Tipos de Gentileza

Crítica – Tipos de Gentileza

Sinopse (imdb): Um homem procura libertar-se do seu caminho predeterminado, um policial questiona o comportamento da sua esposa após um suposto afogamento e a busca de uma mulher para localizar um indivíduo profetizado para se tornar um guia espiritual.

Olha que surpresa agradável: menos de um ano depois do sensacional Pobres Criaturas, já tem filme novo do Yorgos Lanthimos em cartaz!

Antes de entrar no filme, um aviso aos desavisados: Yorgos Lanthimos não costuma fazer filmes convencionais. Temática fora do convencional, personagens fora do convencional, visual fora do convencional. Heu não sabia nada sobre Tipos de Gentileza (Kinds of Kindness, no original), mas sabia que provavelmente iria encontrar um filme esquisitão.

E Tipos de Gentileza é por aí. São três histórias, independentes entre si, todas elas com temas malucos. Na primeira vemos um funcionário completamente submisso ao rico patrão, a ponto de, quando é dispensado por ele, topa fazer qualquer coisa para voltar a ser a sua “marionete”. Na segunda, uma mulher se acidenta e passa um tempo desaparecida, e quando volta, seu marido acha que ela é uma impostora. E a terceira traz um culto que está procurando uma pessoa com poderes sobrenaturais.

(Como quase sempre em um filme dividido em histórias independentes, o resultado é irregular, achei a segunda história mais fraca que as outras duas.)

Detalhe interessante: é o mesmo elenco, fazendo personagens diferentes. O trabalho de atuação e construção de personagens ficou excelente, você vê o mesmo ator, mas claramente é outro personagem, não dá nem pra pensar “ah, será que se passou um tempo e ele agora está diferente?”. Willem Dafoe e principalmente Jesse Plemons estão sensacionais. Também no “elenco de multiverso”, Emma Stone, Margaret Qualley, Hong Chau e Mamoudou Athie. Ah, o xará do diretor, Yorgos Stefanakos, é o único que faz o mesmo personagem nas três histórias.

Tipos de Gentileza abre espaço pra várias discussões comportamentais – nas três histórias, temos personagens dispostos a atitudes extremas em busca de aceitação. E é um filme que deixa pontas soltas pro espectador conectar como preferir. Mais uma vez, um filme de Yorgos Lanthimos deixa a gente pensando quando acaba a sessão…

A trilha sonora é de Jerskin Fendrix, sua segunda trilha, sendo que concorreu ao Oscar pela primeira (Pobres Criaturas). Se a outra trilha é muito estranha, essa daqui é ainda mais. Muitas vezes parece que tem um gato passeando em cima das teclas do piano. Trilha muito estranha, mas heu gostei.

O filme é longo, são duas horas e quarenta e quatro minutos. Não achei que precisava ser tão longo. Mas, não me cansou, talvez por serem três histórias independentes.

Por fim, tem uma cena no meio dos créditos, com o “coadjuvante quase principal” RMF.

Os Fantasmas Ainda se Divertem

Crítica – Os Fantasmas Ainda se Divertem

Sinopse (imdb): Após uma tragédia familiar, três gerações da família Deetz voltam para casa em Winter River. Ainda assombrada por Beetlejuice, a vida de Lydia vira de cabeça para baixo quando sua filha adolescente acidentalmente abre o portal pós a morte.

Finalmente uma continuação do clássico oitentista Os Fantasmas se Divertem!

Lançado em 1988, Os Fantasmas se Divertem é um dos mais icônicos filmes da carreira de Tim Burton (diretor que coleciona títulos icônicos). Trinta e seis anos depois vemos a continuação, e a boa notícia é que quase todo o time principal está de volta.

Os Fantasmas se Divertem marcou toda uma geração com seu visual, personagens, figurinos e cenários característicos, além de muito humor negro (afinal, o filme trazia personagens mortos!). E Os Fantasmas Ainda se Divertem (Beetlejuice Beetlejuice, no original) traz tudo isso de volta.

Décadas se passaram, mas Beetlejuice ainda quer sair do mundo dos mortos e se casar com Lydia Deetz (Winona Ryder), que hoje tem um programa de TV ligado ao mundo sobrenatural e tem problemas de relacionamento com a filha.

Preciso dizer que gostei muito dos efeitos especiais. Alguns efeitos usados no filme de 88 são efeitos práticos que ficaram característicos, mas ao mesmo tempo são efeitos datados – com o cgi de hoje em dia ninguém mais usa efeitos como aqueles. Mas aqui em Os Fantasmas Ainda se Divertem há um bom equilíbrio entre os efeitos práticos e o cgi, e o resultado ficou muito bom. Vou além: adorei ver que aquela cobra da areia continua sendo stop motion!

