Freaky – No Corpo de um Assassino

Crítica – Freaky – No Corpo de um Assassino

Sinopse (imdb): Depois de trocar de corpo com um assassino em série louco, uma jovem no colégio descobre que tem menos de 24 horas antes que a mudança se torne permanente.

Quem me acompanha sabe que não acho ruim quando um filme usa uma ideia reciclada, desde que seja um bom filme. E é o que temos aqui, com Freaky – No Corpo de um Assassino.

Freaky – No Corpo de um Assassino (Freaky, no original) é o filme novo do Christopher Landon, que já mostrou que sabe reciclar ideias. Em A Morte Te Dá Parabéns, ele pegou o conceito do Feitiço do Tempo, uma pessoa revivendo o mesmo dia todos os dias, e transformou em filme de terror slasher – e ainda desenvolveu a ideia pra outro caminho na continuação! (Aliás, pra quem curte esse conceito “dia da marmota”, falei de um filme assim outro dia, Palm Springs).

Agora ele pega o conceito de Sexta-Feira Muito Louca, aquela comédia onde a Jamie Lee Curtis e a Lindsay Lohan trocam de corpo, e transforma em um terror slasher. E ele não quer enganar ninguém, afinal o nome original do outro filme é Freaky Friday.

Falei que a ideia era válida desde que o filme fosse bom, né? E Christopher Landon nos entrega um filme divertido, com momentos cheios de gore e também momentos engraçadíssimos, boas atuações, e um monte de referências. Sim, é comédia e também é terror. Ou seja, Freaky é uma ótima pedida.

Não dá pra falar do filme sem falar das atuações. Vince Vaughn é um cara legal, mas até hoje sua atuação não tinha chamado a minha atenção, ele sempre parecia fazer o mesmo personagem. E aqui ele está hilário! Claro que este filme não tem o perfil de prêmios, mas, olha, a atuação dele merece indicações para melhor ator! A menina Kathryn Newton também está ótima – vi no imdb que já vi outros 5 filmes com ela, e ela nunca tinha me chamado a atenção (Pokémon – Detetive Pikachu, Três Anúncios para um Crime, Lady Bird, Atividade Paranormal 4 e Professora Sem Classe). O resto do elenco é de desconhecidos, exceto Alan Ruck, o eterno Cameron de Curtindo a Vida Adoidado, aqui fazendo um professor mal humorado.

Ah, as referências, quem me conhece sabe que gosto disso. O filme originalmente se chamaria “Freaky Friday the 13th” – além da referência ao Freaky Friday, o assassino no início usa uma máscara parecida com o Jason Vorhees em Sexta Feira 13. Mas tem mais: o sobrenome de um dos personagens é Strode, mesmo sobrenome da Jamie Lee Curtis em Halloween. E vi uma cabeça cheia de pregos, igual ao Pinhead. E deve ter mais, vou procurar quando rever.

Claro, vai ter gente reclamando que o filme é cheio de clichês, e que o roteiro é cheio de conveniências. É isso mesmo. Mas, não era esse o propósito do filme? Uma hora e quarenta de diversão, brincando com clichês? Quem não curtir é porque não comprou a ideia.

É comum um “epílogo” em filme de terror, com um novo perigo / susto. Gosto disso, mas aqui ficou forçado. Parece que a produção quis fazer um empoderamento feminino. Gosto de ver cenas com mulheres empoderadas, mas quando são bem feitas. Aqui ficou forçado. Não estraga o filme, mas seria melhor sem esses últimos minutos.

Christopher Landon disse que queria fazer uma franquia “Freaky Death Day”. Taí, quero ver mais!

Até o Último Homem

ate-o-ultimo-homemCrítica – Até o Último Homem

A história de Desmond Doss, religioso e pacifista, que serviu na Segunda Guerra Mundial, em Okinawa, e foi a primeira pessoa a ganhar a medalha de honra sem ter dado nenhum tiro. Baseado numa história real.

Mel Gibson se envolveu em polêmicas na sua vida pessoal e isso afetou sua carreira cinematográfica. Como falei no texto sobre Herança de Sangue, ele tem atuado em poucos filmes nos últimos anos. Digo mais: desde Apocalypto, de 2006, ele não dirigia.

