Doutor Sono

Crítica – Doutor Sono

Sinopse (imdb): Anos após os eventos de “O Iluminado”, Dan Torrance, agora adulto, deve proteger uma jovem com poderes semelhantes de um culto conhecido como O Verdadeiro Nó, que ataca crianças com poderes para permanecer imortais.

Ninguém esperava uma continuação do clássico O Iluminado, mas, olha lá a programação dos cinemas…

Heu não sabia, mas existe um livro escrito pelo mesmo Stephen King onde ele conta a vida do Danny Torrance adulto. Coube ao diretor Mike Flanagan (que fez um excelente trabalho com a série A Maldição da Residência Hill) adaptar este livro.

O terreno era perigoso, afinal a comparação com a obra de Kubrik era inevitável. Felizmente o filme acerta mais do que erra.

Um ponto positivo é não querer fazer uma refilmagem. Temos personagens novos que guiam a trama por um caminho completamente diferente do filme anterior. Também gostei da caracterização dos atores escolhidos para interpretarem os personagens do filme anterior (Henry Thomas, o garotinho do ET, que estava em Residência Hill, funciona bem como o “Jack Nicholson”). E, claro que fãs de O Iluminado vão ver um monte de referências ao filme de 1980. Tem bastante fan service!

Algumas coisas do roteiro ficaram um pouco forçadas. Não vou comentar aqui pra evitar spoilers, mas falei tudo no Podcrastinadores, quem quiser, ouve lá!

O elenco é muito bom. Ewan McGregor funciona muito bem como o Danny adulto, e Rebecca Ferguson está excelente como a vilã. Também no elenco, Kyliegh Curran, Cliff Curtis, Zahn McClarnon e Emily Alyn Lind, além de uma ponta de Jacob Tremblay (O Quarto de Jack).

No fim, saldo positivo. O Iluminado não precisava de continuação, mas até que funcionou.

It: Capítulo Dois

Crítica – It: Capítulo Dois

Sinopse (imdb): Vinte e sete anos após seu primeiro encontro com o terrível Pennywise, o Clube dos Perdedores* cresceu e se afastou, até que um telefonema devastador os traz de volta.

Em 2017 tivemos uma nova adaptação de um dos mais celebrados livros de Stephen King: It – que já tivera uma versão em minissérie de TV nos anos 90. Como o livro é enooorme, o filme de 2017 focou só na parte das crianças. Agora é hora de terminar a história.

Mais uma vez dirigido por Andy Muschietti, It: Capítulo Dois (It Chapter Two, no original) traz todo o elenco do filme anterior, e ainda algumas aquisições de peso, como Jessica Chastain, James McAvoy e Bill Hader. A trama agora acompanha os personagens adultos, entremeada de flashbacks com a garotada.

O problema aqui é que ficou longo demais. Se temos uma primeira parte com duas horas e quinze minutos, agora são duas horas e quarenta e nove! Mais de 5 horas, se a gente contar os dois filmes juntos. Entendo o cuidado da produção em desenvolver cada personagem – certo momento do filme eles se separam, e vemos os medos e alucinações de cada um. Ok, ficou legal. Mas cansou. Muitos flashbacks, muitas histórias paralelas, e várias delas repetindo o mesmo formato – tornando os sustos previsíveis (pecado grave quando falamos de filme de terror).

(No último fim de semana consegui algo que nem sempre consigo: revi o primeiro filme. Quando a trama foca só na garotada, flui melhor. Apesar de também ser longo, o primeiro filme é bem melhor.)

Pelo menos a construção de toda a trama é muito bem feita. Não li o livro, então não posso comparar. Mas, só pelo filme, podemos dizer que o resultado foi positivo.

Um dos pontos chave de It (e aqui falo dos dois filmes) é Bill Skarsgård, que mais uma vez está ótimo como o palhaço Pennywise. Já falei que gosto do Pennywise galhofeiro do Tim Curry (da versão dos anos 90), mas Skarsgård é muito mais assustador.

