Operação Natal

Crítica – Operação Natal

Sinopse (imdb): Após um sequestro chocante no Polo Norte, o Comandante da Força-Tarefa E.L.F. faz uma parceria com o caçador de recompensas mais infame do mundo para salvar o Natal.

Às vezes penso em fazer uma seção de “críticas curtas”. Este Operação Natal funcionaria neste formato: “Filme genérico de Natal estrelado por Dwayne Johnson e Chris Evans. Era melhor ter ido direto pro streaming”.

Só isso. Porque não tem muito mais o que falar sobre Operação Natal (Red One, no original). Mas, vamos tentar nos aprofundar.

Dirigido por Jake Kasdan, filho de Lawrence Kasdan (roteirista de O Império Contra Ataca e Caçadores da Arca Perdida) e diretor dos dois Jumanji recentes, Operação Natal traz uma história natalina genérica, bobinha e cheia de clichês. Não se transformará num novo “clássico natalino”, tampouco ganhará haters. Apenas mais um filme descartável.

Operação Natal se baseia no carisma das suas estrelas. O problema é que nenhum parece inspirado. Assim como em outros filmes recentes, igualmente esquecíveis, como Alerta Vermelho (Johnson) e Agente Oculto (Evans) – coincidência ou não filmes para o streaming – a dupla de astros aqui só cumpre tabela. J.K. Simmons está bem como um Papai Noel fortão, mas aparece pouco. Completam o elenco principal Lucy Liu e Kiernan Shipka.

O roteiro não é ruim, mas tem umas forçadas. Por exemplo, depois de Aruba, não existe nenhuma justificativa pra manter Chris Evans no rolê. E alguns efeitos especiais têm cara de que vão perder a validade logo logo.

Em defesa do filme, gostei do universo criado, misturando mágica com tecnologia, e abrindo espaço pra uma franquia usando seres mitológicos. Mas é pouco. Não sei se quero ver outro filme se for tão genérico quanto este.

Por fim, uma coisa que achei curiosa e não entendi o motivo. Por duas vezes, em cenas na oficina do Papai Noel, a gente ouve vozes ao fundo em português. Uma frase é nítida, o resto tem que prestar atenção. E isso na versão original, não vi a versão dublada. (Na sequência em Aruba também parece outra língua nas vozes ao fundo, mas não consegui identificar.) O que acho que aconteceu? De repente alguém da equipe técnica pegou alguns diálogos em uma “língua exótica”, algo que a maior parte do mundo não conseguiria identificar. Será que foi isso?

Velozes e Furiosos 10

Crítica – Velozes e Furiosos 10

Sinopse (imdb): Dom Toretto e sua família são alvo do filho vingativo do traficante Hernan Reyes.

É complicado pra mim escrever um texto sobre um filme como o novo Velozes e Furiosos. Já tivemos outros dez filmes (não se esqueçam do spin off Hobbes & Shaw), e todo mundo já sabe o que virá no décimo primeiro filme da franquia. Quem curtiu os outros, vai se divertir com duas horas de “tiro porrada e bomba” bem filmados; quem não curtiu, vai passar longe dos cinemas. Então, num caso desses, qual é o papel do crítico? Bem, vou tentar levantar pontos positivos e negativos, apesar de não saber se isso vai significar alguma coisa na decisão do espectador.

Mas, antes de entrar no filme, preciso fazer uma crítica séria: assim como aconteceu com o recente Os Três Mosqueteiros, Velozes e Furiosos 10 não tem fim. Anunciaram que vão fazer uma trilogia que vai acabar no V&F12. Mas, essa informação não está no nome, nem no poster, nem ao menos no filme. De repente, o filme pára e sobem os créditos. Acho isso uma grande falta de respeito com o espectador.

Entrando no filme… Dirigido por Louis Leterrier (Carga Explosiva, O Incrível Hulk, Truque de Mestre), Velozes e Furiosos 10 (Fast X, no original) segue o mesmo estilo de “tiro porrada e bomba” e odes à importância da família. Isso tudo no meio de ótimas e inacreditáveis cenas de ação, e com um elenco de causar inveja.

