Sin City – A Cidade do Pecado

Crítica – Sin City – A Cidade do Pecado

Comprei uma edição dupla gringa de Sin City – A Cidade do Pecado em blu-ray, com duas versões do filme – além da versão que passou nos cinemas, tem a “extended”, “uncut” e “recut”. Revi a original, assim que ver a outra, compará-las-ei no TBBT. Mas, antes disso, vou falar do filme aqui.

Adaptação da graphic novel de Frank Miller, Sin City – A Cidade do Pecado mostra três histórias interligadas, envolvendo policiais corruptos, mulheres sedutoras e marginais durões, uns em busca de vingança, outros em busca de redenção.

Sin City – A Cidade do Pecado é uma das melhores adaptações da história do cinema. Aliás, nem sei se dá pra chamar de adaptação, porque às vezes nem parece filme, parece que estamos vendo na tela os quadrinhos da graphic novel.

A história disso vale ser contada. Um dos maiores nomes da história dos quadrinhos, Frank Miller não tinha um bom currículo em Hollywood. O convidaram para escrever os roteiros do fraco Robocop 2 e do ainda mais fraco Robocop 3. Miller deve ter ficado traumatizado, já que se afastou do cinema – pra que se aventurar num terreno onde não conseguiu bons resultados?

Aí apareceu Robert Rodriguez, que já tinha alguns sucessos na filmografia (A Balada do Pistoleiro, Um Drink no Inferno, Prova Final, Era Uma Vez no México). Rodriguez chamou Josh Hartnett e Marley Shelton e fez, sem ter a aprovação de ninguém, um filminho de poucos minutos, capturando o estilo da graphic novel. E perturbou Miller até conseguir mostrá-lo. Com esse curto filme, convenceu Miller a acompanhá-lo ao set e dividir com ele a cadeira de diretor. Miller pensaria nos quadrinhos da sua graphic novel, enquanto Rodriguez se preocuparia com a parte técnica.

Antes avesso a adaptações cinematográficas, Miller agora sabia que sua graphic novel tinha boas chances de virar um bom filme e finalmente aprovou o projeto.

O visual é todo estilizado. Rodriguez filmou tudo em estúdio, e acrescentou os cenários em chroma-key. O filme é preto e branco, com alguns detalhes coloridos (olhos azuis de uma personagem aqui, tênis vermelho de outro personagem ali). Mais: o preto é realmente preto, e o branco é realmente branco, criando contrastes pouco comuns no cinema (mas comuns nos quadrinhos) – o sangue é quase sempre branco em vez de vermelho (e olha que tem muito sangue, o filme é bem violento). Até alguns movimentos de câmera são como se uma câmera estivesse passando sobre a revista. Como disse, a adaptação foi fantástica, como poucas vezes vista na história do cinema.

Os créditos do filme trazem os nomes dos dois como co-diretores, mas o filme é a cara do Robert Rodriguez, que aqui fez o de sempre: além de dirigir, editou, contribuiu com a trilha sonora, coordenou os efeitos especiais, a fotografia… o cara foi até operador de câmera! Robert Rodriguez é um workaholic do cinema!

(Ainda falando de direção, Sin City – A Cidade do Pecado tem uma participação especial de Quentin Tarantino, que dirigiu a cena no carro com Clive Owen e Benicio Del Toro.)

O elenco também chama a atenção: Mickey Rourke, Clive Owen, Rosario Dawson, Jessica Alba, Elijah Wood, Rutger Hauer, Bruce Willis, Carla Gugino, Michael Madsen, Brittany Murphy, Benicio Del Toro, Michael Clarke Duncan, Devon Aoki, Jaime King, Alexis Bledel, Powers Boothe, além de Josh Hartnett e Marley Shelton (o curta feito antes por Rodriguez foi aproveitado, e abre o filme). Nada mal, não?

Claro, o filme não é para qualquer um. O ritmo quase sempre com narração em off pode cansar. Outra coisa que pode desagradar são os personagens, quase todos no limite da caricatura – todos os homens são durões, todas as mulheres são fatais e gostosonas. Pelo menos essas duas coisas ajudam a criar um clima de filme noir diferente…

Desde a época do lançamento (2005), rola um boato sobre uma continuação. Mas até hoje, sete anos depois, não há nada confirmado. Se vier, que mantenha a qualidade!

p.s.: Frank Miller tentou de novo, e, três anos depois, dirigiu The Spirit. Mas foi um fracasso. Senti falta do Robert Rodriguez.

