Mulher-Maravilha 1984

Crítica – Mulher-Maravilha 1984

Sinopse imdb: Fast Forward para a década de 1980, quando a próxima aventura da Mulher Maravilha no cinema a encontra enfrentando dois novos inimigos: Max Lord e Mulher Leopardo.

Mulher-Maravilha 1984 (Wonder Woman 1984, no original) é o segundo grande lançamento cinematográfico pós covid – depois de Tenet. E Mulher-Maravilha 1984 vai sofrer com os mesmos problemas. Assim como Tenet, Mulher-Maravilha 1984 é filme pra ser visto nos cinemas, na tela grande. E boa parte do público ainda não voltou pros cinemas. Ou seja, vai ser mais um prejuízo.

Mas, vamos ao filme. Mulher-Maravilha 1984 tem alguns bons momentos, alguns momentos excelentes, mas nem tudo funciona. Achei o final péssimo.

Vamos ao que funciona. A direção é da mesma Patty Jenkins que dirigiu o primeiro, acho isso algo positivo, não tem alguém diferente tentando “consertar” alguma coisa. A reconstituição de época está ótima. Às vezes parece meio caricato, mas, poxa, os anos 80 foram caricatos. Heu sei porque heu vivi aquilo! (Nasci em 71, em 84 tinha 13 anos).

Algumas sequências são ótimas, como a que abre o filme, com a Mulher Maravilha ainda criança, ou a perseguição de carros. Não vou entrar em spoilers, mas tem um elemento que tinha no desenho animado da Liga da Justiça que aparece aqui, e o modo como apresentaram isso foi muito muito legal.

Gal Gadot é bonita, é carismática, e ainda é boa atriz. Vê-la na tela é um prazer. Chris Pine funciona bem ao lado dela, a química é boa. E os dois vilões são interpretados por dois atores inspirados: Kristen Wiig e Pedro Pascal (Hoje um nome hypado por causa de Mandalorian).

Agora… O personagem do Pedro Pascal é bom, mas não gostei nem um pouco da solução que deram pra ele. Tudo ficou exagerado e inverossímil. Mais uma vez não vou entrar em spoilers, mas, se o fim do primeiro filme já não é lá grandes coisas, esse aqui é ainda pior.

Mulher-Maravilha 1984 está nos cinemas. É um filme para ver no telão. Mas, lembrem-se: ainda estamos na pandemia! Se cuidem!

Como Treinar Seu Dragão 3

Crítica – Como Treinar Seu Dragão 3

Sinopse (imdb): Quando Soluço descobre que Banguela não é o único Fúria da Noite, ele deve procurar “O Mundo Oculto”, uma secreta Utopia de Dragões, antes que um tirano contratado chamado Grimmel a encontre primeiro.

Depois dos filmes de 2010 e 2014, vamos à conclusão da boa trilogia.

Escrito e dirigido pelo mesmo Dean DeBlois dos dois primeiros filmes, Como Treinar seu Dragão 3 (How to Train Your Dragon: The Hidden World, no original) traz mais uma vez os habitantes de Berk, vikings que aprenderam a viver em paz com os dragões em vez de caçá-los. Agora adulto, Soluço precisa aprender a ser líder, e também aprender a deixar que Banguela siga o seu caminho.

Como Treinar seu Dragão 3 usa bom humor e personagens carismáticos para mostrar uma história de amadurecimento. Não gostei do vilão, achei que faltou um background para ele (como ele consegue dominar dragões daquele jeito? por que ele odeia os Fúrias da Noite?), mas nada que atrapalhe muito.

O visual dos filmes da saga Como Treinar seu Dragão sempre chamou a atenção, e aqui podemos falar o mesmo. A animação é de cair o queixo. Tem uma cena numa praia onde a textura da areia é tão perfeita que parece que alguém filmou. E a sequência do santuário dos dragões é digna de entrar num ranking de melhores visuais fantásticos.

O elenco gringo repete os nomes dos filmes anteriores (Gerard Butler, Cate Blanchett, Jonah Hill, Kit Harington, Kristen Wiig, Jay Baruchel, Christopher Mintz-Plasse e America Ferrera), e ainda traz F. Murray Abraham como o vilão. Mas, por aqui, acho que só dublado mesmo. Pelo menos a dublagem é boa.