No elenco, além dos já citados Jessica Chastain, James McAvoy e Bill Hader, temos Isaiah Mustafa, Jay Ryan, James Ransone e Andy Bean como o resto do “Clube dos Perdedores” – o trabalho dos atores ficou bem legal, dá pra ver tranquilamente quem é quem (o mesmo com o “vilão” Nicholas Hamilton / Teach Grant). Nos flashbacks, temos os sete adolescentes de volta (Finn Wolfhard, Sophia Lillis, Jaeden Lieberher, Jeremy Ray Taylor, Chosen Jacobs, Jack Dylan Grazer e Wyatt Oleff). Temos uma rápida e divertida participação do próprio Stephen King, e o veterano diretor Peter Bogdanovich faz uma ponta. E, para os leitores do heuvi, Javier Botet – mais uma vez – interpreta criaturas.

No fim, temos uma bela e asssustadora história de terror, pode entrar na curta lista de boas adaptações de Stephen King. Mas poderia ser mais curto, ah, poderia. Alguns filmes, depois de um tempo, aparece uma versão estendida. Este It poderia ter uma “versão encurtada”…

* As legendas traduziram “Losers Club” como “Clube dos Otários”. Deve ser adaptado da tradução do livro. Mas não gostei. Por que não “Perdedores”? Ficou tosco…

Cemitério Maldito 2019

Crítica – Cemitério Maldito (2019)

Sinopse (imdb): Dr. Louis Creed e sua esposa, Rachel, mudam-se de Boston para o Maine rural com seus dois filhos pequenos. O casal logo descobre um misterioso cemitério escondido nas florestas perto de sua nova casa.

Nova versão de Cemitério Maldito, um dos livros mais populares de Stephen King. E aí?

Dirigido pela desconhecida dupla Kevin Kölsch e Dennis Widmyer, este Cemitério Maldito (Pet Sematary, no original), não é um filme ruim. Longe disso. Mas… É igualzinho ao filme feito 30 anos antes. Acho que a palavra certa é “desnecessário”.

Mas… vou repetir um parágrafo que escrevi quando falei da refilmagem de Papillon: “A refilmagem é quase igual ao filme original. Aí fica a pergunta: precisa? O caso é parecido com o recente Assassinato no Expresso do Oriente. A refilmagem não traz nenhuma novidade com relação ao original. Mas por outro lado, dificilmente uma pessoa mais nova vai procurar um filme feito nos anos 70. E é aí que a refilmagem tem o seu espaço: mostrar um filme velho para uma nova geração.”

É por aí. Este Cemitério Maldito tem a mesma função de Papillon e Assassinato no Expresso Oriente. Só precisa mudar “anos 70” pra “anos 80″… 😉

Cemitério Maldito tem uma boa ambientação e acerta no clima de terror (nisso, é mais eficiente que o original). Mas a narrativa é lenta demais, e quase todas as surpresas estão no trailer. Mas admito que gostei do fim.

Sobre o elenco, traço comentários parecidos com o anterior. O casal principal (Jason Clarke e Amy Seimetz) não atrapalha, mas também não se destaca. John Lithgow, como sempre, manda bem. E a menininha Jeté Laurence é fantástica.

Sem querer soar repetitivo, este novo Cemitério Maldito até vale, pra quem não viu o original, ou pra quem viu há muito tempo. Mas é desnecessário.

p.s.: A imagem do cartaz, com as crianças mascaradas (que também estão no trailer) traz uma ideia muito boa, mas sub utilizada. Queria ver mais dessas crianças, pena que elas pouco aparecem…

Cemitério Maldito (1989)

Crítica – Cemitério Maldito (1989)

Sinopse (imdb): Após uma tragédia, um pai, de luto, descobre um antigo cemitério atrás de sua casa com o poder de ressuscitar os mortos.

Tá chegando um novo Cemitério Maldito aí, é hora de rever o original.

Dirigido por Mary Lambert (que na época tinha um grande currículo com videoclipes), Cemitério Maldito (Pet Sematary, no original) é uma boa adaptação de Stephen King (que também escreveu o roteiro). Ok, revisto hoje em dia, algumas coisas “perderam a validade” e parecem meio toscas. Mas, mesmo assim, é melhor que a maioria das adaptações de King lançadas na época.