.

.

Se você gostou de Sin City – A Cidade do Pecado, o Blog do Heu recomenda:
Sucker Punch – Mundo Surreal
Watchmen
300

Catch.44

Catch.44

No post sobre Nude Nuns With Big Guns, comentei sobre a influência de Tarantino e Rodriguez no cinema contemporâneo, e sobre alguns péssimos efeitos colaterais causados. Este Catch.44 sofre do mesmo mal…

Um chefão do tráfico manda uma gangue de três mulheres para um restaurante isolado, para interceptar um carregamento de drogas. Mas nem tudo sai como planejado.

Tudo aqui emula o estilo de Quentin Tarantino. A edição fora da ordem cronológica, trilha sonora “muderna”, personagens violentos porém cool e tentativa de diálogos “espertinhos”. Rolam até algumas falhas à la Grindhouse! Isso seria legal, se o filme fosse bom. Pena que não é.

O diretor e roteirista Aaron Harvey se preocupou em imitar o visual do Tarantino, mas se esqueceu do conteúdo. Seu filme é vazio! Os personagens são rasos, só existe um fiapo de trama e os diálogos são pobres – aquela cena quando Bruce Willis contrata Malin Akerman tem um dos piores diálogos que vi nos últimos tempos. E qual foi o sentido daquela piada velha contada no carro?

Pior é que o elenco engana. Além dos já citados Willis e Akerman, o filme ainda conta com Forest Whitaker (sua atuação é uma das poucas coisas boas aqui), Deborah Ann Woll (a Jessica de True Blood) e Brad Dourif (numa ponta onde mal aparece). Um elenco que merecia um filme melhorzinho.

Catch.44 não é de todo ruim, algumas coisas se salvam, Forest Whitaker manda bem, a trilha sonora tarantinesca é legal… Mas é pouco. Sr. Harvey, da próxima vez, deixe a tarefa para pessoas mais competentes, ok?

.

.

Se você gostou de Catch.44, o Blog do Heu recomenda:
Machete
Hobo With a Shotgun
Um Drink no Inferno

Kill Bill Vol 2

Crítica – Kill Bill Vol 2

E vamos à conclusão de uma das melhores sagas de vingança da história do cinema! Depois do sangrento Vol 1, a Noiva continua sua busca pela vingança contra o seu ex-patrão Bill, e os dois ex-comparsas que ainda estão vivos.

Como falei no post sobre Kill Bill Vol 1, a separação entre os dois filmes não é uma mera jogada de marketing, como aconteceu com o último Harry Potter, ou último Crepúsculo que está em cartaz nos cinemas – filmes que eram pra ser um só, mas resolveram lançar em duas partes para faturar em dobro. Os dois Kill Bill são bem diferentes entre si!

Se no Vol 1 tudo tinha ritmo frenético, aqui rola muito pouca ação. Na verdade, só tem uma grande luta, aquela entre Uma Thurman e Daryl Hannah – aliás, uma divertida luta, com os exageros típicos do primeiro filme (li nalgum lugar que as coreografias foram inspiradas na série Jackass). O Vol 2 tem um ritmo bem diferente, bem mais tranquilo.

SPOILERS ABAIXO!

SPOILERS ABAIXO!

SPOILERS ABAIXO!

Ouvi muitas críticas à luta entre a Noiva e Bill, a rápida luta onde é usado o golpe dos cinco pontos que explodem o coração. Mas heu particularmente achei aquilo sensacional. Durante quase quatro horas, Tarantino cria uma grande expectativa sobre o grande duelo final. E quando chega o momento, Tarantino simplesmente frustra todo mundo, jogando um balde de água fria na expectativa criada. Genial!

FIM DOS SPOILERS!

O roteiro, mais uma vez escrito pelo próprio Tarantino, é impecável. Como já é comum nos seus filmes, a linha temporal não é 100% linear, mas até que aqui são poucos os flashbacks

No elenco, Uma Thurman brilha mais uma vez no papel da vingativa Noiva. Se não tem mais Lucy Liu e Vivica A. Fox no elenco (elas aparecem rapidamente no fim da cena a igreja), aqui, no segundo filme, tem espaço para os outros astros, David Carradine, Michael Madsen e a já citada Daryl Hannah. Samuel L. Jackson faz uma ponta como o organista da igreja, e Gordon Liu faz o ótimo Pai Mei (as cenas de Pai Mei foram filmadas como velhos filmes orientais de pancadaria – muito boa a sacada!).

