Gladiador 2

Crítica – Gladiador 2

Sinopse (imdb): Após ter seu lar conquistado pelos imperadores tirânicos que agora comandam Roma, Lucius é forçado a entrar no Coliseu e deve olhar para o seu passado para encontrar força para devolver a glória de Roma ao seu povo.

O primeiro Gladiador, de 2000, é um filmaço, tanto na parte técnica quanto na história: um general do exército acaba virando escravo e depois vira gladiador, enquanto busca vingança contra quem lhe fez mal. E tem um final fechado, porque – spoiler de um filme de 24 anos atrás – tanto o protagonista quanto o antagonista morrem no fim do filme. Como fazer uma continuação?

(O imdb fala de uma proposta de continuação que seria escrita pelo músico Nick Cave, onde Maximus chegaria no pós vida, onde encontraria Jupiter, que o mandaria de volta pra Terra como um imortal, e ele participaria das Cruzadas, da Segunda Guerra Mundial, da Guerra do Vietnã, e terminaria trabalhando no Pentágono, em Washington. Acho que seria um filme muito ruim, mas heu queria ver esse filme!)

Bem, este Gladiador 2 usa alguns artifícios pra ser chamado de “continuação”. Primeiro, traz de volta um personagem secundário que era criança no primeiro filme. Depois, utiliza exatamente o mesmo formato: homem bom de briga vira escravo e depois gladiador, em busca de vingança. É algo criativo? Não, mas pelo menos não engana o espectador.

Mais uma vez dirigido por Ridley Scott (que faz 87 anos no fim do mês e está cheio de novos projetos para os próximos anos!), Gladiador 2 tem seus altos e baixos. Claramente é inferior ao primeiro, mas o “espectador de multiplex” (aquele que vai ao cinema no fim de semana apenas pra se distrair) não vai se decepcionar. Mas, preciso falar sobre uns problemas…

A comparação com o primeiro filme é inevitável. Lá, o protagonista Maximus Decimus tinha um objetivo claro de vingança, e persegue ela até o fim do filme. Aqui, o novo protagonista também tem um objetivo inicial de vingança, mas no meio do caminho o filme muda de antagonista e a vingança é deixada de lado. Aliás, a mudança do protagonista é muito brusca, ele odeia o personagem do Pedro Pascal, e depois de um breve diálogo, muda de ideia e o que era vilão passa a ser um coitado. Essa virada de chave ficou muito mal construída.

Outra coisa que achei forçada foi a ligação do protagonista com um passado que ele não viveu. Ele era criança no primeiro filme e não tinha vivido as coisas que colocaram aqui pra ligá-lo ao filme anterior. Bem, é forçado, mas é cinema, então é uma crítica mas a gente deixa pra lá.

Tenho elogios e críticas à parte técnica. Por um lado, a tecnologia de efeitos pelo computador evoluiu, e aqui conseguimos ter coisas bem mais difíceis de se recriar vinte anos atrás. O filme começa com uma boa sequência de uma cidade sendo atacada por navios, tem uma cena no Coliseu onde enchem de água pra recriar uma batalha naval, e ainda tem uma outra cena no Coliseu onde vemos um rinoceronte! Todas essas sequências ficaram bem legais. Mas, por outro lado, tem uma batalha de gladiadores contra babuínos onde os babuínos ficaram bem toscos. O efeito especial não funcionou. A piada que rolou depois da sessão de imprensa é que esses babuínos seriam xenomorfos e este filme seria conectado à franquia Alien.

Sobre o elenco, preciso dizer que Paul Mescal não me convenceu – principalmente quando a gente lembra que é uma continuação e ele acaba sendo comparado com o Russell Crowe no primeiro filme. Por outro lado, Denzel Washington está muito bem. Sua interpretação é uma das melhores coisas de Gladiador 2. Não gostei do personagem do Pedro Pascal, achei inconsistente, ele começa sendo o antagonista, mas o roteiro resolve criar uma redenção que, na minha humilde opinião, falhou. Connie Nielsen volta ao mesmo papel, mas achei a personagem fraca. Derek Jacobi também repete o papel do primeiro filme, mas era um papel pequeno lá, e aqui também é bem secundário. Por fim, um dos imperadores é interpretado por Joseph Quinn, o Eddie de Stranger Things, que parece que está com a carreira decolando.

