Glass Onion: Um Mistério Knives Out

Crítica – Glass Onion: Um Mistério Knives Out

Sinopse (Netflix): O famoso detetive Benoit Blanc vai à Grécia para desvendar um mistério que envolve um bilionário e seu eclético círculo de amizades.

Em 2019, fomos apresentados a Entre Facas e Segredos, um divertido “whodoneit”, com elenco estelar e algumas boas reviravoltas no roteiro. Pra quem curtiu, temos agora outro filme com o mesmo detetive, o Benoit Blanc de Daniel Craig. Não é uma continuação, é apenas outra história com o mesmo personagem.

(Glossário: Whodunit é o estilo de história onde acontece um crime, a trama levanta vários suspeitos e o espectador é instigado a descobrir quem é o culpado.)

Escrito e dirigido pelo mesmo Rian Johnson do primeiro filme, Glass Onion: Um Mistério Knives Out (Glass Onion: A Knives Out Mystery, no original) leva Benoit Blanc para uma festa particular onde deveria acontecer um jogo, mas uma pessoa acaba morrendo e o espectador então precisa descobrir quem é culpado e qual é o motivo. E, assim como acontece no filme anterior, o roteiro (muito bem escrito, precisamos reconhecer) dá um monte de voltas, e nem sempre o que parece que estamos vendo é o que realmente estamos vendo.

(Gostei muito do roteiro de Glass Onion, mas preciso reconhecer que algumas coisas soam meio forçadas. Só vi o filme uma vez, mas desconfio que ao rever a gente deve encontrar algumas inconsistências aqui e ali. Nada grave, felizmente.)

Sim, o espectador vai pensar no jogo Detetive. E isso é citado no filme, vira uma piada no roteiro. Aliás, outra coisa boa a se falar do roteiro é que achei o humor muito bem dosado. Glass Onion não é uma comédia escrachada, mas tem algumas cenas bem engraçadas. E aquele personagem aleatório que está passeando pela ilha cria algumas cenas hilárias!

Ainda queria falar dos cenários. Glass Onion foi filmado num hotel chique na Grécia. O hotel é tão caro que os atores não puderam ficar hospedados lá! E o visual é muito bonito, coerente com uma casa de um bilionário com dinheiro sobrando. Ah, a cebola de vidro no topo da construção é cgi.

Como acontece no primeiro filme, o elenco também é muito bom. Além do já citado Daniel Craig, o elenco conta com Edward Norton, Kate Hudson, Dave Bautista, Janelle Monáe, Kathryn Hahn, Jessica Henwick, Leslie Odom Jor. e Madelyn Cline, e rápidas participações de Ethan Hawke e Hugh Grant. Além deles, vemos Stephen Sondheim, Angela Lansbury, Natasha Lyonne e Kareem Abdul-Jabbar num jogo de Among Us online. E a voz do “relógio” é do Joseph Gordon Levitt.

Por fim, queria falar do nome do filme. O primeiro filme se chama “Knives Out”, e foi traduzido com o nome galhofa “Entre Facas e Segredos”. Ok, estamos acostumados com nomes galhofa, tipo “Loucademia de Polícia” ou “Todo Mundo Quase Morto”, isso é algo comum no cinema aqui no Brasil. Aí lançaram um segundo filme “Glass Onion: A Knives Out Mystery”. Por que? Glass Onion, ok, mas aqui não tem nada de Knives Out – as facas são algo importante no primeiro filme, não são aqui. Mas, ok, fizeram essa lambança no título original. Aí vão traduzir aqui, e deveria ser “Cebola de Vidro: Entre Facas e Segredos 2”, ou algo parecido. Mas não, mantiveram partes do nome em inglês: “Glass Onion: um Mistério Knives Out”. Caramba, por que??? Era pra avisar ao público que esse filme tem a ver com aquele? Mas aqui no Brasil o primeiro filme não se chama “Knives Out”!!!

007 Sem Tempo Para Morrer

Crítica – 007 Sem Tempo Para Morrer

Sinopse (imdb): Aposentado, Bond está desfrutando de uma vida tranquila na Jamaica. Sua paz dura pouco quando seu velho amigo Felix Leiter, da CIA, aparece pedindo ajuda. A missão de resgatar um cientista sequestrado acaba sendo muito mais traiçoeira do que o esperado, levando Bond na trilha de um vilão misterioso armado com uma nova tecnologia perigosa.

