RIPD 2

Crítica – R.I.P.D.2

Sinopse (imdb): Situado no oeste americano de 1876, R.I.P.D.2: Rise of the Damed é uma sequência de R.I.P.D. de 2013. O xerife Roy Pulsipher não está muito feliz por se encontrar morto após um tiroteio com uma notória gangue fora da lei, mas ele tem uma segunda chance de retornar à Terra depois de ser recrutado pelo R.I.P.D. (Departamento Descanse em Paz.). Mas vingar seu próprio assassinato pode ter que ficar em segundo plano para salvar o mundo quando um portal para o inferno é aberto na antiga cidade mineira de Red Creek, ameaçando não apenas os habitantes locais… mas toda a própria humanidade.

Em 2013 foi lançado o primeiro RIPD, que parecia uma versão de MIB mas com fantasmas no lugar de alienígenas. Heu achei o filme bem divertido na época, mas ele flopou nas bilheterias, e parecia que a franquia estava morta (sem trocadilhos). Aí do nada aparece esta continuação, sem ninguém conhecido no elenco. Bora ver qualé.

Primeiro uma boa notícia pra quem não viu o primeiro ou viu só na época mas não se lembra: essa história é completamente independente daquela. Tem até uma cena explicando como as coisas funcionam no tal Departamento. Ou seja, não precisa (re)ver o primeiro.

O problema é que o filme dirigido pelo pouco conhecido Paul Leyden é genérico demais. A gente já viu dezenas de filmes iguais. Não tem nada que nos conecte aos mocinhos Roy e Jeanne, e o plano do vilão é rocambolesco e não faz o menor sentido. Acho que a única coisa que me surpreendeu foi uma revelação sobre a personagem Jeanne que acontece perto do fim.

Os efeitos especiais seguem a linha do “genérico para produção de baixo orçamento”. E a sequência final com o plano rocambolesco é péssima, nada faz sentido – e num cenário desses, efeitos especiais genéricos ficam em evidência.

Teve uma coisa que não funcionou. Quando um vivo vê um agente do RIPD, vê uma pessoa diferente, que seria o seu avatar (isso já acontecia no primeiro filme). Roy, homem branco, é visto como se fosse uma mulher negra. Aliás, Jeanne também, são duas mulheres negras. A princípio achei forçado por ser uma história no velho oeste, mas existe uma justificativa dentro do filme – se a justificativa é boa ou não, aí é com cada um, mas existe uma justificativa. Mas aí vem o meu problema com isso: faltou direção de atores. Se dois atores vão interpretar o mesmo papel, eles precisam atuar como se fossem a mesma pessoa. E não teve nada que me indicasse que fosse assim. Só pra dar um exemplo: acabou o filme, vejo as duas mulheres negras e não sei quem é o Roy e quem é a Jeanne. E vou além: o diretor podia ter colocado algumas gags aproveitando uma mulher no corpo de um homem.

O elenco do primeiro filme tinha Jeff Bridges, Ryan Reynolds, Kevin Bacon e Mary Louise Parker. Já nesta continuação, a única pessoa que heu já conhecia era o vilão Richard Brake (que esteve aqui no heuvi recentemente, em The Munsters e Barbarian). O elenco não é bom, mas serve para o que filme precisa: Jeffrey Donovan, Penelope Mitchell, Rachel Adedeji, Evlyne Oyedokun e Jake Choi.

No fim, fica aquele gostinho de Sessão da Tarde. Você pode até se divertir, mas vai esquecer do filme algumas horas depois.

A Balada de Buster Scruggs

Crítica – A Balada de Buster Scruggs

Sinopse (imdb): Um filme de antologia que compreende seis histórias, cada uma tratando de um aspecto diferente da vida no Velho Oeste.

De repente, descubro que tem um irmãos Coen novo sendo lançado direto pelo Netflix. Opa, o fim do ano passado foi muito melhor que todo o primeiro semestre. Depois de Roma e Bird Box, vamos de A Balada de Buster Scruggs (The Ballad of Buster Scruggs, no original), um “legítimo irmãos Coen”: personagens estranhos, humor negro e situações com moral duvidosa.

São seis histórias curtas, todas passadas no velho oeste. E aí reside o problema comum de quase todo filme em episódios: a irregularidade. Na minha humilde opinião, os dois primeiros são excelentes, os dois seguintes são bons, e os dois últimos são os mais fracos.