No fim, Gladiador 2 está sendo anunciado como “o épico do ano”, mas será apenas mais um filme ok, que será esquecido em breve.

Garotas em Fuga

Crítica – Garotas em Fuga

Sinopse (imdb): Em busca de um recomeço, Jamie, que lamenta o término com mais uma namorada, e sua amiga Marian, que precisa aprender a se soltar, embarcam em uma viagem improvisada para Tallahassee, que logo sai dos trilhos.

Sou fã dos irmãos Coen desde sempre. Eles começaram a carreira em 1984, mais ou menos na mesma época que comecei a ir ao cinema, acho que vi todos os filmes da dupla, sempre perto da época do lançamento, desde seu segundo filme, Arizona Nunca Mais, de 1987. (O primeiro, Gosto de Sangue, de 84, vi em VHS).

Uma curiosidade: até o filme O Amor Custa Caro (2003), Joel era creditado como diretor e Ethan como produtor, mas diziam que os dois faziam tudo juntos. A partir do filme seguinte, Matadores de Velhinha (2004) eles passaram a dividir os créditos. Provavelmente alguém deve ter avisado que se eles ganhassem um prêmio de direção, como aconteceria em 2008 por Onde Os Fracos Não Têm Vez, seria apenas um prêmio e não dois. (Em 97, eles foram indicados a 4 Oscars por Fargo: ganharam juntos por roteiro, e foram indicados juntos por edição. Mas Ethan foi indicado sozinho como produtor e Joel, sozinho, como diretor. Foi a única indicação “solitária” de cada um, todas as outras 14 indicações ao Oscar foram compartilhadas).

Aí, depois de quase 4 décadas, sei lá por que, eles pararam de filmar juntos. Catei pelo Google mas não achei qual foi a razão. Joel Coen, sozinho, fez A Tragédia de Macbeth, com Denzel Washington, filme que achei tão chato que nem terminei de ver. Achei que a “instituição Irmãos Coen” havia acabado. Pena.

Mas, ano passado vi o trailer deste Garotas em Fuga (Drive-Away Dolls, no original), que me lembrou o clima amalucado de alguns filmes dos Coen dos anos 80, como Arizona Nunca Mais, ou ainda Crimewave, dirigido por Sam Raimi mas com roteiro dos Coen. Gostei tanto do trailer que Garotas em Fuga entrou na minha lista de expectativas para 2024.

E então? Garotas em Fuga presta?

Bem, não é um grande filme. Na verdade, parece uma cópia meio tosca de filmes dos irmãos Coen. Mas é divertidíssimo!

Garotas em Fuga é um road movie com alguns elementos que eram frequentes em filmes dos irmãos, como personagens secundários bizarros e caricatos, e humor negro misturado com violência. E gostei do filme ter apenas uma hora e vinte e quatro minutos (os créditos começam com uma hora e dezessete!), é um filme bobinho, se fosse muito longo ia ser cansativo.

É um filme de lésbicas, então boa parte das piadas é dentro deste assunto. Mas achei que faltou um cuidado maior na hora de selecionar as piadas – algumas são boas, mas outras soam forçadas, me pareceu que estão lá só pra chocar. Além disso, Garotas em Fuga tem algumas vinhetas psicodélicas meio sem sentido, não entendi o que o Ethan Coen queria dizer com aquilo

No elenco, a dupla principal é interpretada por Margaret Qualley e Geraldine Viswanathan. As duas funcionam bem juntas, é aquela dupla clichê de uma certinha que precisa se dar bem com uma maluquinha. Nos papéis secundários, temos algumas surpresas. Pedro Pascal e Matt Damon têm papéis importantes, mas quase não aparecem. E a Miley Cyrus tem um papel chave, que, se bobear, aparece menos que os dois citados.

No fim, apesar de ser nitidamente um filme “menor”, fiquei feliz de ver um dos irmãos Coen voltando às origens e entregando um filme divertido. Mesmo “menor”, prefiro muito mais este Garotas em Fuga do que aquele Macbeth.

