Arca de Noé

Crítica – Arca de Noé

Sinopse (imdb): Tom e Vini são dois ratinhos boêmios que embarcam na Arca de Noé de forma clandestina. Eles precisam usar seus talentos musicais para participar de um concurso e ajudar a manter a paz entre os animais.

Talvez um pouco atrasado, mas finalmente adaptaram os discos Arca de Noé, baseados na obra de Vinicius de Moraes!

Antes de falar do desenho, vamos a uma breve contextualização, afinal esses discos são tão antigos que já existe uma geração de adultos que não os conhece. Em 1980 foi lançado um disco infantil chamado Arca de Noé, baseado num livro de Vinícius de Moraes. Apesar do nome citar algo bíblico, na verdade o vinil trazia músicas infantis, a maioria relacionadas a bichos (mas tinham outras músicas que não tinham nada a ver com animais). Teve um segundo disco lançado em 81 ou 82, e os dois discos fizeram muito sucesso, tanto que músicas como “Lá vem o pato pataqui patacolá” entraram no cancioneiro popular infantil.

(Me falaram que teve uma coletiva onde jornalistas teriam perguntado como é adaptar uma história bíblica. Galera, façam seu dever de casa antes da entrevista!)

Comentei no início do texto que esse desenho está atrasado. Digo isso porque a minha geração foi marcada por essas canções. Mas, já se passaram 44 anos! Meus filhos já não têm mais idade pra curtir! Se a animação fosse feita 30 anos depois, acho que pegaria o público certo: os filhos das pessoas que cresceram ouvindo esses vinis. Só pra dar um exemplo: depois da sessão de imprensa, conversei com dois amigos críticos, mais novos, que sabiam pouco sobre esses discos.

Enfim, vamos ao filme. Dirigido por Alois Di Leo e Sergio Machado, Arca de Noé é a adaptação da obra de Vinícius de Moraes – li em algum lugar que seria uma adaptação do livro, mas me parece que o filme todo se baseia nas músicas. Temos novas versões de músicas conhecidas como O Pato (que antes foi gravada por MPB4), A Casa (Boca Livre), O Leão (Fagner), A Galinha D’Angola (Ney Matogrosso) e O Relógio (Walter Franco), dentre outras. Algumas foram adaptadas, como São Francisco, que virou instrumental (porque não tem como encaixar a letra neste roteiro); ou Os Bichinhos e o Homem, onde cortaram o trecho da música que fala sobre a morte: “E o homem que pensa tudo saber / Não sabe o jantar que os bichinhos vão ter / Quando o seu dia chegar”. E, claro, não tem músicas que hoje em dia seriam “canceladas”, como O Porquinho (que fala de variadas maneiras de se comer carne de porco) e Aula de Piano (que mostra uma relação muito errada entre um professor de piano e uma menininha). (Curioso que aparece um peru pegando uma partitura pro concurso, mas não toca a música O Peru, que no disco foi interpretada por Elba Ramalho).

A parte musical é muito boa, e estendo o elogio pra parte técnica (a animação não vai fazer feio frente aos grande estúdios como Disney, Pixar e Dreamworks), e também para o elenco, cheio de nomes importantes, mas vou focar nos principais. Rodrigo Santoro, Marcelo Adnet e Alice Braga fazem os ratinhos protagonistas, e Lázaro Ramos faz um leão bem divertido. E também queria destacar Gregório Duvivier, engraçadíssimo como a barata. Ah, Seu Jorge faz a voz de Deus, só em uma cena, mas também ficou bem engraçado. Também no elenco, Bruno Gagliasso, Giovanna Ewbank, Eduardo Sterblitch e Marcelo Serrado, entre outros.

(Curiosidade que li nos créditos: Rodrigo Santoro e Marcelo Adnet cantam as músicas dos seus personagens, mas Alice Braga não canta. Vi que Mariana de Moraes (neta do Vinícius) cantou no lugar dela. Mas isso foi o que li nos créditos subindo rapidamente, ainda não tenho mais informações sobre isso).