Daniel Craig já tinha declarado que não queria mais fazer filmes como James Bond, tanto que seu personagem se aposenta no filme anterior. Mas, mesmo aposentado, ele está de volta, para um filme de despedida.

Reconheço que não sou um grande entendedor de James Bond. Vi dezenas de filmes, sempre são filmes de boa qualidade, mas não acompanho de perto a cronologia do personagem. Pelo que me lembro, os Bonds dos outros atores tinham filmes independentes entre si, mas isso mudou com o Bond de Craig, que começou a história em 2006 com Cassino Royale. Os seus filmes seguem a mesma história, que é concluída aqui. Aliás, é bom falar: pela primeira vez um James Bond tem um filme de despedida. E aparentemente sua despedida é definitiva.

Sem Tempo Para Morrer (No Time To Die, no original) é mais um daqueles títulos que teve a estreia atrapalhada pela pandemia. Ouço falar dele há mais de um ano, finalmente lançaram.

A direção seria de Danny Boyle, que se desligou do projeto por divergências criativas. Pena, gosto do estilo do Boyle, seria legal ver um filme do 007 dirigido por ele. Para o seu lugar, foi chamado o quase desconhecido Cary Joji Fukunaga, que acerta em algumas coisas, mas erra mais do que acerta. Vamos por partes.

Vamos primeiro ao que funciona. O filme começa muito bem. Tem uma sequência muito boa usando o clássico Aston Martin – não sei se é um Aston Martin igual ao dos filmes antigos, mas, pelo meu olhar leigo, pareceu igual.

Ainda nas sequências de ação, a minha favorita é a curta participação da Ana de Armas. Bonita, charmosa, carismática, e sai na porrada como se fosse uma veterana de filmes de ação. Estamos numa onda de filmes de ação Girl Power, né? Quero um com ela no papel principal!

Ainda tem uma ou outra sequência bem filmada, como a perseguição de carros na floresta (que às vezes parece uma propaganda de carros). Mas um filme do 007 não é feito apenas de sequências de ação…

Vou enumerar algumas coisas que, pelo menos pra mim, não funcionaram.

– Os créditos iniciais são um ícone da franquia. A lista completa tem muitas músicas excelentes, como Live and Let Die, do Paul McCartney; A View To A Kill, do Duran Duran; The Living Daylights, do A-Ha; ou mesmo Skyfall, com Adelle. Essa nova, com a Billie Eilish, é tão sem graça…

– O filme é looongo demais. Duas horas e quarenta e três minutos, e tem cenas intermináveis. O terço final do filme é chato.

– Os vilões são péssimos. O vilão principal, vivido pelo Rami Malek, é bem ruim. Não sabemos a motivação dele, não sabemos como ele tem tanto poder. Além do fato do ator ser novo demais, a cronologia dentro do filme pedia um ator com cara de mais velho. Além disso, Christoph Waltz está completamente desperdiçado. E nem vou falar do vilão caricato sem um olho.

– Gostei de como apresentaram a nova agente 007, mas a atriz tem zero carisma. Como James Bond se aposentou, outro agente assumiu o cargo de 007, e no caso foi uma mulher. IMHO, nada contra ser uma mulher, mas, a Lashana Lynch é muito sem graça. Se fosse a Ana de Armas acho que ia ter menos gente reclamando pela internet.

Sobre o elenco: Daniel Craig está bem, e consegue mostrar que foi um bom James Bond (a gente tem que lembrar que quando ele foi anunciado, um monte de gente criticou, dizendo que ele não tinha o perfil do personagem). Ana de Armas, como falei antes, está ótima, minha única crítica é pela participação pequena. Rami Malek é um vilão ruim; Christoph Waltz está despediçado; Lashana Lynch não tem carisma. Também no elenco, Léa Seydoux, Ralph Fiennes, Ben Whishaw, Naomie Harris, Jeffrey Wright e Billy Magnussen.