The Last of Us – E01S01

Crítica – The Last of Us – E01S01

Sinopse (imdb): Joel e Ellie, uma dupla conectada pela dureza do mundo em que vivem, são forçados a suportar circunstâncias brutais e assassinos implacáveis em uma jornada pela América pós-pandemia.

Estreou no domingo passado uma série na HBO baseada no famoso videogame The Last Of Us. Como nunca joguei o game – nem sei do que se trata – nem me interessei pela série. Mas, ouvi elogios em mais de um grupo, e reparei que alguns dos youtubers que acompanho estão comentando, então resolvi ver qualé.

E preciso dizer que rolou uma certa decepção. A série não é exatamente ruim, mas… falta muito pra ser tão boa quanto estão falando por aí. Vamos por partes.

Antes de tudo, queria falar que gosto do formato de um episódio por semana. Alguns streamings liberam de uma vez toda a temporada de uma série, e os espectadores mais afoitos fazem binge watching. Acho isso ruim, prefiro ver um episódio de cada vez, dá tempo de digerir o que a gente acabou de ver.

Vamos primeiro ao que deu certo. O criador do videogame, Neil Druckmann, é roteirista aqui. Isso já coloca The Last Of Us num patamar acima de muitas adaptações ruins – lembro de uma recente adaptação de Resident Evil que conseguiu a façanha de desagradar tanto quem jogou o game quanto quem apenas gosta de um bom filme ou série. Outro acerto foi trazer Gustavo Santaolalla, que fez a trilha sonora do videogame, para fazer a trilha sonora aqui.

Uma curiosidade: o diretor Craig Mazin não dirigia nada desde 2008, quando fez a comédia nonsense Super Herói: O Filme (e antes ele tinha escrito o roteiro de duas sequências de Todo Mundo em Pânico!). Mas, boa notícia: Mazin faz um bom trabalho aqui. E hoje ele é mais conhecido por ser o criador da série Chernobyl do que pelo seu passado no besteirol.

Algumas sequências são muito bem filmadas. Gostei muito da sequência do carro, onde o ponto de vista está sempre dentro do veículo enquanto o caos acontece lá fora, inclusive com alguns planos sequência no meio (me lembrei de Filhos da Esperança, que também tem um plano sequência sensacional envolvendo um carro e o caos em volta). E não é só isso, alguns detalhes são boas sacadas como a cena onde vemos uma personagem que está virando zumbi, mas em segundo plano, fora de foco.

Dito isso, precisamos reconhecer que a gente já viu tudo isso. Estou meio saturado com o tema “apocalipse zumbi”. E o episódio traz um “plot twist” com a Ellie, mas no primeiro diálogo onde ela aparece a gente já saca qual é o segredo dela.

Tem outro problema: tudo é muito lento. O episódio tem uma hora e vinte minutos, que se arrastam…

No elenco, Pedro Pascal mais uma vez mostra que é um nome em ascensão. O seu Joel é um cara complexo, tem seus problemas, seus traumas, trabalha com coisas dentro e fora da lei, é um personagem muito bem construído. Bella Ramsey, o outro nome principal, por enquanto não é um bom personagem, ela só faz uma adolescente chata. Isso pode ser do roteiro, ou pode ser um problema com a atriz, aguardemos os próximos. Anna Torv, de Fringe, tem um papel importante, mas também ainda não mostrou a que veio.

Bem, fiz essa análise vendo apenas um episódio. Ainda faltam oito. Ou seja, admito que é cedo pra tirar conclusões. Espero que a série traga algo de novo e seja realmente isso tudo o que prometeram.

O Peso do Talento

Crítica – O Peso do Talento

Sinopse (filmeB): Depois de perder seu dinheiro, Nicolas Cage precisa recuperar-se financeiramente, mas o problema foi a solução que ele encontrou: aceitar o valor de US$ 1 milhão para ir à festa de aniversário de um super fã que também é um chefão do crime. Parecia que ia dar certo, mas o inesperado acontece quando uma agente da CIA o recruta para viver o papel de sua vida: Nicolas Cage e seus grandes sucessos nas telonas.