As cenas de ação são muito mentirosas. Mas pra quem conhece a franquia, isso já era algo esperado. Cenas absurdas sempre aconteceram ao longo dos filmes. E o que importa aqui não é a veracidade das leis da física, e sim o quão bem filmada a cena é. E neste aspecto, Velozes e Furiosos 10 não vai decepcionar ninguém.

Agora, sobre o roteiro… Esse podia ter sido escrito com mais carinho. Vejo dois tipos de problema. O primeiro é o óbvio, que são os inúmeros furos de roteiro. Se heu fosse listar, o texto seria enooorme. Mas vou citar só um. Charlize Theron manja dos paranauês tecnológicos e coloca meia dúzia de guardas pra dormir. E fala “temos apenas 4 minutos”. E MUITA coisa acontece depois disso. E vou além: naquela super base não tinha nenhum guarda? Só aquela meia dúzia que estava no laboratório?

Mas esses furos são que nem as mentiras, coisas que a gente já sabe que vai encontrar. O outro tipo de problema me incomodou mais. A franquia cresceu e trouxe grandes nomes para o elenco. Mas tem aqueles personagens que já estavam antes, e ainda precisam de algo para fazer durante o filme, apesar de ser a parte do elenco que “ninguém se importa”. Aí rola uma trama paralela sem graça com os quatro personagens de menor star power, uma trama bem besta. Dá vontade de acelerar o filme pras outras partes onde tem quem realmente importa.

Outro problema. Paul Walker morreu. Mas seu personagem não morreu, segundo o histórico da franquia, ele foi seguir outra vida e se afastou. Mas, se o filme repete tanto o mantra da “família” e eles estão passando por problemas sérios, por que o personagem do Paul Walker é ignorado? Ninguém ao menos cita a sua existência ao longo do filme! Ok, a gente sabe que o ator não pode estar presente, mas o roteiro poderia ter ideias pra explicar isso.

Tem um outro problema, mas é mimimi meu. Parte do filme se passa no Rio de Janeiro, e temos uma nova personagem, brasileira. Por que chamaram a portuguesa Daniela Melchior para fazer a brasileira? Vejam bem, gosto da Daniela Melchior, ela fez um excelente trabalho em Esquadrão Suicida, mas, por que não chamar uma brasileira? Tem tantas boas atrizes por aqui!

(Ludmilla faz uma rápida participação, alguns poucos segundos. Não chega a atrapalhar.)

Tem uma coisa divertida para o público carioca, que é analisar a geografia da cidade. O local onde os carros de corrida se encontram parece o Arpoador. Até aí, ok, apesar de ser um local fechado para veículos, só pedestres têm acesso. Mas é curioso que depois é uma pista que não existe na Zona Sul – mas os prédios em volta continuam no mesmo cenário.

O elenco é fantástico. A franquia gera muito dinheiro. Existe um “clube do bilhão”, são 52 filmes que já alcançaram um bilhão de dólares na bilheteria, e dois dos V&F estão nessa lista – o V&F7 está em décimo primeiro lugar! Como todo esse potencial financeiro, claro que dá pra chamar elenco com grande star power. Não só temos vários astros do atual cinema de ação, como Vin Diesel, Jason Statham, John Cena, Jason Momoa e Dwayne Johnson, como ainda tem quatro atrizes ganhadoras do Oscar: Charlize Theron, Helen Mirren, Brie Larson e Rita Moreno. E todos os anteriores estão de volta: Michelle Rodriguez, Jordana Brewster, Tyrese Gibson, Ludacris, Nathalie Emmanuel, Sung Kang, Scott Eastwood e Joaquim de Almeida. Todos fazem o de sempre, o único destaque (positivo ou negativo) é Jason Momoa, que faz um vilão muito acima do tom. Teve gente que saiu da sessão de imprensa reclamando dele, mas heu achei ele caricato no ponto exato! Adorei o vilão com cara de desenho animado dos anos 90!