A trilha sonora de Danny Elfman é tão boa quanto a do primeiro filme. Já os momentos musicais, nem tanto. O primeiro filme tem uma cena musical muito famosa, na mesa de jantar com a música Banana Boat Song. Parece que quiseram recriar algo assim, com a cena da igreja e a música MacArthur Park, mas a cena ficou interminavelmente longa. Foi cansativo chegar ao fim.

Alguns comentários sobre o elenco. Em primeiro lugar, todos os elogios possíveis ao Michael Keaton. Ele está ótimo como Beetlejuice, e como o personagem usa muita maquiagem, nem deu pra reparar que tanto tempo se passou (Alec Baldwin e Geena Davis não tinham como voltar porque os fantasmas não envelhecem mas os atores envelheceram). O humor do Beetlejuice é alucinado, e Keaton parece muito confortável no papel. No mundo dos vivos, o filme se divide entre as três gerações, Catherine O’Hara e Winona Ryder voltam aos seus papéis, e Jenna Ortega aparece como a novidade (possivelmente pensando num terceiro filme).

Danny De Vito só aparece em uma cena, uma ponta de luxo. Agora, não sei se gostei de outras duas participações no elenco. Willem Dafoe está bem, como sempre, mas seu papel é meio descartável. E ainda mais descartável é a Monica Bellucci, que parece que ganhou um papel só porque é a atual namorada de Tim Burton. Willem Dafoe e Monica Bellucci não estão mal, mas parecem desperdiçados. Tire os dois personagens e o filme não perde nada.

Ainda sobre o elenco, o personagem de Jeffrey Jones é importante para a trama, mas o ator esteve envolvido com pedofilia em 2003, então o roteiro criou uma solução para ter o personagem, mas não o ator.

Quem gosta do filme original vai curtir essa continuação!

Pobres Criaturas

Crítica – Pobres Criaturas

Sinopse (Festival do Rio): A fantástica evolução de Bella Baxter, uma jovem que é trazida de volta à vida pelo brilhante e pouco ortodoxo cientista Dr. Godwin Baxter. Sob a proteção de Baxter, Bella está ansiosa para aprender. Desejando conhecer mais sobre o mundo, Bella foge com Duncan Wedderburn, um advogado astuto e debochado, para uma aventura por vários continentes. Livre dos preconceitos de sua época, Bella se firma em seu propósito de defender a igualdade e a libertação.

Heu lembro de quando eu fui ver O Lagosta no Festival do Rio de 2015. Era um filme maluco com uma ideia maluca – uma sociedade onde se você chega a uma certa idade e não casou, você tem que ser transformado em um bicho. Não faz o menor sentido, mas dentro da lógica do filme funciona redondinho. A partir daí guardei o nome do diretor, Yorgos Lanthimos. E parece que não fui só heu, porque esse filme abriu as portas do cinema internacional pra ele, que então fez O Sacrifício do Cervo Sagrado e A Favorita – que concorreu a dez Oscars, incluindo melhor filme, melhor direção e melhor roteiro, e deu o Oscar de melhor atriz pra Olivia Colman.

E agora chega Pobres Criaturas (Poor Things, no original). Na minha humilde opinião, o seu melhor filme.

Pobres Criaturas não é um filme fácil. Não é fácil na forma, porque ele tem um visual esquisito, tem atuações esquisitas, tem personagens esquisitos, e também tem uma trilha sonora esquisita. Tudo no filme é esquisito! Além disso, não é fácil pela temática, porque a gente vê tabus sexuais sendo abordados de uma maneira nada convencional.

A história aqui é bem esquisita: um médico que é uma espécie de doutor Frankenstein, que faz experiências fora do convencional (por exemplo, ele tem bichos na casa dele que são misturados, como uma galinha com cabeça de porco ou um cachorro com cabeça de pato), faz uma experiência onde ele coloca o cérebro de um bebê na cabeça de uma mulher adulta.

Uma coisa que ajuda tudo a ficar estranho é que o diretor fica alternando a lente que ele usa para filmar. Às vezes ele usa lentes normais, outra vezes, lentes que distorcem a imagem (ele fez isso em A Favorita, com aquela lente “olho de peixe” que deixa as beiradas arredondadas). E ele ainda alterna entre colorido e preto e branco. Deve existir algum significado por trás dessas alterações todas, mas heu não captei.

Alguns cenários do filme tem um que de steampunk – ao mesmo tempo futurista e retrô. As cenas em Lisboa mostram um teleférico bem diferente do que estamos acostumados, e Alexandria tem um cenário impressionante. Também preciso dizer que curti muito a trilha sonora de Jerskin Fendrix – segundo o imdbd, é a sua primeira trilha!

O elenco todo está muito bem. William Dafoe está ótimo como sempre, Mark Ruffalo também está bem. Mas preciso falar da Emma Stone, que provavelmente vai concorrer ao Oscar por causa deste papel (ela já tem um por La La Land). Ela está sensacional, sua personagem tem uma evolução – ela começa agindo como se fosse uma criança e vai evoluindo ao longo do filme. E sim, o filme tem muitas cenas de nudez e muitas cenas de sexo.