A ideia de O Peso do Talento (The Unbearable Weight of Massive Talent, no original) era interessante. Fazer um filme em cima dos exageros do Nicolas Cage, estrelado pelo próprio Nicolas Cage.

Cage era o nome certo para um projeto destes. Não consigo pensar em outro nome que funcionaria tão bem. O cara estrelou vários filmes de sucesso, ganhou o Oscar, e ficou conhecido por ser um cara extravagante e que gosta de gastar dinheiro em coisas caras e nem sempre necessárias. De uns anos pra cá, sua carreira entrou numa espiral de filmes de gosto duvidoso, mas que, diferente de um Bruce Willis (que, doente, fez uma série de filmes vagabundos onde pouco aparecia, para juntar um pé de meia), Cage continua atuando intensamente, quase sempre com o seu over acting que se tornou uma de suas principais características. Nome perfeito para um projeto que satiriza ele mesmo!

E realmente Cage é uma das melhores coisas daqui. Temos várias referências aos seus filmes como A Outra Face, Despedida em Las Vegas, A Rocha, 60 Segundos… E tem uma coisa que gostei, que é um Nicolas Cage imaginário, mais novo (me parece o Cage de Coração Selvagem), que aparece conversando com o Cage atual.

Outro ponto positivo é Pedro Pascal, que interpreta o milionário fã do Nicolas Cage. Não só Pascal está muito bem, como sua química com Cage é ótima. No resto do elenco, o único nome que me chamou a atenção foi uma ponta de Neil Patrick Harris.

O filme tem algumas cenas bem engraçadas, outras meio bobas. Pra ser sincero, achei divertido, mas apenas isso, mas, na sessão onde fui, tinha gente perdendo o fôlego de tanto rir. Ou seja, não achei tão engraçado, mas presenciei gente que achou.

Por fim, sempre fico feliz de ver filmes no cinema, mas tenho minhas dúvidas se este O Peso do Talento não teria um público maior se fosse lançado em streaming. Hoje em dia é difícil levar a galera para as salas de cinema, não sei se o filme terá o público almejado.

Pequenos Grandes Heróis

Crítica – Pequenos Grandes Heróis

Sinopse (imdb): Quando invasores alienígenas capturam os super-heróis da Terra, seus filhos devem aprender a trabalhar juntos para salvar seus pais e o planeta.

Antes de falar do filme, preciso falar do diretor Robert Rodriguez. Ele é um raro caso que consegue ter duas carreiras paralelas, fazendo filmes infantis e também filmes para adultos. O cara fez Sin City, Alita, Prova Final, Machete, e teve uma parceria com Tarantino em pelo menos três filmes (Grande Hotel, Grindhouse e Drink no Inferno). E ao mesmo tempo fez Shark Boy e Lava Girl, A Pedra Mágica e toda a série Pequenos Espiões (acho que são 4 filmes). Não me lembro de outro caso que transita entre universos tão diferentes – talvez George Miller, que dirigiu os quatro Mad Max e também Babe o Porquinho e Happy Feet. Enfim, sou muito fã da carreira adulta do Robert Rodriguez, e admiro muito essa sua versatilidade.

(Tem outra informação sobre o Robert Rodriguez, mas que não tem muito a ver com o filme de hoje, mas vamulá. O cara escreve, produz e dirige os próprios filmes. Até aí, você encontra um monte de gente que faz o mesmo. Mas… o Robert Rodriguez também edita, faz efeitos especiais, trabalha na trilha sonora, opera a câmera… O cara faz de tudo num set de filmagem e na pós produção dos seus filmes. Admiro muito isso!)

Mas, vamos ao Pequenos Grandes Heróis (We Can Be Heroes, no original). É uma continuação de Shark Boy e Lava Girl, mas não precisa (re)ver o original, porque a trama segue independente daquele filme. O Shark Boy (interpretado por outro ator) e a Lava Girl (interpretada pela mesma Taylor Dooley do filme de 15 anos atrás) até aparecem, mas são coadjuvantes. A filha deles, a Guppy, é uma das principais.