Na comparação com a primeira parte, porém, este Vol 2 fica para trás, na minha humilde opinião. Não que seja ruim, longe disso – mas é que prefiro o ritmo acelerado do Vol 1… Mas, enfim, os dois filmes foram feitos para serem vistos juntos!

(Existe no imdb uma página sobre um suposto Vol 3, a ser feito e lançado em 2014l. Será que vai rolar? Bem, no fim do Vol 2, existe uma interrogação no nome da Elle Driver, personagem da Daryl Hannah…)

Filmaço!

p.s.: Só falta Jackie Brown e Grande Hotel!

.

.

Se você gostou de Kill Bill Vol 2, o Blog do Heu recomenda:
Pulp Fiction
Bastardos Inglórios
Cães de Aluguel
Um Drink no Inferno

Alien Lésbica Solteira Procura

Crítica – Alien Lésbica Solteira Procura

Um filme com o nome Alien Lésbica Solteira Procura precisa ser visto porque… Ora, porque se chama Alien Lésbica Solteira Procura!

O planeta Zots está com problemas na camada de ozônio, e descobre que isso é causado por emoções intensas vividas por seus habitantes. Então, resolve mandar alienígenas lésbicas para a Terra para sofrerem decepções amorosas e terem o coração partido.

Desde que li a programação do Festival, fiquei com vontade de ver Alien Lésbica Solteira Procura. Claro que a expectativa era baixa, dificilmente o filme ia ser melhor que o título (como aconteceu com Matadores de Vampiras Lésbicas). Mas… Não é que o filme é divertido?

Parece uma mistura de Go Fish (filme lésbico dos anos 90) e O Balconista (ambos filmes independentes em preto e branco), com uma pitada de humor televisivo a la Saturday Night Live e 3rd Rock From The Sun. O humor do filme às vezes é bobo, mas tem uma boa piada aqui e outra acolá.

A parte técnica é bem amadora. A nave alienígena parece feita com duas quentinhas! Lembrou o estilo de Plan 9, do Ed Wood. Mas, como não é pra levar a sério, não atrapalha.

O filme é curto, uma hora e quinze minutos, mas mesmo assim rola encheção de linguiça – aquela trama paralela dos agentes do governo é desnecessária. Mas, como heu não esperava nada demais, foi até uma agradável sessão de cinema.

Amor Debaixo D’Água

Crítica – Amor Debaixo D’Água

Tem uns filmes por aí que exemplificam perfeitamente o espírito da mostra Midnight Movies. O japonês Amor Debaixo D’Água (Onna no kappa, no original) é um desses.

Saca só a sinopse: Asuka encontra um kappa, ser mitológico japonês. Aí descobre que ele é Aoki, um colega que morreu afogado aos 17 anos.  Como se não bastasse, o filme é um musical erótico!

O tal kappa é um ator com uma máscara em formato de bico e um casco de tartaruga nas costas. Mas é uma máscara mal feita, e um casco colado na camisa. E ainda tem um chapeuzinho estranho. Tosco, tosco, tosco…

As músicas são bizarras, parecem tocadas por um teclado arranjador de churrascaria, com aquela bateriazinha eletrônica tosca. As coreografias são coerentes com a tosqueira – sensação de vergonha alheia.

E as cenas de sexo? O sexo entre humanos é até normal. Mas o kappa também faz sexo. Olha, é impossível não rir quando o kappa mostra suas “partes íntimas”…

O filme é tão esquisito que fica difícil de dizer se é bom ou ruim. É estranho demais pra ser bom; é bizarro demais pra ser ruim. Pelo menos é engraçado, algumas partes são hilárias!

Lembrei de As Bonecas Safadas de Dasepo, outro filme oriental bizarro que vi num Festival e depois nunca mais ouvi falar. Taí, Amor Debaixo D’Água faria uma boa sessão dupla com Dasepo

Batalha Real 3D

Crítica – Batalha Real 3D

Gosto muito dos dois filmes japoneses Battle Royale – tenho um dvd duplo com os dois filmes, de 2000 e 2003. Acho o conceito genial: um jogo onde alunos indisciplinados têm que se matar até sobrar apenas um. Quando soube de um novo filme, em 3D, logo virou um dos mais aguardados do Festival do Rio 2011.