Adorei a primeira história, com o pistoleiro cantor. Tim Blake Nelson está ótimo, a violência e o humor negro são muito bem colocados, e as músicas são tão boas que fiquei cantarolando dias depois. A segunda história, com o James Franco ladrão de bancos, também é boa, mas não tem um bom final.

A terceira, com Liam Neeson, é mais dark; a quarta traz Tom Waits nos ensinando como se acha um veio de ouro. A quinta tem bons momentos, mas achei longa demais; a sexta tem tanto falatório que cansa.

Como o filme tem duas horas e treze, acho que podiam ter cortado as duas últimas, e mudado a ordem. A Balada de Buster Scruggs seria melhor se fosse 1, 3, 4 e 2. Mas esse seria o “Helvecio’s cut”. Vou mandar um zap pros Coen e sugerir isso…

Sete Homens e um Destino

Sete Homens e um DestinoCrítica – Sete Homens e um Destino

No velho oeste, sete pistoleiros se juntam para defender uma vila ameaçada por um cruel milionário, interessado nas terras.

Na verdade, esta é uma refilmagem de uma refilmagem (um inception de refilmagens?). O Sete Homens e um Destino de 1960 é uma refilmagem de Os Sete Samurais, dirigido por Akira Kurosawa em 1954. Nunca vi o original japonês, mas início do ano, vi a versão americana, como preparação para um podcast sobre filmes de faroeste. Na verdade, existem outras releituras, incluindo uma série de tv (há quem diga que Vida de Inseto seria mais uma versão). Agora chegou a vez de mais uma super produção. Vamos a ela?

Sete Homens e um Destino realmente pedia uma refilmagem. Pela época que foi feito, tudo era muito limpo, todos os moradores da cidade usavam roupas brancas para mostrar que eram puros e inocentes. Isso funcionava na década de 60, mas hoje ficou datado demais.

A direção ficou com Antoine Fuqua, que já tinha trabalhado com Denzel Washington e Ethan Hawke em Dia de Treinamento (filme que deu um Oscar para Denzel e uma indicação para Ethan). Fuqua faz um bom trabalho, apresentando um faroeste à moda antiga – diferente do outro grande faroeste do ano, Oito Odiados, que é mais Tarantino do que western. Sete Homens e um Destino é um épico, com uma belíssima fotografia, uma trilha sonora marcante e um monte de clichês do cinema bangue-bangue – da clássica cena no saloon quando um forasteiro chega, a revólveres rodopiando antes de voltarem pro coldre.

Um dos pontos fortes deste Sete Homens e um Destino está no roteiro, que consegue um bom equilíbrio entre os 8 personagens – os 7 mais a “mocinha”. Claro, temos os protagonistas interpretados por Denzel Washington e Chris Pratt, mas todos os outros têm seu espaço e sua importância, ninguém está sobrando. Ethan Hawke (Gattaca), Vincent D’Onofrio (Demolidor), Byung-hun Lee (GI Joe), Manuel Garcia-Rulfo e Martin Sensmeier completam o time; além deles, temos Haley Bennett (Hardcore Henry) e Peter Sarsgaard (A Órfã).

Sobre o elenco, gostei muito do personagem de Pratt, que faz uma versão cowboy do seu Starlord, uma espécie de galã malandro e engraçadinho, cheio de frases de efeito. Ethan Hawke também está muito bem com o seu veterano traumatizado. Mas se alguém merece destaque, é Vincent D’Onofrio, muito diferente do seu recente Rei do Crime na série Demolidor. Até a voz do cara é outra!

Ainda sobre o elenco, é interessante notar uma diversidade muito maior, mais condizente com os dias de hoje. Dos sete, apenas três são brancos – o grupo tem um negro, um índio, um mexicano e um oriental. A protagonista feminina também está atual: uma mulher forte e determinada, como a gente tem visto no cinema contemporâneo.

Sobre a trilha sonora: nem todos sabem, mas o tema do filme de 60 é um dos mais marcantes entre todos os faroestes – foi também usado na propaganda do cigarro Marlboro. Aqui o tema clássico só aparece quando o filme acaba, mas temos citações a ele durante toda a projeção. Claro, a trilha nova não vai substituir a clássica, mas serve como um bom complemento.