Com este terceiro filme, a saga ganha uma boa conclusão. Não termina com um gancho para um quarto filme, mas os gananciosos executivos de Hollywood sempre podem inventar uma nova continuação. Tomara que não. Que a trilogia termine assim, mantendo a qualidade.

Pequena Grande Vida

Pequena Grande VidaCrítica – Pequena Grande Vida

Sinopse (imdb): Uma sátira social onde um homem percebe que ele teria uma vida melhor se ele fosse encolhido a doze centímetros de altura, permitindo-lhe viver em riqueza e esplendor.

Sabe quando uma ótima ideia se perde ao longo do filme?

Achei genial a premissa de Pequena Grande Vida (Downsizing, no original). Pessoas muito menores consomem muito menos, o dinheiro para sustentar uma pessoa normal proporciona vida de luxo para os pequenos. E a ideia ainda melhora quando vemos a “favela” e começamos a ver as imperfeições deste mundo utópico. Pode-se discutir o quanto é válido o procedimento, questões sociais e econômicas, como ficariam relações familiares… Ei, essa premissa é tão rica que poderia virar uma série

Mas não. Pequena Grande Vida começa bem, mas se perde completamente. Entram ideias desinteressantes, como um romance improvável e uma subtrama apocalíptica. E o filme termina com o espectador se questionando pra onde foi a boa ideia.

Pra piorar, o roteiro tem personagens que estão na história sem nada acrescentar, tipo o Konrad interpretado por Udo Kier (tire o personagem, nada se perde). Isso sem contar com personagens que somem, tipo a mãe do Matt Damon ou o personagem do Jason Sudeikis.

O diretor e roteirista Alexander Payne tem um currículo impressionante. Foi indicado ao Oscar de melhor diretor em seus três últimos filmes, Sideways (2004), Os Decendentes (2011) e Nebraska (2013) – e ganhou os Oscars de melhor roteirista pelos dois últimos (os três filmes ainda foram indicados ao Oscar de melhor filme). Nada mal. Mas acho que desta vez ele vai passar longe de premiações.

O elenco está ok. Matt Damon faz o de sempre; assim como Christoph Waltz, repetindo o “Hans Landa / King Schultz” (mas isso não me incomoda, gosto do seu “personagem único”). Também no elenco, Hong Chau, Kristen Wiig e Rolf Lassgård, além de uma divertida ponta de Neil Patrick Harris e Laura Dern.

No fim, fica a frustração. Aposto como cada espectador vai pensar num modo melhor de terminar o filme.

Mãe!

MãeCrítica – Mãe

O relacionamento de um casal é colocado à prova quando visitantes que não foram convidados chegam em sua casa, interrompendo sua existência tranquila.

Falei anteontem de um filme que está sendo vendido errado pelo trailer. Este Mãe! (Mother!, no original) é outro exemplo. O trailer sugere um filme de terror, e o filme passa longe disso.

Por sorte, não vi o trailer. Mas, mesmo assim, já sabia que não seria terror, afinal, trata-se do novo filme de Darren Aronofsky, o mesmo de Pi, Requiem para um Sonho, Cisne Negro e Noé.

Ok, então esqueçamos o terror e lembremos quem é o diretor. Mãe! é coerente com o resto de sua filmografia. Um filme hermético, repleto de metáforas e simbolismos. Várias camadas de interpretação, várias coisas sem sentido ao longo da projeção. E, claro, referências bíblicas. Vai ter gente que vai adorar e colocar em listas de melhores do ano; vai ter gente que vai odiar e sair antes do final.

Independente de se gostar ou não deste tipo de filme, precisamos admitir que Aronofsky é talentoso na sua proposta. Além de tecnicamente bem feito, o filme é envolvente, e a parte final é um belo espetáculo visual.

Agora, um comentário sobre o significado. Mas antes, claro, aviso de spoilers.