O filme é longo, duas horas e vinte e um minutos. Não, não precisava de tanto. Podia, por exemplo, cortar aquele núcleo dos atores sem star power. O filme ia ter meia hora a menos e ia ser bem melhor.

Tem uma cena pós créditos logo depois dos créditos principais. Se tem alguma lá no fim? Não sei. O cinema cortou os créditos no meio. Mas a assessoria disse que não tem nada depois. Se tiver, alguém me avisa?

Adão Negro

Crítica – Adão Negro

Sinopse (imdb): Quase 5.000 anos após ser agraciado com os poderes onipotentes dos deuses egípcios e preso com a mesma rapidez, Adão Negro alcança a liberdade de sua tumba terrena, pronto para liberar sua justiça no mundo moderno.

Bora pra mais um filme de super heróis da DC!

O que mais me intrigava sobre este Adão Negro (Black Adam, no original) era o protagonista. Porque, na Hollywood de hoje, é difícil imaginar o Dwayne Johnson como um vilão. Mas, olha, nesse aspecto, gostei do que vemos no filme. Diferente da maioria dos filmes de super heróis onde existe um grande maniqueísmo, o bem contra o mal, aqui a gente tem dois grupos distintos onde dependendo do ponto de vista, um deles pode não ser exatamente de “mocinhos”. Inclusive isso é falado por uma personagem – “onde estavam vocês quando fomos invadidos 27 anos atrás?”

Dito isso, preciso dizer que o vilãozão que temos no terço final do filme é fraco. Mais tarde volto a falar dele.

A direção é de Jaume Collet-Serra, de A Órfã, Águas Rasas, e alguns filmes com o Liam Neeson badass (Desconhecido, O Passageiro, Noite Sem Fim e Sem Escalas). Bom diretor, mas que aqui não mostra nada autoral. Ele usa tanta câmera lenta que às vezes parece que estamos vendo um filme do Zack Snyder.

Ainda na câmera lenta: são boas cenas, só que em excesso. Talvez o ideal fosse reduzir um pouco. As cenas de ação são boas, e o filme tem um pouco mais de violência do que estamos acostumados na concorrente Marvel.

Já que falamos da Marvel… Preciso dizer que não conheço as HQs, meus comentários são apenas relativos ao que tivemos no cinema nos últimos anos. E preciso falar que esse filme parece muito um filme da Marvel. Temos um novo elemento, o Eternium, que é equivalente ao Vibranium. O time de super heróis é liderado por uma mistura de Tony Stark com Falcão, e seu time tem um “Doutor Estranho” (que vê o futuro e encontra apenas uma solução para enfrentar o vilão), um Homem Formiga com máscara de Deadpool (inclusive usado como alívio cômico) e uma espécie de Tempestade (ok, essa é a mais diferente). Só que a Marvel passou anos e anos construindo um time, e agora na DC veio tudo jogado de uma vez.

Sobre o elenco, Dwayne Johnson está ótimo como sempre. Um personagem mais sombrio que o habitual, mas mesmo assim mantendo o bom humor. Sarah Shahi tem o principal papel entre os “não heróis”, e Pierce Brosnan é o único conhecido do grupo de heróis Sociedade da Justiça (os outros são Aldis Hodge, Quintessa Swindell e Noah Centineo). E temos Viola Davis como Amanda Waller, meio que pra justificar que este é mais um filme do universo cinematográfico da DC.

A parte técnica teve uma coisa que me incomodou. O áudio parecia que algumas cenas estava mal dublado, principalmente em cenas do menino. Achei estranho, mas deixei pra lá. Ao fim da sessão, um amigo comentou sobre isso, e vi que não fui o único.

Adão Negro é legal, mas não gostei do terço final. O personagem título tinha sido isolado, mas consegue voltar numa cena muito forçada. E é o momento onde temos o vilãozão. E aquele exército de zumbis foi completamente desnecessário.