Agora, a inevitável comparação. Uma coisa me incomodava muito no primeiro filme: certo momento do filme os sete mocinhos são rendidos e o vilão devolve suas armas e os manda embora, porque aquela luta não é deles. Mas eles voltam e atacam novamente, e então triunfam. Ou seja, sob certo ponto de vista, o vilão foi digno e os mocinhos, traidores. Isso não acontece no filme novo!

Por outro lado, no filme original fica mais clara a motivação dos sete para ajudar a vila a se defender. Eles tinham pouco dinheiro, mas ofereceram tudo o que tinham. O personagem de Yul Brynner comenta: “já me pagaram muito, mas é a primeira vez que oferecem tudo“. Está frase é repetida agora por Denzel Washington, mas, fora de contexto. Quem não viu o filme original não deve ter entendido por que os sete entraram nessa furada…

Enfim, filmão. Pra ser visto no cinema, na tela grande!

Os Oito Odiados

Os-Oito-Odiados-posterCrítica – Os Oito Odiados

O novo Tarantino!

Pouco depois da Guerra Civil americana, um caçador de recompensas e sua prisioneira, procuram abrigo contra uma tempestade de neve que está chegando. Ao chegarem num armazém, encontram uma coleção de personagens nefastos.

Hoje, Quentin Tarantino já é um nome consagrado, e o anúncio de um novo filme seu sempre vai gerar comparações com seus trabalhos anteriores. Sendo um bom filme ou não, vai ter gente dizendo “ah, mas não é tão bom quanto x” (coloque aqui o seu favorito). Não vou comparar com seus outros filmes. Mas vou afirmar que Os Oito Odiados (The Hateful Eight, no original) é mais um grande filme no currículo deste que é um dos principais nomes do cinema contemporâneo.

A divulgação diz que este é o oitavo filme dirigido por Quentin Tarantino. Preciso dizer que não concordo com essa contagem: na minha humilde opinião, Kill Bill são dois filmes… Isso porque não estou contando o Grave Danger, o CSI que ele dirigiu, que – pra mim – conta como um filme (tenho até o blu-ray na prateleira). E a sua participação em Grande Hotel, não conta por que?

Quando soube que o novo filme seria outro western (assim como seu último, Django Livre), confesso que rolou uma decepção. É que achei que depois de filme de artes marciais, exploitation, filme de guerra e faroeste, Tarantino ia continuar variando estilos – imaginem um terror ou ficção científica dirigidos por ele? Pelo menos podemos dizer que ele fez mais um grande filme, e que não é parecido com Django Livre.

Sobre o nome, acho que o diretor quis fazer uma brincadeira com o faroeste clássico “The Magnificent Seven”, aproveitando que se tratava de seu oitavo filme. Porque, se a gente contar direito, não são exatamente oito, né?

Segundo o imdb, as maiores influências de Os Oito Odiados são O Enigma do Outro Mundo e Cães de Aluguel. A trama é por aí, tensões crescentes, dentro de um ambiente fechado, e muita neve em volta. Reconheço que a primeira metade do filme é meio arrastada. Mas depois que engrena, não dá pra desgrudar o olho!

Tarantino insistiu em filmar no formato Ultra Panavision 70. Decisão complicada nos tempos digitais que vivemos, afinal, quase não existem mais projetores neste formato. Mas ele insistiu, e algumas dezenas de cinemas ao redor do mundo substituíram seus projetores digitais por projetores analógicos com lentes para filmes em 70 milímetros (nenhum no Brasil, infelizmente). Pelo menos o resultado ficou excelente, a fotografia é belíssima – e é filme pra se ver no cinema, na tela da tv a imagem vai perder muito. Outro destaque é a trilha sonora, de Ennio Morricone, que compôs talvez o tema mais icônico da história do gênero faroeste (Três Homens em Conflito). Aliás, é a primeira vez que um filme do Tarantino tem um tema inédito, ele sempre foi famoso por reaproveitar músicas (inclusive, tem dois temas “reciclados”, do próprio Morricone, dos filmes O Enigma do Outro Mundo e O Exorcista 2).