Mas…

1- O guia do Festival fala em “nova versão”. Pensei que era uma continuação ou refilmagem. Nada disso, é exatamente o mesmo filme de 2000, convertido pra 3D. Mas é uma conversão tosca, acho que nunca vi um 3D tão mal feito na minha vida.

2- Ainda o 3D. Ao sair da sala, ouvi algumas pessoas reclamando com o gerente do cinema sobre o 3D. Não foi só impressão minha, houve uma falha técnica, e o efeito 3D não estava realmente funcionando. A imagem aparecia manchada, mas, ao colocar os óculos, as manchas continuavam, e nada de efeito tridimensional. Fiasco total!

Sobre o filme, ja falei dele aqui. É exatamente o mesmo filme, não preciso falar de novo sobre ele.

Battle Royale continua bom. Mas a sessão 3D no Festival foi desnecessária. Se heu soubesse, veria outro filme qualquer no mesmo horário.

.

p.s.: Acho muito estranho mudar o nome de um filme depois de anos chamando por outro nome. “Battle Royale” não é “Batalha Real“! É a mesma coisa que alguém resolver chamar Guerra nas Estrelas de Star Wars – OH, WAIT!

😛

Kill Bill Vol 1

Crítica – Kill Bill Vol 1

Continuando a filmografia de Quentin Tarantino… Pulei Jackie Brown e fui direto para Kill Bill.

Trata-se da saga de vingança da Noiva (Uma Thurman). Deixada para morrer numa sangrenta chacina no dia do seu próprio casamento, ela ficou quatro anos em coma. Quando acordou, fez uma lista das pessoas que precisa matar. E é hora de verificar cada item da lista.

Vi Kill Bill no cinema, na época do lançamento, e, desde então, ainda não tinha visto de novo. Hoje posso dizer que gostei ainda mais do que quando vi da primeira vez!

Kill Bill não é um filme pra qualquer um – é um filme pra fãs de Tarantino. O filme é cheio de exageros estilíscos – além de várias lutas com muito sangue jorrando, rolam cenas em preto e branco, coreografia em contra luz, planos-sequência com a câmera passeando pelo cenário sem cortes à la Brian de Palma – tem espaço até uma sequência em desenho animado! Tarantino aqui confirma a sua vocação de liquidificador de cultura pop e faz inúmeras citações. Faroeste italiano, filme de artes marciais, anime, trash, blaxploitation, seriados antigos, tudo isso fica consonante com as suas características habituais: diálogos afiados, edição fora da ordem cronológica e trilha sonora “cool”.

Parágrafo novo para falar da trilha sonora. Eclética, a trilha vai de Bernard Herrman até punk rock japonês, passando pela trilha sonora do seriado Besouro Verde (O Vôo do Besouro) e por músicas que lembram os temas de faroeste de Ennio Morricone. Mais uma vez, Tarantino fez uma trilha antológica, apenas usando material composto por outras pessoas.

Ah, sim, o elenco é outra coisa importante em Kill Bill. Diz a lenda que Tarantino começou a escrever o personagem da noiva junto com Uma Thurman, durante as filmagens de Pulp Fiction, quase dez anos antes. Uma está sensacional! Michael Madsen, Daryl Hannah e David Carradine têm participações pequenas, eles aparecem mais no segundo volume. Vivica A. Fox faz um papel menor, a grande coadjuvante aqui é Lucy Liu. O filme também conta com o lendário ator japonês Sonny Chiba, famoso nos anos 70 por vários filmes de artes marciais, além dos menos conhecidos Julie Dreyfuss e Chiaki Kuriama.

Por fim, vou terminar com algo que também falarei no texto de Kill Bill vol. 2. De vez em quando dividem um filme em duas partes, por razões de mercado – afinal, se eles podem ganhar dinheiro duas vezes com o mesmo filme, por que não? Um bom exemplo recente disso é o sétimo Harry Potter, que foi dividido desnecessariamente – a primeira parte é arrastada demais. Achei que Kill Bill sofreria do mesmo problema, mas, ao ver a segunda parte, vi que aqui a divisão faz sentido.

Em breve, Kill Bill Vol. 2!

p.s.: O poster fala “o 4º filme de Tarantino” – mas entre Pulp Fiction e Jackie Brown, ele dirigiu um dos segmentos do filme Grande Hotel

.

.