Tem um monte de teorias por aí sobre qual será o futuro da série. Não vou chutar nada, porque, pra mim, parece que colocaram uma mulher para o lugar do 007 como um teste, e vão ver a repercussão disso. Acredito que só saberemos informações sobre o futuro da franquia depois que o estúdio computar os números da bilheteria deste Sem Tempo Para Morrer. Acredito até na possibilidade de um reboot do zero.

A única coisa que parece certa é a despedida de Daniel Craig. Mas, que, na minha humilde opinião, poderia ter sido num filme melhor.

Entre Facas e Segredos

Crítica – Entre Facas e Segredos

Sinopse (imdb): Um detetive investiga a morte de um patriarca de uma família excêntrica e combativa.

Uma agradável surpresa pouco antes de fechar o ano!

Entre Facas e Segredos (Knives Out, no original) se parece com um “whodoneit”, aquelas histórias tipo Agatha Christie, onde temos um crime e vários possíveis suspeitos. Mas Entre Facas e Segredos faz ainda melhor, porque altera a forma clássica do whodoneit no meio do caminho.

Entre Facas e Segredos foi escrito e dirigido por Rian Johnson, dois anos depois do Star Wars ep. 8. Interessante ver que ele foi para um estilo bem diferente – e que ele foi bem sucedido nessa nova empreitada. O roteiro é muito bem construído, não só na condução da investigação, como também no equilíbrio entre os muitos personagens.

Ah, o elenco! Que elenco maravilhoso! Não é todo dia que temos Daniel Craig, Chris Evans, Ana de Armas, Jamie Lee Curtis, Michael Shannon, Don Johnson, Toni Collette, LaKeith Stanfield, Christopher Plummer, Katherine Langford, Jaeden Martell, Riki Lindhome, Edi Patterson – e ainda tem o Frank Oz em uma ponta como o advogado! Arrisco a dizer que todos estão bem, mesmo aqueles com menos tempo de tela.

Recomendo!

p.s.: Heu não fui o único a achar o roteiro muito bom. Rian Johnson foi indicado ao Oscar de roteiro original.

Logan Lucky – Roubo em Família

logan luckyCrítica – Logan Lucky – Roubo em Família

Sinopse (catálogo do Festival do Rio): Os irmãos Jimmy e Clyde Logan acreditam que sua família sofre de uma terrível maldição, que justifica um azar financeiro que vem se estendendo por gerações. A fim de tentar reverter essa condição, eles decidem executar um ambicioso assalto durante uma corrida de automóveis da NASCAR, o maior campeonato de stock car dos Estados Unidos. No entanto, nem tudo sairá como o previsto.

O diretor Steven Soderbergh tem um jeitão de fazer “filmes pipoca” leves, onde grandes atores parecem que estão se divertindo. Isso acontece com este Logan Lucky – Roubo em Família (Logan Lucky, no original). Um bom elenco num filme divertido e despretensioso.

Um dos problemas aqui é a inevitável comparação com 11 Homens e um Segredo e suas continuações. Ok, Channing Tatum e Adam Driver são nomes badalados, mas acredito que Brad Pitt e George Clooney eram nomes mais fortes na época do outro filme. Mas, na minha humilde opinião, o pior problema é que o roubo deste Logan Lucky tem muitos furos. Um bom filme de roubo precisa trazer um plano mirabolante e que convença o espectador. O plano aqui parou no “mirabolante”.

Mas, como disse lá em cima, o elenco não deixa a peteca cair, e a fórmula soderberghiana segue fluindo. Afinal, não é todo dia que temos Channing Tatum, Adam Driver, Daniel Craig, Riley Keough, Katie Holmes, Seth MacFarlane, Katherine Waterston e Hilary Swank à disposição…

O resultado final não é lá grandes coisas, mas pelo menos vai divertir os menos exigentes.

007 Contra Spectre

007 Spectre - posterCrítica – 007 Contra Spectre

Novo filme do James Bond!

Uma mensagem enigmática do passado de Bond dá uma pista para descobrir uma organização sinistra. Enquanto M batalha contra forças políticas para manter o serviço secreto vivo, Bond desmascara as fraudes para revelar a terrível verdade por trás de Spectre.