O elenco está ótimo. Num filme mais contemplativo, com menos ação (boa parte da trama se passa num único ambiente fechado), Tarantino mostra que é um excelente diretor de atores. Digo mais: pra mim, Jennifer Jason Leigh é indicação certa ao Oscar de melhor atriz – e não me espantarei com outras indicações (como Kurt Russell e Samuel L. Jackson). De um modo geral, todo o elenco está bem. Além dos já citados, Os Oito Odiados ainda conta com Walton Goggins, Tim Roth (num papel com a cara do Christof Waltz), Michael Madsen, Demian Bichir, Bruce Dern, James Parks, Zoë Bell e Channing Tatum.

(Existe uma cena, de um flashback do personagem do Samuel L. Jackson, que vai gerar polêmica. Não vou entrar em spoilers, mas digo que concordo com a cena).

Recentemente Tarantino declarou que pretende se aposentar depois do décimo filme. Claro que fico triste, sou fã do cara. Mas, se ele parar, pelo menos não veremos seu declínio – me lembro dos filmes recentes do Brian de Palma (Passion) e John Carpenter (Aterrorizada), e penso que seria melhor se eles tivessem tomado decisões parecidas…

Django Livre

Crítica – Django Livre

Alvíssaras! Filme novo do Quentin Tarantino na área! Depois de reinventar a Segunda Guerra Mundial, é hora do velho e bom faroeste!

Com a ajuda de seu mentor Dr. King Schultz, o ex-escravo e atual caçador de recompensas Django quer agora resgatar sua esposa, que foi vendida para o cruel fazendeiro Calvin Candie.

Não nego para ninguém, sou fã do Tarantino – quem me lê sempre aqui sabe disso. Por isso, posso afirmar que Django Livre (Django Unchained) tem tudo o que os seus fãs apreciam: um tema que inclui vingança, diálogos afiados, personagens muito bem construídos, muita violência e uma trilha sonora que foge do óbvio. Outra coisa: Tarantino gosta de brincar com clichês – vide os vários zooms rápidos ao longo do filme.

(A falta de linearidade cronológica também está presente, mas discreta, diferente de outras obras do diretor e roteirista.)

Tarantino não faz comédias (pelo menos até hoje nunca fez), mas quase sempre usa um senso de humor peculiar. Acredito que este Django Livre seja o seu filme mais engraçado até então. Em alguns momentos (principalmente na primeira parte), parece que estamos vendo uma comédia de humor negro. Mas logo Tarantino mostra o seu estilo – Django Livre está perfeitamente encaixado na filmografia deste que é um dos nomes mais importantes de Hollywood dos últimos 20 anos.

A violência sempre esteve presente em seus filmes, mas aqui está diferente. Cada tiro gera exagerados esguichos de sangue – acho que nunca vimos tanto sangue jorrando em simples tiroteios.

A trilha sonora pode não ser memorável quanto a de um Pulp Fiction, mas mesmo assim é muito boa, Tarantino tem boa mão para escolher suas músicas “inesperadas”. Comentei aqui outro dia, no post sobre The Man With The Iron Fists, que um rap não encaixava numa cena de luta de espadas, né? Pois bem, Tarantino conseguiu um duelo de faroeste com um rap ao fundo…

Não sou um grande conhecedor de faroestes, então provavelmente perdi algumas referências a outros filmes do gênero. Peguei só duas: o ator Franco Nero, que interpretou o Django no faroeste clássico de 1966, aparece para um breve diálogo com o “novo Django”; e no fim do filme, um personagem grita “son of a…”, assim como acontece em O Bom, o Mau e o Feio. Mas deve ter mais referências…

Se existe uma crítica a ser feita é sobre a duração. Django Livre tem 2 horas e 45 minutos de duração, dava pra cortar uns 20 minutos, talvez 30, de “gordura” (aliás, como Tarantino engordou, hein?). Mesmo assim, o filme não cansa, Tarantino tem um bom ritmo pra conduzir seus filmes – a longa cena na mesa de jantar me lembrou da também longa cena da taverna de Bastardos Inglórios. Cenas longas, mas nunca cansativas.

(Curiosidade sobre esta cena: Leonardo DiCaprio machucou a mão e começou a sangrar de verdade. Mas DiCaprio não reclamou, Tarantino nao parou de filmar e a cena ficou no corte final do filme.)

Sobre o elenco: todos sabem que Jamie Foxx e Leonardo DiCaprio são grandes atores, e aqui eles estão muito bem, como previsto. Mas uma boa interpretação fica apagada quando colocada ao lado de uma interpretação fenomenal. E isso acontece aqui: Christoph Waltz está sensacional com o seu Dr. King Schultz e seu jeito peculiar de conduzir as situações. E ainda tem Samuel L. Jackson num papel menor, mas não menos importante, em talvez a sua melhor interpretação até hoje.