Se a parte técnica e a parte musical são muito boas, por outro lado o roteiro dá suas escorregadas. A competição musical demora muito a acontecer, e o filme enrola em algumas coisas sem graça, tipo a sidequest da baleia (nem tem música de baleia pra justificar!). E ainda tem umas piadas de “tio do pavê” que fiquei na dúvida se funcionaram ou não. Por sorte, o filme é curto (pouco mais de uma hora e meia) e esses problemas quase são apagados pela riqueza da trilha sonora.

A previsão de estreia é essa semana. Boa opção para levar os pequenos!

Ben-Hur (2016)

Ben-Hur-posterCrítica – Ben-Hur

A história épica de Judah Ben-Hur, um príncipe falsamente acusado de traição por seu irmão adotivo, que se tornou um oficial do exército romano. Depois de anos no mar, Judah retorna à sua terra natal em busca de vingança, mas encontra redenção.

Antes de tudo, preciso falar que faz tanto tempo que vi a versão estrelada por Charlton Heston em 1959 que não me lembro de quase nada, então este texto não pretende fazer uma comparação. Tampouco li o livro onde os filmes se basearam. Vou fazer de conta que é um filme original…

Ben-Hur (idem, no original) conta uma boa história de inseparáveis irmãos de criação que viraram inimigos. A narrativa é bem construída, o filme começa logo na cena mais icônica, a da corrida de bigas, para voltar no tempo e mostrar como eles chegaram lá. As transições temporais são criativas, e as motivações dos personagens são críveis.

(Parênteses para falar que, até onde sei, “biga” é com dois cavalos. O que vemos neste filme (e no de 59) são “quadrigas”…)

A direção é de Timur Bekmambetov, famoso por filmes mais, digamos, fantásticos (Guardiões da Noite, Guardiões do Dia, O Procurado, Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros). Quando li seu nome nos créditos, fiquei com receio de termos muita pirotecnia. Mas não, sua direção é mais discreta, temos um filme com mais cara de épico do que de fantasia.

O fato de ter Jesus Cristo na trama atrapalha um pouco, porque o roteiro fica previsível em certos pontos – não tem como ter a presença do próprio Jesus e não pensarmos na sua vida. Por outro lado, podemos dizer que Rodrigo Santoro está bem no papel.

Aliás, tirando Morgan Freeman, o elenco não tem ninguém muito famoso. A gente conhece o Rodrigo Santoro porque ele é brasileiro, mas ele (ainda) não é um grande nome em Hollywood. O mesmo podemos dizer de Jack Huston, Toby Kebbel, Nazanin Boniadi, Ayelet Zurer e Pilou Asbæk.

Ben-Hur é um filme correto, não vai desagradar ninguém. Mas duvido que se torne um clássico como a versão de 59.

Os 33

os 33Crítica – Os 33

Os 33 conta a história baseada no acidente real na mina San Jose, em 2010, no Chile, que prendeu 33 mineiros a 700 metros abaixo da terra.

Dirigido pela mexicana Patricia Riggen, Os 33 (The 33, no original) conta a história dos mineiros presos na mina chilena, 5 anos atrás. Se por um lado é bem interessante vermos um caso que realmente aconteceu, por outro isso enfraquece o filme, afinal já sabemos a conclusão da história.

A estrutura lembra os filmes catástrofe: um grande acidente acontece e acompanhamos os sobreviventes e seus percalços. E aqui talvez fosse melhor Os 33 ser um filme apenas inspirado em fatos reais, sem precisar se prender no que realmente aconteceu. Vou comentar no próximo parágrafo, mas antes, aviso de spoilers para quem não se lembra da história.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Um bom filme catástrofe tem que ter gente morrendo ao longo da trama. Mas aqui a gente sabe que todos os 33 mineiros sobreviveram, então metade da graça foi embora…

FIM DOS SPOILERS!

No elenco, uma boa notícia para o público brasileiro: Rodrigo Santoro tem um dos principais papéis. Ok, o protagonista é o Antonio Banderas, mas Santoro tem um papel quase tão importante. Ambos estão muito bem, por outro lado, quem não está bem é Juliette Binoche, que não convence como chilena. Ainda no elenco, Lou Diamond Philips, Bob Gunton e Gabriel Byrne.

