Rubber

Rubber

Uma das sinopses do Festival chamou a minha atenção, um filme sobre “um pneu telepático em missão demoníaca”. Caramba, este é daqueles filmes que a gente PRECISA ver! 😛

A história é essa aí. Num deserto, um grupo de pessoas ganha binóculos para ver um “filme” – de longe, eles acompanham a saga do pneu que, sem nenhuma razão aparente, ganha vida e sai por aí como um serial killer.

Este “sem razão” é uma das ideias geniais que o filme escrito e dirigido por Quentin Dupieux traz. No início, rola uma introdução onde um personagem nos explica que em todos os filmes acontecem uma série de coisas “sem razão”. Por que o ET é marrom? “No reason”, ele explica. Por que não aparece ninguém indo ao banheiro em O Massacre da Serra Elétrica? “No reason”. Por que JFK é assassinado em JFK? “No reason”…

Ao longo do filme acontecem várias coisas “no reason”…

A história não faz o menor sentido! Mas não é um filme cabeça sem sentido, o tom é puxado pro nonsense – algumas cenas lembram os clássicos Zucker-Abrahams-Zucker (Apertem os Cintos O Piloto Sumiu, Top Secret). Alguns momentos são geniais, mas outros são bobos. Pena, há tempos que não aparece um bom nonsense por aí…

Outra coisa que rola no filme inteiro é a metalinguagem. Existe uma audiência assistindo o que está acontecendo, o roteiro explora bem esta situação.

Ah, os efeitos especiais… Ok, fazer um pneu andar não pede lá muitos cgis complicados. Mas poderia ser bem mais tosco, lembro que em Ataque dos Tomates Assassinos a gente vê defeitos técnicos algumas vezes. Mas aqui não, os efeitos do pneu são simples e eficientes. E ainda tem o gore, porque o nosso querido personagem de borracha gosta de explodir cabeças de quem passar pela frente. A quantidade de sangue na tela é boa!

Claro, alguns vão achar o filme ruim porque não é sério. HELLO! O filme fala de um PNEU SERIAL KILLER!!! Claro que não é sério!

Dispa-se dos preconceitos e divirta-se, porque Rubber é engraçado!

Copacabana

Copacabana

Babou (Isabelle Huppert) passou a vida ignorando as convenções sociais. Sua filha Esmeralda se envergonha da mãe e não pretende convidá-la para seu casamento. Sem o amor da filha e sem emprego, Babou aceita um trabalho em outra cidade, vendendo apartamentos no litoral em pleno inverno.

Copacabana é daquelas comédias leves e agradáveis, que não têm a pretensão de ser grandes filmes, apenas querem divertir.

Isabelle Huppert está ótima como a maluquinha Babou. Aliás, arrisco a dizer que ela é a melhor coisa do filme. O resto do elenco está ok, Huppert é que faz a diferença.

Ah, sim, o Brasil só é mencionado porque Babou gosta de música brasileira e quer viajar para cá. Não aparece nada do Brasil no filme, só umas fotos em agência de viagem e um grupo brega de demonstração de samba em cassinos. E a palavra “Copacabana” só aparece no título do filme… 😛

Zombies Of Mass Destruction

Zombies Of Mass Destruction

Mais um filme de zumbis…

A trama é o de sempre. Uma epidemia de zumbis acontece numa ilha, e o resto todo mundo já viu. O que este Zombies Of Mass Destruction tenta ter de diferente é que cria uma suspeita de atentado terrorista e tem uma árabe (no caso, iraniana) como personagem principal. Mas a suspeita não é confirmada – afinal, como é que terroristas conseguiriam criar zumbis? Então este detalhe pode ser ignorado.

O que tem de legal aqui são uma duas ou três boas piadas de humor negro ao longo da trama (gostei do cara sendo atacado no carro e da menininha atropelada). Os efeitos especiais também são simples porém eficientes. Mas, no geral, é “mais do mesmo”…

Enfim, somente indicado aos que curtem filmes de zumbis.

Sexykilller – Morirás por Ella

Sexykilller – Morirás por Ella

Divertido filme espanhol satirizando terror slasher. Bárbara é uma estudante universitária de medicina e ao mesmo tempo uma fria assassina serial!