O filme ainda aproveita pra levantar questões sobre determinados comportamentos sociais, como sexo, masturbação e a posição da mulher na sociedade. É daquele tipo de filme que fica martelando ideias na cabeça pelos dias posteriores.

Pobres Criaturas é sem dúvida um dos melhores filmes do ano. Pena que não dá pra recomendar pra qualquer um.

A notícia ruim é que, segundo o Filme B, Pobres Criaturas só estreia dia 01 de fevereiro do ano que vem. Vai demorar pra conseguir trocar ideias com alguém, assim como vai demorar pra conseguir rever o filme.

Asteroid City

Crítica – Asteroid City

Sinopse (google): Asteroid City decorre numa cidade ficcional em pleno deserto americano, por volta de 1955. O itinerário de uma convenção de Observadores Cósmicos Jr./Cadetes Espaciais (organizada com o objetivo de juntar estudantes e pais de todo o país para uma competição escolar com oferta de bolsas escolares) é espetacularmente perturbado por eventos que mudarão o mundo.

Filme novo do Wes Anderson!

Já comentei aqui que Wes Anderson é um dos últimos “autores” do cinema atual. Um filme dele tem cara de filme dele. O cara é obcecado por enquadramentos perfeitos, tudo em cena está milimetricamente posicionado – o tempo todo. Cada enquadramento do seu filme é perfeito, cada movimento de câmera é perfeito. Claro que reconheço o valor de um filme assim.

Vou além: o filme traz uma metalinguagem, um “filme dentro do filme”, tem um dramaturgo contando uma história, e essa história é o Asteroid City. E Anderson usa formatos diferentes pra cada momento. O filme alterna entre uma imagem p&b meio quadrada (parece o antigo 4×3) quando está com o dramaturgo e o tradicional letterbox colorido quando conta o filme em si.

O visual é fantástico. Mas, por outro lado, quase não tem história. Tirando um evento lá pelo meio do filme, nada acontece. E assim o filme fica cansativo. Fui até checar a metragem, Asteroid City tem 1h45min, mas parece ser mais longo!

Talvez o problema seja não ter um protagonista com uma história principal. Parece que estamos o tempo todo vendo personagens secundários em tramas paralelas.

O elenco é fantástico. Raras vezes a gente vê tantos atores famosos juntos. Foi assim com Oppenheimer, é assim de novo em Asteroid City: Tom Hanks, Edward Norton, Adrien Brody, Tilda Swinton, Steve Carell, Bryan Cranston, Willem Dafoe, Matt Dillon, Jeff Goldblum, Scarlett Johansson, Margot Robbie, Jason Schwartzman, Maya Hawke, Jeffrey Wright, Hope Davis, Liev Schreiber, Sophia Lillis, Tony Revolori – entre outros. Ainda tem uma participação especial do Seu Jorge, ele está no grupo do cowboy Montana. Mas… Diferente de Oppenheimer, que tem um grande elenco e grandes atuações, aqui todas as atuações parecem propositalmente robóticas – combina com o estilo do diretor, mas torna o filme ainda mais cansativo.

Ok, reconheço que vou soar um pouco incoerente agora, porque sempre defendi que a forma vale mais que o conteúdo, sempre defendi que prefiro filmes com visuais fantásticos mesmo que as histórias fossem fracas. Mas, aqui em Asteroid City isso não funcionou. É um filme indubitavelmente bonito. Mas seria melhor se fosse um curta metragem.

Fome de Viver

Crítica – Fome de Viver

Sinopse (imdb): Um triângulo amoroso se desenvolve entre uma vampira bonita, mas perigosa, seu companheiro violoncelista e uma gerontologista.

Hoje é dia de revisitar um dos melhores filmes do Tony Scott e um dos maiores cults de vampiros dos anos 80: Fome de Viver.

Mas antes do filme, posso falar do diretor? Lembro de uma piadinha maldosa que rolava nos anos 80 se referindo a Tony Scott como “o irmão menos talentoso do Ridley Scott”. Isso é porque enquanto Ridley era famoso por Alien, Blade Runner e A Lenda, Tony fazia filmes como Top Gun, Um Tira da Pesada 2 e Dias de Trovão. Mas acho isso maldade, Tony simplesmente usou um caminho mais pop.