Agora tudo indica que Gibson fará as pazes com Hollywood. Seu novo filme como diretor, Até o Último Homem (Hacksaw Ridge, no original), está concorrendo a 6 Oscars, incluindo melhor filme e melhor diretor – Gibson tem a chance de repetir o feito de igualar o feito de 1996, quando levou as duas estatuetas por Coração Valente.

Se Até o Último Homem vai ganhar algum Oscar, ninguém sabe. O que sabemos é que é um filmaço. Um dos melhores filmes de guerra dos últimos tempos.

As cenas de guerra são sensacionais. Arrisco dizer que desde O Resgate do Soldado Ryan não vemos cenas de batalha tão viscerais – são longas, detalhistas, violentas, e extremamente bem filmadas – o espectador se sente dentro da guerra.

Nem tudo é perfeito. Os japoneses são todos retratados como kamikazes sem sentimentos. Nada grave, mas já vi filmes de guerra menos maniqueístas. O protagonista ser endeusado no fim incomodou alguns críticos, mas achei coerente com o resto do filme.

No elenco, a surpresa positiva é Andrew Garfield, “o Homem Aranha que não deu certo“, que está muito bem – tanto que está concorrendo ao Oscar de melhor ator. Hugo Weaving e Vince Vaughn também se destacam.  Ainda no elenco, Sam Worthington, Teresa Palmer, Rachel Griffiths e Luke Bracey.

Ainda não vi todos os candidatos ao Oscar. Mas se La La Land perder pra Até o Último Homem, ninguém vai poder dizer que foi injustiça.

Tudo Por Um Furo

0-Tudo-por-um-furoCrítica – Tudo Por Um Furo

1979. Demitido do programa que o deixou famoso, Ron Burgundy volta para Nova York para trabalhar no primeiro canal de notícias 24 horas.

Antes de tudo, preciso confessar que nunca vi o primeiro filme, O Âncora: A Lenda de Ron Burgundy (Anchorman, no original), lançado em 2004. Mas podemos dizer que isso não é pré-requisito, dá pra entender tudo da continuação.

Dirigido pelo mesmo Adam McKay do primeiro filme, Tudo Por Um Furo (Anchorman 2, no original), é co-escrito e estrelado por Will Ferrell. Isso já indica o ponto fraco do filme: é um “filme do Will Ferrell”. São muitas piadas bobas e sem graça, baseadas apenas no suposto carisma do comediante. Isso não funciona – a não ser que você seja fã do cara.

Mas quem entra na sala de cinema já sabe disso. E a sorte é que Ferrell não está sozinho. Se as suas piadas são bobas (o trecho onde ele perde a visão é insuportavelmente chato), todas as cenas com o Steve Carell são engraçadíssimas. Brick, seu personagem, é imprevisível e gera situações completamente nonsense! E seu relacionamento com a Chani (Kristen Wiig) criou um dos casais mais engraçados dos últimos anos.

Tem mais: perto do fim rola uma cena de batalha campal, cheia de cameos, que é simplesmente sen-sa-cio-nal! Não vou dar spoilers aqui e estragar a cena. Mas te digo que, se o filme estiver chato, não vá embora. Saia da sala, dê uma volta, compre uma pipoca, e volte para ver o fim do filme!

Aliás, falando de elenco, Tudo Por Um Furo tem um elenco excelente. Além de Ferrell, Carell e Wiig, o filme conta com Paul Rudd, Christina Applegate, David Koechner, James Marsden, Dylan Baker, Meagan Good e Greg Kinnear, além de uma ponta de Harrison Ford logo no começo.

A ambientação de época também é muito boa, e a trilha sonora, repleta de sucessos do fim dos anos 70, também é excelente. Pena que o ego do Will Ferrell deve ser grande demais, e ele aparece tanto que cansa. A versão que veio para o Brasil tem 119 minutos, e diz a lenda que existe uma versão ainda mais longa, com mais cenas com Ferrell. Pena, deveria ter meia hora a menos. E mais do casal Carell / Wiig…

Ah, fiquem até o fim, tem uma cena depois dos créditos!

