”…

Enfim, somente indicado aos que curtem filmes de zumbis.

Sexykilller – Morirás por Ella

Sexykilller – Morirás por Ella

Divertido filme espanhol satirizando terror slasher. Bárbara é uma estudante universitária de medicina e ao mesmo tempo uma fria assassina serial!

Dirigido em 2008 por Paco Cabezas, Sexykiller é uma paródia, mas não uma paródia do mesmo estilo da franquia Scary Movie, que copiava alguns filmes específicos – coisa que foi feita no também espanhol Spanish Movie. Sexykiller até cita alguns filmes hollywoodianos, mas é uma história independente.

A exagerada e um pouco caricata Macarena Gómez é uma das melhores coisas do filme. Bonitinha, meio esquisitinha, sua Bárbara tem um gosto horroroso e kitsch para roupas e acessórios, lembra muito o Almodóvar antes do sucesso.

O roteiro traz boas sacadas, e ainda rolam zumbis no fim do filme! Boa opção para quem curte humor negro!

Eles Matam, Nós Limpamos

elesmatam

Eles Matam, Nós Limpamos

Esta comédia de humor negro nunca foi lançada por aqui em dvd. Heu até tinha o vhs original, mas nem sei que fim levou… Quando achei um site gringo que enviava ao Brasil, encomendei logo!

A colombiana Gabriela (Angela Jones) é obcecada pela morte e por isso consegue um emprego numa firma especializada em limpar cenas de crimes. Ela exulta ao chegar na cena do crime de um famoso serial killer (William Baldwin).

O filme, escrito e dirigido por Reb Braddock em 1996 (aliás, é seu único longa, antes disso fez apenas um curta com a mesma história!), é simples e curto (menos de uma hora e meia), e muito legal.

O casal protagonista é interessante. Angela Jones interpretou um papel praticamente igual em Pulp Fiction, a motorista e táxi igualmente obcecada por mortes. Seu par, um dos irmãos Baldwin, é canastrão como toda a família, mas funciona prefeitamente para o que o filme pede.

Falando na família Baldwin, tirando o mais famoso, Alec, hoje estrela da série 30 Rock, os outros irmãos andam sumidos ultimamente. Mas nos anos 90, tinha um monte de filmes com os dois já citados e também com Stephen e Daniel Baldwin.

E não podemos nos esquecer do genial curta Tarantino’s Mind, que cita a ligação entre os este filme e Pulp Fiction, considerando a personagem de Angela a mesma, só que com nomes e empregos diferentes.

Aliás, falando em Tarantino, que é produtor executivo aqui, no meio do filme rola uma citação genial: Kelly Preston aparece no mesmo papel de jornalista que ela fez em Um Drink Para o Inferno, e cita os irmãos Gecko!

Enfim, uma boa diversão para os fãs de humor negro.

Zombieland

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Zombieland

Heu já estava pilhado para ver este filme, só pelo simples fato de ser uma comédia de humor negro sobre zumbis. Aí um amigo meu falou de uma versão maomeno que estava rolando pela internet. Não resisti e baixei. E não me arrependi!

A trama do longa de estreia de Ruben Fleischer traz todos os clichês de filmes de zumbi, e faz piada com todos eles. Nos EUA devastados por uma epidemia de zumbis, poucos sobreviventes tentam continuar vivos enquanto procuram um lugar seguro para ficar.

A ideia parece meio trash, não? Mas a produção do filme não segue este caminho. A produção é boa, temos algumas belíssimas cenas em câmera lenta, lembra um pouco o visual de 300. Sabe aquelas batalhas em câmera lenta? Agora imagine cenas semelhantes, só que mostrando ataques de zumbis!

Outro detalhe interessante são as “regras de sobrevivência”, do personagem Columbus, mostradas na tela como se fossem letras em 3D. Muito legal!

Woody Harrelson lidera o pequeno elenco, de só quatro personagens – todos eles com nomes de cidades americanas. Os outros nomes são Jesse Eisenberg, Emma Stone e Abigail Breslin (a menininha de Pequena Miss Sunshine e Três Vezes Amor). E uma participação especial genial de Bill Murray, interpretando ele mesmo.

Claro que algumas das situações mostradas no filme são absurdas. Quem iria andar numa montanha russa enquanto atira em zumbis? Mas, se você não quiser ver situações absurdas, ora, por que diabos resolveu ver uma comédia de humor negro com zumbis? 😛

Desde já, podemos colocar Zombieland ao lado de outras boas comédias recentes semelhantes, como Fido – O Mascote e Todo Mundo Quase Morto.

Morgue Story – Sangue, Baiacu e Quadrinhos

Morgue Story

Morgue Story – Sangue, Baiacu e Quadrinhos

Voltemos ao Festival do Rio!

Quando li sobre um filme nacional misturando quadrinhos, zumbis e catalepsia, tudo isso dentro de um necrotério, já fiquei interessado. Aí, vi que eram pouquíssimas as sessões. Corri para vê-lo logo; esse não sei quando terei outra chance para assistir.

A trama gira em torno de três personagens: Ana Argento (Mariana Zanette), uma quadrinista underground com problemas de relacionamento (criadora do Oswald, o morto-vivo); Tom (Anderson Faganello), um cataléptico vendedor de seguros de vida; e Dr. Daniel Torres (Leandro Daniel Colombo), um pervertido médico legista, fanático religioso, maníaco sexual e psicopata.

Morgue Story, na verdade,  é a versão cinematográfica de uma peça de teatro, do mesmo diretor Paulo Biscaia Filho. Taí, fiquei curioso para ver a peça. Se um dia vier ao Rio, quero assistir.