Os 33 é um pouco longo demais, talvez fosse melhor enxugar um pouco das duas horas de duração – algumas cenas são desnecessárias, como aquele momento dramático com a mulher cantando à noite. Mesmo assim, ainda é um bom filme.

Rio 2

0-Rio1Crítica – Rio 2

Não, não estou falando daquele condomínio entre a Barra e Jacarepaguá, e sim da continuação do desenho quase brasileiro Rio!

Blu e Jade vivem felizes no Rio de Janeiro, levando uma vida urbana ao lado de seus três filhotes. Mas ao descobrir que talvez não sejam os últimos da espécie, partem para a Amazônia para tentar encontrar outras araras azuis.

Admiro muito o diretor brasileiro Carlos Saldanha. Depois de conseguir reconhecimento internacional dirigindo os três primeiros A Era do Gelo, ele conseguiu fazer, através de um estúdio gringo, um longa de animação que se passa no Rio de Janeiro, repleto de personagens e paisagens cariocas.

Este segundo Rio é aquilo que a gente espera. Leve, divertido e com todos os clichês esperados – clichês bem utilizados, é bom dizer. Temos os problemas de adaptação, o conflito entre o heroi e o sogro, a rivalidade com o ex namorado… Mas o roteiro sabe aproveitar os elementos de modo que o filme fica leve e divertido.

Certas cenas parecem propagandas da Embratur – pelo filme, parece que no Rio só existe samba, e que o carnaval é uma unanimidade (conheço muitos cariocas que não dão bola pro carnaval…). Mesmo assim, prefiro ver o Brasil retratado por um brasileiro, pelo menos a geografia está correta. E o Rio só aparece no início do filme, depois os pássaros passam rapidamente por algumas cidades, para enfim chegarem ao cenário onde se passa quase todo o segundo filme: a floresta amazônica.

Rio 2 tem muitos números musicais, e, claro, uma partida estilizada de futebol. O filme é muito colorido e tem belas imagens – a qualidade técnica da animação é impressionante – mas, na minha humilde opinião, a parte “broadway” chega a cansar. A parte musical que funciona são as “audições”, responsáveis pelos momentos mais engraçados do filme – as tartarugas capoeiristas são sensacionais!

Nem tudo funcionou na versão dublada – Nigel cantando I Will Survive no original deve ser bem melhor. É, as dublagens brasileiras atingiram um nível excelente, mas não conseguem acertar sempre…

Achei curioso não ter o nome de nenhum ator nem nos créditos iniciais, nem nos finais. Pra descobrir o elenco tive que checar no imdb: Rodrigo Santoro, Anne Hathaway, Leslie Mann, Jesse Eisenberg, Jamie Foxx, John Leguizamo, Andy Garcia e Bruno Mars, entre outros.

Por fim, o 3D. Sim, tem 3D. Não, não precisava. 😉

300: A Ascensão do Império

300ascencaodeumimperioCrítica – 300: A Ascensão do Império

A continuação de 300!

O general ateniense Themistokles lidera as cidades-estado gregas na defesa contra o rei-deus Xerxes e Artemisia, a vingadora comandante da frota persa.

O primeiro 300 foi um marco na história do “cinema-testosterona”. Com uma câmera lenta diferente do usual, vimos lutas bem coreografadas, com uma violência estilizada mostrada de um modo nunca antes visto. Como diria o poeta Woerdenbag, “sangue e porrada na madrugada”.

Agora veio a continuação. Que na verdade, não é exatamente uma continuação, é uma história paralela, que acontece antes, durante e depois do outro filme. Acompanhamos a resistência grega, liderada pelo general Themistokles, de Atenas – todos ameaçados pelo mesmo Xerxes do primeiro filme, agora acompanhado da sexy Artemisia.