Se você gostou de Kill Bill, o Blog do Heu recomenda:
Pulp Fiction
Bastardos Inglórios
Cães de Aluguel
Um Drink no Inferno

Pulp Fiction

Crítica – Pulp Fiction

Um curso de cinema me convidou para falar de Quentin Tarantino. Então resolvi rever os seus filmes. Primeiro revi Cães de Aluguel, já falei dele aqui no blog. Depois foi a vez de Pulp Fiction, um dos meus filmes favoritos de todos os tempos!

O filme mostra algumas histórias interligadas, envolvendo uma dupla de assassinos profissionais, um boxeador e a mulher de um chefão do crime organizado.

É difícil resumir a sinopse de Pulp Fiction, que, entre outros prêmios, levou a Palma de Ouro de melhor filme em Cannes. O genial roteiro (ganhador do Oscar de 1995), escrito pelo próprio Tarantino, foge dos clichês comumente usados pelo cinema – inclusive na linha temporal usada, fora da ordem cronológica.

O roteiro é perfeito. Diálogos afiados ao longo das duas horas e meia de filme, e várias cenas imprevisíveis. Uma das coisas que mais gosto em Pulp Fiction é justamente a ideia de distorcer clichês muito usados no cinema. Por exemplo, a cena que acontece depois da perseguição entre Butch e Marsellus é completamente diferente do que qualquer um poderia imaginar. Digo mais: algumas caracterizações, como a dupla Vincent e Jules (John Travolta e Samuel L Jackson), seguem essa onda – aquele visual dos dois é muito incomum!

O elenco é fantástico. John Travolta, Samuel L Jackson, Uma Thurman, Bruce Willis, Tim Roth, Amanda Plummer, Ving Rhames, Eric Stoltz, Rosanna Arquette, Maria de Medeiros, Harvey Keitel, Christopher Walken e o próprio Tarantino (rola até uma ponta de Steve Buscemi como Buddy Holly), entre outros menos conhecidos – e todos estão ótimos.

Ainda tem a trilha sonora, cheia de boas músicas que eram pouco conhecidas antes do filme – e que viraram hits em festinhas na época.

Lembro que, nos anos 90, quando vi pela primeira vez, gostei mais da crueza de Cães de Aluguel. Revendo hoje, digo que prefiro a sofisticação de Pulp Fiction

Heu poderia continuar falando do filme. Afinal, Pulp Fiction foi um marco, muita coisa em Hollywood passou a seguir o estilo criado por Tarantino (filmes como Coisas Para se Fazer em Denver Quando Você Está Morto, O Nome do Jogo e Um Amor e uma 45). Mas chega. Se você não viu, corra e veja. Se já viu, é hora de rever!

P.s.: Posso contar um último “causo” ligado a este filme? Como falei no post “Quem sou heu“, tive uma videolocadora nos anos 90. O nome era “Pulp Vídeo”! 😀

.

.

Se você gostou de Pulp Fiction, o Blog do Heu recomenda:
Bastardos Inglórios
Cães de Aluguel
Um Drink no Inferno

Super

Crítica – Super

Kick-Ass foi uma agradável surpresa, um dos melhores filmes de 2011. E o que Hollywood faz com boas ideias? Repete!

Frank é um cara comum. Mas, quando sua esposa o deixa para ficar com um traficante de drogas, ele resolve virar o “Crimson Bolt”, um super-heroi, mesmo sem ter nenhum super poder.

Super nem é ruim. O problema é a ideia é MUITO parecida com Kick-Ass. Um garoto meio nerd, fã de quadrinhos e com poucos amigos, que resolve virar um super-heroi, mesmo sem ter super poderes… A diferença está no “sidekick”: em vez de Hit Girl, aqui rola a Boltie, boa personagem de Ellen Page. E Super tem outro problema: um cara com o perfil de Frank não ia ser bom em briga de rua, o cara ia apanhar mais do que bater.

Apesar disso tudo, Super é um bom filme – é só a gente esquecer de Kick-Ass. Um dos acertos é o elenco. Rainn Wilson, com sua cara de ultra nerd, é a escolha perfeita para o esquisitão que resolve combater o crime. Ellen Page também está ótima, bonitinha e maluquinha na dose exata. E ainda tem Kevin Bacon, Liv Tyler, Michael Rooker e Nathan Fillion.

O diretor é James Gunn, cria da Troma, e que anos atrás fez o divertido Seres Rastejantes. Aqui ele deixou o ar trash de lado e fez um filme com cara de quadrinhos – em alguns momentos, o visual lembra Scott Pilgrim Contra O Mundo, aparecem até onomatopéias na tela. E a abertura do filme é uma simpática animação no estilo dos quadrinhos que aparecem na trama.