Tem uma história boa envolvendo um tal de Quentin Tarantino. Tarantino escreveu e dirigiu Cães de Aluguel em 1992, e depois teve dois roteiros oferecidos para outros diretores. Um foi Assassinos por Natureza, dirigido por Oliver Stone. Na época rolaram boatos de que Stone e Tarantino teriam brigado, e Tarantino teria pedido pra tirar o nome dos créditos. Hoje Tarantino é um nome gigante, mas, na época, parecia muita audácia de um jovem quase estreante que estava comprando briga com um veterano que já tinha 3 Oscars (roteiro por Expresso da Meia Noite e direção por Platoon e Nascido em 4 de Julho). Mas o tempo passou e vimos que aquele jovem quase estreante tinha boas cartas na mão.

O outro roteiro era Amor À Queima Roupa, que foi dirigido por Tony Scott. Não ouvi falar de nenhum problema entre os dois. Pelo contrário, o que se falou na época é que ficaram amigos. Tanto que o filme seguinte de Scott, Maré Vermelha, teve colaboração do Tarantino. O roteiro estaria sério demais, então Tarantino teria sido chamado escrever algumas cenas para quebrar a sisudez. Sendo assim, temos algumas cenas um pouco “diferentes”, como aquela onde tem uma citação a Star Trek, ou outra onde rola uma discussão sobre o Surfista Prateado.

Infelizmente Tony Scott faleceu em 2012, aos 68 anos de idade.

Vamos ao filme? Baseado no livro homônimo de Whitley Strieber, Fome de Viver (The Hunger, no original) é um filme de vampiros um pouco diferente. A palavra “vampiro” não é dita em nenhum momento do filme, os vampiros não têm dentes caninos pontiagudos, e eles andam de dia (me lembrei de Quando Chega a Escuridão (1987), da Kathryn Bigelow, outro filme que traz vampiros “diferentes”).

Mesmo revendo hoje, quase quarenta anos depois, o visual do filme ainda é bem legal. A fotografia abusa do contra-luz,várias cenas têm cara de videoclipes – e, coincidência ou não, o filme abre com uma participação da banda Bauhaus com a música Bela Lugosi’s Dead. Achei boa a maquiagem do envelhecimento. Uma coisa que não gostei são os takes em câmera lenta, mas não sei se isso é falha ou se foi estilo do diretor.

(Assim como o irmão Ridley, Tony Scott veio da propaganda, então seus filmes sempre foram estilosos.)

Os vampiros aqui não têm presas, eles usam um colar com um pingente com o símbolo egípcio Ankh, e dentro do pingente tem uma lâmina.

Duas coisas que reparei durante o filme, e confirmei depois lendo a sessão de trívia do imdb. A primeira é um comentário “de músico”. Tem uma cena onde vemos um número musical, Bowie está no violoncelo, Deneuve está ao piano e temos uma outra personagem no violino. Bowie aparece tocando, vemos os seus dedos, ele realmente está tocando – talvez até o som que ouvimos não seja tocado por ele, mas ele, que é músico, aprendeu a tocar violoncelo para o filme. Já Deneuve ao piano finge bem mal…

O outro comentário é sobre as cenas de nudez. Susan Sarandon aparece nua, mas tive a impressão de que Catherine Deneuve tinha usado dublê de corpo – e isso foi confirmado no imdb.

No elenco, o filme fica basicamente em cima dos três principais: Catherine Deneuve, David Bowie e Susan Sarandon. Tem uma breve participação de um ainda desconhecido Willem Dafoe em uma cena.

Por imposição do estúdio, o fim tem espaço para continuações (algo comum em filmes de terror), mas nunca fizeram um segundo filme. Foi feita uma série homônima em 1997, mas não tem nenhuma conexão com a história deste filme (apesar de usar David Bowie como apresentador).

Fome de Viver não foi bem sucedido nas bilheterias, então Tony Scott desistiu de fazer cinema e voltou a fazer comerciais. Até que dois anos depois Jerry Bruckheimer e Don Simpson o convenceram a fazer Top Gun, que viria a ser o maior sucesso comercial de 1986. A partir daí, Scott não largou mais o cinema.

O Homem do Norte

Crítica – O Homem do Norte

sinopse (imdb): Depois de testemunhar o assassinato do pai pelas mãos do seu tio Fjölnir, e ver sua mãe e reino tomados pelo assassino, o jovem Príncipe Amleth foge para retornar anos depois, já adulto, determinado a fazer justiça.

Estreou o aguardado épico viking O Homem do Norte (The Northman, no original), novo filme de Robert Eggers.

Como falo sempre, a gente deve seguir o nome do diretor. Este é o terceiro filme dirigido por Eggers, e heu tenho opiniões opostas com relação aos outros dois. Gosto muito de A Bruxa, mas acho O Farol muito ruim. Então, rolava uma expectativa, mas ao mesmo tempo rolava um pé atrás.

A boa notícia é que gostei muito de O Homem do Norte. Gostei mais até do que A Bruxa. Empolgante, violento e muito bem filmado.