Tem uma cena pós créditos, depois dos créditos principais, que fez parte da galera urrar na sessão de imprensa. Admito, boa cena. No fim dos créditos não tem nada.

Aguardemos mais filmes do Dwayne Johnson na DC!

Alerta Vermelho

Crítica – Alerta Vermelho

Sinopse (imdb): Um agente da Interpol rastreia o ladrão de arte mais procurado do mundo.

Grande lançamento da Netflix, Alerta Vermelho (Red Notice, no original) chega com a divulgação de ser “o filme mais caro da história da Netflix”. Pena que o dinheiro não garantiu a qualidade.

Escrito e dirigido por Rawson Marshall Thurber (que já tinha feito outros dois filmes com Dwayne Johnson, Um Espião em Meio e Arranha Céu), Alerta Vermelho tem como grande mérito o carisma de seus três atores principais, Dwayne Johnson, Ryan Reynolds e Gal Gadot. Realmente, nessa parte o filme funciona. Agora, o roteiro…

Alerta Vermelho tem tantas conveniências no roteiro que chega um ponto que o espectador diz “chega!”. Ok, a gente entende que é Hollywood, filme pipoca, pra desligar o cérebro e curtir, mas precisa saber dosar. Porque é difícil chegar ao fim sem pensar “pô, aí não, forçaram a barra”.

Pra piorar, alguns cenários são bem básicos, nem parece “o filme mais caro”. Tem uma cena numa floresta, logo depois da cachoeira, que quase dá pra ver a parede do estúdio, de tão artificial.

(E, olha, quando mostram o ponto no mapa na América Latina, heu acho que aquilo é no Brasil e não na Argentina…)

Agora, preciso admitir que me diverti em vários momentos. Reconheço que os trio principal de atores repete os papeis de sempre, mas esses papeis funcionam bem.

Aliás, preciso dizer que Ryan Reynolds acertou em cheio pelo menos duas vezes. Uma é quando o filme entra numa vibe Caçadores da Arca Perdida e ele assobia o tema do Indiana Jones; a outra é quando ele diz que está procurando “uma caixa que diz MacGuffin”. Ri alto nessas duas piadas.

(MacGuffin era um termo usado por Hitchcock pra falar de alguma coisa que os personagens estão procurando, mas que não tem importância pro espectador. Segundo a wikipedia, “é um dispositivo do enredo, na forma de algum objetivo, objeto desejado, ou outro motivador que o protagonista persegue, muitas vezes com pouca ou nenhuma explicação narrativa. A especificidade de um MacGuffin, normalmente, é sem importância para a trama geral.”)

Ou seja, Alerta Vermelho só serve se você for fã dos atores e se desligar de todo o resto. Dá pra se divertir, mas é bem esquecível.

Alerta Vermelho está na Netflix, mas também teve lançamento nos cinemas. Achei uma estratégia estranha. Lembro que quando O Irlandês estreou na Netflix, houve sessões nos cinemas. Mas, IMHO, O Irlandês é um filme com mais atrativos pra levar o espectador pro cinema. Tenho minhas dúvidas se este Alerta Vermelho vendeu algum ingresso.

Jungle Cruise

Crítica – Jungle Cruise

Sinopse (imdb): Baseado no passeio do parque temático da Disneylândia, onde um pequeno barco leva um grupo de viajantes por uma selva repleta de animais e répteis perigosos, mas com um elemento sobrenatural.

