O Predador (2018)

Crítica – O Predador (2018)

Sinopse (imdb): Quando um menino acidentalmente aciona os caçadores mais letais do universo para retornar à Terra, apenas uma tripulação desorganizada de ex-soldados e uma professora de ciências descontente pode impedir o fim da raça humana.

No meio de tantos reboots e releituras, por que não voltar com a franquia Predador?

Em primeiro lugar aviso logo que não sou contra continuações. Mas não gosto da ideia de chamar o quarto (ou sexto) filme de uma saga do mesmo nome do primeiro filme. Gente, qual é o problema de ter um título novo? Mesmo erro de The Thing – o prequel de 2010 tem o mesmo nome do original de 1982.

Dito isso, vamos ao filme. O Predador (The Predator, no original) é uma boa continuação. Boas cenas de ação, humor na dose certa, efeitos especiais top de linha, referências ao filme original, e toda a violência gráfica que um filme desses pede.

O diretor Shane Black tem uma história curiosa com a franquia. Ele estava no primeiro filme, como ator – ele é o magrelo de óculos, o primeiro a morrer. Recentemente, ele disse numa entrevista que foi contratado apenas como ator, e quando chegou ao set, pediram pra ele rever o roteiro (ele tinha escrito o roteiro de Máquina Mortífera pouco antes). Ele se recusou, porque tinha sido contratado como ator e não como roteirista. Segundo ele, esse seria o motivo de seu personagem ser o primeiro a morrer. E ele disse que teria aprendido uma lição: nunca discutir com os produtores!

Black tem um currículo maior como roteirista, mas também tem alguns filmes como diretor. Seu estilo frequentemente mistura ação com humor (Beijos e Tiros, Dois Caras Legais). E o roteiro aqui foi escrito por Black e por Fred Dekker, que escreveu e dirigiu o divertido Noite dos Arrepios, de 1986. A parceria vem de longa data, a dupla escreveu o roteiro de Deu a Louca nos Monstros, de 87. Claro que O Predador não seria um filme sério. O filme é quase uma paródia do filme original.

O fato de ter um diretor e roteirista ligado à saga faz de O Predador um filme cheio de referências. Além da trilha sonora trazer o mesmo tema, o roteiro tem algumas citações aqui e ali. Get to the choppa!

O elenco é bom. O papel principal é do pouco conhecido Boyd Holbrook, vilão de Logan, mas o filme é bem equilibrado entre vários personagens – os melhores estão em um núcleo de loucos, que conta com Trevante Rhodes, Keegan-Michael Key, Thomas Jane, Alfie Allen e Augusto Aguilera. Sterling K Brown (em cartaz também no Hotel Artemis) também manda bem. Os papéis de Jacob Trembley e Olivia Munn às vezes soam forçados, mas não chegam a atrapalhar o filme. Ainda no elenco, Yvonne Strahovski e Jake Busey.

No fim tem uma desnecessária cena curta com um gancho para uma provável continuação. Achei que podia ser uma cena pós créditos à lá Marvel, daquelas que, se não tiver filme novo, deixa pra lá…

Tem gente por aí que odiou O Predador. Sinceramente não entendo por que. Achei divertido. Que venha o quinto (ou sétimo)!

p.s.: Na verdade é a sexta vez que temos Predadores nas telas, mas, na minha humilde opinião, os dois Alien Vs Predador não fazem parte da saga. Por isso pra mim este é o quarto filme.

Scott Pilgrim Contra O Mundo

Scott Pilgrim Contra O Mundo

Encerrei bem minha maratona pessoal de 21 filmes em pouco mais de duas semanas (na verdade, vi 24 filmes da programação, mas três heu já tinha visto antes). Ontem vi o divertido Scott Pilgrim Contra O Mundo!

Scott Pilgrim (Michael Cera) tem 23 anos e é um cara comum. Tem cara de nerd e toca baixo numa banda de garagem, a Sex Bob-Omb. Até que um dia conhece Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead), e, apaixonado, tem que enfrentar os seus sete malignos ex-namorados, dispostos a lutar até a morte com qualquer um que quiser ficar com ela.

Baseado na história em quadrinhos “Scott Pilgrim”, de Bryan Lee O’Malley, este é o primeiro filme americano do diretor inglês Edgard Wright, o mesmo de Todo Mundo Quase Morto e Chumbo Grosso. Seu estilo ágil, de cortes rápidos, funcionou perfeitamente nesta excelente adaptação de quadrinhos misturados com videogames.

Hoje em dia está na moda se falar de boas adaptações de quadrinhos, né? Afinal, temos tido vários filmes muito bons com personagens oriundos de hqs, como os recentes filmes do Batman e do Homem de Ferro. Mas são filmes com cara de filme. Já Scott Pilgrim Contra O Mundo não tem cara de filme, tem cara de quadrinhos. Temos até onomatopeias escritas na tela! Poucas vezes um filme foi tão parecido com uma hq. Sin City e 300 também são assim, mas estas são duas graphic novels, enquanto Scott Pilgrim parece mais um gibi. Não conheço os quadrinhos originais, mas li que os trechos em animação foram tirados dos mesmos. Ou seja, literalmente, vemos os quadrinhos na tela do cinema.