O Homem do Norte é o filme mais palatável de Eggers. Sim, tem partes contemplativas e algumas sequências cabeça, mas bem menos que os anteriores. A Bruxa era um terror cabeça, muita gente saiu do cinema com raiva do filme pelos seus momentos “tênis verde”. E O Farol era ainda mais hermético, tipo, “não gostou do meu filme porque é cabeça, vou fazer um ainda mais cabeça”. O Homem do Norte tem seus momentos “tênis verde”, claro, mas por outro lado traz uma clássica história de vingança, num ritmo alucinante, e com muito muito sangue. O cara que for ao multiplex no shopping pode até comentar sobre alguns momentos onde não dá pra entender nada, mas vai curtir a jornada de sangue e violência do protagonista Amleth.

Falei violento? O Homem do Norte é MUITO violento, e tem algumas sequências muito boas. Tem uma (que me pareceu ser um plano sequência) onde um grupo de vikings ataca uma vila e faz um massacre violentíssimo – aliás, é desta sequência que tiraram a imagem do pôster. Vou além: algumas mortes são tão gráficas que vão agradar os fãs de gore.

O visual do filme é um espetáculo. Não li sobre os bastidores, não sei se foi tudo filmado em locações ou se teve algo em estúdio, mas o resultado ficou excelente, vários planos abertos onde dá pra pausar e colocar num quadro. A trilha sonora, que usa muitos sons de instrumentos antigos, também é muito boa.

Queria fazer dois comentários sobre o elenco. O primeiro é sobre o protagonista Alexander Skarsgård. Sou fã do cara desde a época de True Blood. Ele foi o Tarzan, mas flopou. Ele estava num filme do King Kong mas ninguém lembra. Ele aqui está sensacional, ele tem porte físico coerente com o que o personagem pede, e mostra a fúria necessária para o filme. Torço muito por ele, tomara que a partir deste filme sua carreira decole.

O outro comentário não é tão elogioso. Por opção, o filme é falado em inglês, com um sotaque que ficou muito forçado. Grandes atores (Nicole Kidman, Ethan Hawke, Anya Taylor-Joy, Willem Dafoe) , grandes atuações, atrapalhadas por um sotaque artificial.

Segundo o imdb, O Homem do Norte é o filme viking mais correto feito até hoje, historicamente falando. Eggers, junto com historiadores, fez uma pesquisa minuciosa para ter cenários, figurinos e props o mais próximos o possível da realidade.

Filmão!

O Beco do Pesadelo

Crítica – O Beco do Pesadelo

Sinopse (imdb): Um jovem ambicioso com talento para manipular pessoas com algumas palavras bem escolhidas junta-se a uma psiquiatra que é ainda mais perigosa do que ele.

Apesar de ter uma carreira irregular, Guillermo del Toro sempre vai estar no meu radar. Sim, o cara fez Pacific Rim e A Colina Escarlate, mas ele também fez A Espinha do Diabo e O Labirinto do Fauno (e Blade 2, e os dois Hellboy). E não podemos nos esquecer que seu último filme, A Forma da Água, ganhou o Oscar de melhor filme e melhor diretor (além de ter entrado no top 10 de 2018 aqui no heuvi).

O Beco do Pesadelo (Nightmare Alley, no original) traz tudo o que se espera num filme do del Toro. Elementos fantásticos, monstros (mesmo sem o filme entrar no sobrenatural), um pé no bizarro e outro no grotesco, e tudo isso embalado em um requinte visual extremamente bem cuidado.

Pena que o filme é chato. Vamulá.

O visual do filme é um espetáculo. Cenários, figurinos, props, todos os detalhes mostrados em tela são cuidadosamente escolhidos. A primeira parte do filme mostra aqueles circos dos horrores que existiam décadas atrás, com pessoas “diferentes”. O filme não mostra nada de sobrenatural, mas os elementos fantásticos estão nas atrações do circo.

O Beco do Pesadelo não é exatamente terror, está mais para uma espécie de film noir (principalmente na segunda metade), e todo esse visual ajuda. Como A Forma da Água levou os principais Oscars em 2018, provavelmente a Academia vai ficar de olho em O Beco do Pesadelo e teremos indicações a Oscars nessa área – de fotografia, direção de arte, de repente até melhor cabelo e maquiagem.

Ah, falando da maquiagem, citei lá em cima “um pé no grotesco”. Normalmente quando um filme mostra gore, foca no gore justamente para chocar. Se não é pra chocar, não precisa de gore. Del Toro usa o gore de uma maneira diferente do usual. Um exemplo: em determinado momento um personagem leva um tiro na orelha, e ficam pedaços de orelha pendurados. Se fosse só pra chocar por chocar, del Toro faria closes para aumentar a exposição da orelha despedaçada. Mas não, a orelha está lá, ao fundo…

Agora, o filme é longo demais, e cansa em alguns momentos. São duas horas e meia, e a gente se pergunta se precisava de tudo isso. Existe outra versão desta mesma história, no filme O Beco das Almas Perdidas, de 1947. Este não é uma refilmagem daquele, del Toro usou o mesmo livro original, escrito por William Lindsay Gresham, e fez uma nova adaptação. Não vi o filme anterior, mas sei que ele tem 40 minutos a menos. Se esta nova versão tivesse 40 minutos a menos, provavelmente ia ser menos cansativo.