(Aliás, talvez seja melhor nem lembrar do filme anterior. Porque tudo naquele filme era obra da imaginação de um outro personagem. Ou seja, será que esse “universo expandido” também está na imaginação do mesmo personagem? E será que ele ainda é criança? Deixa quieto…)

O foco fica nas crianças. Os adultos são sequestrados, e as crianças precisam se unir e organizar o novo time de mini-heróis – e alguns ainda não conseguem controlar os seus poderes.

Sim, é um filme bobinho. Mas, caramba, é um filme infantil!

Vi algumas críticas reclamando que o filme é bobo. Mas, pela idade do pessoal que comentou, me parece que eram crianças na época do Sharkboy e Lava Girl, e, hoje, adultos, não se tocaram que Pequenos Grandes Heróis não foi feito para eles, e sim para as crianças de hoje em dia.

Robert Rodriguez deu uma entrevista dizendo que quando faz um filme para crianças, não quer nada subliminar para os adultos. Ou seja, não espere camadas como um longa da Pixar. Pequenos Grandes Heróis é para crianças!

Pensando por aí, o filme até pode funcionar. Os mini-heróis não são personagens muito complexos, o filme é colorido, divertido e traz uma mensagem positiva. Mas… Hoje em dia, em tempos de Soul, Pequenos Grandes Heróis vai decepcionar muita gente.

Ainda preciso falar dos efeitos especiais. Sim, são toscos. Pô, Robert Rodriguez, você consegue efeitos melhores que isso! Agora, isso é coerente como o “lavagirlverse”. O primeiro filme também tinha efeitos beeem ruinzinhos. Mesmo assim, preciso dizer que gostei do efeito dos monstros criados pela vilã na batalha final. Efeito simples, mas eficiente.

Sobre o elenco, o principal adulto é Pedro Pascal, badaladíssimo por Mandalorian e Mulher Maravilha 84. Mas… Ele pouco aparece, a filha dele é que é a protagonista. Mas tem um caso pior, porque pelo menos o Pedro Pascal tem alguma importância na trama. Um dos heróis que tem menos espaço é o Christian Slater! Caramba! Que momento desvalorizado na carreira! Ainda no elenco dos adultos, Priyanka Chopra, Boyd Holbrook, Adriana Barraza e Christopher McDonald. Dentre as crianças, nenhum nome conhecido. E nenhum nome daqueles que a gente pensa “uau, vou anotar o nome desse garoto / garota, ele arrebentou, vamos ver como será o futuro”. Sim, o elenco infantil é bem maomeno.

Por fim, preciso falar que achei o final do filme bem ruim. Digo mais: vi com meu filho de 9 anos, e ele também falou que o final do filme não faz sentido.

Pena. Continuo gostando do Robert Rodriguez, mas prefiro sua carreira de filmes para adultos.

Mulher-Maravilha 1984

Crítica – Mulher-Maravilha 1984

Sinopse imdb: Fast Forward para a década de 1980, quando a próxima aventura da Mulher Maravilha no cinema a encontra enfrentando dois novos inimigos: Max Lord e Mulher Leopardo.

Mulher-Maravilha 1984 (Wonder Woman 1984, no original) é o segundo grande lançamento cinematográfico pós covid – depois de Tenet. E Mulher-Maravilha 1984 vai sofrer com os mesmos problemas. Assim como Tenet, Mulher-Maravilha 1984 é filme pra ser visto nos cinemas, na tela grande. E boa parte do público ainda não voltou pros cinemas. Ou seja, vai ser mais um prejuízo.

Mas, vamos ao filme. Mulher-Maravilha 1984 tem alguns bons momentos, alguns momentos excelentes, mas nem tudo funciona. Achei o final péssimo.

Vamos ao que funciona. A direção é da mesma Patty Jenkins que dirigiu o primeiro, acho isso algo positivo, não tem alguém diferente tentando “consertar” alguma coisa. A reconstituição de época está ótima. Às vezes parece meio caricato, mas, poxa, os anos 80 foram caricatos. Heu sei porque heu vivi aquilo! (Nasci em 71, em 84 tinha 13 anos).