A ambientação do filme é muito boa. E a icônica cena do atropelamento continua boa até hoje. Gosto dos efeitos especiais com animatronics, mas sei que isso é uma das coisas que ficaram datadas.

Sobre o elenco, o casal principal Dale Midkiff e Denise Crosby não é bom, mas funciona., Fred Gwynne, do seriado clássico Os Monstros, está melhor. Mas o destaque, sem dúvida, é o menino Miko Hughes, que tinha menos de três anos na época das filmagens!

Para os fãs de Ramones: não só a banda compôs a música tema do filme (música que, aliás, foi um dos maiores sucessos do grupo), como ainda toca Sheena is a Punk Rocker em uma das cenas.

Agora vamos à continuação…

It: A Coisa

It 2017Crítica – It: A Coisa

No final dos anos 80, um grupo de garotos problemáticos se junta quando um monstro, com a aparência de um palhaço, começa a caçar crianças.

Ontem falei da versão dos anos 90; hoje é dia de falar da nova versão do cultuado livro do Stephen King. A boa notícia é que este novo filme é bem melhor que aquele. Um bom elenco, uma história bem contada, bom equilíbrio entre o terror e os dramas dos personagens, bom clima oitentista, alguns jump scares, algum gore… O roteiro tem algumas escorregadas, mas o resultado é positivo!

Como citei no outro texto, uma das dificuldades nesta adaptação é o tamanho do livro, mais de setecentas páginas. O diretor Andy Muschietti (Mama) optou por só contar a parte das crianças (existe a previsão de um segundo capítulo contando a parte dos adultos). E mesmo assim, It: A Coisa (It, no original) ficou com duas horas e quinze minutos! Taí um pequeno defeito: não precisava de tanto tempo de filme…

Pelo menos a construção dos personagens é bem feita. Conseguimos conhecer cada um dos sete jovens que forma o “clube dos perdedores”. Falei lá em cima que são garotos problemáticos, né? Poizé. Temos diversos tipos de problemas, desde bullying na escola até um pai abusivo. Aliás, o roteiro é inteligente ao mostrar que os jovens, além do palhaço, também têm esses terrores para superar.

Uma coisa muito boa aqui é todo o clima de anos 80, que lembra grupos de jovens como Goonies ou Conta Comigo (também baseado em Stephen King, apesar de não ser terror). Aliás, It: A Coisa tem um risco curioso, de ser chamado pelos menos atentos de “cópia de Stranger Things” – grupo de alguns meninos e uma menina, que andam de bicicleta e lutam contra um inimigo de outro mundo, numa cidade pequena, nos anos 80. Sorte que “todo mundo” sabe que Stephen King foi uma das fontes de inspiração para Stranger Things, né?  😉

O elenco infantil é ótimo (muito melhor que o dos anos 90). O único nome conhecido entre os sete principais é Finn Wolfhard (olha o Stranger Things aí de novo…). Mas todos estão bem: Sophia Lillis, Jaeden Lieberher, Jeremy Ray Taylor, Chosen Jacobs, Jack Dylan Grazer e Wyatt Oleff. Ah, o valentão principal é Nicholas Hamilton, de Capitão Fantástico.

E o palhaço Pennywise? Olha, digo que o Tim Curry foi uma das poucas coisas que se salvou no outro filme. Mas não tenho medo de afirmar que o Pennywise de Bill Skarsgård é muito mais assustador!

Por fim, queria comentar que não entendo todo esse hype em volta de It. Claro que heu sabia da existência do livro e do outro filme, mas não sabia que era um livro tão cultuado e que gerasse tanto barulho nas redes sociais como tenho visto por aí. Espero que todo esse hype não atrapalhe, criando falsas expectativas.

Sobre a segunda parte, procurei no imdb, mas não encontrei nenhuma informação. Que venha logo!