Aparentemente, os atores (desconhecidos por aqui) são os mesmos da peça, o que traz uma boa química entre eles. Leandro Daniel Colombo está hilário! Seu personagem envenena mulheres com uma poção vodu  para criar zumbis – que trouxe do Haiti – usando o veneno do peixe baiacu.  E, depois, quando as mulheres vão parar no seu necrotério, aproveita para estuprá-las.

A edição ágil é um dos pontos altos do filme. Alguns trechos, inclusive, têm uma linguagem bem quadrinística. Em outras cenas, diálogos são misturados com a trilha sonora, que é outro ponto alto, pontuando todas as cenas importantes. De quebra, o filme traz duas versões sensacionais de Wuthering Heights, da Kate Bush.

Morgue Story ainda é cheio de referências pop. Tem até um certificado de censura – como aqueles da época da ditadura – e créditos iniciais com riscos, como se fosse filme velho.

Pra terminar, vale lembrar que se trata de um filme trash. Um divertidíssimo e muito engraçado trash. Talvez o melhor  já feito no Brasil – preste atenção, os cadáveres respiram!

Ah, sim: fiquem até o final dos créditos!

Crime Ferpeito

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Crime Ferpeito

Já falei aqui que gosto muito de humor negro? Pena que temos tão poucas produções nessa onda. E considero esta modesta produção espanhola de 2004 uma das melhores comédias de humor negro dos últimos anos.

Rafael (Guillermo Toledo) é o melhor vendedor de uma grande loja de departamentos em Madri. Adorado pelas vendedoras, idolatrado pelos os colegas, ele leva uma vida em alto estilo e almeja o cargo de gerente do andar. Até que um acidente coloca Lourdes (Mónica Cervera), a mulher mais feia da loja, em ponto chantageá-lo…

O filme é muito engraçado. O roteiro, redondinho, mostra várias situações hilariantes às quais o nosso “heroi” é exposto. Se antes ele era o perfeito latin lover, ele passa a conviver com mentiras, situações constrangedoras, e até um fantasma!

Não foi a primeira vez que o genial diretor Álex de la Iglesia mostrou que tinha mão boa para este tipo de comédia. Me lembro de seu primeiro filme a chegar em terras tupiniquins, a ficção científica Ação Mutante, onde um grupo terrorista composto de pessoas deformadas age atacando academias de ginástica e qualquer coisa que faz parte do culto à beleza física (vi esse filme no cinema, sem legendas, e depois consegui comprar o vhs!). E seu filme seguinte, o terror O Dia da Besta, também tem seus momentos hilários, com um padre que quer se aproximar do mal.

E tem mais um pequeno detalhe muito interessante: o “ferpeito”, usado no título e em uma cena importante, foi inspirado no personagem de quadrinhos Obelix! Quem já leu Asterix sabe que quando Obelix fica bebado, ele fala “ferpeitamente”!

Enfim, boa pedida para quem curte um humor não ortodoxo!

Matador em Conflito

Matador em Conflito

Matador em Conflito

Divertida comédia de humor negro, Matador em Conflito (Grosse Pointe Blank no original) traz uma trama um tanto surreal: um assassino profissional é convidado para uma reunião de dez anos de formatura no colégio, em sua cidade natal. Já que tem um “trabalho” para fazer na cidade no mesmo fim de semana, resolve ir para lá e participar da reunião…

Dirigido por George Armitage em 1997, um dos méritos deste filme é o elenco. Encabeçado por um como sempre inspirado John Cusack, ainda temos Dan Aykroyd, Minnie Driver, Alan Arkin, Joan Cusack e, de quebra, Hank Azaria e Jeremy Piven em papéis menores. Aykroyd interpreta um  rival de Cusack, que quer convencê-lo a criar um sindicato de assassinos (!); Arkin, por sua vez, faz um psiquiatra apavorado porque descobriu que seu paciente mata outras pessoas como profissão.

Quer mais? A trilha sonora também é muito boa, só de hits dos anos 80 – afinal, temos uma reunião de formandos de 87!

O filme não é daqueles “imperdíveis”. Tá mais pra cult. Mesmo assim, é uma boa e despretensiosa diversão.

Matadores de Velhinha

matadores de velhinha

Matadores de Velhinha

O professor G. H. Dorr aluga um quarto numa casa e monta uma estranha gangue para executar um perfeito roubo a um cassino. Ele pensa em todos os detalhes, menos na proprietária da casa…

O que faz essa simples e despretensiosa comédia de humor negro ser tão divertida? Acredito que a resposta está nos personagens, bizarros e caricatos na medida certa. O que, aliás, é uma característica dos filmes dos irmãos Coen, vide o genial O Grande Lebowski

Quase todos os personagens aqui estão ótimos. Um Tom Hanks dentuço faz um professor Dorr perfeito, com suas frases pomposas e seu riso nervoso. Irma P. Hall também está ótima como a dona da casa, super religiosa, desconfiada e mal-humorada. J. K. Simmons (que também está em Queime Depois de Ler), Tzi Ma e Ryan Hurst estão no tom exato com seus personagens bizarros que copõem a gangue. O “quase” que escrevi lá em cima é porque talvez Marlon Wayans esteja um pouco “over”, com uma atuação mais com cara de Todo Mundo em Pânico do que algo feito pelos irmãos Coen…

Além do desfile de personagens legais, outros elementos do filme também têm a cara dos irmãos Coen, como o cenário no sul dos EUA, a ênfase na trilha sonora (desta vez usando a música gospel da igreja) e o roteiro com uma progressão de eventos tipicamente “coeniana”.

Esta é uma refilmagem de um filme homônimo, de 1955, estrelado por Alec Guiness. Não vi o original, então não posso compará-los, infelizmente…

Matadores de Velhinha não vai mudar a vida de ninguém. Mas pode ser uma boa diversão, principalmente para aqueles que gostam de humor negro!