Dirigido em 2008 por Paco Cabezas, Sexykiller é uma paródia, mas não uma paródia do mesmo estilo da franquia Scary Movie, que copiava alguns filmes específicos – coisa que foi feita no também espanhol Spanish Movie. Sexykiller até cita alguns filmes hollywoodianos, mas é uma história independente.

A exagerada e um pouco caricata Macarena Gómez é uma das melhores coisas do filme. Bonitinha, meio esquisitinha, sua Bárbara tem um gosto horroroso e kitsch para roupas e acessórios, lembra muito o Almodóvar antes do sucesso.

O roteiro traz boas sacadas, e ainda rolam zumbis no fim do filme! Boa opção para quem curte humor negro!

O Pirata da Barba Amarela

O Pirata da Barba Amarela

Depois de 20 anos preso, o pirata Yellowbeard foge para tentar pegar o seu tesouro escondido numa ilha. Atrás dele vão seu filho (que ele não conhecia), outros piratas e sua ex-mulher com a marinha inglesa.

Este filme quase entrou no meu Top 10 de elencos legais, que publiquei ontem. Pra começar, é um dos poucos filmes “não Monty Python” que reúne mais de dois ex membros do grupo inglês no elenco (Jabberwocky e Bandidos do Tempo também tinham três ex-Pythons, mas um deles basicamente só na direção). Aqui temos Graham Chapman (no papel principal), Eric Idle e John Cleese. Peter Boyle, Madeline Kahn e Marty Feldman, figurinhas fáceis em comédias na época (os três estiveram juntos em O Jovem Frankenstein, de Mel Brooks) também estão ótimos – principalmente Feldman. Cheech Marin e Thomas Chong, que fizeram várias comédias ligadas à maconha, também estão lá como espanhóis. Além deles, o elenco ainda conta com Peter Cook, Kenneth Mars, e uma ponta de David Bowie como um tubarão(!).

Apesar do excelente elenco, o filme é meio bobo. Uma piada boa aqui, outra ali, mas, no geral, o humor tem cara de sessão da tarde…

Curiosidade: quando passou na tv a cabo, o filme foi chamado de O Incrível Barba Amarela. Ah, esses distribuidores brasileiros que mudam os nomes dos filmes – Bandidos do Tempo também teve dois nomes por aqui…

O Pequeno Nicolau


O Pequeno Nicolau

Anos 50. Nicolau é um menino feliz. Amado pelos pais, tem um monte de amigos na escola. Até que alguns acontecimentos o levam a acreditar que seus pais lhe darão um irmãozinho, e que isso atrapalhará a sua vida.

Simpático filme francês em cartaz nos cinemas cariocas, O Pequeno Nicolau é baseado numa obra de 1959, do ilustrador Jean-Jacques Sempé e do escritor René Goscinny – sim, ele mesmo, co-criador do Asterix (ao lado de Albert Uderzo).

Não conheço o original. Mas o roteiro baseado nele, escrito por Laurent Tirard (também diretor), Grégoire Vigneron e Alain Chabat, é muito bom. É uma comédia leve, cheia de personagens bem construídos e cenas bem escritas, com várias sacadas bem legais. As peripécias do menino Nicolau e seus colegas da escola são muito divertidas!

O elenco é um dos trunfos do filme. Principamente o elenco infantil. São vários garotos, cada um com sua personalidade distinta, e todos estão muito bem.

Outra coisa que muito legal são os créditos iniciais do filme, imitando um livro infantil. Simples e bem feitos, como, aliás, o filme em si.

O Pequeno Nicolau não é um filme essencial, não vai mudar a vida de ninguém. Mas a sua leveza e sua simplicidade o tornam uma opção melhor do que boa parte dos filmes em cartaz.

A Ressaca / Hot Tub Time Machine

A Ressaca/ Hot Tub Time Machine

Três amigos, mais o sobrinho de um deles, vão para um resort de esqui onde passaram bons momentos nos anos 80. Inexplicavelmente, depois de uma noite numa jacuzzi, eles vão parar em 1986. E agora eles têm que refazer as mesmas coisas que fizeram na época e descobrir um jeito de voltar para o presente.