It: Uma Obra Prima do Medo

It 1990Crítica – It: Uma Obra Prima do Medo

Em 1960, sete pré-adolescentes lutam contra um demônio maligno que se apresenta como um palhaço que mata crianças. Trinta anos depois, eles se reencontram para parar o demônio de uma vez por todas quando ele retorna à sua cidade natal.

O livro “It” é um dos mais populares do Stephen King. Mas como é um tijolo de mais de 700 páginas, sempre se mostrou uma adaptação difícil. Como amanhã estreia a nova versão, resolvi ver e analisar a versão dos anos 90.

Na verdade, este It: Uma Obra Prima do Medo (It, no original) é uma minissérie em dois capítulos. Não me lembro se passou na tv aqui, mas lembro que foi lançado no mercado de home vídeo (lembro também de outros livros de King sendo adaptados como minisséries alguns anos depois, como Rose Red e uma outra versão de O Iluminado).

Revendo hoje em dia, este It sofre com alguns problemas, por ser uma produção para a tv de quase 30 anos atrás. A qualidade técnica já não era muito boa; hoje boa parte do filme está completamente datada – no mau sentido. Não falo apenas dos efeitos especiais que perderam a validade, mas de toda a produção com cara de tv.

A direção ficou com Tommy Lee Wallace, um diretor do segundo escalão (ele tinha dirigido Halloween 3, A Hora do Espanto 2 e alguns episódios de seriados de tv). O elenco também não ajuda. O elenco infantil até tem seus bons momentos, mas é fraquinho. O elenco adulto é ainda pior, quase todos estão mal, muito mal – e olha que gosto de alguns dos atores, como Annette O’Toole e John Ritter.

Mas o pior do filme é o final. Pode spoiler de um filme de 27 anos atrás? Bem, heu queria ver o palhaço Pennywise na cena final, não uma aranha tosca…

Falando no Pennywise, aqui está uma das poucas boas que se salvam no filme. Tim Curry está ótimo como o palhaço demoníaco Pennywise, num tom meio galhofa (claro, né? ele já era o Frank’n’Furter…).

No fim, vale como curiosidade. Só.

Bag Of Bones

Crítica – Bag of Bones

Minissérie com dois capítulos baseada em Stephen King. Ok, vamos ver qualé.

Quando sua esposa morre num acidente de carro, um escritor de sucesso vai para um retiro em uma casa isolada à beira de um lago. Lá, ele acaba envolvido na briga sobre a custódia de uma garotinha.

Não sei exatamente por que, mas Bag of Bones simplesmente não engrena. O elenco está burocrático. Pierce Brosnan e Melissa George parecem estar no piloto automático. O mesmo acontece com a direção, a cargo de Mick Garris, que tem um currículo razoável na TV mas fez pouca coisa no cinema (ele fez Sonâmbulos, de 1992, também baseado em Stephen King).

Os efeitos especiais são fracos, mas isso era esperado num filme para tv. Mas o pior problema de Bag of Bones é a parte final, confusa e sem sentido. A primeira metade só é fraca; a segunda metade é ruim mesmo.

Dispensável.

Carrie – A Estranha (1976)

Crítica – Carrie – A Estranha (1976)

Em breve estreará a refilmagem de Carrie. É hora de rever o original de Brian de Palma, de 1976.

Carrie é uma jovem tímida que vive com uma mãe problemática. No baile de formatura da escola, preparam para ela uma terrível armadilha, que a deixa ridicularizada em público. Mas ninguém imagina os poderes paranormais que a jovem possui e muito menos de sua capacidade vingança quando está repleta de ódio.

Carrie – A Estranha é uma feliz e inspirada união entre dois mestres do terror / suspense: o escritor Stephen King e o diretor Brian De Palma.

Stephen King é indiscutivelmente um dos maiores escritores fantásticos da história da literatura. Curiosamente, são poucos os bons filmes baseados em livros seus – até o próprio King falhou feio quando resolveu arriscar na direção, ele fez o fraco Comboio do Terror nos anos 80. Este Carrie – A Estranha é uma exceção – é um filmaço!