Pelo menos a parte final é boa. A última meia hora do filme é tensa e tem um ótimo ritmo. Pelo menos a gente sai do cinema empolgado.

O elenco é muito bom. Bradley Cooper está bem, e precisa estar, já que o filme é todo em cima do seu personagem. Cate Blanchett, Toni Collette e Rooney Mara dividem a tela com o protagonista, em fases diferentes do filme. Willem Dafoe está bem, mas aparece pouco. Também no elenco, Richard Jenkins, Ron Perlman, David Strathairn, e breves participações de Mary Steenburgen e Tim Blake Nelson.

Ao fim, me lembrei de A Colina Escarlate. Um belo filme, mas chato.

Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

Crítica – Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

Sinopse (imdb): Com a identidade do Homem-Aranha revelada, Peter pede ajuda ao Doutor Estranho. Quando um feitiço corre mal, inimigos perigosos de outros mundos começam a aparecer, forçando Peter a descobrir o que realmente significa ser o Homem-Aranha.

Se existe um filme que pode ser chamado de “o filme mais aguardado de 2021”, é este novo Homem Aranha. Desde que saiu o primeiro trailer, que mostrou o Dr Octopus do Alfred Molina, repetindo o papel do do filme de 2004, quando era outro ator fazendo o Homem Aranha, os nerds estão pirando pela internet. Afinal, há poucos anos tivemos o desenho do Aranhaverso, que trazia diferentes Homens Aranhas – será que isso seria possível num filme live action? Outros vilões apareceram nos trailers seguintes, mas…

Mas, não vou entrar em spoilers. Aqui neste texto o limite do spoiler é o trailer: trabalharei apenas com a informação que já temos: existem vilões dos outros dois Homens Aranha.

Mais uma vez dirigido por John Watts, Homem Aranha: Sem Volta Para Casa (Spider-Man: No Way Home, no original), este novo filme continua e redireciona a história deste Peter Parker dentro do MCU, por um caminho que acho que ninguém poderia imaginar. E arrisco dizer: os fãs do Aranha sairão do cinema emocionados.

Para a surpresa de ninguém a parte técnica enche os olhos. Os efeitos especiais são perfeitos. Em determinado momento do filme eles entram no mundo espelhado do Dr Estranho, onde cidades se dobram parecendo um grande caleidoscópio. E não são só os efeitos: logo no início, a gente é apresentado a toda a situação do Peter Parker num bem sacado plano sequência dentro do apartamento.

É complicado de falar sobre o elenco porque entramos na área cinza dos spoilers. Mas, combinei que o que está no trailer pode ser comentado, né? Então queria elogiar o Willem Dafoe, que consegue convencer com todas as nuances do Norman Osborne / Duende Verde.

Se tem um ponto negativo, heu diria que é a participação do Doutor Estranho. Nada contra o ator, mas o personagem convenientemente sai de cena por um bom tempo, e volta só na hora que o roteiro precisa. Estragou o filme? Não. Mas forçou a barra.

Queria comentar a trilha sonora, mas posso cair no mesmo problema dos spoilers. Só digo que o Michael Giacchino mandou bem mais uma vez.

Recentemente tivemos a notícia que este Home Aranha do Tom Holland terá mais três filmes. O fim de Homem Aranha: Sem Volta Para Casa encaminha para este quase reboot. Teremos o mesmo ator, mas o Aranha será diferente no futuro do MCU.

Como acontece tradicionalmente nos filmes do MCU, são duas cenas pós créditos, uma depois dos créditos principais, com uma cena que será importante para o futuro do MCU; e, no fim de tudo, em vez de uma cena pós créditos, temos quase um trailer do vindouro filme do Doutor Estranho. Meio frustrante, preferia ver uma cena pós créditos do que uma propaganda.

Liga da Justiça de Zack Snyder

Crítica – Liga da Justiça de Zack Snyder

Heu não ia postar este texto. Pra fazer um bom texto sobre esta nova versão de Liga Da Justiça, o tal “Snydercut”, heu precisaria rever o original, e não estava nem com tempo nem com saco para tal. Mas, me pediram, e, parafraseando o meu lado músico, “o artista tem que ir aonde o povo está”.

Então vamulá. Mas vou falar mais do conceito do que da nova versão do filme.