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Ao fim do filme, meu amigo Carlos Voltor, do canal Voltorama, falou a sua interpretação: Ele seria Deus, ela seria a natureza, a casa seria o planeta. O casal é Adão e Eva, seus filhos, Caim e Abel. Na parte final, vemos representações de guerras. Cheguei em casa, verifiquei no imdb, é isso aí. Por este ponto de vista, tudo faz mais sentido!

FIM DOS SPOILERS!

No elenco, Jennifer Lawrence, a queridinha de Hollywood, encontra mais um papel perfeito para o estilo de “over acting” dela. Não sou muito fã, mas sei que sou minoria, então ela vai continuar assim… Também no elenco, Javier Bardem, Michelle Pfeiffer, Ed Harris, Kristen Wiig, Domhnall Gleeson e Brian Gleeson.

Veja por sua conta e risco. Mas vá ao cinema de cabeça aberta!

Festa da Salsicha

Festa da SalsichaCrítica – A Festa da Salsicha 

Num supermercado, alimentos esperam a sua vez de serem escolhidos pelos “deuses” (os humanos) – sem saber que seu destino é virar comida.

Não se deixe enganar pelo pôster fofinho. Dirigido por Conrad Vernon (Monstros vs Alienígenas, Madagascar 3, Shrek 2), Festa da Salsicha (Sausage Party, no original) é filme pra adulto. Humor grosseiro, politicamente incorreto, cheio de piadas ligadas a sexo, drogas e religião.

A história foi escrita por Seth Rogen, Evan Goldberg e Jonah Hill. Não custa lembrar que Rogen e Goldberg antes fizeram Segurando as Pontas, É o Fim e A Entrevista – por esses três filmes a gente consegue ter uma ideia do estilo de humor que a dupla curte.

Festa da Salsicha segue esse caminho. Pelo menos tenho que admitir que algumas piadas são muito boas. O chiclete Stephen Hawking foi genial, e ri alto na citação a Exterminador do Futuro.

Mas é pouco. O material daria um excelente curta, mas a ideia perde o fôlego e o filme fica cansativo. E parece que não sabiam como terminar, achei a solução final bem ruim. Além disso, certas coisas não fazem sentido – se o chuveiro tem vida, por que o revólver é um objeto inanimado?

Rogen tem muitos amigos, e com isso o elenco original é excelente: Rogen, Jonah Hill, James Franco, Kristen Wiig, Bill Hader, Paul Rudd, Edward Norton, Salma Hayek, Michael Cera, etc. Pena que a sessão de imprensa foi dublada. Mas desta vez podemos afirmar que houve coerência com a proposta do filme: a dublagem ficou a cargo do coletivo Porta dos Fundos, que não suavizou em nada as piadas. Acho que nunca ouvi tantos palavrões num desenho animado…

No final, o resultado fica devendo, mas vale por ser diferente. Mas prepare-se para o desconforto. Não acredito que alguém consiga assistir a esse filme sem se sentir ofendido pelo menos uma vez.

Perdido em Marte

Perdido em MarteCrítica – Perdido em Marte

Alvíssaras! O melhor Ridley Scott em anos!

Durante uma missão em Marte, o astronauta Mark Watney é dado como morto e deixado para trás, e se vê sozinho no planeta, tendo que sobreviver e encontrar um meio de avisar que ainda está vivo.

Ridley Scott é um cara que vai sempre morar nos nossos corações, afinal, o cara fez AlienBlade Runner. Mas, de uns anos pra cá, o cara só batia na trave – seus últimos filmes foram Prometeus, O Conselheiro do Crime e Êxodo: Deuses e Reis. Mas agora a coisa mudou: Perdido em Marte (The Martian, no original) é emocionante, divertido, tenso e engraçado, e um forte candidato a um dos melhores filmes do ano!

Baseado no livro homônimo de Andy Weir, o roteiro escrito por Drew Goddard (O Segredo da Cabana, Guerra Mundial Z) é muito bem equilibrado e flui bem ao contar a história de Mark Watney. Diferente do universo alienígena de AlienPrometeus, Perdido em Marte tem uma trama que lembra mais Gravidade: trata-se de um filme de sobrevivência.