Tem mais pra falar sobre o elenco. Assim como já fez em outras ocasiões, Tarantino “resgatou” alguém que estava esquecido. Foi o caso de Don Johnson, aquele que era galã na série Miami Vice e que há tempos não emplaca um bom filme (tá, ele esteve em Machete, mas nem heu lembrava disso!). Kerry Washington repete o par romântico com Foxx, com quem contracenou em Ray. E ainda temos pontas de Jonah Hill, Bruce Dern, Michael Parks (que fez o xerife Earl McGraw nos dois Kill Bill e nos dois Grindhouse) e do próprio Tarantino. E, para os fãs mais hardcore: procurem Zoe Bell (À Prova de Morte), Tom Savini (Um Drink no Inferno), Robert Carradine (A Vingança dos Nerds) e Ted Neeley (o próprio Jesus Christ Superstar) no meio dos capangas de Calvin Candie (Zoe Bell é fácil de reconhecer, é a única mulher, e está o tempo todo com um lenço cobrindo o rosto).

O ano mal começou e já temos um forte candidato ao Top 10 de melhores de 2013. Tomara que a Academia se lembre dele mês que vem na premiação do Oscar (se bem que Lincoln nem estreou e já tem “cara” de ganhador de Oscar…)

Última dica: fique até o fim! Depois dos créditos tem uma curta e divertida cena!

Pólvora Negra

Crítica – Pólvora Negra

Seguindo o RioFan 2012…

Anos depois de ter sido quase morto, Castilho Paredes volta à sua cidade atraído por um contrato como matador. Marcado e esquecido, ele cai no meio de um jogo de manipulações em uma disputa familiar por uma herança.

Não sei exatamente por que Pólvora Negra estava na programação do RioFan. É um filme independente, mas não tem nada de fantástico . Enfim, mesmo fora do perfil, trata-se de um bom filme…

Escrito e dirigido por Kapel Furman, Pólvora Negra foi classificado como um “western moderno”. É por aí, o filme é ambientado hoje em dia, em uma pequena cidade do interior – mas fora isso segue a lógica dos faroestes: um pistoleiro movido por vingança.

O visual do filme é bem legal. A fotografia usa cores sem vida, e a edição traz algumas sequências bem boladas (como a luta de boxe). A trilha sonora é outro ponto positivo. Os efeitos especiais nos tiroteios também não fazem feio, como acontecia com produções nacionais de décadas atrás.

A trama é um pouco confusa, não consegui entender alguns lances, como por que existia um terceiro pistoleiro na cena da praça. Mas nada que atrapalhe o desenrolar da história do anti-heroi. Também não gostei do fim, mas respeito a opção do diretor.

Só reconheci um nome do elenco: Suzana Alves, a “Tiazinha”, que tem um papel menor. Sendo que ela ficou conhecida por andar com pouca roupa, até que ela está bem como atriz vestida (o filme só tem uma breve cena de nudez, e não é com ela). Alguns dos atores estão um pouco caricatos, mas acho que essa era a intenção. Ainda no elenco, Nicolas Trevijano, Thais Simi, Ricardo Gelli e Munir Kanaan.

Dos três longas que vi no RioFan, este Pólvora Negra é o único que tem cara de que pode chegar no circuito. Tomara que sim!

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Cowboys & Aliens

Crítica – Cowboys & Aliens

Como bem diz o título, trata-se de um interessante e pouco comum crossover entre o faroeste e a ficção científica, dois gêneros que, a princípio, nada têm a ver um com o outro.

1873. Jake Lonergan acorda sem se lembrar de nada, com um ferimento de bala na barriga e uma estranha pulseira metálica no braço. Ao chegar na cidadezinha perto, descobre que tem algo de errado com o seu passado. Mas ele tem pouco tempo para isso, já que a cidade está prestes a ser invadida por alienígenas.

O novo filme do diretor Jon Favreau é um eficiente blockbuster com direito a tudo o que a cartilha hollywoodiana oferece: elenco de estrelas, roteiro escrito por gente badalada e uma parte técnica perfeita, além de uma fotografia exuberante, mostrando belos ângulos, tipicos dos westerns clássicos.