Primeiro, queria falar do conceito de “versão do diretor”. Não faz muito tempo, gravei um Podcrastinadores sobre versões do diretor. Existem casos e casos, mas o mais comum é quando o estúdio pede uma alteração e o diretor faz a contragosto (existe uma área cinzenta sobre quem é o “dono” do filme, normalmente o diretor é o dono da visão artística, mas o real dono do filme é o produtor, tanto que é este que ganha o Oscar de melhor filme). Um exemplo famoso é a narração em Blade Runner. Diziam na época que o estúdio pediu uma narração em off, aí o Ridley Scott teria pedido ao Harrison Ford pra falar de má vontade pra convencer os produtores a tirar a narração, mas os produtores teriam achado genial, porque o filme ficou com cara de filme noir.

O fato é: normalmente uma versão do diretor é uma coisa pros fãs. Tenho aqui o DVD de Quase Famosos, um dos meus filmes favoritos. É um DVD duplo, um dos DVDs é a versão que passou nos cinemas, com 1 hora e 58 minutos; o outro é a versão do diretor, com 2 horas e quarenta minutos. Quem quer ver um bom filme, veja a versão pro cinema; quem quer ver um bom filme com mais algumas cenas legais, veja a versão estendida.

Ah, também queria falar de outro caso, A Pequena Loja dos Horrores, outro dos meus filmes favoritos. Na época, 1986, filmaram dois finais – um era o final do teatro, um final pessimista, onde o herói morre e a planta vence (spoiler!); o outro era um final feliz, onde o herói consegue derrotar a planta. Na época, acharam melhor deixar o final feliz, e nem divulgaram o outro final – era 1986, nem existia internet! Até que, uns 20 anos depois, anunciaram na Amazon um blu ray com um “final alternativo”. Comprei, comecei a ver, e eram mais de 20 minutos de cenas novas! Que heu nem sabia que existiam!

Bem, chega de falar de outras versões estendidas. Mas, antes de entrar no Snydercut, vamos nos situar historicamente.

O ano era 2017, mais pro fim do ano. A Marvel estava a toda, lançando filmes do MCU desde 2008 – nessa época estávamos com Thor Ragnarok, o décimo sétimo filme do MCU. Enquanto isso, a DC continuava lançando um filme aqui, outro ali, alguns bons, outros não, o último tinha sido o fraco Batman vs Superman. Ao ficar pra trás, no desespero, a DC fez um “all in” de poker, e lançou um filme com todos os super heróis – mas se esquecendo que antes de lançar o primeiro Vingadores, a Marvel tinha cinco filmes “solo” com Homem de Ferro, Capitão América, Hulk e Thor. E o filme da Liga ainda teve outro problema, que vou falar daqui a pouco. Ou seja, o resultado de Liga da Justiça foi cambaleante, e, na época, perdia na comparação com a rival. O terceiro filme de um herói de segunda linha, Thor, foi melhor que o filme que reunia Superman, Batman e Mulher Maravilha.

(Se heu fosse executivo da DC, propunha outro caminho. Esqueçam a Marvel, esqueçam o MCU, vamos focar em filmes solo, com temas mais adultos. Vamos seguir a linha de Coringa, que chegou a ser indicado a 11 Oscars, dos quais ganhou dois.)

O outro problema de Liga da Justiça não tem nada a ver com falta de planejamento, foi uma coisa muito triste. A filha do diretor Zack Snyder cometeu suicídio, e ele se afastou do projeto, que foi assumido pelo Joss Whedon. E foi por causa dessa troca que o Snyder, de um tempo para cá, começou a anunciar que queria apresentar a versão dele do filme, e seus fãs começaram a encher o saco de todos.

Até aí, ok. Faça que nem A Pequena Loja dos Horrores e lance uma nova versão para os fãs em home vídeo.

Mas, não. Novas filmagens foram feitas – ué, se refilmou, ainda conta como “novo corte”? – e os fãs malas estavam cada dia mais chatos sobre esse assunto. Não me lembro de nenhuma outra versão de diretor que gerou tanto assunto!

Bem, finalmente, vamos falar do filme.

Já falei que não revi o primeiro Liga da Justiça, então não vou fazer muitas comparações. Mas tem duas coisas que a gente precisa falar logo de cara. A primeira é essa imagem 4×3. Snyder queria lançar em Imax. Lembro que vi Dunkirk com imagem assim, 4×3, ocupando toda a tela do Imax. Aquilo ficou muito legal, realmente, a imagem quadrada numa tela daquelas faz diferença. Mas… o Snydercut está sendo lançado em streaming! Os cinemas estão fechados há um ano! Qual é o sentido de ter uma imagem quadrada pra se ver na TV de casa?

A segunda é a duração. 4 horas de filme??? Tirando O Senhor dos Anéis, que era um livro enorme adaptado, não lembro de outro caso na história do cinema onde uma versão de 4 horas se justificaria.

Resultado: o filme é chato. É um filme longo demais, com sérios problemas de ritmo, difícil de se ver de uma vez – quase todos que conheço que viram, o fizeram em partes.