A fotografia utiliza vários formatos de câmera, aproveitando o fato de terem várias câmeras espalhadas pela missão da NASA. Temos várias imagens de tela do computador e de câmeras acopladas às roupas e aos veículos, além das imagens tradicionais. Boa sacada!

O filme é estrelado por Matt Damon, em talvez o melhor papel de sua carreira. Sabe aquele filme pro cara ser indicado a prêmios? Perdido em Marte é um deles. Damon passa boa parte do filme sozinho, e seu Mark Watney é um personagem rico, um prato cheio para um bom ator se exercitar. Ainda é cedo, mas não vou achar estranho se houver indicações a prêmios. Um grande elenco acompanha Damon: Jessica Chastain, Kristen Wiig, Jeff Daniels, Sean Bean, Michael Peña, Aksel Hennie, Chiwetel Ejiofor, Mackenzie Davis, Donald Glover, e um casal improvável, Sue Storm e Bucky Barns, quer dizer, Kate Mara e Sebastian Stan.

Falar de efeitos especiais numa produção deste porte é chover no molhado. Claro que os efeitos são top de linha. Mas, confesso, queria ver algo que mostrasse que a gravidade em Marte é bem menor que aqui na Terra.

Falando nisso, li um artigo onde astronautas criticam o lado científico de certas escolhas tomadas pelo roteiro. Parece que a tempestade de areia que acontece logo no começo – e que dá início à toda a trama do filme – não aconteceria daquele jeito por causa do ar rarefeito de Marte. Mas, como não sou cientista, não me incomodou. É um filme, galera!

Ouvi gente criticando o bom humor do filme. Discordo, gostei de como o personagem de Damon consegue manter o bom humor mesmo nas adversidades. E tem pelo menos uma piada nerd genial: a cena do “conselho de Elrond” (Sean Bean, que interpretou o Boromir, está presente na cena!). E não posso deixar de citar a trilha sonora, repleta de músicas disco que não têm nada a ver com o estilo, mas tudo a ver com a trama, e se encaixam perfeitamente.

Por fim, o 3D. Como sempre, nada demais. Perdido em Marte sobrevive em 2D.

p.s.: O Matt Damon também ficou sozinho num planeta em Interestelar. Gente, cuidado ao levá-lo para um planeta desabitado, o cara costuma se perder e ficar por lá!

 

A Vida Secreta de Walter Mitty

walter mittyCrítica – A Vida Secreta de Walter Mitty

Filme novo dirigido pelo Ben Stiller. Seu último foi o bom Trovão Tropical, será que ele manteve o nível?

Walter Mitty é um sonhador, que vive perdido em aventuras dentro da sua cabeça, sempre cheias de ação, heroísmo e romantismo. Quando seu emprego está ameaçado, ele acaba embarcando em uma viagem real por paisagens exóticas que se revelará mais extraordinária do que os seus sonhos.

Dirigido e estrelado por Ben Stiller, A Vida Secreta de Walter Mitty (The Secret Life of Walter Mitty, no original) começa muito bem. Mas infelizmente não segura a onda.

A melhor coisa de Walter Mitty são as viagens internas do protagonista, que só acontecem no início do filme. Quando ele parte para a viagem real, o filme muda de tom – em vez da divertida farsa, o filme fica com cara de livro de auto-ajuda.

A segunda parte não é ruim, visitamos belas locações na Islândia (Walter Mitty também vai para a Groenlândia e o Afeganistão, mas tudo foi filmado na Islândia), e temos um bom uso da trilha sonora (gostei do “momento Space Oddity”, usando a música do David Bowie, parcialmente cantada pela Kristen Wiig). Mas é bem menos interessante do que a primeira parte.

A parte final força um pouco a barra, dificilmente o carinha da barba ia usar aquela foto na primeira página. Mas isso é a minha opinião.

O elenco está bem. Ben Stiller não é um grande ator, mas funciona perfeitamente para o que o papel pede. Kristen Wiig mais uma vez mostra que deveria ganhar papeis de destaque nas comédias contemporâneas (assim como tínhamos visto em Paul). Sean Penn pouco aparece, e está ótimo como o excêntrico fotógrafo Sean O’Connel. Ainda no elenco, Shirley MacLaine e Adam Scott

Stiller não pode não ter feito um filme tão bom quanto Trovão Tropical, mas este A Vida Secreta de Walter Mittyh vai agradar boa parte do público.