Não é a primeira vez que fazem um filme baseado em brinquedos do parque da Disney. O mais famoso e mais bem sucedido é Piratas do Caribe, que já tem cinco filmes, sendo que dois deles passaram a marca de um bilhão de dólares na bilheteria. Os últimos filmes não foram muito bem aceitos, mas é um sucesso incontestável. Agora, heu lembrava de pelo menos mais dois, ambos mal sucedidos nas bilheterias: Mansão Mal Assombrada, de 2003, com o Eddie Murphy; e Tomorrowland, de 2015, com o George Clooney. Mas aí lembrei de quando fui à Disney em 2018, que depois do brinquedo Torre do Terror, vi dvds à venda de um filme feito em 1997 baseado naquela atração, com Steve Guttenberg e Kirsten Dunst – lembro que pensei “vou procurar o filme pra assistir quando voltar pro Brasil”, mas nada ainda. Aí resolvi pesquisar pra saber se tinham outros filmes, e descobri que Missão Marte, feito pelo Brian de Palma em 2000, com Gary Sinise, Tim Robbins, Don Cheadle e Connie Nielsen, tem um roteiro inspirado na atração da Disney! E ainda descobri mais um, que nunca tinha ouvido falar: Beary e os Ursos Caipiras, de 2002, baseado no brinquedo Country Bear Jamboree.

Resumindo: a gente vê que apesar do sucesso dos parques, transformar isso em bilheteria não é fácil. Deve ter sido por isso que convidaram Dwayne Johnson para protagonizar. Arrisco a dizer que Dwayne é o nome com mais star power na Hollywood contemporânea. O cara tem um carisma gigantesco e é um dos poucos casos do cinema atual onde o nome do ator é mais importante que o nome do filme.

Ainda pegando o gancho do parque da Disney: a atração Jungle Cruise é meio bobinha, é um passeio de barco onde vemos animais animatronics, enquanto um capitão do barco narra o passeio, sempre contando piadas infames. Sim, em inglês, muitos brasileiros não entendem as piadas, e arrisco a dizer que – olha só que irônico – metade da graça do brinquedo são as piadas sem graça do capitão. E tem uma sequência do filme onde o personagem de Dwayne Johnson fala algumas das piadas que estão no roteiro do parque.

Ah, no parque o passeio é na África, aqui estamos na Amazônia, o passeio começa em Porto Velho, Rondônia. Mas foi filmado no Havaí.

Curiosamente, aqui em Jungle Cruise, Dwayne Johnson divide o protagonismo. Emily Blunt tem um papel tão importante quanto o dele. E a dupla está muito bem, aquele clássico clichê de parceiros que se cutucam o tempo todo – e como são dois atores talentosos e carismáticos, a química fluiu bem.

A direção ficou com Jaume Collet-Serra. Gosto dele, ele fez A Órfã, Águas Rasas, alguns filmes com o Liam Neeson badass – mas não entendi a escolha dele pra este filme. Collet-Serra faz um trabalho competente, mas que em nada lembra seus trabalhos anteriores. Me lembrei do Guy Ritchie dirigindo Aladdin. Me parece que em ambos os casos os diretores abriram mão dos respectivos estilos habituais pra fazerem um “filme de estúdio”.

Muitas vezes a história lembra os filmes do Indiana Jones – até na época em que se passa, pouco antes da segunda guerra mundial. Emily Blunt tem algumas cenas que a gente quase ouve o clássico tema do John Williams.

Aliás, comentário sobre a trilha sonora. Quando vemos os flashbacks dos espanhóis, tem uma música de violão dedilhado que foi uma agradável surpresa. É uma versão de Nothing Else Matters! Agora tem Metallica em filme da Disney!

Falei dos personagens principais, mas acho que ainda tem outros dois que merecem ser mencionados. Jesse Plemons (que parece um genérico do Matt Damon) faz um bom vilão, um alemão caricato como pedem os clichês da Disney. E Jack Whitehall, que faz o irmão, toca num assunto que não deveria ser nada de mais em 2021, mas ainda é tabu na Disney – o personagem é gay, ele declara que não queria se casar com nenhuma mulher porque gostava de outra coisa. Existem algumas teorias malucas pela internet tentando forçar uma barra de casos homo afetivos em Luca e em Raya, coisa que só existe dentro da cabeça dos autores dessas teorias. Mas aqui não é teoria, é um caso real, faz parte do filme. Por um lado, é muito discreto; mas por outro lado é a Disney assumindo que tabus podem ser quebrados. Vejo isso como um “copo meio cheio”. Estamos progredindo! Ainda no elenco, Edgar Ramirez e um Paul Giamatti exagerado e desperdiçado.