Preciso confessar que tenho um sentimento dúbio quando o assunto é 007. Vejo todos os filmes, porque é uma franquia muito competente, e quase todos os filmes do James Bond são bons. Mas não consigo ser fã do agente secreto, acho todos os filmes meio iguais…

Mais uma vez dirigido por Sam Mendes (que dirigiu o último, 007 Operação Skyfall), 007 Contra Spectre (Spectre, no original) é um eficiente filme de ação, que traz aquilo que os fãs do James Bond querem ver: boas cenas de ação, perseguições de carro (e de outros veículos também), belas bond girls, um vilão megalomaníaco, e alguns gadgets tecnológicos (desta vez não foram muitos). Como falei, os realizadores são muito eficientes, o filme não vai decepcionar ninguém.

(Aliás, o marketing em torno deste novo 007 está enorme! Tem até “cerveja Spectre”!)

A trama faz menção a outros filmes do 007 estrelados por Daniel Craig – Cassino Royale, Quantum of Solace e Operação Skyfall. Como falei, gosto de todos, mas os acho descartáveis, então não me lembro de detalhes. Algum ou outro detalhe pode se perder ao longo da narrativa, mas nada grave.

Aceito que tenha gente que não gosta de Daniel Craig como James Bond, mas, na minha humilde opinião, tanto faz – a boa notícia para os haters é que este deve ser o último filme de Craig na franquia, o próximo será outro ator (que ainda não foi escolhido).

Sobre o elenco: Christoph Waltz é o vilão da vez. Olha, adoro vê-lo em cena, é sempre um prazer vê-lo atuando. Mas… fico me questionando quando é que ele vai fazer um papel diferente. Porque o seu Oberhauser é igual ao Hans Landa de Bastardos Inglórios e ao Dr King Schultz de Django Livre. Guardadas as devidas proporções, o mesmo acontece  com Andrew Scott, que faz um C igual ao Moriarty da série Sherlock.

Ainda o elenco: as bond girls são Monica Belucci (que aparece pouco) e Léa Seydoux; Ralph Fiennes está bem no papel de M; e Dave Bautista (o Drax de Guardiões da Galáxia) está excelente como o brutamontes que quase não fala. Fechando o elenco principal, Naomie Harris e Ben Whishaw voltam aos papeis de Moneypenny e Q.

No fim do filme não tem cena pós créditos. Mas tem uma notícia que já era meio óbvia: “James Bond retornará”. Bem, enquanto mantiverem a qualidade, continuarei vendo.

p.s.: Sei que é tradição termos uma música inédita durante os créditos iniciais – algumas músicas bondianas realmente marcaram época. Mas achei essa nova tão chatinha… Os créditos iniciais são intermináveis!

007 – Operação Skyfall

Crítica – 007 – Operação Skyfall

Filme novo do James Bond!

A lealdade de James Bond a M é testada quando o passado dela volta a assombrá-la. Com o MI6 sob ataque, 007 deve rastrear e destruir a ameaça, mesmo que isso tenha um custo pessoal.

Antes de falar de 007 – Operação Skyfall, preciso avisar que curto os filmes do James Bond, mas não sou “fã de carteirinha”. Vi quase todos (este é o vigésimo terceiro), mas não guardo detalhes sobre nenhum deles. Considero todos bons filmes de ação, a franquia é sempre competente. Mas, pra mim, são filmes descartáveis. Bons, mas descartáveis, na minha humilde opinião (falo isso porque sei que existe quase uma religião entre os adoradores do espião inglês).

Falei isso tudo porque gostei do filme, mas não saberia dizer se é melhor ou pior que os outros. Sendo assim, o julgamento é apenas sobre este filme em particular. Não vou comparar com outros filmes da série, e nem vou comparar o Daniel Craig com os outros atores que já viveram Bond!

Normalmente, os filmes do James Bond são dirigidos por diretores “de aluguel”, gente competente, mas sem muita personalidade – assim, o filme segue parte da série independente do estilo do diretor. 007 – Operação Skyfall é diferente, a direção coube a Sam Mendes, ganhador do Oscar por Beleza Americana. Mas até que funcionou, o novo filme não tem cara de “filme de autor”.