(Outros bons filmes baseados em Stephen King: O Iluminado, Cemitério Maldito, À Beira da Loucura, Christine, Conta Comigo, Creepshow, Um Sonho de Liberdade… Acho que dá um Top 10, que tal?)

Pra quem gosta de cinema como uma arte, ver um filme dirigido por Brian De Palma nos bons tempos é uma delícia. Cada plano, cada ângulo, cada sequência, tudo é bem pensado. Tecnicamente, o filme é excelente! E toda a sequência do balde é sensacional. Aquela corda balançando criou uma tensão absurda. Heu já sabia o desfecho, e mesmo assim fiquei me remexendo no sofá.

O que é curioso é que a trama é bem simples – já pararam pra pensar que o filme se passa basicamente na preparação para o baile e no baile em si? Não li o livro do Stephen King, mas desconfio que no livro deve ter mais coisa.

O elenco tem grande responsabilidade para o sucesso do filme. Sissy Spacek está sensacional, num papel difícil, que demonstra ao mesmo tempo ingenuidade e ódio reprimido. Piper Laurie, que faz a mãe, também tem uma interpretação memorável. Aliás, as duas foram indicadas ao Oscar – parece que foi a primeira vez que um filme de terror teve indicações ao Oscar de atriz e atriz coadjuvante. John Travolta, em início de carreira, brilha em um papel secundário. Ainda no elenco, William Katt, Amy Irving, Nancy Allen e Betty Buckley.

Este Carrie original é muito bom. Tenho medo da refilmagem. Tomara que não façam besteira!

O Iluminado

Crítica – O Iluminado

Hora de rever o clássico de Stanley Kubrick!

O escritor Jack Torrance é contratado como zelador de um grande hotel que fica fechado durante o inverno. Porém, o contínuo isolamento começa a lhe causar problemas e ele vai se tornado cada vez mais agressivo e perigoso.

Incontestavelmente, Stanley Kubrick foi um dos maiores diretores da história do cinema. No fim de sua vida, seu ritmo de filmar era lento. Depois de Barry Lyndon, de 1975, Kubrick só fez três filmes: este O Iluminado, de 1980, Nascido Para Matar, de 1987, e De Olhos Bem Fechados, que estava sendo finalizado quando Kubrick morreu, em 1999. Se a quantidade era pequena, pelo menos a qualidade não caiu. Diferente de alguns colegas de profissão, seus últimos filmes mantiveram a qualidade de sempre (só tenho um pé atrás com De Olhos Bem Fechados, um dia hei de rever e ter uma segunda opinião).

Aqui Kubrick mostra porque é um dos gigantes na sua área. O ritmo do filme é diferente do que estamos acostumados, mais lento, com muitos planos longos e muita câmera parada. O ritmo lento é acentuado pela edição, que traz várias sequências longas com poucos cortes.

Tem mais: rolam vários movimentos de câmera bem planejados, como os travellings seguindo o velocípede pelos corredores do hotel, ou andando pelo labirinto. Isso é aliado a grandiosos cenários e a uma trilha sonora muito bem escolhida (acho que boa parte das músicas já existia, não foram compostas para o filme). O resultado final é um filme tenso como poucas vezes visto na história do cinema.

Kubrick era um perfeccionista, famoso por refilmar as cenas incontáveis vezes, até que ficasse satisfeito com o resultado. A cena onde Halloran conversa com Danny foi filmada 148 vezes – o recorde mundial! E a cena do sangue escorrendo pelo elevador só foi filmada três vezes, mas a preparação para ela durou quase um ano. Esses atrasos na produção acabaram atrasando outros filmes que precisavam do mesmo estúdio em Londres, como O Império Contra-Ataca e Os Caçadores da Arca Perdida.

O Iluminado foi baseado em um livro de Stephen King. Li por aí que o livro teria monstros (não li o livro, então não tenho certeza da informação), e que a adaptação de Kubrick não foi muito fiel neste aspecto. Mas gostei desta mudança, o filme ficou mais sério, mais assustador.