Achei que os efeitos especiais dos espanhóis lembram os efeitos de Piratas do Caribe, mas com temas de floresta em vez de mar. Será que é uma homenagem? Ou foi coincidência? Ainda sobre os efeitos, gostei da onça, mas em algumas cenas fica nítido o cgi.

Por fim, queria deixar registrada uma experiência pessoal. Sempre fui muito ao cinema, e sempre levei meus filhos. Nos últimos meses fui algumas vezes, mas sempre sozinho. Jungle Cruise foi a volta ao cinema com a família inteira. Todos de máscara, cinema quase vazio, mas, finalmente, cinema voltou a ser um programa familiar.

Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw

Crítica – Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw

Sinopse (imdb): O policial Luke Hobbs e o marginal Deckard Shaw formam uma improvável aliança quando um vilão cibergeneticamente melhorado ameaça o futuro da humanidade.

Se tem uma franquia que tem conseguido manter a qualidade no que propõe, é a franquia Velozes e Furiosos. Filmes divertidos, com sequências de ação de tirar o fôlego, estrelados por um monte de atores carismáticos, e – sempre – sem levar nada a sério. As mentiras apresentadas em cada filme rivalizam com os filmes do James Bond.

(Tem gente que não gosta da comparação, mas acho que Velozes e Furiosos tem muito a ver com 007 – filmes de ação bem feitos, todos meio parecidos entre eles, e muita, muita mentira.)

Vou retirar um parágrafo do imdb:

“A idéia de um spin-off de Velozes e Furiosos, com Hobbs e Shaw, surgiu durante as filmagens do oitavo filme, depois que os produtores e executivos do estúdio repararam na química cômica entre os dois ao longo de suas cenas juntos. Os planos para desenvolver o spin-off foram informalmente aprovados antes do final das filmagens, e mais tarde revelaram-se o motivo por trás da animosidade muito discutida que surgiu entre Vin Diesel e Dwayne Johnson na última semana de produção – que resultou que Diesel teria cancelado algumas das cenas de Johnson (que estava dentro de seu alcance como um dos produtores executivos do filme) e não aparecendo para filmar em pelo menos um dia de produção, deixando centenas de elenco e equipe ociosos. Depois que as notícias do spin-off se tornaram públicas, Michelle Rodriguez (Letty) e Tyrese Gibson (Roman) criticaram publicamente por prejudicar a “família” de V&F, assim como atrasaram o lançamento do nono filme da série por pelo menos um ano. Em fevereiro de 2019, Johnson declarou que “provavelmente não” retornaria para “Velozes e Furiosos 9″, mas o consideraria para o 10º da série.”

A direção deste Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw (Fast & Furious Presents: Hobbs & Shaw, no original) é de David Leitch, o mesmo de Atômica e Deadpool 2. Ex-dublê, claro que Leitch é muito eficiente nas sequências de ação. Mas, aqui tem uma “meia boa notícia”. As sequências são boas, mas são “apenas” boas – diferente de Atômica, onde temos sequências antológicas.

Mesmo não sendo um filme “antológico”, Hobbs & Shaw não vai decepcionar nenhum fã da franquia V&F. Personagens carismáticos, cenas de ação excelentes, e muita, muita mentira. Aliás, parece que a mentira está testando os limites. Hobbs & Shaw flerta com a ficção científica e cria um vilão com super poderes!

No elenco, se você tem dois grandões carismáticos como os mocinhos (Dwayne Johnson e Jason Statham), precisa de um outro ator tão carismático quanto para ser o vilão – Idris Elba. Apesar da grande diferença de idade, Vanessa Kirby funciona como a irmã de Statham; Helen Mirren repete o papel da mãe (que ela fez em V&F 8). Eddie Marsan parece que está repetindo o papel que fez em Atômica; Eiza González me pareceu um pouco deslocada – talvez fosse melhor uma atriz russa em vez de uma latina.