O Dobro Ou Nada

Crítica – O Dobro Ou Nada

Filme novo do Stephen Frears, estrelado por Bruce Willis, Rebeca Hall e Catherine Zeta-Jones? Pode ser legal.

Beth trabalha como stripper, mas ao ter contato com um cliente perigoso, resolve ir para Las Vegas. Lá, começa a trabalhar com apostas, na empresa Dink Inc. Boa com números, tem problemas ao se apaixonar pelo patrão.

Pode ser legal? Podia, mas não é. O Dobro Ou Nada (Lay the Favorite, no original) é uma grande decepção. O filme é sem graça e não leva a lugar algum. Mas o pior é a grande quantidade de personagens mal construídos.

Os personagens são péssimos! Beth, a protagonista, interpretada por Rebecca Hall, passa o filme inteiro andando de shortinho e enrolando o cacho do cabelo, como se fosse uma adolescente, algo incoerente com sua postura profissional. Tulip, a personagem de Catherine Zeta-Jones, primeiro posa de esposa ciumenta, pra depois ficar amiguinha da mulher que tentou seu marido. Vince Vaughn nem é uma das piores coisas aqui, mas o seu exagerado Rosie chega a irritar, sorte que pouco aparece. Joshua Jackson parece perdido com o seu sub aproveitado Jeremy. Acho que o único que se salva é Bruce Willis, seu Dink não é um grande personagem, mas pelo menos não está mal.

E o pior de tudo é constatar que o roteirista é D.V. DeVincentis, o mesmo do excelente Alta Fidelidade, também dirigido por Frears. Ambos os roteiros são baseados em livros, desconfio que um dos livros deve ser bem melhor que o outro…

Enfim, desnecessário…

 

Encontro de Casais

Encontro de Casais

Um casal em crise descobre um resort numa paradisíaca ilha especializado em tratar casais com problemas. E convencem outros três casais amigos para uma semana lá.

Encontro de Casais (Couples Retreat no original) é um dos filmes mais bestas que heu vi recentemente. Não chega exatamente a ser um filme ruim, mas o problema é que parece que, em vez de vermos uma comédia romântica, estamos diante de um grande comercial sobre um resort em Bora Bora.

Pra começar, é uma comédia, mas quase não rolam piadas engraçadas. É tudo muito sem graça. E, pra piorar, o roteiro é muito mal escrito, os casais não convencem, e todos os conflitos apresentados são resolvidos na hora. Isso sem falar em várias cenas completamente desnecessárias. O “momento guitar hero” foi constrangedor!

Pena, porque o elenco prometia. Os casais principais são de atores conhecidos: Vince Vaughn e Malin Akerman, John Favreau e Kristin Davis, e Jason Bateman e Kristen Bell (o quarto casal é tão forçado que mal aparece no poster, eles inclusive foram cortados do poster britânico do filme, o que gerou críticas racistas). Além deles, ainda temos um desperdiçado Jean Reno, ao lado de Temuera Morrison. Os desconhecidos Carlos Ponce e Peter Serafinowicz têm os melhores papéis, como o recepcionista e o instrutor de yoga.

Aí a gente vê quem escreveu o roteiro e começa a entender o que aconteceu. Vince Vaughn e John Favreau são os roteiristas! Olha, ao que tudo indica, eles resolveram conseguir umas férias legais e ainda ganhar cachê para isso. Escreveram um roteiro meia boca, chamaram amigos para os papéis principais (passeando pelo imdb, vemos que todos já trabalharam juntos antes) e foram todos para um maravilhoso resort em Bora Bora, em praias lindíssimas com o mar azul claro. Posso até estar errado, mas realmente isso é o que passa. Tanto que Favreau desta vez não dirigiu (ele dirigiu os dois Homem de Ferro), afinal, dirigir deve dar trabalho. O diretor foi Peter Billingsley – olha que coincidência, que já atuou em dois filmes dirigidos por Favreau!