Mas o pior inimigo de Themistokles não é Artemisia. É o Leônidas do primeiro filme, que aqui só aparece em imagens “de arquivo”. Themistokles não é um personagem ruim, mas perde de longe na inevitável comparação. Leônidas aumentava o nível de testosterona de tal maneira que você saía do cinema com vontade de arranjar uma briga no bar e/ou fazer sexo logo após a sessão. Já Themistokles, bem, quem quer uma casquinha de sorvete? De creme?

(Diz a lenda que teve mulher fazendo a barba depois de assistir o primeiro filme!)

A direção coube ao desconhecido Noam Murro, que até agora só tinha feito uma comédia que ninguém viu, seis anos atrás. Zack Snyder, diretor do primeiro filme, agora está envolvido em filmes do Superman, mas estava na produção e foi co-roteirista deste novo filme, mais uma vez baseado numa graphic novel de Frank Miller, “Xerxes” (segundo o imdb, o roteiro foi desenvolvido paralelamente à hq, então não contam exatamente a mesma história).

As batalhas aqui são no mar, provavelmente para evitar paralelos com os guerreiros de Esparta. E o visual estilizado é propositalmente exagerado – certa cena tem uma lua que ocupa um terço do céu. Isso deve ser pra gente aceitar certos excessos, como a cena que tem no trailer, com um guerreiro grego pulando de uma altura de algumas dezenas de metros e caindo direto na batalha sem ao menos dobrar os joelhos.

A parte técnica é bem feita. Temos várias lutas que usam a mesma câmera lenta que ficou famosa com o primeiro filme. Só achei que o sangue em cgi podia ser mais bem cuidado, alguns golpes esguicham sangue mas deixam as espadas limpas… Pelo menos tem uma sequência que merece destaque. Prestem atenção no plano-sequência quando Themistokles vê Artemisia e pega o cavalo. Sei que não foi um plano-sequência tradicional, daqueles que a câmera filma tudo num único take sem cortes – hoje tem um monte de cgi pra emendar os takes. Mas a concepção da cena num único take já vale.

Por outro lado, a edição dá umas escorregadas básicas. Precisava mostrar duas vezes a cena onde Themistokles atira em Darius? Será que a plateia esqueceu uma cena marcante que aconteceu menos de uma hora antes?

O elenco tem um grande nome: Eva Green. Ela não só é linda linda linda, como uma excelente atriz, e faz uma vilã que transmite medo e tesão ao mesmo tempo. Aliás, tem gente por aí que fala que o primeiro filme é um filme gay, porque tem vários homens sarados e semi-nus – e com os torsos depilados. Acho besteira, pela quantidade de sangue e vísceras na tela. Anyway, o segundo filme tem os seios da Eva Green. Nem reparei se tinha homem sarado.

300: BATTLE OF ARTEMESIUM

Ah, claro, não podemos esquecer que o “nosso” Rodrigo Santoro é um dos atores do primeiro filme que está de volta. Seu papel, o vilãozão Xerxes, tem maior participação aqui. Mas ele virou coadjuvante da Eva Green. Bem, heu também viraria… Também voltam aos seus papeis Lena Headey como a rainha Gorgo, e David Wenham como Dilios, o único sobrevivente dos 300 iniciais. Ah, e Sullivan Stapleton (quem?) faz o protagonista Themistokles.

Enfim, como quase sempre, é uma continuação inferior ao original. Mas quem gosta do estilo visual do primeiro filme pode se divertir aqui.

p.s.: Esta é uma história paralela ao primeiro filme. Porque, se fosse uma continuação, deveria ter outro nome. Se no primeiro filme, eram 300 e morreram 299, o nome do segundo filme não deveria ser “1”?
😛

O Último Desafio

Crítica – O Último Desafio

Filme novo do Arnold Schwarzenegger!

Um perigoso lider de um cartel do narco-tráfico consegue fugir da prisão e está a caminho da fronteira do México. E a única coisa que pode pará-lo é o velho xerife de uma cidadezinha com o seu inexperiente staff.