No fim, temos que admitir, Hobbs & Shaw é uma bobagem. Uma divertida e barulhenta bobagem. Que venham outras bobagens assim no circuito!

Arranha-Céu: Coragem Sem Limite

arranha ceuCrítica – Arranha-Céu: Coragem Sem Limite

Sinopse (imdb): Um pai faz um grande esforço para salvar sua família de um arranha-céu em chamas.

Depois de Jumanji e Rampage, olha o The Rock de novo em cartaz! Três filmes em 7 meses!

Escrito e dirigido por Rawson Marshall Thurber (que até agora só tinha feito comédias), Arranha-Céu: Coragem Sem Limite (Skyscraper, no original) é um típico filme de ação descerebrado. Quem procura uma boa história, deve evitar.

Parece um Duro de Matar misturado com filme catástrofe, mas com um roteiro desleixado e previsível do início ao fim. Muita coisa não faz o menor sentido. Aliás, rolou uma divertida polêmica quando saiu o cartaz do filme uns meses atrás – várias “teorias” tentando explicar como aquele salto funcionaria.

Mas, por outro lado, temos Dwayne Johnson. Ele sozinho vale o ingresso. Grande, forte, simpático e muito carismático, The Rock faz o filme valer a pena (para aqueles menos exigentes). O cara é tão bom que tiveram que tirar uma perna do personagem, pra facilitar um pouco pro vilão caricato da vez. A sumida Neve Campbell lhe faz companhia.

Enfim, é difícil recomendar um filme desses – porque o filme não é bom. Mas acredito que vai agradar o seu público alvo.

Rampage: Destruição Total

RampageCrítica – Rampage: Destruição Total

Sinopse (imdb): Quando três animais diferentes são infectados com um patógeno perigoso, um primatologista e uma geneticista se unem para impedir que eles destruam Chicago.

Não escondo de ninguém que sou fã do Dwyane Johnson, o “The Rock”. Seu carisma é tão grande que ele é capaz de salvar um filme meia boca.

Infelizmente não foi o caso aqui.

Nunca joguei o videogame. Pelo que me disseram, o objetivo do jogo é apenas destruir a cidade. Difícil fazer um filme só com isso.

Dirigido por Brad Peyton, Rampage: Destruição Total (Rampage, no original) simplesmente não empolga – diferente do filme anterior do mesmo diretor, Terremoto: A Falha de San Andreas, que é igualmente cheio de clichês, mas pelo menos é divertido. O filme até começa bem, com uma breve introdução no espaço (que parece o fim do filme Vida), mas depois que a história chega na Terra, o filme fica sem graça. Pra piorar, os efeitos especiais nem sempre funcionam. Várias vezes o cgi falha.

Tem outra coisa, um detalhe, mas que achei muito tosco. São três criaturas. As duas que eram selvagens viram monstros; o gorila, único que conhecemos a história, só cresce, sem mudar as características físicas. Adivinha qual criatura que vira boazinha no fim? 😉

Sobre o elenco, repito: gosto do Dwyane Johnson – mas ele sozinho não foi o suficiente. Malin Akerman está muito canastrona. Também no elenco, Marley Shelton, Naomie Harris, Jeffrey Dean Morgan, Jake Lacy e Joe Manganiello – que era um lobisomem em True Blood, mas aqui virou um caçador de lobos.

Enfim, só mais um filme genérico de monstros gigantes.

Jumanji: Bem-vindo à Selva

JumanjiCrítica – Jumanji: Bem-vindo à Selva

Sinopse (imdb): Quatro adolescentes são sugados para um videogame mágico, e a única maneira para escapar é trabalharem juntos para terminar o jogo.

O primeiro Jumanji, lançado em 1995, foi um grande sucesso no gênero. Ok, seus efeitos especiais perderam a validade há muito tempo, mas na época foram uma novidade. A grande dúvida era se era possível uma renovação.