Aliás, não sei se é influência do diretor, mas a fotografia deste 007 – Operação Skyfall é um dos destaques do filme. Uma das sequências chama a atenção: uma luta no alto de um prédio onde as paredes são de vidro, e tudo é iluminado pelos letreiros luminosos externos. Belo contra-luz!

Muita gente critica o Daniel Craig como James Bond, mas heu não tenho nada contra ele. Mas o destaque sem dúvida é Javier Bardem, com um excelente vilão de sexualidade duvidosa. Ainda no elenco, Judi Dench, Ralph Fiennes, Naomie Harris, Bérénice Marlohe, Ben Whishaw e Albert Finney, num pequeno mas importante papel.

Tive uma dúvida. Não me lembro de muitos detalhes do filme anterior, 007 – Quantum Of Solace. Mas lembro que a história terminou em aberto. Resolveram ignorar isso? Enfim, 007 – Operação Skyfall traz uma história fechada. Rolam algumas homenagens a alguns filmes antigos (a franquia está completando 50 anos), como a volta do carro Aston Martin, mas nada que deixe o público leigo sem entender.

Enfim, bom filme de ação e espionagem em cartaz.

Nem Tudo É O Que Parece

Crítica – Nem Tudo É O Que Parece

Quando gosto de um filme de um diretor que não conhecia, guardo o nome dele. Se gosto de um segundo filme, pesquiso o que mais o cara fez. Depois de Kick-Ass e X-Men: Primeira Classe, tive vontade de procurar este Nem Tudo É O Que Parece, filme de estreia do diretor Mathew Vaughn.

Um bem sucedido traficante de cocaína, que trabalha como um sério homem de negócios, planeja se aposentar. Mas antes ainda precisa fazer dois trabalhos para o chefão local. Durante a execução destes trabalhos, conhecemos as várias “camadas de bolo” (“layer cake”) do crime organizado.

Só depois de ver o filme é que descobri que Mathew Vaughn foi o produtor dos primeiros filmes de Guy Ritchie, Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e Snatch. Originalmente, Ritchie também dirigiria Nem Tudo É O Que Parece, mas por ter assumido outros compromissos, teve que largar o projeto. Vaughn assumiu a cadeira de diretor e fez um excelente trabalho.

Nem Tudo É O Que Parece (Layer Cake, no original) pode não ser o filme mais original do mundo – parece uma mistura de Tarantino, Scorsese e o já citado Ritchie. Mas é bem melhor que os genéricos de ação que infestam Hollywood, e foi uma bela estreia para Vaughn – tanto que hoje, oito anos depois, o cara já faz parte do primeiro time de diretores.

Baseado no livro de J.J. Connolly, também autor do roteiro, Nem Tudo É O Que Parece mostra uma envolvente trama não linear com vários bons personagens e algumas sequências muito boas, como o espancamento ao som de Duran Duran ou a sedução de Sienna Miller ao som de Rolling Stones.

O papel principal é de Daniel Craig, hoje badaladíssimo por ser o atual James Bond, além de filmes como Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres e Cowboys & Aliens. Na época Craig ainda um nome menos conhecido, assim como Tom Hardy, que estava em A Origem e será o vilão do próximo Batman. Ainda no elenco, Sienna Miller, Colm Meaney, Michael Gambon, George Harris, Dexter Fletcher e Jason Flemyng.

Nem Tudo É O Que Parece não é muito conhecido hoje em dia. Mas vale procurar, para aqueles que ainda não viram.

Agora preciso ver Stardust – O Mistério da Estrela, aí fecho a (ainda) curta filmografia de Mathew Vaughn.

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Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres

Crítica – Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres

Depois de ver o original, fui ao cinema ver a refilmagem.

A sinopse é exatamente igual à do outro filme, então copiei do texto de anteontem: “O jornalista Mikael Blomkvist, prestes a ser preso, é contratado para tentar descobrir o paradeiro da sobrinha de um milionário, desaparecida 40 anos antes. A hacker esquisitona Lisbeth Salander acaba ajudando-o.”

Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres é um bom filme. Mas… É tudo tão igual ao filme sueco, que a gente se pergunta: pra que refilmar?