Jon Favreau tem uma carreira curiosa. Era um ator do segundo escalão (ou terceiro, ou quarto) – lembro dele como coadjuvante no seriado Friends, foi namorado da Monica (Courtney Cox) uma época. Ao mesmo tempo, dirigia alguns filmes sem maiores pretensões. Mas, depois de dirigir o infanto-juvenil Zathura, em 2005, assumiu a cadeira de diretor nos dois ótimos filmes do Homem de Ferro, e entrou para o primeiro time de diretores em Hollywood.

Aqui ele tem um bom elenco em mãos, pelo menos em termos de star power. Harrison Ford e Daniel Craig não são atores versáteis, todos sabem disso. Mas funcionam perfeitamente dentro dos personagens criados para eles – é mais ou menos como juntar o Indiana Jones e o novo James Bond no velho oeste. Junto deles está Olivia Wilde, uma das melhores coisas de Tron – O Legado, e mais Sam Rockwell (Lunar), Paul Dano (Pequena Miss Sunshine) e Clancy Brown (o eterno Kurgan de Highlander).

Pena que o roteiro, escrito a 12 mãos, por Roberto Orci, Alex Kurtzman (ambos do novo Star Trek e da série Fringe), Damon Lindelof (Lost) e mais três pessoas, dá umas derrapadas. Além de trazer muitas sequências previsíveis, alguns personagens são inconsistentes – o Dollarhyde de Harrison Ford não convence nem quando é pra ser vilão, nem quando é pra ser mocinho.

Também não gostei dos alienígenas. Sei lá, na minha humilde opinião, acho meio incompatível uma raça de monstrengos usar tanta tecnologia… Mais: na hora da briga, por que vários dos aliens estavam sem armas?

Mas se você deixar essas coisas de lado, o filme é legal. Cowboys & Aliens traz empolgantes sequências e efeitos especiais muito bons. É daquele tipo de filme que se a gente não ligar pra detalhes, a diversão é garantida!

Por fim, preciso falar da experiência de ver no pmeiro Imax carioca. A tela é enorme, e a imagem e o som são muito bons. Vale a ida até a Barra!

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Paul Dano

Padre

Crítica – Padre

Num mundo pós-apocalíptico, devastado por uma guerra entre homens e vampiros, um padre guerreiro se rebela contra a Igreja e vai sozinho tentar resgatar sua sobrinha, sequestrada por um misterioso vampiro diferente.

Padre (Priest, no original) é mais um terror de visual estilizado baseado em quadrinhos. Isso não agrada a todos. Mas pra quem curte o estilo, é uma boa opção.

O diretor Scott Charles Stewart (Legião) se baseou na graphic novel coreana de Min-Woo Hyung para filmar um universo com padres que parecem guerreiros ninjas e uma Igreja dominadora como na Idade Média. Até os vampiros são diferentes aqui, são bicharocos gosmentos e sem olhos, nada se assemelham com os vampiros clássicos do cinema.

O visual do filme é muito legal, tem até espaço para uma abertura em animação feita por Genndy Tartakovsky, lembrando história em quadrinhos. O filme parece um faroeste futurista misturado com filme de terror e com uma pitada de ficção científica, cheio de cenas de ação com efeitos em câmera lenta. Rolam cenários grandiosos e maneiríssimos – tudo bem, deve ser tudo digital, mas o resultado ficou muito bom. O mesmo podemos dizer sobre os eficientes efeitos especiais – gostei da explosão no fim. O 3D é bem utilizado, diferente de outras produções recentes.

O roteiro tem coisas boas e ruins. A cidade com prédios à la Blade Runner e sua sociedade totalitaria comandada pela Igreja é um dos acertos. Por outro lado, achei os personagens rasos demais, senti falta de algo mais sólido na sua construção. E um detalhe me incomodou – comento depois dos avisos de spoilers leves.

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Se a única fraqueza dos vampiros era ter que fugir do sol, por que só tinha um “humano-vampiro”?

FIM DOS SPOILERS!

O elenco está ok, afinal, este é o tipo de filme onde os atores têm pouco espaço se destacar. Talvez o vilão de Karl Urban (Viagem do Medo) esteja caricato demais,  mas o resto funciona: Paul Bettany (O Turista), Cam Gigandet (Pandorum), Maggie Q (Operation Endgame), Christopher Plummer (Dr. Parnassus), Brad Dourif e Lily Collins, com Stephen Moyer (True Blood) e Mädchen Amick fazendo uma participação especial.