Há uma atualização básica aqui. Em vez de jogo de tabuleiro, Jumanji agora é um videogame. E isso funcionou muito bem, inclusive os personagens secundários ficaram perfeitos como “non player character” – isso ajuda a explicar o filme, e não importa se são personagens unidimensionais.

Uma informação útil pra quem não viu ou não se lembra do Jumanji anterior: são filmes independentes. Rola um breve prólogo, onde aparece a caixa do jogo antigo, mas logo aparece a versão videogame. E lá pro meio existe uma citação, mas mais como uma homenagem: um personagem fala que uma construção teria sido feita pelo Alan Parrish, personagem do Robin Williams no filme de duas décadas atrás.

Jumanji: Bem-vindo à Selva (Jumanji: Welcome to the Jungle, no original) foi dirigido por Jake Kasdan, filho do roteirista Lawrence Kasdan (O Império Contra-Ataca, Os Caçadores da Arca Perdida), e que até agora não tem um currículo nada impressionante (ele fez muita coisa pra tv, e seus últimos filmes pro cinema foram os irregulares Sex Tape e Professora Sem Classe. Arrisco dizer que ele conseguiu um resultado melhor aqui. Jumanji é bem divertido. Ritmo empolgante, boas cenas de ação, boas sacadas com as características de cada personagem. E os efeitos especiais são excelentes (será que daqui a vinte anos continuaremos dizendo isso?).

O elenco é um dos trunfos. Os adolescentes estão “dentro” dos personagens do jogo. Assim, vemos Dwayne Johnson como um nerd magrelo e Jack Black como uma patricinha mimada – e, acreditem, isso funcionou! Dwayne Johnson é responsável por alguns dos momentos mais divertidos do filme! Karen Gillan também está ótima, tem uma cena onde Jack Black a ensina a seduzir que arrancou gargalhadas da plateia. Kevin Hart está meio caricato, mas funciona pro que o papel pede. Quem destoa é Nick Jonas, que se une ao grupo. Bobby Cannavale também faz um vilão meia boca.

Rolou uma polêmica sobre o figurino da Karen Gillan, a patrulha do politicamente correto chiou quando apareceram fotos dos personagens e a única mulher estava de shortinho. Mas calma, que no filme isso tem explicação.

Não sei se esta nova versão será tão marcante quanto a anterior, mas acho que isso é porque hoje temos muito mais opções em cartaz. Com relação a qualidade, o novo filme é tão bom quanto o anterior.

Baywatch: S.O.S. Malibu

BaywatchCrítica – Baywatch: S.O.S. Malibu

Um salva-vidas veterano bate cabeça com um novo recruta impiedoso, ao descobrir uma trama criminal que ameaça o futuro da baía.

Seguindo a onda de remakes, vamos à versão cinematográfica do seriado Baywatch, desta vez usando o carisma de Dwayne Johnson e Zac Efron.

Se Baywatch: S.O.S. Malibu tem uma coisa boa é que o filme não se leva a sério em momento algum. Algumas das melhores piadas do filme são o jeito como Johnson chama Efron, sempre com nomes ligados a artistas adolescentes.

Mas o roteiro tem muitos furos. Um exemplo sem spoilers: a vilã trafica drogas em um iate, mas quando faz uma festa no barco, qualquer um pode entrar e bisbilhotar. E assim como este, são vários furos. Fica difícil curtir o filme.

(E isso porque não estou falando das óbvias e desnecessárias piadas ruins envolvendo órgãos genitais…)

Outro exemplo de como o filme é descuidado é que os créditos iniciais entregam logo quem são as participações especiais de atores do seriado. Seria bem mais legal não saber e ser surpreendido na hora. Isso porque nem se mencionei que não mudaram os nomes dos personagens!

Dwyane Johnson e Zac Efron não estão mal, mas carisma não salva um roteiro ruim. Também no elenco, Alexandra Daddario, Priyanka Chopra, Kelly Rohrbach, Ilfenesh Hadera e Jon Bass.

Dispensável…