O Último Desafio (The Last Stand, no original) está sendo vendido como “a volta de Schwarzenegger”. Ué, mas ele não estava em Mercenários 2, que passou há pouco? Sim. Mas neste filme ele fazia um papel pequeno. Agora Arnoldão está de volta ao papel de principal – seu último filme como protagonista foi O Exterminador do Futuro 3, de 10 anos atrás (Schwarza passou oito anos como governador da California, longe das telas).

Podemos dizer que quem gostava dos seus filmes nos anos 80 e 90 (e gostou dos dois Mercenários) vai curtir O Último Desafio. Já quem nunca curtiu este estilo deve procurar algo diferente em cartaz…

Para a direção, foi chamado o coreano Kim Jee-woon, pouco conhecido por aqui – ele fez o faroeste O Bom, o Mau e o Bizarro (lançado aqui em dvd como Os Invencíveis); fez o terror oriental A Tale of Two Sisters, que deu origem a O Mistério das Duas Irmãs; fez também o terror I Saw The Devil; fez ainda uma das histórias de O Livro do Apocalipse. Só vi dois desses quatro, e nem achei grandes coisas. Por mim, esta estreia hollywoodiana é seu ponto alto na carreira.

O Último Desafio é um eficiente filme de ação. Boas perseguições de carro, vários tiroteios de diversos calibres, lutas “no braço”, um vilão malvadão e um super mocinho, tá tudo lá. Ok, o filme é meio previsível – com menos de meia hora, a gente já sabe tudo o que vai acontecer. Mas pelo menos O Último Desafio esbanja bom humor – um filme desses não pode se levar a sério, né?

Aliás, é bom avisar: O Último Desafio não é uma comédia, mas às vezes parece. Rolam momentos hilários envolvendo os personagens de Luiz Guzmán e, principalmente, Johnny Knoxville – a cena do tiro de sinalizador é uma das mortes mais engraçadas dos últimos tempos!

O elenco é bem acima da média – além de Schwarza, Guzmán e Knoxville, o filme conta com Forest Whitaker, Eduardo Noriega, Peter Stormare, Jaimie Alexander, Genesis Rodriguez e uma ponta de Harry Dean Stanton. E o “nosso” Rodrigo Santoro no único papel que tem algo de galã.

Por fim, gostaria de ressaltar que este é mais um daqueles casos de nome nacional equivocado. “The Last Stand” seria “a última barreira” – que faz muito mais sentido do que “o último desafio”…

O Que Esperar Quando Você Está Esperando

Crítica – O Que Esperar Quando Você Está Esperando

Mais um “filme painel”, como os recentes Idas e Vindas do Amor e Noite de Ano Novo.

Cinco casais vivem experiências diversas ligadas à gravidez, em tramas paralelas que às vezes se encontram, explorando diferentes situações vividas por famílias que estão esperando bebês.

Dirigido por Kirk Jones, O Que Esperar Quando Você  Está Esperando teoricamente é uma adaptação do livro homônimo. Mas não se trata exatamente de uma adaptação, já que é um livro “não ficção” de dicas sobre gravidez que virou uma comédia romântica.

Como toda boa comédia romântica, O Que Esperar Quando Você  Está Esperando é raso, previsível e cheio de clichês. A vantagem é que aqui são vários núcleos, cada um com a sua trama independente, então temos diferentes opções para resolver as tramas. Quem curte o estilo vai gostar.

O roteiro é bem equilibrado entre os diversos núcleos – coisa que nem sempre acontece em “fillmes painel”. Os cinco casais têm aparentemente o mesmo tempo de tela e a mesma importância no filme. E ainda rola um divertido alívio cômico: os pais que levam os filhos para passear no parque, responsáveis por algumas das melhores cenas do longa.