E não só quadrinhos, como também videogame. As lutas entre Scott e os ex-namorados malignos são iguais a games de luta, inclusive com direito a golpes especiais, pontuação e vidas extras no fim da luta! O filme ainda traz inúmeras referências ao universo dos games, como, por exemplo, o nome da banda Sex Bob-Omb – no game Super Mario 2, de 1988, tem um personagem chamado Bob-Omb.

O elenco está perfeito. É difícil imaginar outro ator no lugar de Scott Pilgrim – se não fosse baseado em quadrinhos, dava pra dizer que o roteirista escreveu o papel pensando em Cera. Mary Elizabeth Winstead, depois de Duro de Matar 4 e À Prova de Morte, também está ok, assim como a oscarizável Anna Kendrick. E o resto do elenco principal, cheio de nomes pouco conhecidos, também funciona bem: Ellen Wong, Aubrey Plaza, Alison Pill, Mark Webber, Johnny Simmons e Kieran Culkin – o irmão do sumido Macauley Culkin está impagável como o colega de quarto gay.

Ainda tem mais gente legal no elenco. Alguns atores famosos fazem pequenos papeis como alguns dos ex-namorados. Temos Chris Evans (que foi o Tocha Humana em Quarteto Fantástico e será o novo Capitão América), Brandon Routh (o Superman do filme de 2006) e Jason Schwartzman. Isso sem contar numa ponta não creditada de Thomas Jane, como um policial vegan.

O roteiro é uma grande e divertidíssima bobagem. Claro que não dá pra levar a sério uma “liga de ex-namorados malignos”, né? Mas isso traz situações engraçadíssimas – cada luta é melhor que a anterior (pra ser sincero, só não gostei da luta dos gêmeos). E a luta final é muito, muito boa!

Enfim, diversão garantida. Foi divulgado que o filme teria cópias com legendas eletrônicas, mas a cópia já estava legendada – deve entrar em cartaz em breve!

Boogie Nights – Prazer Sem Limites

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Boogie Nights – Prazer Sem Limites

No final da década de 70, um jovem bem-dotado é descoberto por um diretor de filmes adultos. Rapidamente, ele vira um astro do cinema erótico e passa a conviver com os excessos do trinômio sexo, drogas e disco music.

Em seu segundo longa, o diretor e roteirista Paul Thomas Anderson revela um raro talento ao mostrar a ascenção e queda de um ator pornô, e todo o universo em torno disso. Um excelente retrato do cinema erótico do fim dos anos 70 ao início dos anos 80 – quando a película deu lugar ao video-cassete.

Uma excelente galeria de personagens e um elenco perto da perfeição também ajudam, e muito. O quase sempre insosso Mark Wahlberg funciona bem como o protagonista Dirk Diggler – temos inclusive uma cena dele com o, digamos, “instrumento de trabalho” para fora das calças (meninas, o ator usou uma prótese!). Burt Reynolds é Jack Horner, o diretor old school que teima em continuar usando película porque quer fazer cinema e não vídeo (dizem que foi inspirado no diretor pornô Alex de Renzy). Julianne Moore está maravilhosa (como sempre) como Amber Waves, atriz mais experiente, passando por problemas com a guarda do filho (curiosidade: esse papel foi inspirado na atriz pornô Veronica Hart, que passou pelo mesmo problema na vida real; Veronica faz a juíza que julga o caso de Amber). E acho que Heather Graham nunca esteve tão bonita quanto aqui, interpretando a Rollergirl, atriz pornô que nunca tira os patins. E ainda temos John C. Reilly, Don Cheadle, William H. Macy, Luiz Guzman, Philip Seymour Hoffman, Thomas Jane e Alfred Molina, entre outros.

(Outra curiosidade sobre o elenco: a mulher do personagem do William H. Macy é interpretada pela Nina Hartley, atriz pornô na vida real!)

Rumores dizem que Dirk Diggler seria inspirado em John Holmes, um dos maiores nomes da história do pornô. Holmes também era famoso por ser bem-dotado, também teve uma carreira paralela de filmes de ação, também se envolveu com drogas e também tem uma história mal contada envolvendo violência e assassinatos (o filme Crimes em Wonderland, estrelado por Val Kilmer, conta isso com detalhes). Mas tenho cá minhas dúvidas se isso é verdade. Afinal, o próprio Holmes é citado em uma cena do filme, como se fosse um contemporâneo de Diggler.