 

Tudo Por Um Furo

0-Tudo-por-um-furoCrítica – Tudo Por Um Furo

1979. Demitido do programa que o deixou famoso, Ron Burgundy volta para Nova York para trabalhar no primeiro canal de notícias 24 horas.

Antes de tudo, preciso confessar que nunca vi o primeiro filme, O Âncora: A Lenda de Ron Burgundy (Anchorman, no original), lançado em 2004. Mas podemos dizer que isso não é pré-requisito, dá pra entender tudo da continuação.

Dirigido pelo mesmo Adam McKay do primeiro filme, Tudo Por Um Furo (Anchorman 2, no original), é co-escrito e estrelado por Will Ferrell. Isso já indica o ponto fraco do filme: é um “filme do Will Ferrell”. São muitas piadas bobas e sem graça, baseadas apenas no suposto carisma do comediante. Isso não funciona – a não ser que você seja fã do cara.

Mas quem entra na sala de cinema já sabe disso. E a sorte é que Ferrell não está sozinho. Se as suas piadas são bobas (o trecho onde ele perde a visão é insuportavelmente chato), todas as cenas com o Steve Carell são engraçadíssimas. Brick, seu personagem, é imprevisível e gera situações completamente nonsense! E seu relacionamento com a Chani (Kristen Wiig) criou um dos casais mais engraçados dos últimos anos.

Tem mais: perto do fim rola uma cena de batalha campal, cheia de cameos, que é simplesmente sen-sa-cio-nal! Não vou dar spoilers aqui e estragar a cena. Mas te digo que, se o filme estiver chato, não vá embora. Saia da sala, dê uma volta, compre uma pipoca, e volte para ver o fim do filme!

Aliás, falando de elenco, Tudo Por Um Furo tem um elenco excelente. Além de Ferrell, Carell e Wiig, o filme conta com Paul Rudd, Christina Applegate, David Koechner, James Marsden, Dylan Baker, Meagan Good e Greg Kinnear, além de uma ponta de Harrison Ford logo no começo.

A ambientação de época também é muito boa, e a trilha sonora, repleta de sucessos do fim dos anos 70, também é excelente. Pena que o ego do Will Ferrell deve ser grande demais, e ele aparece tanto que cansa. A versão que veio para o Brasil tem 119 minutos, e diz a lenda que existe uma versão ainda mais longa, com mais cenas com Ferrell. Pena, deveria ter meia hora a menos. E mais do casal Carell / Wiig…

Ah, fiquem até o fim, tem uma cena depois dos créditos!

Ela

0-ela1Crítica – Ela

Spike Jonze novo na área!

Um escritor solitário desenvolve um incomum relacionamento com um recém criado programa de computador, feito para suprir todas as suas necessidades.

Um cara que tem um relacionamento com um programa de computador é uma história estranha. Mas é coerente com a carreira de Spike Jonze. A gente tem que lembrar que ele dirigiu Quero Ser John Malkovich, onde um personagem que trabalha no andar sete e meio descobre uma porta que leva direto à mente do ator John Malkovich.

Ela (Her, no original) tem uma proposta fascinante. Um programa de inteligência artificial que pode ser a companheira perfeita. É tão perfeita que tem falhas e chega a demonstrar ciúmes – chegam a rolar algumas DR no filme!

Vou além: este plot daria uma excelente história apocalíptica do mundo sendo dominado por robôs. E se, em vez de robôs exterminadores, a Skynet criasse programas de inteligência artificial que tomassem a cabeça de todos? Os robôs conquistariam o mundo sem precisar dar um tiro!

Mas voltemos a Ela. Trata-se de uma ficção científica, mas esqueça naves espaciais e robôs – o foco são os relacionamentos. E esse é o grande lance do filme escrito e dirigido por Jonze. Todo mundo já teve o coração partido por um relacionamento que deu errado. Então fica muito fácil de se identificar com Theodore Twombly, personagem muito bem interpretado por Joaquin Phoenix. A dúvida pulula na cabeça: será que daria certo um relacionamento com uma máquina?