A ideia do filme é muito boa. Rever o que fizemos errado, e ter uma nova chance para consertar. Mas achei a trama mal desenvolvida. Em vez de explorar a situação da “volta aos anos 80”, parece que o foco principal do filme são as brigas adolescentes dos protagonistas quarentões.

Problema semelhante acontece com as piadas. As melhores piadas são relativas à década de 80 (como a pergunta para se saber em que ano eles estão: “qual é a cor do Michael Jackson?”). Mas o roteiro insiste em piadas escatológicas, cada uma mais sem graça que a outra…

O elenco principal é formado pelo quarteto John Cusack, Rob Corddry, Craig Robinson e Clark Duke. Mas o melhor do elenco está em dois papéis menores. Chevy Chase é o misterioso técnico da banheira, enquanto Crispin Glover, especialista em fazer “esquisitões”, tem uma participação hilariante.

A Ressaca nem é ruim, quem estiver inspirado pode dar algumas boas risadas. Mas, no fim, fica aquela sensação de que poderia ter sido bem melhor!

P.s.: Ah, os títulos brasileiros! “A Ressaca” (The Hangover) aqui ganhou o título Se Beber Não Case; enquanto “A Banheira Máquina do Tempo” (Hot Tub Time Machine) aqui virou A Ressaca. É mole?

Os Vampiros Que Se Mordam

Os Vampiros Que Se Mordam

Mais uma paródia criada pela dupla Jason Friedberg e Aaron Seltzer. Desta vez, a “vítima” é a saga Crepúsculo. E a pergunta é: vale a pena?

Friedberg e Seltzer são famosos pela baixa qualidade das piadas de suas paródias. Ambos escreveram e dirigiram Uma Comédia Nada Romântica, Deu a Louca em Hollywood, Os Espartalhões e Super-Heróis – A Liga da Injustiça. Lembro que paguei ingresso para ver Deu a Louca em Hollywood no cinema, e não ri nenhuma vez ao longo do filme!

Mas, admito, sou bobo, e gosto do estilo nonsense. Por isso dei uma chance para Os Vampiros Que Se Mordam (Vampires Suck, no original). Bem, o filme não é lá grandes coisas, mas pelo menos tem algumas piadas engraçadinhas…

Uma coisa que funcionou aqui foi o foco. Diferente dos outros filmes, que parodiavam vários filmes ao mesmo tempo, Os Vampiros Que Se Mordam se baseia basicamente nos dois primeiros filmes da saga Crepúsculo. Isso ajudou o desenvolvimento da trama, que não ficou fragmentada como nos outros títulos.

É difícil falar dos atores quando o estilo propositalmente pede caricaturas. Mas a atriz Jenn Proske, em seu primeiro papel, impressiona ao copiar todos os maneirismos e cacoetes da Bella de Kristen Stewart. E olha que elas nem são parecidas fisicamente!

Ainda assim, Os Vampiros Que Se Mordam não é bom. Ser melhor que os antecessores não é currículo, os outros filmes são muito ruins! Pelo menos é curto, o filme tem menos de uma hora e vinte…

Não sei se Os Vampiros Que Se Mordam será lançado no circuito – talvez seja, devido ao sucesso dos filmes originais. Mas só recomendo aos fãs radicais do estilo. Se você não é um destes, reveja Apertem os Cintos o Piloto Sumiu ou Top Secret, será um investimento melhor de tempo e dinheiro.

p.s.: Não achei nenhuma imagem do filme em português nem em inglês. Desculpem pelo poster em alemão!

Os Caça-Fantasmas

Os Caça-Fantasmas

Mais um clássico dos anos 80 revisto aqui no blog!

Despejados do departamento de parapsicologia da universidade onde trabalhavam, três cientistas resolvem inovar e criar um novo negócio: uma firma de caçadores de fantasmas. Coincidentemente, uma antiga entidade está prestes a invadir Nova York.

Os Caça-Fantasmas foi um grande sucesso nos anos 80. Uma rara mistura entre comédia e terror, que é assustador onde pede para ser, mas nunca deixa de ser engraçado – e isso tudo sem nunca cair no trash.

Os Caça-Fantasmas foi dirigido por Ivan Reitman, que foi um grande nome nos 80 e nos 90, com títulos como as três comédias de Arnold Schwarzenegger (Irmãos Gêmeos, Um Tira no Jardim de Infância e Júnior) no currículo. Hoje ele anda devagar, parece que deixou a profissão para o filho, Jason Reitman, de Juno e Amor Sem Escalas.