A história em si não tem muita coisa diferente. Fiquei até curioso pra saber como o cara conseguiu esticar tanto, com duas horas e meia de filme não tinha quase nada de inédito, e o filme anterior só tinha duas horas! Mas não, não faço questão de saber o que foi acrescentado, deixa pra lá. A vida é curta demais pra ficar comparando versões de Liga da Justiça!

Agora, admito que tem coisa que ficou melhor. O Ciborgue tem uma história bem mais complexa (já que não teve filme de origem). O vilão, Steppenwolf, também tem uma história maior por trás (mas a minha implicância com ele é o nome – não dá pra não pensar na banda). Ah, na outra versão tinha uma história paralela, bem chatinha, com uma família russa, e isso sumiu.

Tem uma outra mudança que é bem visível: o filme é mais escuro e tem menos piadas. Os fãs acham que isso é uma coisa que melhorou, mas não acho isso nem melhor nem pior, é apenas uma característica: um filme mais escuro e mais sério. Heu, particularmente, gosto das piadas, então, na minha humilde opinião, um filme ter menos piadas não é uma boa mudança… (Aliás, o Flash tem menos piadas, mas continua como alívio cômico. Se era pra ser um filme sério, por que manter um alívio cômico?)

Outra coisa: o Snydercut tem muita câmera lenta. MUITA câmera lenta. Mas isso é característica do diretor. Reclamar disso não rola, é que nem reclamar de lens flare nos filmes do JJ Abrams.

Seguindo a mesma linha, li críticas falando que Snydercut parece uma colagem de comerciais, usando heróis posando e falando frases de efeito. Mais uma vez, isso é a cara do diretor, e se a gente pensar que isso é um produto direcionado ao fã, deixa quieto, porque os fãs devem ter gostado.

Tem gancho pra continuação, aparece um vilãozão, o Darkseid, ele aparece que nem o Thanos nas primeiras vezes que apareceu no MCU. Dá pra sacar que é um personagem importante, mas ele só vai ser usado em outros filmes.

Tem uma cena extra num epílogo que parece uma tentativa de continuação – “ei, fãs, olha só o novo filme que posso fazer, comecem a encher o saco!”. A cena não é ruim, mas também não é boa, é apenas uma cena solta, sem nenhuma conexão a nada no filme, jogada lá só pros fãs darem gritinhos.

(Falando nisso, lembro da sessão pra imprensa do Liga da Justiça em 2017, tinha fãs dando gritinhos em algumas cenas, tipo quando aparece um Lanterna Verde. Isso foi uma vantagem de ver o novo filme em casa, beatlemania é uma coisa ultrapassada.)

No fim, fica a sensação que Liga da Justiça de Zack Snyder é um produto só pros fãs. Os fãs devem ter adorado. Heu ia gostar de uma versão exagerada de um filme que sou fã. Mas, pra quem não é fã, talvez seja melhor ficar com a versão de 2017. Não que aquele seja um filme bom, mas pelo menos não é chato. Um filme de super herói pode ser ruim, pode ser tosco, mas não pode ser chato. E Liga da Justiça de Zack Snyder é chato.

O Farol

Crítica – O Farol

Sinopse (Festival do Rio): Em uma remota ilha diante da costa da Nova Inglaterra, no final do século XIX, dois faroleiros estão presos e isolados por conta de uma tempestade que parece interminável. Eles embarcam em um conflito crescente de vontades. A tensão aumenta quando forças misteriosas (que podem ser reais ou não) evoluem em torno da dupla.

Gostei muito de A Bruxa, filme de estreia do Robert Eggers. Claro que seu segundo filme estaria no radar. Mas… Me parece que o sucesso subiu à cabeça do diretor, que resolveu fazer um filme hermético e pretensioso.

Se teve público que se sentiu enganado com A Bruxa, que foi ao cinema pra ver filme divertido de sustinho e se deparou com um produto muito mais denso, isto não deve acontecer com este O Farol (The Lighthouse, no original). A fotografia em P&B e o formato da tela quase quadrada (1.19:1, ainda mais quadrado que o 4:3 das antigas TVs de tubo) vão afastar boa parte do público.

Mas isso não me incomodou – a fotografia P&B até tem seus bons momentos. Na minha humilde opinião, o problema de O Farol é a falta de ritmo. O filme é absurdamente chato. Os longos diálogos só pioram. E a trama não chega a lugar algum.

Se tem algo que se salva é a atuação dos dois atores principais. Willem Dafoe é um grande ator, isso a gente já sabia; já Robert Pattinson surpreende e mostra que pode almejar premiações importantes apesar do passado de “vampiro purpurina” de Crepúsculo. Ambos dão show.

Mas, sei lá. Achei muito ruim. Talvez um dia heu reveja e mude de ideia, mas, minha primeira impressão foi péssima.