Joaquin Phoenix tem uma tarefa árdua: passa boa parte do filme sozinho na tela. Seu Theodore não está só, mas Samantha, a personagem de Scarlett Johansson, não tem corpo, só a voz. Então só vemos Phoenix, que interpreta um cara comum – outra razão pra gente se identificar com ele.

O elenco feminino é bem interessante. Não é sempre que temos as belas Scarlett Johansson, Amy Adams, Olivia Wilde e Rooney Mara juntas, né? Tudo bem que não vemos Scarlett e Amy está maquiada para parecer feia, mas mesmo assim são Scarlett Johansson e Amy Adams! Rooney Mara, a ex-mulher, aparece pouco, e está muito bonita; Olivia Wilde só tem uma cena, e essa não consegue ficar feia nem que se esforce muito… Ainda no elenco, Chris Pratt, o Lego principal em Uma Aventura Lego, e as vozes de Brian Cox (outro programa de computador) e Kristen Wiig e Bill Hader (em chats pelo telefone). E o diretor Spike Jonze faz a voz do videogame.

A trilha sonora também é ótima. Músicas melancólicas sublinham perfeitamente as emoções dos personagens. A fotografia também é muito boa. Agora, o filme podia ser um pouco mais curto. Não precisava passar de duas horas.

Ela está concorrendo a cinco Oscars: filme, roteiro, trilha sonora, canção e design de produção. Na minha humilde opinião, não tem cara de melhor filme…

p.s.: Heu queria uma Samantha na minha vida. Não pelo lado pessoal, felizmente estou bem servido neste aspecto. Mas pela organização – logo de cara ela vê uma pasta com alguns milhares de e-mails guardados, escolhe os únicos 86 que prestam e apaga o resto. Queria um programa pra analisar minhas contas de e-mail e minhas redes sociais e filtrar o que merece ser apagado…

p.s.2: Sou o único a achar que, com esse bigode, Joaquin Phoenix está a cara do Clive Owen misturado com o Tom Selleck? 😛

Meu Malvado Favorito 2

Crítica – Meu Malvado Favorito 2

Estreou a continuação de um dos desenhos mais engraçados dos últimos tempos!

Gru largou a vida de malvado, e agora quer apenas ser um bom pai e trabalhar no ramo de geleias. Como agora virou mocinho, é contratado pela Liga Anti-Vilões, e agora tem a companhia da espiã Lucy para resolver um caso secreto.

O primeiro Meu Malvado Favorito tinha alguns trunfos: um anti-heroi bem construído, um trio de coadjuvantes crianças fofinhas e um grupo de alívios cômicos muito bons – os hilariantes Minions. A produção do segundo filme usou o bordão “não se mexe em time que está ganhando”, e temos de volta os três elementos. Gru continua o mesmo apesar de não ser mais malvado; e as três meninas continuam sendo adoráveis – principalmente a caçula Agnes. E os Minions… Um parágrafo à parte pra eles…

Os alucinados e inconsequentes Minions são sensacionais. E parece que os roteiristas sabiam disso – mesmo em momentos onde não são tão necessários na trama, os Minions têm grande tempo de tela. E as cenas são geniais, só o “irish drinking Song” já vale o ingresso. Mais: não sou o único que gosta dos Minions, eles vão ganhar um longa metragem “solo” ano que vem!

A parte técnica da animação é top de linha, apesar de não ter nenhuma grife (não é Pixar, nem Dreamworks, nem Disney, nem Blue Sky). A qualidade é impecável, e o 3D é bem usado com detalhes que se jogam para fora da tela.

Vi a versão dublada, não ouvi Steve Carell e Kristen Wiig como Gru e Lucy. Mas gosto muito do trabalho de Leandro Hassum como dublador do Gru. Ele continua com um ótimo timing, nem dá vontade de ver o original pra comparar. E ainda tem o Sidney Magal, excelente como El Macho.

Na comparação, esta segunda parte não chega a ser melhor que a primeira. Mas, sem dúvida, mantém o nível.

E que venham mais Minions ano que vem!