O elenco é muito bom. Bill Murray, Dan Aykroyd e Harold Ramis (os dois últimos também escreveram o roteiro), afiadíssimos, fazem o trio inicial de caça-fantasmas; Rick Moranis repete o papel de “looser” que o tornou famoso nos anos 80; e Sigourney Weaver e Annie Pots têm os papéis principais femininos. A bola fora, na minha humilde opinião, é Ernie Hudson como o quarto caça-fantasma. Sei lá, achei forçado, parece que sentiram necessidadede um ator negro no elenco. Me parece que Hudson está deslocado…

Os efeitos especiais traziam o melhor da tecnologia da época. Hoje, quase 25 anos depois, alguns ainda funcionam, outros “perderam a validade”. Mas nada que atrapalhe o filme, que ainda flui normalmente.

Também é preciso falar da trilha sonora. O tema GhostBusters, de Ray Parker Jr, foi um grande sucesso na época. “Who you gonna call? Ghostbusters!”

Cinco anos depois, o diretor e quase todo o elenco voltaram para uma continuação. E ainda rolou um desenho animado depois. E agora rolam boatos de uma terceira parte para 2012!

E agora fica a dúvida: Os Caça-Fantasmas “sobreviveu” ao tempo? Afinal, o filme é de 1984!

Claro que ainda funciona! Vi com minha filha de 9 anos. Tem algumas cenas com conotação sexual, mesmo assim, pode ser uma boa diversão para toda a família!

Not The Messiah – Ao Vivo em Londres

Not The Messiah – Ao Vivo em Londres

Levei um susto quando vi num anúncio de site de dvds algo que parecia ser um novo filme do Monty Python. Corri e comprei para ver do que se tratava.

Na verdade, Not The Messiah não é um filme. É o registro de um espetáculo que aconteceu ano passado, na comemoração de 40 anos do grupo de humor inglês Monty Python. Um grande concerto no Royal Albert Hall, em Londres, com orquestra e coro, e várias participações especiais.

O espetáculo é uma versão musical do filme A Vida de Brian. Pra quem não viu o filme: Brian nasceu na manjedoura ao lado de Jesus Cristo e é confundido com Este ao longo de toda a sua vida – inclusive morre crucificado no fim. Tudo isso, claro, com o humor ácido e nonsense do genial e anárquico grupo inglês.

Claro que este Not The Messiah não é tão engraçado, afinal, e um musical e não uma comédia. E quase todas as piadas aqui são tiradas dos filmes. Sim, como homenagem é muito legal. Mas não espere piadas novas!

Mais legal que as homenagens são as participações especiais. Quatro dos cinco ex-Pythons vivos estão presentes (Graham Chapman morreu em 1989). Eric Idle é o principal narrador e está no palco quase o tempo todo; Michael Palin faz alguns papéis; Terry Jones canta uma música; e Terry Gilliam faz uma curta e engraçadíssima ponta. E ainda tem espaço para Carol Cleveland e Neil Innes, coadjuvantes em vários momentos da carreira do grupo.

(Me pergunto onde estava John Cleese, logo o ex-Python com a mais prolífica carreira como ator. Segundo o imdb, ele está envolvido em dois filmes no momento. Será que não dava pra voltar pra Londres por uma noite pra participar do show? Ou será que ele brigou com os outros?)

Os quatro solistas, William Ferguson, Shannon Mercer, Rosalind Plowright e Christopher Purves, são excelentes cantores, mas, como comediantes, deixam a desejar. Já a orquestra, regida por John Du Prez, traz várias inovações criativas e bem-humoradas, como acessórios usados pelo coro, ou então instrumentos não usuais em uma orquestra, como gaitas de foles ou o “momento mariachi”.

Me parece que a maior parte das músicas é inédita. Mas ainda tem espaço para clássicos “pythonianos” como “Always Look At The Bright Side Of Life” e “Lumberjack Song”.

Not The Messiah não é para todos, acho que só os fãs de Monty Python vão curtir. Para quem ainda não conhece, veja primeiro o filme A Vida de Brian!