Dirigido por David Fincher (Se7en, Clube da Luta), Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres tem um roteiro com um ou outro detalhe diferente, mas tudo coisas sem importância – como Mikael Blomkvist ter ou não alguma coisa no passado ligada a Harriet Vanger (não sei como era no famoso livro homônimo de Stieg Larson). E, no filme em si, algumas coisinhas são diferentes, e talvez até melhores que o original – por exemplo, gostei muito da trilha sonora de Trent Reznor e Atticus Ross, que já tinham feito um excelente trabalho em A Rede Social, filme de Fincher. Mas, na minha humilde opinião, nada que justifique um novo filme.

Ah, a Lisbeth Salander… Se no original Noomi Rapace mandou bem, o mesmo aconteceu aqui com Rooney Mara. Rooney realmente está muito bem e é uma das melhores coisas do filme – foi até indicada ao Oscar pela sua atuação. Mas, se ela ganhar, acho que deveria dedicar seu prêmio a Noomi – suas Lisbeths são bem parecidas…

O elenco é bom. Além da pouco conhecida Rooney, o filme conta com Daniel Craig, Christopher Plummer, Stellan Skarsgård, Robin Wright e Joely Richardson. E, num papel mínimo, Julian Sands fazendo o personagem de Christopher Plummer quando novo.

De resto, não vejo nada mais a se falar sobre o filme. É um bom filme, mas só para quem não viu o original. Porque, pra ver um filme igual, é sempre melhor ver o primeiro – principalmente com um intervalo tão curto de tempo.

Para finalizar, olhem a ironia: existe americanos refilmam filmes estrangeiros por causa da língua, né? Baixei o filme sueco, veio dublado em inglês. E fui ao cinema ver o filme americano, a sessão era dublada em português…

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As Aventuras de Tintim

Crítica – As Aventuras de Tintim

Estreou a aguardada adaptação dos quadrinhos franceses belgas!

Junto com o Capitão Haddock e o cachorrinho Milu, o intrépido repórter Tintim sai em uma caça a um tesouro em um navio no fundo do mar.

A história desse filme vem de longe. Quando Steven Spielberg lançou Caçadores da Arca Perdida em 1981, um crítico comparou o filme com os livros do Tintim, do desenhista Hergé. Spielberg não conhecia Tintim, comprou os livros e virou fã. A admiração foi recíproca: Hergé declarou que Spielberg seria o nome certo para uma possível adaptação cinematográfica. Quando Hergé faleceu em 83, Spielberg comprou os direitos e quase rolou um filme em 84 (Jack Nicholson foi cogitado para ser o Capitão Haddock!).

Mas o projeto foi deixado de lado, sabe-se lá por qual motivo. Até que, recentemente, Spielberg resolveu retomar os trabalhos, e entrou em contato com Peter Jackson, para ver a viabilidade de fazer um cãozinho Milu digital através da WETA (companhia de efeitos especiais de Jackson). Jackson já era fã do Tintim, e resolveram então fazer uma parceria e produzir três filmes em animação por captura de movimento – atores usam sensores pelo corpo, que são interpretados pelo computador.

Além de ter dois grandes nomes na produção, o roteiro de As Aventuras de Tintim (baseado nos livros O Caranguejo das Pinças de Ouro e O Segredo do Licorne) também tem pedigree: foi escrito pelo trio britânico Edgar Wright (Todo Mundo Quase Morto, Scott Pilgrim), Steven Moffat (Doctor Who, Sherlock BBC) e Joe Cornish (Attack The Block). Spielberg dirigiu este primeiro filme e Jackson está dirigindo o segundo – não achei no imdb qual será a previsão de estreia.

Há anos que Spielberg deixou o seu auge, mas mesmo assim ele não costuma decepcionar. Seus últimos 15 anos foram mais fracos que o início de sua carreira, mas ele ainda manteve uma média bem melhor do que a maioria em volta dele (com filmes como O Resgate do Soldado Ryan ou O Terminal). E aqui Spielberg está novamente em boa forma. As Aventuras de Tintim é muito bom. Não sei se vai se tornar um clássico e figurar ao lado de Contatos Imediatos do Terceiro Grau, Caçadores da Arca Perdida, ET, Tubarão ou Parque dos Dinossauros. Mas com certeza é melhor que Minority Report e Guerra dos Mundos

Tecnicamente, o filme é impressionante. O sistema de captura de movimento não é novidade, já vimos antes em filmes como Expresso Polar e Beowulf. Mas aqui a qualidade está muito superior. Ainda mais em 3D. A qualidade da imagem é algo poucas vezes visto – pena que o Oscar não aceita captura de movimentos no Oscar de animação, senão acho que As Aventuras de Tintim seria a grande barbada (além do mais porque o filme da Pixar este ano foi o fraco Carros 2).