No fim, Padre é legal, mas ficamos com a sensação de que poderia ser melhor.

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The Warriors Way

Crítica – The Warriors Way

Um guerreiro oriental, exímio espadachim, se refugia em uma cidade do velho oeste americano, depois de se recusar a matar uma pequena criança do clã inimigo.

Filme de estreia do roteirista e diretor Sngmoo Lee, The Warriors Way é um filme estranho. Apesar do bom elenco e de um visual deslumbrante, o resultado final não empolga.

O visual é belíssimo. Pelo que li, a maior parte dos cenários e paisagens são digitais, criando lindas imagens oníricas. E algumas lutas são muito bem coreografadas, com vários movimentos de câmera interessantes – gostei muito da luta de facas ao som de música clássica, durante a festa de natal.

O elenco também está muito bem. Não conhecia o ator Jang Dong Gun Jang, o protagonista, mas outros três nomes no elenco chamam a atenção: Kate Bosworth, mostrando ao mesmo tempo graça e desejo de vingança; Danny Houston e seu vilão ensandecido; e Geoffrey Rush, sensacional como sempre, como o misterioso bêbado da cidade.

Não sei identificar exatamente o que não funciona. Mas um defeito claro é a falta de identidade, às vezes o filme parece comédia; às vezes, ação; às vezes, faroeste. Infelizmente, a mistura de estilos, que funciona tão bem em alguns filmes, aqui deu errado.

Mesmo assim, gostei do resultado. E, de mais a mais, não é todo dia que a gente vê artistas de circo lutando contra caubóis e depois ninjas se metendo na briga – e isso tudo no velho oeste!

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Bravura Indomita

Bravura Indômita

E, mais uma vez, o novo filme dos irmãos Coen está badalado para ganhar vários prêmios no Oscar, como aconteceu com Onde os Fracos Não Têm Vez, que ganhou quatro estatuetas em 2008 (filme, direção, roteiro e ator coadjuvante).

Com apenas 14 anos de idade, a adolescente Mattie Ross está determinada a encontrar o bandido Tom Chaney, assassino de seu pai, e vingar a sua morte. Para tal, contrata um xerife durão, o velho e beberrão Reuben J. “Rooster” Cogburn, e o acompanha numa caçada no meio das terras indígenas. O Texas Ranger LaBoeuf acaba se juntando aos dois, formando um improvável trio.

Admito que não sou muito fã de westerns, mas reconheço que Bravura Indômita é muito bom.Infinitas vezes melhor que o decepcionante Um Homem Sério, o penúltimo filme dos irmãos Coen. Está concorrendo a 10 Oscars. Se vai ganhar, não sei. Mas se levar alguns prêmios pra casa, não será injusto.

É uma refilmagem, mas não é. Explico. Essa mesma história foi filmada em 1969, com John Wayne no papel de Rooster Cogburn. Mas esta nova versão não se baseia no filme antigo, e sim no livro de Charles Portis. Ou seja, é um novo roteiro, não é exatamente uma refilmagem…

O roteiro é dos irmãos Coen, mas não parece muito. Senti falta de situações e personagens esquisitos. Bem, tem alguns, como a hilária cena do cara vestido de urso; ou Harold, o bandido que imita animais. Mas, para os criadores do Grande Lebowski, achei pouco!

Falando em Lebowski, Jeff Bridges está ótimo, como sempre. Mas o filme é da pequena Hailee Steinfeld. Com apenas 14 anos, ela mostra firmeza nos diálogos bem escritos pela dupla de irmãos, e se destaca em um filme contracenando com veteranos como Bridges e Matt Damon. E não sei por que o nome do Josh Brolin tem destaque – seu personagem é importante, mas sua aparição na tela é bem pequena.

Precisamos ainda citar o bom trabalho de Roger Deakins na fotografia, usando belíssimos planos de paisagens de faroestes; além da bem colocada trilha sonora de Carter Burwell.

Na minha humilde opinião, Bravura Indômita não é um dos melhores da excelente filmografia dos irmãos Coen – talvez seja pelo fato já citado que não gosto muito de westerns. Mas, indubitavelmente, trata-se de um grande filme!