O elenco, como era de se esperar, é o maior destaque de O Que Esperar Quando Você  Está Esperando. Afinal, não é todo dia que temos, juntos, Cameron Diaz, Elizabeth Banks, Jennifer Lopez, Anna Kendrick, Brooklyn Decker, Dennis Quaid, Chris Rock, Rodrigo Santoro, Chace Crawford, Ben Falcone, Mathew Morrison, Thomas Lennon e Joe Manganiello

Rodrigo Santoro merece um parágrafo à parte. Não só ele está muito bem, como fala um inglês perfeito e fluente ao longo de todo o filme (ele foi criticado na época d’As Panteras, porque seu personagem era marrento e não falava nada). Além disso, ele conseguiu um certo destaque num filme onde a trama é dividida entre diversos núcleos, já que ele faz parte de dois deles (um dos casais e o grupo de pais que passeia no parque). E tem mais: ele “pega” a Jennifer Lopez…

O fim do filme força um pouco a barra, colocando todos os bebês nascendo no mesmo hospital e na mesma hora. Mas, ora, é uma comédia romântica, alguém imaginava um fim criativo? 😉 Pelo menos podemos dizer que o público sai do cinema feliz e de bem com a vida…

Rio

Crítica – Rio

Estreou nos cinemas a animação Rio, dirigida pelo carioca radicado em Hollywood Carlos Saldanha, diretor dos três A Era do Gelo (no primeiro, ele era co-diretor; nos outros dois, era o principal).

Blu é uma arara azul macho domesticada, que mora nos Estados Unidos e não sabe voar. Um ornitólogo descobre que ele é o último macho de sua espécie, e o leva para o Rio de Janeiro para conhecer Jewel, a última fêmea. Mas, no Rio, eles são roubados por traficantes de pássaros.

Moro no Rio de Janeiro e sou cinéfilo. Pra mim, rolava uma grande expectativa sobre este filme – acho que é a primeira super-produção hollywoodiana que se passa no Rio e é dirigida por um carioca. Será que desta vez os gringos teriam uma visão mais correta do que é o Rio de Janeiro?

Bem, nesse aspecto, o filme é “quase” perfeito. Rolam algumas irregularidades geográficas, mas nada grave. E o fato do filme ser muito bom me faz relevar as pequenas imperfeições.

Sim, Rio é muito bom. A animação é perfeita, os personagens são bem construídos e a história é boa. E, como de habitual, os momentos de comédia são de rolar de rir! E, de quebra, ainda temos várias paisagens conhecidas na tela, como a Praia de Copacabana, o Corcovado, o Pão de Açúcar e os Arcos da Lapa.

Queria poder falar do elenco, mas vi a versão dublada…. O elenco original é de alto nível: Jesse Eisenberg, Anne Hathaway, Leslie Mann, Jamie Foxx, George Lopez, Tracy Morgan e o “nosso” Rodrigo Santoro como o ornitólogo brasileiro.

Não curti muito os números musicais. Mas sei que é uma tendência que acompanha os longas de animação há tempos, quase todos os desenhos de hoje em dia têm o seu “momento Broadway”, então não adianta reclamar. E o 3D não é ruim, mas também não é necessário, rolam pouquíssimas cenas onde o efeito faz alguma diferença.

Minha reclamação tem outro alvo. Como carioca, preciso fazer alguns comentários…

(SPOILERS LEVES ABAIXO!)

– Nasci aqui, vivi toda a minha vida aqui, e não gosto de samba. E conheço muitos outros cariocas que também não gostam!
– Temos muitos pássaros, ok. Mas acho que nunca vi um tucano aqui no Rio. Mas, ok, tucanos são sempre identificados como aves brasileiras, deixa ter um tucano no “elenco”. Mas… O que fazia um flamingo na cena logo antes do bondinho de Santa Teresa???
– Entendo que queiram mostrar a asa delta voando ao lado do Cristo Redentor, a estátua é famosa, é uma das 7 maravilhas do mundo… Mas… Uma asa delta que pulou da Pedra Bonita, em São Conrado, NUNCA vai chegar ao lado do Cristo…

(FIM DOS SPOILERS!)

Mas isso não desabona o resultado final. Rio é um ótimo desenho animado, divertido e bem feito. Desde já uma das melhores animações do ano!