Algumas sequências são ótimas, como a que abre o filme, com a Mulher Maravilha ainda criança, ou a perseguição de carros. Não vou entrar em spoilers, mas tem um elemento que tinha no desenho animado da Liga da Justiça que aparece aqui, e o modo como apresentaram isso foi muito muito legal.

Gal Gadot é bonita, é carismática, e ainda é boa atriz. Vê-la na tela é um prazer. Chris Pine funciona bem ao lado dela, a química é boa. E os dois vilões são interpretados por dois atores inspirados: Kristen Wiig e Pedro Pascal (Hoje um nome hypado por causa de Mandalorian).

Agora… O personagem do Pedro Pascal é bom, mas não gostei nem um pouco da solução que deram pra ele. Tudo ficou exagerado e inverossímil. Mais uma vez não vou entrar em spoilers, mas, se o fim do primeiro filme já não é lá grandes coisas, esse aqui é ainda pior.

Mulher-Maravilha 1984 está nos cinemas. É um filme para ver no telão. Mas, lembrem-se: ainda estamos na pandemia! Se cuidem!

O Protetor 2

Crítica – O Protetor 2

Sinopse (imdb): Robert McCall pratica uma justiça inabalável para os explorados e oprimidos, mas até onde ele vai quando é alguém que ama?

O Protetor foi uma tentativa de liamneesonizar o Denzel Washington – um ator consagrado que vira action hero depois de “velho”. E foi um bom filme. E como foi bem na bilheteria, a regra de Hollywood é clara: é a hora da continuação.

A direção ficou com o mesmo Antoine Fuqua do primeiro filme, diretor sempre competente. E o carisma de Denzel Washington vale qualquer filme. Mas, mesmo assim, O Protetor 2 (The Equalizer 2, no original) é bem mais fraco que o filme anterior.

O roteiro de Richard Wenk perde muito tempo construindo histórias paralelas para McCall. Acho que isso foi pra termos mais empatia com o personagem, mas isso acabou causando sérios problemas de ritmo. Além disso, o espectador acostumado com filmes de ação vai achar tudo muito previsível.

Tem outra coisa que me incomodou. McCall pode ser excelente em brigas, mas se ele cutuca gente graúda, haveria alguma retaliação. Quando ele bate nos playboys estupradores ricos, estes sabem onde encontrá-lo depois. O mesmo com os traficantes do prédio.

Mas como falei lá em cima, a dupla Fuqua / Denzel sempre vale o ingresso. É só não ter muita expectativa.

A Grande Muralha

grandemuralhaCrítica – A Grande Muralha

Mercenários europeus que procuram pólvora se envolvem na defesa da Grande Muralha da China contra uma horda de monstruosas criaturas.

A Grande Muralha (The Great Wall, no original) é um filme épico dirigido pelo Zhang Yimou e estrelado pelo Matt Damon. Taí, esse filme prometia!

Muito se falou “pelas internetes da vida” do “white wash” – um personagem branco num ambiente onde ele não teria nada a ver. Mas, convenhamos, ter uma estrela do porte do Matt Damon deu uma visibilidade muito maior ao filme do que ele teria se só tivesse orientais no elenco. Pelo menos na trama tinha sentido um personagem branco aparecer.

Zhang Yimou sabe criar um visual bonito para os seus filmes – quem viu os mais famosos sabe disso (Lanternas Vermelhas e O Clã das Adagas Voadoras). Neste aspecto, ele não decepciona. O exército chinês, com suas tropas coloridas, é um belíssimo espetáculo visual.

O problema, na minha humilde opinião, foi nos monstros. Não no cgi, é um cgi bem feito, o problema é roteiro. Um exemplo sem entrar nos spoilers: o primeiro que aparece tem que levar várias fechadas pra ser abatido; mas quando o roteiro pede, Damon derruba monstros na primeira flechada.

No elenco, o ponto negativo é Willem Dafoe, grande ator, mas que está muito caricato aqui. Matt Damon faz o de sempre. Ainda no elenco, Jing Tian, Pedro Pascal, Andy Lau e Zhang Hanyu.

Pelo visual vale. Mas a história é fraca.