(O novo Planeta dos Macacos usa o mesmo sistema para os macacos do filme. A diferença é que em As Aventuras de Tintim é o filme inteiro, e não alguns personagens. Coincidência ou não, Andy Serkis teve papeis centrais em ambos os filmes.)

Uma das sequências sozinha já valeria o ingresso, mesmo se As Aventuras de Tintim fosse ruim (o que não é). Sabe plano-sequência, quando a câmera acompanha uma cena sem cortes? Bem, em uma animação, um corte e uma emenda podem facilmente ser feitos. E mesmo assim, As Aventuras de Tintim traz um dos planos-sequência mais sensacionais que heu já vi, na cena da perseguição aos três pergaminhos. A “câmera” passeia por ângulos que seriam impossíveis de ser usados se fosse uma filmagem real.

Com relação ao elenco, é complicado falar do trabalho de atores que não aparecem na tela. Mas deu pena de ver o filme dublado e descobrir que a dupla de detetives atrapalhados Dupon e Dupon é feita por Simon Pegg e Nick Frost, de Todo Mundo Quase Morto, Chumbo Grosso e Paul – aposto como isso está mais engraçado no som original. No resto do elenco, Jamie Bell e Daniel Craig se juntam ao “veterano” Andy Serkis no sistema de captura de movimento.

O filme, propositalmente, não tem fim, rola um gancho para a continuação. Aguardemos o filme de Peter Jackson!

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A Casa dos Sonhos

Crítica – A Casa dos Sonhos

Will Atenton larga o seu emprego em uma grande editora de Nova York para se dedicar a escrever um livro, ao mesmo tempo que se muda com a esposa e as duas filhas pequenas para uma nova casa. Mas logo a família descobre que a casa foi palco de uma chacina alguns anos antes.

O diretor Jim Sheridan, famoso por filmes como Em Nome do Pai e Meu Pé Esquerdo, faz aqui uma incursão no gênero fantástico. Mas, apesar do péssimo poster sugerir, A Casa dos Sonhos não é terror – uma das falhas do filme é não se decidir sobre qual estilo faz parte. Me pareceu um thriller de suspense, mas tem algo de drama também.

Sheridan não gostou do resultado final de seu filme, chegou a pedir que seu nome fosse tirado dos créditos (o que não aconteceu). A Casa dos Sonhos realmente está um degrau abaixo de seus grandes filmes, mas não achei tão ruim a esse ponto.

Um dos acertos do filme foi a escolha do elenco. Daniel Craig e Rachel Weisz estão bem juntos – aliás, a química foi tão boa que eles se casaram depois do filme. Naomi Watts tem um papel menor, e Elias Koteas faz uma ponta de luxo. Mais uma coisa: as crianças são interpretadas por Taylor e Claire Geare, irmãs na vida real, o que ajuda na interação entre elas – boa ideia.

A ambientação é legal, muito frio, muita neve. E a casa também foi uma boa escolha. Mas o roteiro não é perfeito. A Casa dos Sonhos tem uma boa reviravolta na trama, mas achei que esta aconteceu cedo demais, rola bem no meio do filme. Isso atrapalha um pouco o ritmo, que cai na segunda parte.

Li muitas críticas negativas por aí. Talvez isso seja porque o péssimo trailer oficial traz um grande spoiler e já revela de cara esta reviravolta que citei. Fui ao cinema sem ter visto o trailer, e gostei da reviravolta. Mas se já soubesse antes, com certeza ia gostar menos do filme.

Enfim, A Casa dos Sonhos não é uma obra prima, pode-se até dizer que a ideia já foi usada antes várias vezes. Mas pode ser uma boa opção, principalmente pra quem não viu o trailer!

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