Um dos grandes responsáveis por O Iluminado ser um filme tão assustador foi a magnífica interpretação de Jack Nicholson, uma das mais impressionantes de sua premiada carreira. Nicholson faz uma cara de louco que dá medo! Outros atores foram cogitados para o papel, como Robert de Niro, Robin Williams e até Harrison Ford, mas vendo Nicholson na tela, fica difícil de imaginar Jack Torrance vivido por outro ator. Outro destaque é o garoto Danny Lloyd, que curiosamente só fez mais um filme. Ainda no elenco, Shelley Duvall com sua “beleza exótica” e Scatman Crothers.

Curiosidade: nem todos concordam que O Iluminado é um grande filme. Na época do lançamento, concorreu a duas Framboesas de Ouro, de pior diretor e pior atriz (para Shelley Duvall). Claro que não ganhou…

Enfim, filmaço. Recomendadíssimo!

O Sobrevivente

O Sobrevivente

Aproveitei o fim de semana para rever o recente clássico oitentista O Sobrevivente, um dos melhores filmes de ação de Arnold Schwarzenegger.

Num futuro totalitário, Ben Richards (Schwarzenegger) é preso injustamente e acaba parando em um programa de tv ao vivo, onde prisioneiros, acompanhados por câmeras, têm que correr por suas vidas, enquanto são perseguidos por “Stalkers”, uma mistura de lutador de telecatch com assassino profissional, contratados pela emissora.

A ideia do filme dirigido por Paul Michael Glaser (que nunca fez outro filme à altura) é muito boa, ainda mais vista hoje em dia. Em 1987 ainda não existiam reality shows, comuns hoje em dia. Ok, ainda não temos mortes ao vivo, mas não duvido que a tv apresente isso em um futuro próximo. Outra coisa que parece bem atual é a manipulação da mídia para aumentar a audiência de programas de tv.

O roteiro de O Sobrevivente, baseado em um livro de Stephen King, é bem bolado e traz algumas frases bem legais e cheias de sarcasmo, como quando Richards corta um Stalker com uma moto-serra e diz “He had to split” (“Ele teve que partir”), ou enforca outro Stalker com arame farpado e diz “What a pain in the neck” (a expressão correspondente em português seria “Que pé no saco”, mas a tradução literal seria “Que dor no pescoço”); ou ainda quando o apresentador Damon Killian diz ao telefone “Give me the Justice Department, Entertainment Division” (“Me chame o Departamento de Justiça, Divisão de Entretenimento”).

Sobre o elenco, O Sobrevivente é daqueles filmes onde tudo é feito para o protagonista. Arnoldão está perfeito, grande, forte e canastrão na dose certa. O resto está lá apenas como coadjuvante: Yaphet Kotto (Alien), Maria Conchita Alonso (Predador 2) e Richard Dawson (veterano de programas de tv).

Os figurinos usados no programa são espalhafatosos, mas funcionam, justamente por se tratar de um programa de tv, combinam até com aquelas dançarinas que ficam fazendo coreografias bregas ao fundo do programa – como acontece nos Faustões da vida (detalhe: as coreografias são da Paula Abdul, muito antes de virar jurada de reality show!). Já não podemos dizer o mesmo sobre a parte tecnológica do filme, que envelheceu muito. Os gráficos exibidos nos computadores são tosquérrimos! E não é só isso, hoje, 24 anos depois da estreia do filme, estamos muito distantes de uma senha de segurança máxima de apenas cinco caracteres, ou de um código de barras que serve como passaporte pra pessoas diferentes.

Felizmente, isso não estraga o filme, que fica datado, mas nunca ruim. O Sobrevivente tem mais méritos do que falhas. Além dos bons diálogos e das boas cenas de ação, com violência na dose certa, outro destaque é a trilha sonora de Harold Faltermeyer, autor dos famosos temas de Um Tira da Pesada e Top Gun.

Hoje em dia O Sobrevivente tem cara de sessão da tarde. Mas ainda é um dos grandes filmes de ação dos anos 80!

.

.

Se você gostou de O Sobrevivente, o Blog do Heu recomenda:
O Vingador do Futuro
Predadores
Os Mercenários