O filme é tão desleixado que o nome de Temuera Morrison está escrito errado nos créditos, está como “Temeura”. Mais: o filme é tão desleixado que o cabelo de Malin Akerman no filme é ruivo, mas no cartaz está louro.

Enfim, como propaganda de resort em Bora Bora, funciona muito bem, heu mesmo fiquei com vontade de ir pra lá. Mas, como filme, Encontro de Casais fica devendo…

Be Cool – O Outro Nome Do Jogo

Be Cool – O Outro Nome Do Jogo

Apesar de ter gostado de Get Shorty – O Nome do Jogo, de 95, heu ainda não tinha visto a sua continuação, Be Cool – O Outro Nome Do Jogo, de dez anos depois.

Baseado no mesmo Elmore Leonard que escreveu a primeira história, Be Cool traz de volta Chili Palmer (John Travolta), desta vez tentando entrar na indústria da música, em vez do cinema como no primeiro filme.

Be Cool tenta manter o mesmo estilo de Get Shorty: atores famosos fazendo personagens cool, tudo num visual moderno e embalado por uma trilha sonora “tarantinesca”.

Aliás, o elenco deste filme é impressionante: John Travolta, Uma Thurman, Danny DeVito, Harvey Keitel, James Woods, Vince Vaughn, The Rock, Christina Milian, Debi Mazar, Cedric The Entertainer, e ainda rolam participações especiais de Steven Tyler e Joe Perry (do Aerosmith), Black Eyed Peas e Sergio Mendes.

Mas no fim descobrimos que, por trás de tudo isso, o filme é fraquinho. Para ser sincero, achei o filme bobo… A trama é vazia, é tudo tão sem graça, que, quando acaba o filme, dá vontade de rever o original.

Na Natureza Selvagem

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Na Natureza Selvagem

Seguindo mais uma sugestão, procurei este belo filme, Na Natureza Selvagem, que conta a história de um anti-herói usando cenários naturais deslumbrantes.

Quem nunca se imaginou chutando o balde e largando a própria vida para tentar uma nova, completamente diferente, em busca de respostas para questões internas?

Christopher McCandless fez isso. Aos vinte e poucos anos, recém formado na escola, abandonou a família, rasgou os documentos, doou todas as economias e saiu de mochila nas costas, sem rumo.

Dirigido pelo ator Sean Penn, Na Natureza Selvagem foi inspirado na história real de Christopher McCandless, que existiu de verdade e fez isso tudo isso de verdade.

Bem, acho que podemos analisar a saga de McCandless por dois ângulos opostos:

– Podemos admirar sua coragem, de largar tudo em busca de um sonho.

Ou…

– Na verdade ele foi egoísta e irresponsável. Um garoto jovem, inteligente, com família, casa, educação, e que joga tudo fora e sai por aí de maneira inconsequente.

(Claro que o filme opta pela primeira opção…)

O filme é um pouco longo (quase duas horas e meia) e o ritmo é lento. Mas em momento nenhum é chato. Pelo contrário, a história é envolvente. A história começa com a chegada de McCandless no Alasca, e a partir daí acompanhamos toda a sua trajetória através de flashbacks.

Como disse antes, os cenários são deslumbrantes. O filme foi inteiramente rodado em locações espalhadas pelos Estados Unidos. E o Alasca, onde a maior parte da trama se passa, foi visitado em quatro diferentes épocas do ano.

Ainda devemos citar a belíssima trilha-sonora composta por Eddie Vedder, que ganhou um Globo de Ouro por melhor canção e chegou a ser indicado ao Oscar de melhor trilha sonora.

O prestígio de Sean Penn conseguiu reunir um ótimo elenco. Emile Hirsch (que logo depois foi o protagonista de “Speed Racer”) chegou a emagrecer 18 quilos para o papel, além de dispensar dublês. Ainda temos no elenco William Hurt, Marcia Gay Harden, Jena Malone, Catherine Keener, Kristen Stewart e Vince Vaughn, entre outros.

Veja o filme e decida se McCandless foi correto e corajoso, ou se simplesmente desperdiçou sua vida…