O roteiro, também escrito por Gunn, é eficiente ao alternar estilos – às vezes parece comédia, às vezes ação, às vezes, até drama. E os personagens são interessantes, principalmente os dois principais.

Como falei antes, Super não é ruim. Mas a comparação com Kick-Ass é inevitável. E, na comparação, Super perde.

Ah, e para quem gosta do estilo, li no imdb que tem mais um, Defendor, que faz uma “trilogia” ao lado de Super e Kick-Ass. Vou baixar pra ver qualé.

.

.

Se você gostou de Super, o Blog do Heu recomenda:
Kick-Ass
Scott Pilgrim Contra O Mundo
Terror Firmer

8 1/2

Crítica – 8 1/2

Esta semana, no curso A Arte da Crítica, o crítico Marcelo Janot disse que ia analisar dois filmes. Disse que ia provar que 8 1/2 era bom, e que 127 Horas era ruim. Aproveitei o fim de semana para rever 127 Horas, e ver pela primeira vez 8 1/2, um dos filmes mais famosos de Federico Fellini.

A trama traz um alter ego do Fellini, o diretor de cinema Guido (Marcello Mastroianni), que sofre de bloqueio criativo enquanto é cercado por pessoas envolvidas na sua próxima produção. No meio dessa onda metalinguística, Fellini encaixa várias citações autobiográficas.

8 1/2 frequenta 9 entre 10 listas de melhores filmes por aí. O filme é realmente muito conceituado – dei uma pesquisada pela internet, é papo de Cidadão Kane, Poderoso Chefão e 8 1/2, um ao lado do outro. Por isso, a espectativa era alta. Mas… Será que posso dizer que não gostei?

O filme é uma grande egotrip do diretor. A impressão que a gente tem é que Fellini estava completamente perdido (assim como o seu Guido), e saiu filmando qualquer coisa!

(E isso se a gente for benevolente. Porque a outra interpretação para o parágrafo acima seria “Fellini é um picareta que, sem ter algo sólido para filmar, enrolou por pouco mais de duas horas.”)

O roteiro, cheio de simbolismos pouco interessantes pra quem não é fã do diretor, é vazio. Uma prova disso é o próprio título do filme: o “oito e meio” não tem nada a ver com o filme em si, é porque Fellini já tinha feito antes sete filmes e “meio” – na verdade, fizera antes um quarto do filme Boccaccio 70. Ou seja, o próprio Fellini não sabia o que ia filmar!

O pior é que ele já desconfiava que isso podia dar errado. Tanto que criou um crítico como um dos personagens principais, que passa quase o tempo todo falando mal do filme enquanto ele é feito. E em alguns momentos, concordei com ele, quando ele falou coisas como: “Bem, à primeira vista, vê-se que a falta de uma ideia problemática, ou, se quiser, de uma premissa filosófica, transforma o filme numa suíte de episódios totalmente gratuitos e até divertidos, na medida do seu realismo ambíguo. Perguntamo-nos o que os autores realmente querem.” É, o cara estava perdido…

Mesmo assim, o filme não é de todo ruim. Fellini não tinha uma história nas mãos, mas ele era talentoso e sabia como colocar as imagens na tela. Algumas partes são muito boas, como por exemplo a sequência inicial, do pesadelo; ou a sequência onde Guido está cercado de mulheres no lugar onde ele tomava banho quando criança.

A bela fotografia em preto e branco é outro destaque, assim como a inspirada trilha sonora de Nino Rota, apesar desta trazer um problema: rola um tema no final que é igualzinho ao tema de O Poderoso Chefão, do mesmo Rota. Ok, 8 1/2 veio antes. Mas O Poderoso Chefão é mais famoso…

O resultado final não me agradou. Fiquei com a impressão de que é um filme feito apenas para os apreciadores de Federico Fellini e seu estilo cheio de simbolismos, surrealismo, elementos circenses e mulheres gordas e feias. E, para o espectador “normal”, o filme não funciona…

Quem sabe daqui a alguns anos heu vejo o filme de novo e revejo a minha crítica… Mas, por enquanto, o Fellini ficou devendo…

.

p.s.: Depois de rever 127 Horas, notei algumas falhas, como a queda de ritmo no terço final e algumas incoerências do roteiro. Mas mesmo assim, não acho um filme tão ruim assim como o Janot pichou…