Boogie Nights ainda tem uma peculiaridade técnica bastante interessante. Sabe a cena inicial de A Marca da Maldade, de Orson Welles, onde, num único plano-sequencia, uma câmera passeia entre vários personagens e as coisas vão acontecendo em volta deste travelling? Esta técnica foi usada por um monte de gente legal, como Robert Altman em O Jogador, ou Brian de Palma em Olhos de Serpente. Pois bem, se uma cena destas é difícil de se fazer, P.T. Anderson mostra habilidade, e faz isso aqui vááárias vezes.

Some a isso tudo uma boa trilha sonora e uma perfeita dosagem entre humor e violência (às vezes lembra Tarantino!), e temos um dos melhores filmes de 97.

Este filme não existia no mercado brasileiro de dvds, mas foi lançado recentemente! Vale a pena comprar!

Killshot – Tiro Certo

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Killshot – Tiro Certo

O escritor  Elmore Leonard tem crédito comigo. São dele os livros onde se basearam Jackie BrownO Nome do Jogo (Get Shorty) – e ainda tem Be Cool, que ainda não vi. Por isso, quis ver Killshot logo que soube que era baseado num livro dele.

E além disso o elenco é bem interessante: Mickey Rourke, Thomas Jane, Diane Lane, Rosario Dawson e Joseph Gordon-Levitt – pra quem não reconheceu o nome, é o Tommy Solomon do seriado 3rd Rock From The Sun.

A história é simples: um assassino profissional, aliado a um jovem completamente alucinado, acha que precisa matar um casal que pode reconhecê-lo.

O elenco manda bem, o contraste entre o explosivo Gordon-Levitt e o introspectivo Rourke é muito interessante; Thomas Jane e a linda quarentona Diane Lane mandam bem como o casal – Rosario Dawson é que está sub-aproveitada. Mas sabe qual o problema aqui? O ritmo do filme é leeento…

Talvez fosse melhor juntar com outro livro, me pareceu que tinham pouca história pra contar…

The Mutant Chronicles

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The Mutant Chronicles

Recentemente este filme apareceu nos torrents da vida. Mais um filme baseado em um videogame que desconheço. Mas, com Ron Perlman, John Malkovich e Thomas Jane no elenco, fiquei curioso pra ver…

Num futuro toscamente indefinido – no cartaz diz que é o sec 23; no filme diz que se passa no sec 28… – o planeta é devastado por guerras entre 4 grandes corporações. Numa destas batalhas, um selo é quebrado e vários mutantes assassinos são libertados para acabar com a humanidade.

O enredo parece de filme B, não é? E realmente parece um Bzão. Por isso fiquei triste quando soube que um dos diretores cotados para dirigir era John Carpenter, um dos melhores diretores de filmes B de Hollywood…

Em vez de John Carpenter, temos o desconhecido Simon Hunter na direção. Mas até que a direção não ficou ruim: tudo é estilizado, misturando um visual retrô ao futuro. Por exemplo, as naves são movidas a carvão!

Outra coisa interessante: os cenários no filme são todos digitais. Fica meio Sky Captain e o Mundo de Amanhã, todas as cores parecem alteradas, tudo é meio preto & branco, menos o sangue, muito vermelho…

Sangue, sim, tem muito sangue. O filme é violento. Os mutantes não são bonzinhos como nos X-Men da vida. São todos feios, sujos e malvados!

Mas o que falta aqui é história. Toda essa trama de mundo destruído pela guerra entre as corporações e os mutantes meio mortos-vivos é muito confusa! E os personagens não ajudam. Thomas Jane quando faz filmes sérios (como The Mist) até funciona, mas aqui ele está canastrão até não poder mais! E não falei das situações clichê, como “o amigo que é encontrado quase morto”…

Pode ser uma boa diversão. Mas sem muitas expectativas…

O Nevoeiro

O Nevoeiro

Demorou, mas finalmente The Mist foi lançado por aqui. Não sei por que demorou tanto, afinal, acredito que seria fácil de se vender “do mesmo diretor e roteirista de Um Sonho de Liberdade e À Espera de um Milagre, o mais novo filme baseado em Stephen King”!

Uma cidade pequena, à beria de um lago, é açoitada por ventos fortes à noite. Na manhã seguinte, David Drayton (Thomas Jane), um artista local, vai até o supermercado com seu filho. E uma névoa envolve a cidade – e existe algo misterioso dentro da névoa.

O suspense é muito bem montado – não sabemos o que há dentro da névoa! E começa um clima claustrofóbico dentro do supermercado, onde o medo do desconhecido começa a mudar as pessoas.

Uma coisa muito interessante aqui é o foco nos personagens presos no supermercado., e não no que está na névoa. Marcia Gay Harden interpreta Mrs Carmody, uma religiosa que aos poucos começa a exacerbar o seu fanatismo – e conquistar “fiéis”, afinal, ninguém sabe o que está acontecendo lá fora…

E assim, o suspense toma conta do filme. Boas interpretações, boa fotografia, e o talento do diretor e roteirista Frank Darabont são essenciais para criar esse clima.

Não gostei muito do fim, acho que poderia ser diferente. Mas não estraga a beleza do filme.