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Se você gostou de Rio, o Blog do Heu recomenda:
A Era do Gelo 3
Monstros S.A.
Toy Story 3

O Golpista do Ano

O Golpista do Ano

Baseado em fatos reais, O Golpista do Ano conta a história de Steven Russell (Jim Carrey), que largou a esposa e a filha para levar uma extravagante vida gay. Só que, para pagar as contas, vivia de golpes. Até ser preso e encontrar na cadeia Phillip Morris (Ewan McGregor), o amor de sua vida.

Quando li que o filme falava se chamava “Eu te amo Phillip Morris” (I Love You Phillip Morris) e falava de um golpista, achei que tinha algo a ver com a indústria de cigarros. Nada…

Baseado no livro homônimo escrito por Steve McVicker, o filme, escrito e dirigido pela dupla Glenn Ficarra e John Requa, falha ao não se definir entre a comédia e o drama. Acaba o filme e a gente fica se questionando qual foi o objetivo do filme.

E aí vem o lance do personagem ser gay. O filme não faz propaganda gay, diferente do que heu achei que faria. Mas o fato de colocar um ator como Jim Carrey interpretando um gay fez muitos espectadores levantarem uma bandeira que o filme não levantou. Fui ao fórum do imdb, e as pessoas não julgam se o filme é bom ou não, apenas falam do homossexualismo presente. Será que se o personagem fosse hétero as pessoas veriam o filme de maneira diferente?

Sobre os dois atores principais, o filme traz o esperado. Por um lado, Jim Carrey repete o mesmo papel de sempre. Ok, aqui ele está menos careteiro que o usual, mas continua uma variação em cima do que ele sempre faz. Já Ewan McGregor, por outro lado, dá um show. Como sempre também…

A presença do “nosso” Rodrigo Santoro está sendo supervalorizada pela divulgação nacional. O cara está lá, seu papel é importante, mas é bem pequeno. Colocá-lo no poster brasileiro do filme foi um certo exagero!

(O elenco ainda conta com uma inspirada Leslie Mann.)

Por aqueles motivos mercadológicos inexplicáveis, este O Golpista do Ano demorou para ser lançado, e acredito que só apareceu nas telas brasileiras para capitalizar em cima do nome do Rodrigo Santoro.

O Golpista do Ano não é ruim. Mas poderia ser bem melhor…

300

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300

Todo mundo que me lê aqui sabe que heu não entendo nada de quadrinhos. Meu negócio é cinema. Se vou ver um filme baseado em quadrinhos, pouco me importa se a é uma boa adaptação – quero saber se o filme em si é bom! Bem, parece que de um tempo pra cá, Hollywood descobriu como se faz adaptações de quadrinhos: foram vários bons filmes oriundos de hqs.

Este 300 é um bom exemplo: é uma adaptação da graphic novel homônima de Frank Miller, e além disso é um filmaço! E dei uma folheada na graphic novel de onde saiu, e realmente parece que as páginas estão nas telas!

O filme conta a história de um exército de 300 espartanos que encarou um exército de cem mil persas. Não existem registros históricos pra sabermos o número exato, mas sabemos que foi por aí – poucos espartanos peitando muitos persas.

E o que diferencia esse filmes de tantos outros por aí? O diretor Zack Snider (que antes fez a refilmagem de Madrugada dos Mortos e este ano lançará Watchmen) criou um visual poucas vezes visto nas telas, com seus cenários digitais e cores alteradas, muito parecido com a graphic novel. E, o mais importante: as lutas coreografadas são em câmera lenta, com pausas em alguns golpes. Vemos tudo, com uma clareza nunca antes vista em filmes de ação. Partes de corpos decepadas, sangue, muito sangue, tá tudo lá, na cara do espectador!

No elenco, ao lado de Gerard Butler, Lena Headey e Dominic West, uma atração à parte para a plateia brasileira: quem interpreta Xerxes, o rei da Pérsia, é o “nosso” Rodrigo Santoro!

Na época que este filme foi lançado, teve gente dizendo que se tratava de um filme gay, pela quantidade de “homens seminus de barriga de tanquinho”. Que nada! Considero este um “filme testosterona”, na linha de Clube da Luta. Filme pra macho.